OS PLANOS DE DEUS PARA SI

ANDREW MURRAY

 CAPÍTULO 1

ESPERANDO E TRABALHANDO

 

"Mas os que esperam no Senhor renovam as forças. " (Is.40.31)

"Nem com ouvidos se percebeu, nem com cílios se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera", Is.64.4

A conjugação entre esperar e trabalhar faz-se distintamente nos versículos acima. Vemos que esperar traz a força exigida para se trabalhar – preparando-nos para essa obra alegre e incansável. "Os que esperam no Senhor renovam suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansarão, caminham e não se fatigarão", Is.40.31. Esperar em Deus tem a sua essência valorizada no seguinte: faz-nos mais fortes para realizarmos nossa obra. O segundo versículo demonstra-nos o segredo desta mesma força: "nem com ouvidos se percebeu, nem com olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera". A espera em Deus assegura-nos a obra de Deus em nós e é daí que nosso trabalho deve surgir. As duas passagens dão-nos a entender e perceber a grande lição que é esperar em Deus, estando na essência e na raiz de todo o trabalho verdadeiro para o Senhor Jesus. A nossa única necessidade é manter os dois lados desta verdade em perfeita harmonia.

Há aqueles que dizem que esperam em Deus, mas não operam. E existem várias razões para isto ocorrer. A recusa da esperança (espera) verdadeira em Deus (vivendo duma comunicação directa com Ele), esperando de forma preguiçosa e passiva, torna-se desculpa para não se ter de trabalhar.

Alguns esperam em Deus como se fosse o maior exercício da vida evangélica. Mas estes ainda não entenderam que a essência da raiz de toda esperança verdadeira deve ser a entrega e a prontidão, para se terem como tornar completamente equipados e capacitados para uso de Deus no servir aos homens. Outros estarão preparados para trabalhar tanto quanto sabem esperar, mas procuram um grande mover do poder do Espírito para lhes fornecer a capacidade de realizar certos trabalhos vigorosos, mas esquecem-se como crentes já possuem o Espírito de Cristo habitando neles. Esquecem-se que mais graça é dada apenas àqueles que são fieis no pouco Luc.16.10, que é somente trabalhando assim, que podemos ser ensinados pelo Espírito como fazer aquelas maiores obras.

Todos os filhos de Deus precisam aprender que o objectivo de toda a espera é sempre a obra e o trabalho. E é apenas no trabalho que a espera pode alcançar a perfeição e bênção completa. É na medida que somos elevados a cooperar com Deus colocando o trabalhar no seu verdadeiro posto, como sendo o mais elevado exercício do privilégio espiritual e do poder, que surge a necessidade absoluta da bênção divina de se esperar em Deus.

Por outro lado, muitos há, também, que trabalham para Deus sabendo pouco do que é experimentalmente esperar nele. Estes são levados a fazer o trabalho cristão sob o impulso de um sentimento natural ou espiritual, ou por conselho e recomendação dum pastor. Contudo, fazem isto com muito pouco bom senso do quão sagrado deveria ser trabalhar para Deus. Eles não sabem que o trabalho de Deus pode ser e tem de ser feito na força de Deus, estando o próprio Deus operante em nós.

O próprio Filho de Deus não fez nada por si mesmo, João 8.28. O Pai operou nele sempre e Ele permanecia de forma continuada na total entrega e dependência do Pai. Muitas pessoas jamais aprenderam que o crente nada pode fazer por si, a não ser o que Deus pode operar nele. Não entendem que dependemos d’Ele em total fraqueza, que é o poder de Deus que pode e deve repousar sobre nós. Não concebem uma espera contínua e continuada em Deus como sendo uma das condições primárias e essenciais para a obra bem sucedida e plenamente abençoada. A igreja de Cristo e o mundo sofrem hoje, cada dia, não só porque muitos de seus membros não trabalham para Deus, mas antes porque muito do trabalho feito para Deus é feito sem se saber como e quando esperar nele.

Entre os membros do corpo de Cristo existe sempre uma grande diversidade de dons e obras a fazer. Uns que, estando confinados às suas próprias casas por doença ou outros deveres, talvez tenham mais disponibilidade para esperar em Deus. Mas, para outros, sobrecarregados de tarefas e afazeres, torna-se muito difícil arranjar tempo para permanecerem em silêncio diante do Senhor apenas. Quem sabe possam mutuamente suprir a falta um ao outro.

Deixemos e esperemos que aqueles que têm tempo para esperar em Deus se liguem a alguém que trabalha em sua obra. Esperemos daqueles que trabalham procurar ajuda nas pessoas cujo ministério especial que lhes foi confiado, é o de esperar em Deus. Desta forma a união e saúde da igreja se manterão em boa forma. Os que esperam saberão quais os resultados e finalidade de sua espera, que serão o poder para a obra. Os que trabalham perceberão, também, que sua única força é a graça a qual obtiveram nos momentos de espera. Assim Deus trabalhará para a sua igreja, a qual nele espera.

Oremos enquanto permanecermos nesta meditação sobre trabalhar-se para Deus e o Espírito Santo nos mostrará como é sagrado e urgente esse ministério para que trabalhemos e que absoluta é nossa dependência na força de Deus a qual opera e trabalha em nós. Vamos também aprender como é certo para aqueles que esperam, nele renovarem todas as suas forças. Então descobriremos que trabalhar para Deus e esperar nele são coisas unicamente inseparáveis.

1. É apenas na medida que Deus trabalha para mim e em mim que consigo trabalhar para Ele.

2. Todo trabalho dele em e por mim flúi através da vida dele previamente instalada em mim.

3. Certamente ele operará, sempre que eu esperar nele.

4. Todo trabalho dele por mim e minha espera nele, têm apenas como único objectivo equipar-me para o trabalho de salvar homens para Ele.

 

 

CAPÍTULO 2

BOAS OBRAS: LUZ PARA O MUNDO

"Vós sois a luz, do mundo...assim brilhe também a vossa luz. diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai que está nos céus", (Mt.5.14-16)

Uma luz foi feita para que aqueles que estão na escuridão possam ver. O sol ilumina as trevas deste mundo. Uma lâmpada é posta em num quarto para lhe fornecer luz. A igreja de Cristo é essa luz dos homens. O Deus deste mundo lhes cegou os olhos, 2 Cor.4.4. Os discípulos de Cristo devem brilhar na escuridão para dar luz. Tal como os raios de luz a partir do sol se espalham por todos os cantos do mundo, a luz das boas obras dos crentes se espalhará para conquistar as trevas à sua volta, tal como toda a sua ignorância e alienação de Deus.

Que lugar sublime e sagrado é dado às boas obras! Como é grande a pujança atribuída às mesmas! Quanto tudo depende delas! Elas não são apenas a luz, a saúde e a alegria de nossas próprias vidas, mas também a forma de ganhar almas perdidas "das trevas para sua maravilhosa luz", 1Ped.2.9. Elas não somente têm como abençoar os homens, mas também glorificam Deus ao induzirem os homens a reconhecê-lo e vê-lo como o Autor dessa graça vislumbrada em seus filhos. Estude os ensinamentos da Escritura no tocante às boas obras, especialmente ao trabalho feito directamente para Deus em seu Reino. Ouça o que estas palavras do Mestre têm para nos dizer.

O objectivo das boas obras é Deus ser glorificado. Lembremo-nos do que nosso Senhor disse ao Pai: "Eu te glorifiquei na terra, consumado a obra que me confiaste para fazer", João 17.4.

É possível lermos mais que uma vez como as pessoas glorificam Deus através dos milagres. Isto é possível apenas porque aquilo que Ele fez foi possível manifestar pelo seu poder divino. Este ponto é quando nossas boas obras são algo mais que as virtudes comuns dum certo homem refinado, as quais trazem com elas a marca de Deus e é assim os homens glorificam a Deus.

Elas devem ser as boas obras das quais o Sermão da Montanha encarna, Mat.5.1; 7.29 - a vida dum filho de Deus, fazendo mais que os outros, buscando ser perfeito como seu Pai nos céus é perfeito. Quando os cristãos glorificam Deus e podem reflectir seu amor, ajudam a preparar para a conversão os que ainda não foram salvos. Essas obras preparam o caminho para testemunhar e demonstrar a realidade da verdade divina que é ensinada.

Todo o mundo foi feito para glorificar Deus. Cristo veio para nos redimir do pecado e fazer com que voltemos glorificá-lo e a servi-lo. Os crentes são colocados no mundo com esse único propósito, para que possam trazer outros para Deus através da luz das suas boas obras. Tão verdadeiro como é a luz do sol que ilumina o mundo, as boas obras dos filhos de Deus são precisamente a luz daqueles que não o conseguem amam. Temos de entender, nitidamente, que as boas obras trazem o selo de algo celestial e divino com elas e trazem consigo o poder de Deus.

O poder reside nessas boas obras. Escreveu-se sobre Cristo "A vida estava nele e a vida era a luz dos homens", João 1.4. A vida celestial transmite essa mesma luz divina através de seus discípulos. Cristo disse "Quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida", João 8.12. Cristo é a nossa única luz e vida. O sentido mais profundo de "Deixe a sua luz brilhar" é, deixe Cristo, que habita em si ser visto por todos quantos achar em seu caminho. E porque Cristo é toda a sua luz, as suas humildes obras podem trazer consigo aquele poder de convicção divina. O poder divino actuando em si, será o mesmo que irá actuar em todos aqueles que vêem sua obra. Dê guarita à vida e à luz de Cristo se Ele habita em si e os homens irão glorificar seu Pai que está nos céus, porque eles viram essas boas obras.

Há uma necessidade urgente de boas obras nos crentes.

Assim como é necessário que a luz do sol brilhe sempre, é ainda mais necessário que todos os crentes deixem sua luz brilhar diante dos homens. Quando fomos recriados de novo em Cristo, foi precisamente com essa finalidade – levar a Palavra da Vida como a única luz no mundo. Cristo precisa de si urgentemente para deixar que a luz dele resplandeça através de si. Os que ainda não foram salvos à sua volta precisam dessa luz em si para poderem achar seus caminhos até Deus. Ele precisa de si para deixar que a sua glória seja vista através de si. Assim, do mesmo modo que uma luz serve para iluminar um quarto, todo o crente deve ser útil, também, para iluminar o mundo.

Vamos estudar o que significa trabalhar para Deus e como todas as boas obras fazem parte desse mesmo trabalho. Então iremos desejar seguir Cristo incondicionalmente e ter nesse tipo de luz de vida brilhando em nossos corações e vidas e que a partir de nós resplandece para o mundo ver.

1. "Vós sois a luz do mundo". Estas palavras expressam o chamamento da igreja como um todo. O Cumprir dessa obra depender da fé com a qual cada membro individual ama e vive para todos aqueles que o rodeiam também.

2. Em todos nossos esforços para acordar a igreja a fim de evangelizar o mundo, nosso objectivo primário, deve ser levantar o padrão de vida de cada crente individualmente no tocante ao ensinamento: tão verdadeiro como uma vela existe com o único objectivo de dar luz onde existe escuridão, o único objectivo de toda a sua vida é ser luz para os homens.

3. Ore para que Deus, através do seu Espírito Santo, manifeste que você não tem em si qualquer outro motivo para viver a não ser deixar que a luz e o amor de Deus brilhem sobre almas.

 

 

CAPÍTULO 3

VAMOS TRABALHAR

"Filho, vai hoje trabalhar na vinha ", Mat.21.28

Um pai tinha dois filhos. Ordenou ele que fossem trabalhar em sua vinha. Um foi, o outro não. Deus deu a ordem e o vigor para que cada um de seus filhos trabalhe arduamente em sua vinha, tendo o mundo como o campo de lavoura. A maioria dos filhos de Deus não está trabalhando para Ele e o mundo está perecendo com isso.

De todos os mistérios que nos cercam no mundo, um dos mais estranhos e mais incompreensíveis, é que, após centenas de anos, o nome de Jesus ainda é desconhecido de muitos.

Pense no que isto significa. Para restaurar a ruína que o pecado causou, Deus, o Criador Todo-Poderoso, mandou seu próprio Filho ao mundo para falar aos homens de todo seu amor e que lhes veio trazer a vida e a salvação. Quando Cristo fez de seus discípulos participantes nessa salvação juntamente com o inefável júbilo que ela traz consigo, Ele enfatizou que deveriam fazer com que ela se tornasse conhecida dos outros e que estes, por sua vez, também se tornassem em luzes do mundo. Ele falou referindo-se a todos quantos viriam a Ele através de seus testemunhos. Ele deixou o mundo com a instrução específica de levarem a Palavra de Deus a todos os homens e ensinar a todas as nações a praticar tudo quanto Ele lhes havia ordenado. Ele também deu a garantia definitiva de que todo o poder para esse trabalho estava nele. Através do poder do seu Espírito Santo, Ele capacitaria todo o seu povo para ser testemunha hábil até aos confins da terra. Mas, o que vemos agora? Muitos ainda têm de ouvir falar do nome de Jesus e muitos agem como se nunca tivessem ouvido nada d’Ele!

Pense novamente o que significa isto. Todos estes milhões que estão morrendo têm por ordenança, tomar conhecimento de Cristo. Sua salvação depende do seu conhecimento que dele obtenham. Ele pode transformar-lhes as vidas inúteis de pecado e infelicidade à obediência santa e alegria celestial. Cristo tem Seus direitos sobre eles. Vê-los vir para serem abençoados nele, traria enorme felicidade a seu coração. Um serviço a Deus é sermos transmissores dessa mesma verdade. E ainda assim, o que seu povo faz não é nada comparado com o que é necessário fazer, com o que poderia ser feito e nem com o que deveria ser feito.

Que revelação do estado da igreja actual! A maioria dos que são contados como crentes não faz nada para que Cristo seja mais conhecido entre todos os seus semelhantes. Há aqueles que estão inteiramente ao serviço de Cristo, mas eles não estão livres para conquistar o mundo porque estão ocupados em ensinar e ajudar cristãos fracos! Mesmo com sua salvação consumada, um Redentor amoroso tão próximo e uma igreja destinada a espalhar a Palavra de Deus, muitos ainda estão perecendo!

Não existe nada mais importante para a igreja do que pensar em tudo quanto possa ser feito com a finalidade de despertar os crentes para fazê-los entender o verdadeiro sentido do ministério santificador e de enxergarem que para trabalhar para Deus, devem-se oferecer a si mesmos como instrumentos através dos quais Deus possa fazer essa sua obra. Duas reclamações continuamente ouvidas, são a falta de entusiasmo pelo reino de Deus na maioria dos crentes e as vãs tentativas de despertar o seu interesse para as missões. Nada mais é necessário que a renovação do cristão normal para um tipo de devoção inteiramente renovada. Nenhuma mudança verdadeira pode acontecer até que a verdade seja pregada e finalmente aceite. A lei do Reino é: todo o crente deve viver completamente entregue ao serviço e à obra de Deus.

O pai que chamou aqueles seus filhos para trabalharem em sua vinha não os deixou escolherem fazer nem muito nem pouco de acordo com o que lhes aprouvesse. Eles viviam em sua casa. Eram seus filhos; ele contava com o que lhe poderiam dar de volta – em tempo e força. Deus espera isto mesmo de todos os seus filhos. Até que isto seja entendido, que cada filho de Deus deve entregar seu coração completamente aos interesses de seu Pai, a evangelização do mundo não pode ser realizada ainda. Ouçam atentamente e o Pai vos dirá: "vai trabalhar na minha vinha".

1. Por que é que apelos comoventes em favor de missões geralmente trazem tão poucos resultados que permanecem? Porque a ordem é trazida aos homens que ainda não aprenderam que a devoção absoluta e a obediência imediata ao Senhor são a única essência da verdadeira salvação.

2. Uma vez que os crentes vejam e confessem a sua falta de interesse nas missões, estarão então apenas dando o primeiro passo a caminho da renovação do desejo de viver completamente e integralmente para Deus. Todo culto missionário será um encontro consagrado para se buscar e entregar-se ao poder do Espírito Santo.

3. O padrão médio da santidade e devoção em casa nunca pode ser menor em crentes individualmente do que o é dentro da igreja.

4. Nem todos podem viajar para fora, ou dar todo seu tempo integral à obra; mas todos, independentemente do chamado ou circunstâncias, podem disponibilizar seus corações totalmente para viver para ganharem almas e disseminar o reino de Deus.

 

CAPÍTULO 4

CABE A CADA UM, A SUA PRÓPRIA RESPONSABILIDADE

 

"Um homem que, ausentando-se do país, deixa a sua casa, dá autoridade aos seus servos, a cada um uma obrigação, e ao porteiro ordena que vigie", Marc 13.34.

 

O que disse sobre o fracasso da igreja no cumprimento das obrigações do Mestre, tem-me feito perguntar "O que pode ser feito para erguer a igreja ao verdadeiro estandarte do seu chamado?" Este livro tenta dar essa resposta. Trabalhar para Deus deve ocupar um lugar muito diferente e muito mais definido em nossos ensinos e treino dos discípulos de Cristo, do que ocupou antes.

Ao estudar esta questão, fui auxiliado em muito pela vida e os escritos do grande educador Edward Thring. A frase que abre o prefácio da sua biografia diz: "Edward Thring inquestionavelmente foi o personagem mais original e interessante no mundo do ensino em sua época na Inglaterra". Thring atribuía sua pujança e sucesso à ênfase que forneceu a alguns princípios simples e a fé com que os conduzia sob qualquer sacrifício. Eu descobri que eles são de grande auxílio no tocante à obra da pregação assim como do ensino e para apresentá-los facilitará se clarificarmos algumas das lições principais que esse livro nos propõe.

O princípio básico que distingue os ensinamentos de Thring de tudo quanto era comum em sua época: cada criança na escola, independente das suas capacidades e habilidades, deve receber o mesmo grau de atenção. Em Eton, onde ele foi educado e esteve pela primeira vez assentado num banco escolar, viu como era constrangedor o malefício do sistema oposto ao seu. Ignorando a maioria, a escola mantinha o seu prestígio treinando um número de homens para ganhar os mais altos títulos. Ele considerou isto como desonesto. Não poderia haver verdade numa escola que não se ocupava com todas as pessoas da mesma forma. Cada criança tinha um dom. Todas necessitavam de atenção especial e poderiam, com algum cuidado mínimo e paciência, tornarem-se aptas a saber cumprir sua missão de vida.

Apliquem isto na igreja. Todos os crentes são chamados a viver e trabalhar para o reino de seu Deus. Todos os crentes foram igualmente afirmados na graça e poder do Espírito Santo, de acordo com seus dons, para se tornarem capazes de realizar suas obras. E todo crente tem o direito de ser ensinado e auxiliado através da igreja para o serviço que o Senhor espera que ele faça através deles. Quando todos os crentes, mesmo os mais fracos, forem treinados como trabalhadores de Deus, a igreja terá sua missão consumada. Ninguém pode ser deixado para trás, porque o Mestre confiou o seu trabalho aos crentes para o fazerem.

Um outro princípio de Thring: uma lei da natureza é que o trabalho é prazer. Faça-o voluntáriamnete e não de forma compulsória e egoísta. Não conduza as pessoas cegamente. Mostre-lhes porque razão elas têm de trabalhar, qual será o valor de sua obra, que interesse pode ser despertado neste trabalho feito, assim como o prazer que se descobre por ele.

Que seara se abrirá para o pregador da Palavra de Deus que toma lugar como um dos discípulos de Cristo! O pregador deve deixar clara a grandeza, a glória, a bênção divina da obra a ser realizada. O pregador deve mostrar a valorização de se levar adiante a vontade de Deus e de se ganhar a aprovação dele. Devemos apresentar o Salvador aos que ainda não estão salvos da melhor maneira. Devemos desenvolver o vigor espiritual, a nobreza no tocante ao carácter, o espírito que se sacrifica e que leva a carregar consigo a verdadeira imagem de Cristo.

Uma terceira verdade na qual Thring particularmente insistia era a necessidade de inspirar a convicção para se assegurar a obtenção duma meta, que não é adquirir conhecimento extenso, mas antes cultivar a  prontidão e aptidão de aprender – apenas isso pode significar o verdadeiro ensino. Na medida das capacidades de observação de um aprendiz que crescerão sob essa mesma orientação fiel de ensinamento, ele encontrará em si mesmo uma nova fonte de vigor e prazer que jamais conhecera até ali. Ele sente-se como que renovado, começando a viver de novo e o mundo em volta adquire uma nova forma de estar, um novo sentido. Como disse Thring "ele torna-se mais consciente duma infinidade de glória indubitável entre as tarefas quotidianas e tornar-se-á senhor dum reino sem fim, cheio de luz, prazer e poder".

Se é esta a lei e a bênção de uma educação real, quanta luz é despejada sobre o chamado de todos os professores e líderes na igreja de Cristo! Oh não sabeis como a Escritura nos afirma categoricamente que somos o templo de Deus, 1 Cor.3.16 e, que o Espírito Santo habita em si, 2 Cor.6.19? Desse modo esta verdade adquire um novo significado. Diz que a única coisa que é necessária ser despertada nos corações dos crentes é a fé no "poder que opera em nós", Ef.3.20. Assim que nos apercebamos do valor e da glória da obra por fazer – assim que acreditarmos em nossas possibilidades, logo seremos capazes de fazer bem nossa obra – se aprendermos a confiar que o poder e o Espírito de Deus actuam em nós "tomar-nos-emos, no sentido mais completo, conscientes de uma nova vida, com uma infinita glória indubitável nas tarefas quotidianas e torna-se senhor dum reino sem fim, cheio de luz, prazer e poder." Esta é a vida soberana para a qual Deus chama todos os que se chamam seu povo. O cristão verdadeiro é o que toma conhecimento do poder de Deus operante em si e descobre que o verdadeiro júbilo é deixar que a vida de Deus flua dentro dele livremente, por dele e para fora dele a todos os que estão à sua volta.

1.  Devemos aprender a pôr inteira fé no valor de cada crente individual. Assim como os homens são salvos um a um, devem ser treinados um por um para essa obra.

2.  Devemos acreditar que o trabalho para Cristo deve-se tomar natural, tanto quanto atraente e brotando prazer, tanto no mundo espiritual como no terreno.

3.  Devemos crer e ensinar que todo crente pode-se transformar num obreiro efectivo em sua área de trabalho. Você procura tornar-se derretendo de amor pelas almas perdidas?

 

 

CAPÍTULO 5

CADA QUAL CONFORME A SUA CAPACIDADE

"Pois será como um homem que, ausentando-se do país,
chamou os seus servos e lhes confiou seus bens. A um deu cinco
talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua
própria capacidade; e, então, partiu",
Mat.25.14,15

Nesta parábola dos talentos, temos um sumário instrutivo de todos os ensinamentos de Nosso Senhor no tocante ao trabalho que ele nos deu a fazer como seus servos. Ele diz-nos que foi para os céus e deixou sua obra na terra para ser cuidada através de sua igreja. Ele nos diz ainda que Ele fornece a todos uma tarefa por igual, não importando quão distintos sejam os dons. Ele nos diz também que está esperando obter de volta todo o seu dinheiro com juros. Ele nos fala ainda do fracasso daquele que recebeu menos e o que aconteceu para vingar tal negligência.

"Chamou os seus servos e lhes confiou seus bens... e, então, partiu". Isto é literalmente o que Nosso Senhor fez. Ele foi para os céus, deixando to a sua obra juntamente com todos os seus bens para se encarregar de sua igreja. Seus bens eram os ricos em sua graça, bênção espiritual em lugares celestiais e também em sua Palavra e Espírito. Ele deu sua palavra enquanto na terra. Essas palavras seriam para dar continuidade ao trabalho que Ele ousou encetar. O Nosso Senhor deu sociedade a seu povo e deixou por inteiro sua obra na terra entregue nas suas mãos. Mas a negligência deles iria causar sofrimento e a sua diligência seria o seu enriquecimento. Aqui temos o verdadeiro princípio básico de toda a obra cristã – Cristo se fez depender da fé de todo seu povo para estender seu Reino.

"A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um secundo a sua própria capacidade". Apesar de haver uma diferença na quantidade, cada qual recebeu uma devida porção dos bens do mestre. Em relação ao trabalho de nos provermos uns aos outros, é ainda possível lermos assim: "e a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo", Ef.4.7. Esta verdade de que a cada crente sem excepção foi incumbida uma parte activa na obra de ganhar o mundo para Cristo, quase se perdeu hoje. Cristo foi primeiro um filho, depois um servo. Todo crente é primeiro um filho de Deus, só depois um servo. Esta é a maior honra de um filho, ser um servo, ter o trabalho do pai confiado nele próprio. O missionário local, ou estrangeiro que trabalham para a igreja terão autuado correctamente até que cada um sinta que o único propósito dele estar no mundo é trabalhar para o alargamento Reino em qualidade também. O primeiro trabalho dos servos na parábola era passarem suas vidas tomando conta dos interesses de seu mestre.

"Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou conta com eles", Mat.25.19. Cristo continua a tomar conta da obra que Ele deixou para ser feita na terra. Seu Reino e glória dependem disto. Não só Ele nos responsabilizará quando voltar para o julgamento, mas também perguntará incessantemente a seus servos sobre seu bem-estar e trabalho. Ele volta para aprovar e encorajar, para corrigir e advertir. Por sua Palavra e Espírito, Ele indaga se estamos a usar nossos talentos de forma diligente e se estamos, como servos devotos, vivendo apenas e exclusivamente para a obra dele. Ele encontra alguns obreiros diligentes e a eles frequentemente diz: "entra no gozo do teu senhor", v.21. Ele vê também que outros estão desencorajados e os inspira esperança renovada. Ele encontra alguns outros trabalhando com as próprias forças. A estes Ele reprime. Ainda a outros Ele acha dormindo ou escondendo seus talentos. Para tais, sua voz fala numa advertência solene: "mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado", v.29. O coração de Cristo está rendido e entregue ao total da Sua obra. Todos os dias, Ele fiscaliza Sua obra com redobrado interesse. Não vamos desapontá-lo ou tentar enganarmo-nos a nós próprios.

"Receoso, escondi na terra o teu talento", v.25. Esta é uma lição profundamente solene, a de que o homem com um talento foi o que falhou e foi assim tão severamente punido. Isto chama a igreja à atenção. Negligentes no ensino aos mais fracos que sua obra é totalmente necessária, esta permite e pactua com o desleixe, dizendo e ensinado que os dons não sejam usados por serem fracos e insignificantes. Ensinado a grande verdade que cada ramo numa árvore (por pequeno que seja) irá produzir e carregar fruto, a igreja deve dispensar ênfase especial no perigo de pensar que isto é esperado só para o forte e mais avançado no cristianismo. Quando a verdade reina numa escola, os alunos mais atrasados receberão dobrada atenção, tal como a que é dirigida aos mais inteligentes. Cuidados devem ser tomados para que os cristãos mais fracos recebam um treino especial, podendo assim usufruir do gozo de terem sua parte na obra de seu Senhor e toda a bênção que ela acarreta com isso. Se a obra de Cristo está por se fazer, ninguém pode faltar ou falhar.

"Senhor, sabendo que és homem severo... [fiquei] receoso", Mat.25.24,25. A falha no serviço é causa de pensamentos irados de Deus e fá-lo olhar para sua obra como se ele fosse um patrão repressor. Se a igreja é olhar pelos fracos que são e se sentem desencorajados e desmotivados, devemos ensiná-los tudo quanto Deus fala sobre a suficiência de graça e da certeza do seu sucesso. Eles devem aprender a acreditar que o poder do Espírito Santo dentro deles os equipará e capacitará em todos os sentidos para a obra para a qual Deus os chamou. Devem aprender a entender que Deus irá fortalecer o homem por dentro com a força de seu Espírito, Ef.3.16, devem ser ensinados de que o trabalho é gozo, saúde e força. O descrédito para com este ensino é a raiz da preguiça. A fé abre os olhos para que a graça da obra de Deus seja vista e revista, a suficiência da sua força e a sua rica recompensa. A igreja deve despertar para seu chamado e treinar os mais fracos de seus membros para que aprendam que Cristo conta com cada indivíduo redimido para que viva inteiramente entregue à Sua obra dentro e fora dele. Apenas isto é o verdadeiro cristianismo. Apenas esta é a verdadeira salvação.

 

CAPÍTULO 6

RELAÇÃO ENTRE OBRA E VIDA

"Minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra", João 4.34

"É necessário que faça as obras daquele que me enviou", João 9.4

"Eu te glorifiquei na terra, consumado a obra que me confiaste para fazer; e agora, glorifica-me, ó Pai, contigo Mesmo", João 17.4,5

Leia de novo e cuidadosamente estas palavras de nosso Senhor e veja qual a glória divina que reside em Sua obra. É precisamente em sua obra que Cristo manifestou sua glória e a do Pai, devido à obra que Ele efectuou e porque com ela Ele glorificou o Pai, a quem reivindicou para dividir a glória dos céus. Porque Ele realizou essa grande obra, então o Pai pôde ser glorificado. A obra, realmente é a forma mais elevada da existência, a mais alta manifestação da glória divina no Pai e no Filho.

O que é verdadeiro de Deus é verdadeiro dos homens. A vida é uma acção e manifesta-se no que se realiza. A vida física, a intelectual, a moral e a espiritual – individual, social, nacionalmente – todas são julgadas pelo que realizaram. O carácter e a qualidade destas realizações dependem do tipo de vida – assim como a vida, também a obra. Sem isto, não pode haver desenvolvimento global na manifestação e aperfeiçoamento da vida - assim tal a obra, tal a vida.

Isto é essencialmente verdadeiro na vida espiritual – a vida do Espírito em nós. Pode haver uma grande quantidade de trabalho religioso que é o resultado da vontade do homem e de seu esforço. Mas há pouca verdade, valor e poder, porque a vida divina é fraca. Quando o crente não sabe que Cristo vive nele e não sabe que o Espírito e o poder de Deus operam nele, pode haver muita sinceridade e diligência, mas quase nada de tudo isso ficará para a eternidade. Ao contrário, pode haver muito mais fraquezas externas e fracasso aparente, mas os resultados provarão sempre se a vida é verdadeiramente de Deus.

As obras dependem da vida e a vida depende das obras para seu devido crescimento e perfeição. Todas as vidas têm um destino. Não podem consumar seu propósito sem trabalhar. A vida é aperfeiçoada pela obra e a maior manifestação de sua natureza oculta e poder vem da essência de toda a sua obra. Então a obra é o grande factor pelo qual a beleza terá realce e as possibilidades divinas da vida cristã serão manifestas. A obra não deve apenas ser realizada pelo filho de Deus devido ao facto de ser instrumento divino, mas também para lhe garantir a mesma posição que tem diante de Deus. Assim como o Pai, o Filho e o Espírito Santo habitam em nós e essa obra é a mais alta manifestação da vida.

A obra deve ser reposta no seu verdadeiro lugar, no plano de Deus e para a vida cristã como a mais elevada forma de existência dum ser criado. Assim como Deus nunca pára de realizar sua obra de amor e bênção dentro e através de nós, devemos fazer com que Ele efectue e realize em nós a maior prova de havermos sido criados de novo em Sua semelhança.

Trabalhar para Deus deve ter muito mais proeminência do que realmente lhe é dada se forem levados em conta todos os propósitos de Deus. Todo crente deve ser ensinado que a obra é nossa maior glória, pois é a única manifestação perfeita e é por essa razão a perfeição da vida em Deus através no mundo. Devemos perguntar se assim é também em nossa vida, de facto.

Se nossa obra deve ser nossa maior glória, devemos nos lembrar de duas coisas: primeira, ela pode ser apresentada como apenas o começo dum trabalho. Aqueles que não lhe direccionam toda a sua atenção, não conseguem perceber quão grande é a tentação de fazer da obra uma questão de pensamento, oração e propósito, sem que esta seja de facto efectivada e feita. É mais fácil ouvir que pensar, mais fácil pensar que falar, mais fácil falar que agir. Podemos ouvir e aceitar e admirar mesmo toda a vontade de Deus em nossas orações proferir nossa vontade de a efectuar e mesmo assim não nos prontificarmos a fazer. Vamos assumir nosso chamado como obreiros de Deus e trabalhar duramente para Ele. A prática é nossa melhor instrutora. Se você quer saber como fazer algo, tente fazendo.

Então será capaz de entender este segundo aspecto: há graça suficiente em Cristo para toda a obra que você tem de dirigir. Será possível ver com alegria sempre crescente como Ele, a Cabeça do corpo ao qual pertence, é capaz de operar em si, o membro. Será possível então ver como obrar para Deus se pode tornar na sua mais próxima mais completa irmandade com Cristo – a mais alta participação no poder de sua vida ressuscitada e glorificada.

1. Tenhamos cuidado com a separação da vida e da obra. Quanto mais obras tiver, mais a sua se apresenta como fracasso. Quanto mais inapto se sentir para a obra, mais tempo e maior cuidado deve ter para que sua vida interior possa ser renovada através da mais próxima comunhão com Deus.

2. "Cristo vive em mim " é o segredo do gozo e da esperança e também será do vigor para trabalhar. Cuide de ter vida e a vida cuidará da obra. "E fiques cheio do Espírito Santo", Act.9.17.

 

CAPÍTULO 7

O PAI È QUEM FAZ AS SUAS OBRAS PERMANECENDO EM MIM

"Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também", João 5.17

"Não crês que estou no Pai e que o Pai está em mim? As
palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai,
que permanece em mim, faz as suas obras",
João 14.10

Jesus Cristo fez-se homem, então Ele teve como nos mostrar o que é um homem verdadeiro. Ele se tomou homem para nos mostrar como Deus vive e opera dentro do homem. E Ele tornou-se homem para nos mostrar que podemos sentido para e em nossas vidas e fazermos nossas obras todas em Deus. Em palavras como estas acima, nosso Senhor abre para nós o mistério intrínseco de sua vida privada e revela-nos a natureza e o segredo mais profundo da sua própria obra. Ele não veio ao mundo para trabalhar pelo Pai. A obra de Cristo era fruto, o reflexo terreno de toda a obra do Pai. Não era como se Cristo meramente visse e copiasse o desejo do Pai para fazer – “o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras". Cristo fez toda sua obra através do poder do Pai que estava vivendo e operando nele. Tão completa e real foi sua dependência do Pai que, ao tentar explicar isto aos judeus, Ele usou expressões tão fortes como "o Filho nada pode fazer por si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai", João 5.19 e "eu nada posso fazer de mim mesmo", v.30. O que Ele disse – “porque sem mim, nada podeis fazer", João 15.5 – é tão verdadeiro para nós como era para Ele em relação ao Pai. "O Pai que permanece em mim, faz as suas obras".

Jesus Cristo tornou-se homem e pôde então revelar-nos o que é um homem verdadeiro, qual a dimensão verdadeira da relação entre um homem e Deus e qual a maneira verdadeira de servir Deus e de realizar sua obra em nós. Quando somos novas criaturas em Jesus Cristo 2Cor.5.17, a vida que recebemos é a vida que era e é em Cristo. Somente estudando sua vida na terra que decifraremos o nosso modo de vida. "Assim como o Pai, que vive, me enviou e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá", João 6.57.

Cristo não considerou isso uma usurpação o nunca haver feito nada por si a sós sendo sempre e exclusivamente dependente do Pai. Ele contou com tal como sua glória mais elevada porque todas as suas obras eram as obras do glorioso Pai por ele. Quando vamos entender que esperar em Deus, encurvarmo-nos diante dele em perfeito desamparo e deixá-lo efectuar tudo por nós, é nossa verdadeira realeza e o segredo da actividade mais nobre? Somente esta será a verdadeira essência de toda a vida de Cristo, a verdadeira vida de todos os filhos de Deus. Tal como esta vida é entendida e mantida, o poder para se trabalhar crescerá porque a alma está na dimensão pela Deus pode operar em nós, como o Deus que é "bom para os que esperam por ele ", Lam.3.25.

Ignorando ou negligenciando estas grandes verdades, não poderá haver trabalho verdadeiro para Deus. A explicação desta queixa que se estende a grande parte da actividade cristã com tão poucos resultados genuínos, é que na verdade, Deus opera em nós, mas Ele não pode operar completamente a não ser que vivamos em sua dependência de forma absoluta. O reavivamento pelo qual muitos anseiam e pelo qual oram deve começar assim: o retorno dos ministros e obreiros cristãos ao seu verdadeiro lugar diante de Deus – em Cristo. E, como Cristo, devemos depender completamente e esperar continuamente em Deus para que Ele opere tudo isso em nós.

Convido a todos os obreiros, jovens ou experientes, bem sucedidos ou desapontados, cheios de esperança ou de medo, a virem aprender com nosso Senhor Jesus o segredo do verdadeiro trabalho para Deus. "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também". "O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras". A paternidade divina significa que Deus é tudo, provê tudo, opera em tudo. Dependa continuamente do Pai e receba a cada instante toda a energia necessária para o trabalho dele. Tente alcançar a grande verdade, porque "o mesmo Deus é quem opera tudo em todos", 1Cor.12.6, sua única necessidade é, em profunda humildade e fraqueza, esperar e confiar no trabalho dele. Assim aprendemos que Deus pode conseguir em nós apenas na medida que pode permanecer em nós. "O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras". Cultive o sentido sagrado da contínua proximidade e presença de Deus, de ser templo exclusivamente seu e por Ele habitar em si. Ofereça-se para que Ele opere em si todo seu grande regozijo. Você descobrirá que trabalhar, ao invés de ser um estorvo, pode tomar-se o maior incentivo para uma vida de irmandade e dependência filial.

A princípio pode parecer que esperar para que Deus opere em si, irá colocá-lo fora da sua obra. Pode até ser assim – mas isso será apenas para lhe trazer bênção maior, para quando já tiver aprendido a lição de fé em crer na obra dele, mesmo quando não se estiver apercebendo dela. Você pode ter de fazer seu trabalho na fraqueza, no medo e com muito temor, mas conhecerá o mérito do poder de Deus e nunca mais do seu. Como você sabe mais de si mesmo e Deus mais ainda, permanecerá feliz apenas pelo simples facto do poder dele que se aperfeiçoa na fraqueza viver e abunda em si também, 2Cor.12.9.

1.     O Pai operou no Filho enquanto cá na terra e agora opera diante d’Ele nos céus. Será nessa mesma forma e medida do Pai operando em Cristo que aceitamos que faremos obras maiores através de Cristo. João 14.10-12.

2.     O Deus interior opera em nós. Permita a Deus viver em si exclusivamente e Ele estabelecerá sua boa obra por lá.

3.     Ore muito para achar graça para dizer, em nome de Jesus, "O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras".

4.     “O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras". E a mesma lei a qual rege a Cabeça se aplica nos membros e o que serve para Cristo serve o crente. "O mesmo Deus é quem opera tudo em todos", 1Co 12.6.

 

 CAPÍTULO 8

MAIORES OBRAS

 

"Em verdade, em verdade, vos dito que aquele que crê em
mim fará também as obras que eu faço e outras maiores as fará,
porque eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedires em meu
nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se
me pedires alguma coisa em meu nome, eu o farei. "
João 14.12-14.

Em João 14.10, ouvimos: "O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras". Cristo revela-nos o segredo de todo o labor divino – o homem deixando somente Deus habitar e actuar nele. A lei de Deus actuando dentro de cada homem permanece imutável quando Cristo prometeu "aquele que crê em mim fará Também as obras que eu faço ". Se Cristo diz "O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras", quanto mais deveríamos nós afirmá-lo? Com Cristo connosco o "O mesmo Deus é quem opera tudo em todos", 1 Cor.12.6.

Somos instruídos de como devem ser as coisas no mundo "aquele que crê em mim". Que não significa apenas que devemos acreditar em Cristo para a salvação, como um Salvador do pecado. Há muito mais. Em João 14.10,11 Cristo disse "O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai e o Pai em mim". Ternos de acreditar em Cristo como aquele no qual e pelo qual o Pai opera incessantemente. Acreditar em Cristo é recebê-lo no coração. Quando vemos o Pai operando junto com Cristo, sabemos que crer e confiar em Cristo, recebê-lo no coração, será como receber o Pai que permanece nele e que por Ele opera. As obras dos seus discípulos que se acham por fazer ainda, não podem ser realizadas de nenhuma outra forma distinta daquela que ele usou para as fazer.

Isto fica ainda mais clarificado quando o Senhor adiciona: "e outras (obras) maiores fará, porque eu vou para junto do Pai". Está claro o que são as obras maiores. Três mil foram balizados pêlos discípulos em Pentecostes e multidões foram adicionadas ao Senhor mais tarde. Felipe na Samaria, o homem de Chipre e Cirene, Barnabé na Antioquia, Paulo em suas viagens – sempre iam sendo adicionadas muitas pessoas ao Senhor. Incontáveis servos até o dia de hoje, na colheita de almas, fizeram estas obras maiores, por, com e através de Cristo.

Quando o Senhor diz: "porque eu vou pura junto do Pai", manifesta nitidamente a razão pela qual estamos sendo feitos capacitados para empreender essas maiores obras. Quando ele entrou na glória com o Pai, todo poder na terra e no céu lhe foram dados como nosso Redentor. O Pai operou através dele na forma mais gloriosa imaginável. Mais tarde operou do mesmo jeito através dos discípulos. O seu trabalho na terra recebeu do poder do Pai nos céus. Então seu povo, ainda na fraqueza, faria obras como as dele forma feitas e obras maiores no mesmo sentido através do mesmo poder recebido dos céus. A lei do trabalho divino é imutável – o trabalho de Deus só pode ser feito através d’Ele próprio. Assim vemos Cristo fazendo e o recebemos desta forma também, como Aquele no qual e mediante quem Deus actua e pactua em nós e rendermo-nos dessa forma e por inteiro para que o Pai Opere nele e em nós, que faremos obras maiores do que as que Ele fez.

As palavras que seguem trazem ainda mais nitidamente as grandes verdades que estamos aprendendo aqui, isto é, o nosso Senhor operará em nós por inteiro, tal qual o Pai fez com Ele e nossa atitude deve ser de fazer exactamente como Ele fez – inteira receptividade e dependência. "E outras maiores fará, porque, eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedires em meu nome, isso farei ". Cristo liga as obras maiores que o crente irá fazer com a promessa que Ele fará tudo que o crente pedir. Orações em nome de Jesus serão a expressão de dependência e espera nele, por sua obra. Ele promete: "E tudo quanto pedires... isso farei", em si e através de si. E Ele acrescenta ainda, para "que o Pai seja glorificado no Filho", assim nos lembra como Ele glorificara o Pai ao entregar-se a Ele como Pai, para que fizesse sua obra nele como Filho. No céu, Cristo ainda glorificaria o Pai ao receber o poder do Pai para poder operar em seus discípulos o que o Pai operaria pessoalmente. O crente, como o Cristo, não pode dar ao Pai glória maior do que aquela de entregar a Ele para que opere por inteiro.

O crente não pode glorificar o Pai de nenhuma outra forma que não seja através duma dependência absoluta e incessante no Filho, em quem o Pai opera, para comunicar-se e operar em nós toda a obra do Pai. "Se me pedires alguma coisa em meu nome, eu o farei" e "outras [obras] maiores ainda fará ".

Consigamos que todo crente lute para aprender esta lição bendita: "Farei as obras que vi Cristo fazer". Posso até fazer obras maiores na exacta medida que me esteja rendido a Cristo, enaltecido no trono em tremendo poder. Contarei com Ele actuante em mim de acordo com esse mesmo poder. Preciso do espírito de dependência e espera, de oração e fé, desta mesma forma que Cristo, que habita em mim agora, tem para actuar por Ele, independente do que eu pedir.

1. Como Cristo foi capaz de fazer as obras do Pai? Através do Deus que habita nele! Como posso fazer as obras de Cristo? Por Cristo que habita em mim!

2. Como posso fazer obras maiores que as de Cristo? Se acreditar não apenas em Cristo, o Encarnado e Crucificado, mas também no Cristo triunfante no trono e em mim.

3. Nesta obra tudo depende, caro crente, da vida, da vida interior, da vida divina que se obtêm. Ore para perceber que a obra será sempre em vão a menos que seja feita no poder do Espírito Santo na exacta medida que pode vir habitar em si.

 

CAPÍTULO 9

RECRIADO EM JESUS PARA AS BOAS OBRAS

"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não
vem de vós; é dom de Deus: não de obras, para que ninguém se
glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas
obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos
nelas ",
Ef.2.8-10

Fomos salvos, não pelas obras, mas por causa das boas obras. A diferença é enorme! A compreensão dessa diferença é essencial para a saúde da vida evangélica. Não somos salvos pelas obras que fizemos. Mas somos salvos para as boas obras que fazemos – o fruto é consequência da salvação, parte do trabalho de Deus em nós, a única coisa porque nascemos de novo e nos tornamos novas criaturas em Cristo. Apesar de nossas obras serem sem valor na tentativa de se conseguir a salvação, seu valor é infinito para o quanto Deus nos criou e preparou. Devemos procurar guardar estas duas verdades na totalidade de seu sentido espiritual. Quanto mais profundas forem nossas convicções que fomos salvos, não pelas obras, mas pela graça, mais forte a prova que fomos salvos para as boas obras.

"Não de obras... pois somos feitura dele". Se as obras nos pudessem salvar, não haveria necessidade de sermos redimidos ainda. Porque nossas obras eram todas saturadas de pecado e vãs, Deus encarregou-se de nos fazer de novo. Agora somos sua feitura e todas as boas obras que façamos são feitura sua também. "Somos feitura dele, criados em Cristo Jesus". Tão completa foi a ruína do pecado, que Deus leve de fazer toda a obra da criação de novo em Jesus Cristo. Nele e particularmente em sua ressurreição dos mortos, criou-nos de novo, à sua imagem e semelhança da vida vivida por Cristo. No poder daquela vida e ressurreição somos capazes e perfeitamente equipados para fazer as tais boas obras. O olho, porque foi criado para ver luz, está perfeitamente adaptado para sua obra. O ramo da videira, porque foi criado para dar uvas, faz seu trabalho muito naturalmente. Nós, que fomos criados em Jesus Cristo para as boas obras, podemos estar seguros de que a capacidade divina para as boas obras é a lei para nossa existência. Se simplesmente soubermos e vivermos em Jesus Cristo, como primeiramente fomos criados nele, podemos e iremos ser frutíferos em toda boa obra.

"Criados...para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas". Fomos preparados para as obras e essas obras para nós. Para que entendamos isto, pense como Deus predeterminou seus servos mais antigos – Moisés e Josué, Samuel e Davi, Pedro e Paulo – pela obra que tinha para eles e predeterminou também as obras. Ele queria que as efectuassem. O Pai preparou todas as obras para o mais humilde de seus filhos, tanto quanto as preparou para aqueles que são líderes. Deus tem um plano de vida para cada um de seus filhos, com o trabalho distribuído de acordo com o poder e a graça necessários para a obra. E assim, como o ensinamento está claro, "a salvação não é pelas obras", também está sua equivalente abençoada, "a salvação é para boas obras" – porque Deus nos criou para essas obras e até as preparou para nós.

A Escritura confirma, portanto, a dupla lição que este livro deseja trazer até si: as boas obras são o plano de Deus para toda a sua vida nova que Ele lhe deu em Cristo e deseja que seja seu objectivo também. Como cada ser humano foi criado para essa obra e o dotou com o poder necessário para o empreender, o homem pode viver uma vida saudável e verdadeira apenas trabalhando. Cada crente existe para as boas obras então. Nelas sua vida será aperfeiçoada, seus semelhantes serão abençoados e o seu Pai nos céus será glorificado. Educamos nossos filhos com o pensamento que eles devem sair de casa para trabalharem pelo mundo. Mas, quando é que a igreja aprenderá que a sua grande obra é treinar os seus filhos para que tomem sua parte activa na grande obra de Deus e abunde nas grandes obras para as quais foi criado? Cada qual de nós deve procurar a profunda verdade desta mensagem: "Criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou" e com prazer e deleite assumir a obra que nos espera para ser realizada avidamente.

Esperar em Deus é a coisa mais importante e necessita de nossa participação integral caso desejemos fazer as grandes obras que Deus preparou para nós. Devemos apreender em nossos corações o sentido sagrado destas palavras: somos feitura de Deus, não para um acto no passado, mas em operação contínua. Somos criados para as boas obras, como grande forma de glorificar Deus. As grandes obras são preparadas para cada um de nós e por essa razão devemos andar nelas. Entregar-se a essa dependência da obra de Deus é nossa única necessidade. Devemos assumir devido à nossa nova criação, as boas obras tornar-se-ão o hábito de nossa alma e que estão em Cristo Jesus, permanecendo nele, acreditando nele e buscando apenas da Sua força para a efectivar. Criados para as boas obras nos revelará de uma vez por todas o mandamento divino e poder quanto baste para viver a vida das boas obras.

Oremos para que o Espírito Santo opere pela Palavra no profundo de nossa consciência: Criados em Cristo Jesus para as boas obras! Sob a luz desta revelação, aprenderemos quão grande destino, obrigação infinita, capacidade perfeita será esta nossa criação em Cristo.

1.      A nossa criação em Adão foi para as boas obras. Terminou em fracasso total. Nossa nova criação em Cristo é de novo para as boas obras, mas com uma diferença: uma condição perfeita foi criada para assegurá-las para sempre.

2.      Deus criou-nos para as boas obras – oremos para o Espírito Santo mostrar-nos e comunicar-nos tudo quanto isto significa.

3.      Se esta vida em comunhão com Deus é verdadeira, o poder para as obras será perfeito. Como é a vida, também serão as obras.

 

CAPÍTULO 10

TRABALHAI, PORQUE É DEUS QUEM OPERA EM VÓS

 

"Operai a vossa salvação com temor e tremor. Porque Deus é quem efectua em vós tanto o querer como o realizar, segundo sua boa vontade", Fil.2.12,13.

 

No último capítulo vimos o que significa a salvação. E sermos obra de Deus, criados em Jesus Cristo para as  boas obras. O capítulo é concluído com um dos seus pontos mais importantes: há um tesouro de boas obras que Deus preparou para realizarmos. Sob a luz deste pensamento, conseguimos apreender o verdadeiro e mais completo sentido da Escritura para este capítulo. Para desenvolvermos nossa própria salvação, conforme Deus a concebeu, é preciso andarmos em todas nossas boas obras para as quais Deus nos preparou. Estude para saber exactamente qual a salvação que Deus preparou para si (tudo que Ele concebeu e fez possível para você ser) e desenvolva-a "com temor e tremor". Deixe a maravilha desta vida divina e sagrada encerrada em Cristo, sua própria fraqueza e os perigos terríveis em forma de tentações que o confrontam, faça seu trabalho em temor e tremor.

Ainda assim, o temor não necessita tornar-se descrença; o tremor não precisa tornar-se desencorajamento, porque é Deus quem actua em si. Aqui está o segredo de um poder que é absolutamente supra-suficiente para tudo quanto temos de empreender e fazer, a segurança perfeita de podermos fazer tudo quanto Deus quer que façamos. Deus opera em nós tanto para o querer quanto para o fazer. Primeiramente, o querer – Ele nos dá a visão do que necessita ser feito, a vontade que faz termos boa vontade, o propósito firme do querer que controla todo o ser e nos torna preparados e ansiosos para ser operantes de boa vontade. Em seguida, o trabalho – Ele não nos dá o querer para nos deixar sem seu auxílio para que trabalhemos a sós. O querer pode ver e até mesmo aceitar o trabalho, mas carece do poder para efectuá-lo. No sétimo capítulo de Romanos, vemos que o novo homem se deleita na lei de Deus, ainda assim não está equipado para cumpri-la devido à guerra entre a carne e o Espírito. Contudo pela "lei do Espírito na vida, em Cristo Jesus " o homem "se livrou da lei do pecado e da morre", Rom.8.2. Assim, o preceito da lei pode ser preenchido nele como aquele que não "andou segundo a carne, mas segundo o Espírito",  v.4.

Uma das grandes razões porque os crentes falham em suas obras é que eles pensam que Deus lhes deu a vontade para fazer, e por essa razão obrarão automaticamente pela força desta vontade. Eles jamais aprenderam a lição, isto porque Deus nos criou em Cristo Jesus para as boas obras e as preparou para que nelas andássemos, Ele é quem nelas deve trabalhar através de nós. Eles nunca escutaram por muito tempo a voz dizer "é Deus quem efectua em vós".

Aqui está uma das verdades mais profundas, mais espirituais e mais preciosas da Escritura – a operação contínua de Deus Todo-Poderoso em nossos corações e em nossas vidas. À luz da natureza de Deus, como ser espiritual não confinado a um lugar, mas antes presente por toda a parte, não pode haver vida espiritual a não ser a que é sustentada pela presença interina dele.

Diz a Escritura que a razão mais profunda – “é Deus quem opera tudo em todos", 1Cor.12.6. Não só todas as coisas são dele desde o princípio e têm nele seu fim, mas também existem através dele, que sozinho as mantém.

O Pai foi a fonte de tudo que Cristo fez. No novo homem, criado em Jesus Cristo, a dependência contínua para com o Pai será o nosso maior privilégio, nossa verdadeira nobreza. Essa é a nossa real comunhão com Deus – Deus opera em nós para o querer e o efectuar.

Devemos buscar aprender este segredo verdadeiro de trabalhar para Deus. Não é como muitos pensam, que fazermos nosso melhor para deixamos que Deus faça o resto. De jeito nenhum: antes sabemos que Deus realizando sua salvação em nós será o segredo para que consigamos desenvolvê-la – que a salvação inclui todas as obras que temos de fazer ainda. A fé que Deus está efectivando em nós é a medida de nossa aptidão para que obremos eficazmente aquilo que Ele prometeu: "Faça-vos conforme a vossa fé", Mat.9.29 e "Tudo é possível para aquele que crê", Mar.9.23, encontram aqui sua aplicação por inteiro. Quanto mais enraizada for a fé de que Deus opera em nós, tanto mais livremente o poder da vontade de Deus operará em nós e tanto mais verdadeira e frutífera será nossa obra.

Talvez haja algum obreiro na escola dominical esteja lendo este livro. Já havia pensado que seu único poder para efectua esta obra de Deus é ser aquela criação a qual foi criada para as boas obras em Jesus Cristo, pela qual Deus opera tanto o querer como o realizar? Você deve entregar-se como única forma de esperar pela obra? Você trabalha porque sabe que Deus opera em si? Não diga que estas perguntas são muito difíceis. O trabalho de conduzir almas jovens para Cristo é muito difícil para todos nós, mas se vivermos como criancinhas, acreditando que Deus operará tudo quanto necessitamos em nós, faremos a obra dele através de sua força. Ore muito para aprender e praticar esta lição em tudo que você faz. Trabalhe para que Deus opere em si.

1.      Penso que começamos a sentir que o entendimento espiritual desta grande verdade, "Deus opera em si", é o que todos os obreiros necessitam entender primeiro.

2.      O Espírito Santo é o poder de Deus, habitando nos crentes para essa obra e vida. Peça a Deus para lhe mostrar que em toda a obra, a nossa primeira preocupação deve ser a renovação diária pelo Espírito Santo.

3.      Obedeça o mandamento para ser recheado através do Espírito Santo. Acredite que ele habita dentro de si. Espere por seus ensinamentos dentro de si mesmo. Renda-se para que Ele o guie. Ore pedindo pela sua poderosa operação. Viva no Espírito.

4.      Tudo aquilo que o poder de Deus opera em nós, seguramente conseguiremos fazer. Apenas abra caminho para o poder actuando em si.

 

CAPÍTULO 11

A FÉ QUE OPERA PELO AMOR

 

"Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão, têm valor algum, mas a fé que actua pelo amor... sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, Gal.5.6,13,14

 

Em Jesus Cristo nenhum privilégio externo é vantagem. Os judeus podem-se gabar da circuncisão, o símbolo da aliança com Deus. Os gentios podem-se gabar da incircuncisão, como entrada no reino da liberdade perante as leis judaicas. Nada é costume no reino dos céus – a não ser, conforme lemos em Gal.6.15, sermos "nova criatura" na qual "as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas", 2Cor.5.17. Ou, como descreve nosso texto, nada além da fé que actua pelo amor, fazendo com que sejamos servos uns dos outros pelo amor.

Que descrição perfeita da nova vida. Primeiro, você tem fé como raiz plantada em Jesus Cristo. Depois, como objectivos, temos obras como frutos. E mais ainda existe entre estas duas coisas, pois tendo a árvore crescendo de raiz e dando frutos, você tem o amor com a seiva fluindo, pela qual a raiz leva a frutificar. Não necessitamos falar da fé aqui. Já vimos como acreditar em Jesus faz obras tornarem-se maiores e vimos como a fé da nova criação e em Deus actuando em nós é o segredo de todo nosso labor. Nem precisamos falar aqui das obras. Este livro tem por inteiro objectivo abrir espaço e lugar em todos os corações e vidas tal qual se acha no coração de Deus e em sua Palavra.

Devemos estudar meticulosamente e em especial a grande verdade, que todo trabalho deverá ser feito através do amor. A fé não pode fazer sua obra, excepto quando através do amor. Nenhum trabalho pode ter valor, a não ser que proceda do amor. O amor por si só é suficientemente veemente para que toda a obra se torne possível por nós.

O poder para actuar é o amor. Foi o amor que moveu Deus a fazer toda sua obra na criação e na redenção. Foi o amor que permitiu a Cristo como homem, trabalhar e sofrer como sofreu. É o amor que nos pode inspirar com poder e auto-sacrifício que não se encerra em si mesmo, mas antes está pronto para viver e morrer pêlos outros. É o amor que nos dá a paciência e que recusa desistir daqueles que são ingratos ou endurecidos. É o amor que alcança e conquista os mais desesperançados. O amor é o poder para trabalharmos em nós mesmos e naqueles pêlos quais trabalhamos. Amemos como Cristo nos amou.

O poder do amor é a fé. A fé tem como raiz a vida em Jesus Cristo, que é toda em amor. A fé conhece o amor de Deus, mesmo quando não conseguimos compreender totalmente o presente maravilhoso que foi dado a penetrar em nossos corações, na expansão do Espírito Santo. Uma mina na terra pode estar escondida ou até mesmo parar de ser laborada e extraída. Até ser reaberta, sua fonte não pode fluir. A fé sabe que há uma fonte de amor inesgotável que pode ser aberta desde a fonte da vida eterna e jorrar como "rios de água viva", João 7.38. Isto assegura-nos que poderemos amar, que temos o poder divino para amar dentro de nós, como dom inerente de nossa própria natureza renascida e abençoada.

O poder para exercer e demonstrar amor é a obra. Não existe poder separado da sua realidade concreta. Só pode actuar quando exercido. De outra forma, o poder não pode ser encontrado ou sentido. Isto é particularmente verdade em relação às graças cristãs, escondidas como estão dentro da fraqueza de nossa natureza humana. E apenas fazendo que saberá que fez. Uma graça deve ser feita antes que possamos regozijarmo-nos em sua posse. Esta é a inefável bênção da obra. Trabalhar é essencial para uma vida saudável porque desperta e revigora o amor, e faz com que nós tomemos parte na sua alegria.

A fé actua pelo amor. Poucas coisas têm valor em Jesus como esta. Obreiros de Deus, podem crer! Pratiquem. Agradeçam muito a Deus pela fonte de amor eterno aberta dentro de vós mesmos. Orem fervorosamente e frequentemente para que lhes seja fornecida força pelo poder do seu Espírito no homem interior. Assim sendo, com Cristo habitando em nós, poderemos estar “arraigados e alicerçados em amor", Ef.3.17. Viva seu no seu quotidiano, dentro do seu lar, em todos seus contactos com os homens, em toda forma de trabalhar, como uma vida de amor divino. As formas de amor são deveras tão gentis e celestiais que você poderá não aprendê-las todas de uma só vez. Mas tenha coragem; acredite no poder que opera em si e entregue-se por inteiro para a elaboração do amor dentro de si. Ele será seguramente glorioso.

A fé actua pelo amor. Deixe-me imprimir esta mensagem também naqueles que jamais pensaram vir a trabalhar para Deus. Venham e escutem.  

Você deve tudo ao amor de Deus. A salvação que recebeu é toda amor. O desejo de Deus, para a satisfação dele, é enchê-lo de amor, para que viva para a salvação dos homens. Agora, tenho uma pergunta, você não irá aceitar esta maravilhosa oferta de ser preenchido com o próprio amor de Deus? Ó, venha e dê seu coração e vida ao gozo do serviço pelo amor de Deus! Acredite que a fonte de amor está dentro de si. Ela começará a jorrar assim que você lhe fornecer saída e passagem através de actos de amor feitos para si. Qualquer obra para Deus que você tente fazer, tente realizá-la pelo amor. Ore pelo espírito do amor. Permita-se viver uma vida de amor. Pense como poderá amar os que estão ao seu redor oferecendo orações para eles, servindo-os, labutando para seu bem-estar temporal e espiritual. A fé actuando pelo amor em Jesus Cristo tem grande valor.

1.      "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor" 1Cor.13.13. Não há fé nem esperança em Deus. "Deus é amor", João 4.8. A coisa mais divinal é o Amor.

2.      O amor é a natureza de Deus. Quando é "derramado em nosso coração pelo Espírito Santo", Rom.5.5, o amor se toma nossa natureza. Acredite nele, entregue-se a ele e desenvolva-o.

3.      O amor é o poder de Deus para efectuar sua obra. O amor foi o poder de Cristo. Para trabalhar para Deus, ore sinceramente para que seja preenchido de amor por almas!

 

 

CAPÍTULO 12

FRUTIFICANDO EM TODA A BOA OBRA

"A fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu
inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus.

Sendo fortalecido com todo o poder segundo a força da sua glória, em toda perseverança e
longanimidade; com alegria",
Col.1.10,11

Existe uma diferença entre fruto e obra. O fruto é o que nasce espontaneamente, sem se pensar ou desejar pela consequência necessária e é natural da vida que respira saúde. A obra, pelo contrário, é o produto do esforço guiado pelo pensamento inteligente de todo querer. Na vida cristã, temos os dois elementos entrelaçados. Toda obra verdadeira deve produzir fruto, crescendo e produzindo dentro de nós, pela actuação do Espírito de Deus ali. E, todo fruto deve ser obra, o resultado das nossas intenções deliberadas e do esforço daí consequente. Nas palavras "frutificando em toda boa obra", temos a máxima da verdade ensinada nos capítulos anteriores. Porque Deus opera em nós através de sua vida, a nossa obra é fruto. Tendo fé na actuação de Deus, desejamos ser usados por Ele e frutificarmos na obra. O segredo de todo trabalho verdadeiro reside na harmonia entre a espontaneidade perfeita que vem da vida e do Espírito de Deus que nos anima em nossa cooperação com Ele, seus trabalhadores inteligentes.

Nas palavras "transbordeis no pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual", Col.1.9, vemos o lado humano, nossa necessidade de sabedoria e conhecimento. Nas palavras, "Sendo fortalecidos com todo o poder segundo a força do Seu poder" temos o lado divino. Deus ensina-nos e fortalece-nos e o homem aprende a entender e a fazer pacientemente a vontade dele, de forma que a dupla vida frutifique através de cada boa obra.

É-nos dito da vida cristã que a vida natural do homem, em primeiro lugar, deve ser tornada espiritual e que o homem espiritual deve ser tornado natural novamente. Como a vida natural inteira toma-se verdadeiramente espiritual, todas nossas obras partilharão da natureza do fruto dali adjacente, essa consequência da vida de Deus em nós. E como o espiritual se torna perfeitamente natural para nós de novo, uma segunda natureza na qual nos sentimos perfeitamente confortáveis, todos os frutos congregarão e suportarão aquela marca da obra verdadeira, chamando-nos a exercitar todas as faculdades do nosso ser novo.

"Frutificando em toda a boa obra" sugere-nos de novo aquela grande verdade de que, uma macieira ou uma videira são plantadas unicamente para dar frutos; sendo assim, então o grande propósito de nossa redenção é que Deus nos tenha para seu serviço que frutifica. Foi bem dito que "o fim do homem é um acto e não um pensamento, mesmo sendo um pensamento dos mais nobres". É na obra e no trabalho que a nobreza da natureza do homem é comprovada como medida para o mundo se salvar. É para as boas obras que somos criados de novo em Cristo Jesus. É quando os homens vêem nossas boas obras que nosso Pai nos céus será glorificado e obterá a honra que a ele é devida pela sua obra. Na parábola da vinha, nosso Senhor insistiu nesta parte "Quem permanece em mim e eu nele, esse dará muito fruto", João 15.5. "Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto", v.8. Poucas coisas dão mais honra a um fazendeiro que uma plantação farta; muitos frutos significam glória para Deus.

A grande necessidade é que cada crente seja encorajado, ajudado e mesmo treinado para andar em direcção a produzir muitos frutos. Um pequeno morangueiro pode, apesar do seu tamanho insignificante, frutificar mais que uma macieira. O chamamento para sermos frutíferos em cada boa obra é sem excepção, válido para todos os cristãos. A graça que é necessária para isto está ao alcance de todos. Um ramo frutífero para cada boa obra – esta é parte essencial da Palavra de Deus.

Devemos extrair uma impressão realista e verdadeira dos dois lados da verdade divina "frutificando em toda boa obra". A primeira criação da vida por Deus foi a do reino vegetal. Era uma vida sem vontade ou esforço próprio. Todo o cultivo e os frutos eram simplesmente trabalho directo dele, o resultado espontâneo do trabalho seu oculto. Houve progresso na criação para o reino animal. Novos elementos foram introduzidos – pensamento, querer e obra. No homem estes elementos foram unidos através duma harmonia perfeita. A dependência absoluta de Deus da relva e do lírio, que os veste com nobreza, foi o terreno de nossas relações. A natureza não tem nada a não ser o quanto recebe de Deus. Mas todas as nossas obras serão frutos, o produto de um poder dado por Deus. Mas a isto foi somado a verdadeira marca de nossa semelhança com Deus, o poder de escolher, da acção inteligente e independente – todos os frutos advirão de nosso labor. Quando alcançarmos este conceito, veremos como existe o mais completo entendimento entre não termos nada em nós e entre o mais profundo sentido de obrigação e bom senso e o mais forte desejo de empregar nossos poderes ao extremo por Deus. Devemos estudar estas lições do texto como aqueles que buscam toda sua sabedoria e força em Deus e somente nele. E nos entregaremos corajosamente, como os que são responsáveis pelo uso dessa sabedoria e força, à diligência, sacrifício e esforço necessários para uma vida frutífera dentro de cada boa obra.

1.      Muito depende, em quantidade e qualidade, da vida saudável da árvore. A vida de Deus, de Jesus Cristo, de seu Espírito – a vida divina em si – deve ser forte e segura.

2.      Esta vida é o amor. Creia nele. Desenvolva-o. Faça com que seja renovado dia após dia, advindo da plenitude de Cristo.

3.      Produza frutos a partir de todas suas obras. Faça com que todo seu querer e labor sejam inspirados pela vida de Deus. Desta forma você irá "viver de modo digno do Senhor", Col.1.10.

 

 

CAPÍTULO 13

ABUNDANTES NA OBRA DO SENHOR CONTINUAMENTE

 

"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis
sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor,
vosso trabalho não é em vão",
1Cor.15.58

O décimo quinto capítulo de 1 Coríntios apresenta a revelação divina do significado da ressurreição de Cristo, com todas suas bênçãos consequentes. Apresenta-nos um Salvador vivo que se manifestou desde os céus para seus discípulos na terra e a Paulo. Ele nos assegura a completa libertação de todo o pecado. E a promessa do triunfo e vitória finais de Cristo sobre seus inimigos, é quando Ele entrega ao Pai o reino e assim que Deus seja tudo em todos. Ele nos assegura a ressurreição do corpo e nossa entrada na vida celestial. Paulo conclui seu argumento com um apelo triunfante à morte, ao pecado e a lei: "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo", 1Co 15.55-57.

Mais tarde, após cinquenta e sete versículos de ensinos exultantes sobre o mistério e a glória da vida ressurrecta em nosso Senhor e em seu povo, descobrimos um versículo de aplicação prática "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor". A fé num Cristo vivo, ressurrecto e em tudo que é sua ressurreição para nós em termos de tempo e eternidade, serve para nos habilitar e revelar-se aquela obra abundante no Senhor!

Não tem como ser de outra maneira. A ressurreição de Cristo foi sua vitória final sobre o pecado, a morte e Satanás. A fase inicial de toda a sua obra foi dar o Espírito desde os Céus e estender seu reino por toda a terra. Aqueles que compartilharam na alegria da ressurreição, receberam imediatamente instruções no sentido de tornar sobejamente conhecida a boa nova. Foi assim também com Maria e com as outras mulheres. Foi assim com os discípulos na noite da ressurreição. "Assim como o Pai me enviou, eu lambem vos envio", João 20.21. Foi assim com todos quantos foram enviados por decreto de Deus: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" Mar.16.15. A Ressurreição é o início da promessa da vitória de Cristo sobre a terra. Esta vitória será conduzida à sua manifestação completa através do Seu povo. A fé e a alegria da vida ressurrecta são a inspiração e o poder para o trabalho para consegui-las. Então vem o chamamento para todos os crentes sem excepção: "Portanto, meus amados irmãos, sede... sempre abundantes na obra do Senhor".

"Na obra do Senhor". Esta relação explica-nos tudo o que é obrar. Não é nada mais que exprimir para com os outros tudo a respeito do Senhor ressurrecto e comprovar diante deles a nova vida que Cristo lhes deu. Assim como sabemos e o reconhecemos o Senhor sobre tudo que somos e sabemos viver na alegria ao serviço dele, veremos que a obra do Senhor é trazer os homens para conhecerem Cristo para que se curvem diante dele. Entre todas as formas de labor, o único objectivo do poder da vida no Senhor ressuscitado é torná-lo Senhor de todos.

Este trabalho do Senhor não é coisa fácil. Custa a Cristo sua vida o ter de submeter o pecado e Satanás e ganhar essa nova vida para todos nós. E custar-nos-á nossas vidas também – o sacrifício da própria vida e da nossa própria natureza. Para que tal assim se faça, será imprescindível quanto necessário que todos na terra se rendam a viver no repleto dessa nova vida de ressurreição. O poder do pecado e do mundo em todos os que estão à nossa volta é tremendo. Satanás não entrega suavemente seus servos a nossos esforços laboriosos. É necessário um coração contactando estreitamente com o Senhor ressurrecto, verdadeiramente vivendo a vida de um ressurrecto, para sermos "firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor". Mas esta é uma vida que pode ser vivida porque Jesus vive (em nós) também.

Paulo acrescentou "sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é em vão". Eu já falei mais que uma vez sobre o poder da influência que a certeza da recompensa sobre a obra em forma de salários ou riquezas, exerce nos milhões de trabalhadores sobre a terra. Os trabalhadores de Cristo podem, com segurança também, acreditar que com um Senhor como o seu, sua recompensa é certa demais e grandiosíssima! A obra é geralmente difícil e demorada e aparentemente infrutífera. Estamos sobejamente propensos a desistir, porque estamos laborando em nossa força, orientados por nossas expectativas. Ouçam a mensagem: "sede...sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que. No Senhor, o vosso trabalho não é em vão". Não desfaleçam as vossas mãos, porque a vossa obra terá recompensa", 2Cron.15.7. "Sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão "

"No Senhor". Esta expressão é muito significativa. Estude-a em Romanos 16, onde ela aparece dez vezes, onde Paulo usou as expressões: "para que o recebais no Senhor", v.2: "Meus cooperadores em Cristo Jesus" v.3; "estavam em Cristo antes de mim", v.7; "meu dilecto amigo no Senhor", v.8; "aprovado em Cristo", v.10; "as quais trabalhavam no Senhor", v.12; "eleito no Senhor", v.13. A vida, companheirismo e serviço integral destes santos tinham uma marca – eles eram, suas obras eram, no Senhor. Eis o segredo dum labor efectivo. "No Senhor, o vosso trabalho não é vão". Tal como sentido da presença dele e o poder de sua vida é contido, tal são todas as obras produzidas nele e sua força opera em nossa fraqueza. Nosso labor não pode ser em vão no Senhor. Cristo disse "Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto", João 15.5. Não deixem que os filhos deste mundo com sua confiança arrogante, por cuja obra os seus mestres certamente lhes darão recompensa adequada, envergonhem os filhos da luz. Regozijemo-nos e trabalhemos na fé confiante da palavra: "Portanto, meus amados irmãos sede...sempre abundantes na obra do Senhor,...no Senhor, o vosso trabalho não é vão. "

 

 

CAPÍTULO 14

ABUNDANDO EM GRAÇA PARA QUE A OBRA TAMBÉM ABUNDE

"Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que,
tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em
toda boa obra",
2Co 9.8

No capítulo anterior fomos motivados a abundar na obra o espírito daquela exultação triunfante que o Cristo ressuscitado inspira conquanto abranja o passado e o futuro. Este capítulo nos assegura que por esta obra abundante temos uma habilidade determinada. "Deus pode fazer-vos abundar em toda graça"; então podemos ser abundantes em todas as boas obras. Todo pensamento de abundar na graça deve estar ligado às boas obras para as quais a graça é dada. E todo pensamento de obra abundante deve ser ligada à graça que nos torna capazes para toda a boa obra.

A graça abundante tem na obra abundante seu único objectivo. É comum ouvirmos que a graça e as boas obras se acham em desacordo uma com a outra. Mas não é assim. A Escritura chama de nossas obras as obras da lei, as obras da justiça que nós fizemos. Elas são obras mortas – nas quais trabalhamos para alcançar o mérito ou para que Deus nos faça um favor. Estas são exactamente o oposto da graça. Mas também são o extremo oposto das boas obras que brotam da graça, para as quais a graça é dada. Trabalhar para a lei é incompatível com a liberdade da graça; os trabalhos de fé – boas obras – são essenciais e indispensáveis para a verdadeira vida cristã. Deus faz a graça abundar para que as boas obras abundem. A medida da graça verdadeira é aprovada pela medida das boas obras. A graça de Deus abunda em nós para que possamos abundar em boas obras. Precisamos ter essa verdade profundamente enraizada em nós mesmos. Lembrem-se, a graça abundante tem na obra abundante seu objectivo verdadeiro e único.

O trabalho abundante necessita da graça abundante como fonte e energia. É muito visto trabalho abundante sem a graça abundante. Assim como qualquer homem pode ser muito diligente em qualquer terreno ou área de actividade, ou um pagão em seu serviço religioso a um ídolo, também os homens podem ser diligentes fazendo seu trabalho religioso em suas próprias forças, sem pensar muito na graça que, só ela, pode trabalhar efectivamente, de forma verdadeira e espiritual. Porque toda obra será realmente aceitável para Deus e verdadeiramente frutífera, não só por resultados visíveis aqui na terra, mas para que permaneçam também pela eternidade, para isto a graça de Deus é indispensável. Paulo continuamente dava crédito completo à graça de Deus operando nele por seu próprio trabalho. "Trabalhei muito mais que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo", 1Cor.15.10. "Conforme o dom da graça de Deus a mim concedida secundo a força operante do seu poder", Ef.3.7. E ele frequentemente chamava os cristãos para exercitarem seus dons "segundo a graça que nos foi dada", Rom.12.6. "E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proposição do dom de Cristo", Ef.4.7. É apenas pela graça da obra de Deus em nós que podemos fazer as verdadeiras boas obras. É apenas na medida que buscamos e recebemos a graça abundante que podemos ser abundantes em cada boa obra.

"Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que....superabundeis em toda boa obra". Todo cristão deve louvar Deus com muito agradecimento pela graça abundante que lhe é dada. Com grande humildade ele deve confessar que sua experiência, sua entrega e a graça abundante têm sido deficientes. E com grande confiança ele deve acreditar que uma vida abundante bem como boas obras é na verdade possível, porque a graça abundante é certa e segura e divinamente assegurada e suficiente. Então, com dependência simples e fiel, deve esperar em Deus a cada momento, para receber mais graça que Ele dá aos humildes, Tg.4.6.

Filho de Deu, não tenha pressa para estudar desde que seja realmente para entender o propósito de Deus para si, como deve abundar em cada boa obra! Ele fala sério consigo! Ele já providenciou! Avalie na sua consagração a Ele nada mais que o propósito dele para si. E reivindique nada menos que a graça abundante que Ele pode conceder e abençoar ainda. Faça da omnipotência e fidelidade dele a sua total confiança. E viva sempre em contínua oração e dependência do poder dele que opera em vocês. Isto fará com que abundem em cada boa obra. "Faça-se-vos conforme a vossa fé", Mat.9.29.

Obreiro cristão, aprenda aqui o segredo do fracasso e sucesso. Trabalhando com nossas próprias forças, com poucas orações e esperando em Deus por seu Espírito, é que causa o fracasso. O cultivo do espírito de Absoluta fraqueza c incessante dependência abrirá o coração para as obras fartas em graça. Aprenderemos a creditar tudo que fazemos à graça de Deus. Aprenderemos a medir tudo que temos de fazer pela graça de Deus. E nossas vidas irão crescentemente estar na alegria da graça de Deus abundando em nós, e nós abundando em cada boa obra.

1.      "Afim de que,...superabundeis em toda boa obra". Ore sobre este tema até que sinta ser isto o que Deus preparou para si exclusivamente também.

2.      Se sua ignorância e fraqueza aparentemente o impossibilitam, apresente-se a Deus e diga o que quer, se Ele pode prepará-lo para que abunde nas boas obras, para ser um ramo que dá muitos frutos na vide.

3.      Leve em seu coração, como uma semente viva, estas verdades preciosas: "Não duvidou, por incredulidade, a promessa de Deus; mas, pela fé se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera", Rom.4.20,21 e "Fiel é o que vos chama, o qual também o fará”, 1Tes.5.24.

4.      Comece de uma vez fazendo modestos actos de amor. Como uma criancinha no jardim-de-infância, aprenda fazendo tudo.

CAPÍTULO 15

NO DESEMPENHO DE TODA A BOA OBRA

 

"E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vista o aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço para a edificação do corpo de Cristo", Ef.4.11,12

O objectivo de Cristo, quando Ele ascendeu aos céus e concedeu a seus servos os vários dons que são mencionados, é triplo. O primeiro alvo dos dons é "com vistas ao aperfeiçoamento dos santos”. Crentes, como os santos, devem conduzir-se no caminho da santificação "para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda ao vontade de Deus", Col.4.12. Era por isso que Epáfras operava por meio de orações. Paulo escreveu: "O qual nós anunciamos...ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo " Col.1.28

Este aperfeiçoamento dos santos é, contudo, apenas um meio para uma finalidade mais sublime - "para o desempenho do seu serviço", para qualificar todos os santos a fim de que tomem parte no serviço ao qual todo crente é chamado. A mesma palavra é usada em textos como "as quais lhe prestavam assistência com os seus bens", Luc.8.3 e "pois servistes e ainda servis aos santos", Heb.6.10. Dois outros exemplos do uso desta palavra podem ser encontrados em 1 Coríntios 16.15 e em 1 Pedro 4.11.

E isto, novamente, é ainda um meio para se poder atingir uma maior finalidade - "para a edificação do corpo de Cristo". Assim como cada membro de nosso corpo tem sua porção de trabalho para a manutenção da saúde, crescimento e do seu todo, cada membro do corpo de Cristo deve considerar este corpo como seu primeiro grande dever no tocante a formar o corpo de Cristo – para ajudar e fortalecer aqueles que do corpo já são membros, ou para a colheita dos que ainda lhe irão pertencer.

Através de seus pastores e professores, o grande trabalho da igreja é laborar para aperfeiçoar os santos na santificação e no amor, bem como na adequação do trabalho, então cada um terá sua porção para desempenhar o seu serviço, podendo assim o corpo de Cristo ser constituído e aperfeiçoado.

Dos três grandes objectivos que Cristo deu à sua igreja, aos apóstolos e professores, o desempenho do serviço fica entre os dois. Por um lado é precedido pelo que é absolutamente dependente – o aperfeiçoamento dos santos. Por outro, é seguido pelo que significa sua consumação – a formação do corpo de Cristo. Cada crente, sem excepções, cada membro do corpo de Cristo, é chamado para o desempenho deste serviço. Cada leitor deve tentar perceber este seu chamado santo.

Devemos aprender o que são as qualificações para nosso trabalho, "o aperfeiçoamento dos santos" que nos prepara para o "desempenho do serviço". É a carência de santidade verdadeira, que causa tal serviço escasso e fraco. Enquanto os santos de Cristo aprendem verdadeiramente o que a conformidade diante de Cristo significa, uma vida como a dele se tornará a motivação pela qual viveremos. A vida dele foi dada em sacrifício para o serviço e salvação dos homens. Sua humildade e amor, sua separação do mundo e dedicação pêlos decaídos, são vistas como sendo a essência e bênção da vida que Ele dá – o desempenho do serviço, o serviço do amor. Humildade e amor – estas são as duas grandes virtudes dos santos – são as duas grandes forças do desempenho do serviço. A humildade nos faz querer servir. O amor nos faz sábios para saber como amar servindo. O amor é inventivo. Ele busca pacientemente e sofre muito, até que encontra uma forma de alcançar o seu propósito. Humildade e amor são igualmente mandatados para fora do eu e de suas exigências. Oremos, para que a igreja trabalhe para "o aperfeiçoamento dos santos" em toda a humildade e amor e que o Espírito Santo nos ensine como desempenhar nosso serviço cada vez mais eficazmente.

Devemos observar quão grande é a obra que os membros de Cristo têm para fazer. É trabalhar uns pelos outros. Coloque-se no seu posto e assuma seu lugar para o trabalho de Cristo e por nossos irmãos cristãos. Faça de si mesmo um servo deles apenas. Estude seus interesses. Torne-se activo para promover o bem-estar dos cristãos ao seu redor; o egoísmo pode nos fazer hesitar, o sentimento de fraqueza nos encorajar e a preguiça e o conforto apresentarem dificuldades. Mas, peça a seu Senhor que lhe revele seu querer e como se entregar a ele. À sua volta existem cristãos que serão frios e mundanos e andam no extremo do ermo diante do Senhor. Comece a pensar no que poderá fazer por eles. Aceite como desejo da Cabeça que você, como membro, deve se ocupar com eles. Ore para o Espírito de amor. Comece em algum lugar – apenas comece e não continue ouvindo e pensando enquanto nada faz. Comece a desempenhar o serviço "segundo a proporção do dom de Cristo", Ef.4.7. Ele dará mais graça.

Devemos acreditar no poder que opera em nós como suficiente para tudo que temos de fazer. Como penso sobre o polegar e o indicador segurando uma caneta com a qual escrevo este texto, eu me pergunto: como é que durante estes setenta anos de minha vida, eles sempre souberam fazer o que eu quis? É porque a vida da cabeça os faz trabalhar. "Aquele que crê em mim", como sua Cabeça o fazendo trabalhar, "fará também as obras que eu faço", João 14,12. Fé em Cristo, cujo vigor é perfeito em nossa fraqueza, dará a energia para que façamos tudo para quanto somos chamados.

Peçamos a Deus que todos os crentes possam despertar para o poder desta grande verdade: cada membro do corpo deve viver inteiramente para o desenvolvimento do corpo.

1.      Para ser um grande obreiro, a primeira coisa é um relacionamento próximo a e humilde com Cristo, a Cabeça, para sermos guiados e revigorados por Ele.

2.      Em seguida é a comunhão humilde e cheia de amor com os membros de Cristo, servindo uns aos outros no amor.

3.      Isto nos prepara e equipa para o serviço no mundo.

 

 

CAPÍTULO 16

CONFORME A JUSTA CONTRIBUIÇÃO DE CADA UM

“Cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda a junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efectua o seu
próprio aumento para a edificação do mesmo em amor",
Ef.4.15,16

Paulo falava nesta passagem do crescimento, o aumento e o desenvolvimento de todo o corpo. Este crescimento é, como vimos, uma dupla referência. Ele inclui tanto a união espiritual e o fortalecimento dos que já são membros para assegurar a saúde do corpo no seu todo, bem como o aumento do corpo pela adição de todos que ainda estão de fora, mas a ele se ajuntarão em ocasiões futuras ainda. Falamos disto no capítulo anterior – a interdependência entre todos os crentes e o chamado para que cuidem do bem-estar uns dos outros. Neste capítulo olharemos o crescimento partindo de um outro ângulo – o chamado de cada membro do corpo de Cristo para laborar no seu crescimento, pela obra do amor que procura ir aos que ainda não fazem parte do corpo. Esta expansão do corpo e seu desenvolvimento no amor só se pode dar através da obra e do trabalho na medida apropriada de cada membro.

Pense no corpo de uma criança. Como é que atinge a estatura de um adulto? De nenhuma outra forma a não ser através do trabalho na medida apropriada de cada parte do seu corpo. Assim, tal qual cada membro faz sua parte, pelo trabalho que realiza buscando e assimilando o alimento dentro de si mesmo, o crescimento ocorre conforme se desenvolve. O trabalho que assegura o crescimento vem de dentro, não de fora. Similarmente, de nenhuma outra forma o corpo de Cristo pode atingir a estatura da plenitude de Cristo. Da mesma forma que crescemos em Cristo, a Cabeça, será, também, a partir dele que todo o nosso corpo pode crescer; assim sendo, é mediante a contribuição de cada um e de acordo com o trabalho em medidas adequadas de cada qual individualmente. Vejamos quais as implicações práticas de tudo isto.

O corpo de Cristo deve ser constituído de todos quantos nele se acrescentam e agregam, saídos do mundo. Não há outra maneira destes membros se reunirem em corpo excepto pelo corpo quando se desenvolve no amor. Nosso Senhor se fez, como Cabeça, absolutamente dependente de seus membros para que fizessem sua obra integralmente. O que a natureza nos ensina sobre nossos próprios corpos, a Escritura nos ensina sobre o corpo de Cristo. A cabeça de uma criança pode ter pensamentos e planos de crescer, mas todos serão em vão a não ser que todos os seus membros contribuam cada qual com a parte que lhe cabe para assegurar o seu próprio crescimento. Jesus Cristo incumbiu sua igreja do próprio crescimento de seu corpo. Ele pede e espera que Ele, como Cabeça, viva para o crescimento e bem-estar de todo o corpo. Cada membro de seu corpo, mesmo os mais fracos, devem fazer o mesmo, desenvolver o corpo em amor. Cada crente deve guardar este ensinamento como sua tarefa em bênção para viver e laborar em função disso mesmo e para o aumento do corpo e a colheita de todos quantos virão para ser membros ainda.

O que é necessário para conseguir que a igreja aceite este chamado integralmente e se prepare para ajudar os membros do corpo a conhecerem-no como é para o complementarem e para completá-lo ainda? Uma coisa: devemos ver que o novo nascimento, fé e discernimento da verdade, com toda determinação, entrega e esforço para viver de acordo com ela, é apenas uma preparação para nossa verdadeira obra ainda por vir. O que é necessário é que em cada crente, Jesus Cristo esteja tão bem formado e verdadeiramente habite no coração fluidamente, que sua vida em nós será o impulso e a inspiração de todo nosso amor pelo corpo e de vivermos para ele exclusivamente. É por nosso eu ocupar o coração que é tão fácil, natural e deleitoso preocuparmo-nos apenas com nós mesmos. Quando Jesus Cristo vive em nós, é fácil, natural e agradável viver completamente para seu corpo. De tão boa vontade e naturalmente como os dedos respondem à vontade da cabeça, os membros do corpo de Cristo respondem à cabeça na medida que o corpo cresce nele e a partir dele aumenta.

Em suma, para a grande obra, a Cabeça está ajuntando e ajustando nossos membros através do mundo e desenvolvendo seu corpo n’Ele. Ele é inteiramente dependente do serviço dos membros nele existentes. Não apenas Nosso Senhor, mas o mundo que padece na espera e no chamado da igreja para que ela se desperte e se dê inteira e exclusivamente a esta obra – o melhoramento do número de membros de Cristo. Todo crente, mesmo o mais fraquinho, deve aprender a conviver com e pelo seu chamado – viver com isto como sendo o principal propósito de toda a sua existência. Esta grande verdade nos será revelada no poder e obterá precedência na medida que nos entregarmos ao desempenho do serviço de acordo com a graça que já temos n’Ele. Devemos esperar confiantes pela total revelação de Cristo em nós – o vigor para fazer tudo que Ele nos pede.

 

CAPÍTULO 17

ESPOSAS ADORNADAS COM BOAS OBRAS

 

"As mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas) ", 1Tm 2.9,10

"Não seja inscrita sendo viúva que conte ao menos sessenta anos de idade, tenha sido esposa de um só marido, seja recomendada pelo testemunho de boas obras,...se viveu na prática
zelosa de toda boa obra",
1Tm 5.9,10

Nas três Epístolas Pastorais escritas a dois jovens pastores para que fossem instruídos no tocante a seus deveres, "boas obras" são mais frequentemente mencionadas que em outras epístolas de Paulo. Ao escrever às igrejas, em capítulos como Rom.12, Paulo mencionou as boas obras individuais pelo nome. Escrevendo para os pastores, ele teve de usar esta expressão como um resumo de todo o seu objectivo, tanto em suas próprias vidas quanto ao ensinarem aos outros. Um ministro deveria ser preparado e completamente capacitado para realizar todas as boas obras – um exemplo de todo tipo de boas obras. Era para que ensinasse os cristãos – as mulheres que se adornam com boas obras, que seguem diligentemente cada boa obra e que estão bem reputadas para as boas obras. Os homens, eram para ser ricos em boas obras, zelosos e preparados para elas, os quais deveriam aprender a guardá-las.

Nenhuma porção da obra de Deus enfatiza mais claramente a necessidade absoluta para as boas obras que um elemento essencial, vital, na vida crista.

Nossos dois textos falam das boas obras das mulheres cristãs. No primeiro, são ensinadas para não se adornarem com belos penteados, ouro ou pérolas, ou roupas caras, mas, tornarem-se mulheres preferindo a divindade, com boas obras. Sabemos o que é adorno. Mesmo no Inverno, há vida numa árvore sem folhas.
Quando a primavera chega, ela coloca suas lindas vestimentas e festejos com folhagem e flores. O adorno das mulheres cristãs não deve estar no cabelo, pérolas ou roupas, mas em boas obras. Ou são as boas obras que servem de referência para as obrigações pessoais e conduta, ou os trabalhos de caridade que visam agradar e ajudar nossos vizinhos, ou aqueles mais definidos que buscam a salvação de almas – o adorno que agrada Deus, também, é o que as mulheres cristãs devem procurar. João viu a cidade sagrada descendo dos céus. "Ataviada como noiva, adornada para seu esposo ", Ap.21.2. "Linho finíssimo, resplandecente e puro", Ap.19.8. Se cada mulher cristã buscasse apenas adornar-se para agradar o Senhor o que seria do mundo!

Na segunda passagem, lemos sobre viúvas que foram postas em lugar de honra na igreja primitiva e para quem uma certa responsabilidade era dada em relação às outras mulheres mais novas. Ninguém deveria ser inscrita a não ser que "seja recomendada pelo testemunho de boas obras". Algumas delas são mencionadas: se ela fosse conhecida por criar os filhos, pela hospitalidade, por lavar os pés dos santos, por socorrer os atribulados. E ainda se adiciona "se viveu na prática zelosa de toda boa obra". Se sua vida foi devotada às boas obras em seu lar e fora dele, no criar os filhos, se esse testemunho lhe fosse atribuído tanto por estranhos como por irmãos crentes, ela deve ser considerada um exemplo e bússola para os outros. O padrão era alto e nos mostra o lugar que as boas obras ocupavam na igreja primitiva. Mostra-nos, também, como o ministério de uma mulher, abençoada, no amor era considerado e encorajado. Também nos ensina, no desenvolvimento da vida cristã, que nada se encaixa melhor como regra e influência que uma vida dada às boas obras inspiradas por Deus.

As boas obras são parte e parcela integrante de toda a vida crista, igualmente indispensáveis para a vida e crescimento do indivíduo e para o bem-estar e extensão da igreja. E ainda assim, há multidões de mulheres cristas cujo papel activo nas boas obras de abençoar os irmãos é um pouco mais que tomar parte nas boas obras. Elas estão esperando pela pregação da Palavra de Deus, que irá encorajá-las e ajudar a compeli-las a darem suas vidas e trabalhar para o Senhor, então elas também, poderão ser bem recomendadas como diligentes seguidoras de cada uma das suas boas obras.

O tempo e o dinheiro, pensamento e sentimento, entregues a jóias ou roupas caras, serão cambiados pelo verdadeiro objectivo de toda a sua vida. A cristandade não será mais um desejo egoísta de segurança pessoal, mas o gozo de ser como Cristo, o Auxílio e a Salvação dos necessitados dela. Obrar para Cristo tomará seu verdadeiro lugar como a mais alta forma de existência, o verdadeiro adorno da vida cristã. E como a diligência perseguida na terra é honrada como um dos verdadeiros elementos de carácter e valor sem fim, andar sobre boas obras diligentemente no serviço de Cristo, nos dará acesso à mais alta recompensa e à mais completa alegria do Senhor.

1.      Estamos começando a tomar consciência do lugar maravilhoso que as mulheres podem tomar na igreja e nas missões. Esta verdade necessita ser levada ao lar de todas as filhas do Rei, que o adorno que devem usar para atrair o mundo, agradar seu Senhor e ficar diante de sua presença são as boas obras.

2.      As mulheres, como "mansidão e benignidade de Cristo", 2Cor.10.1, devem ensinar aos homens a beleza e poder do penoso e exercício do amor em sacrifício pessoal para que isso mesmo ocorra.

3.      O treino para o serviço de amor começa sempre em casa. Ele é reforçado no lar interno. Ele sai em busca dos necessitados em volta e encontra seu total alcance no mundo pelo qual morreu Cristo.

 

 

CAPÍTULO 18

RIQUEZA, MAS EM OBRAS

 

"Exorta aos ricos do presente século...que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para
o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida",
1Tim.6.17-19.

Se as mulheres devem usar as boas obras como seu adorno, os homens devem contá-las como sua riqueza. Da mesma forma que as boas obras satisfazem os olhos de uma mulher e seu gosto por beleza, elas vão ao encontro da fissura dos homens por possuir o poder. No mundo actual, as riquezas têm grande importância. São comuns dons para a recompensa de Deus pela diligência, hábito de trabalho e empreendimento. Representam e encarnam o poder da vida que foi posto em consegui-las. Da mesma forma, elas exercem poder a serviço de sua protecção contra outros. O perigo é amar este mundo e desviar-se o coração da presença do Deus vivo e dos tesouros celestiais. Podem-se tornar o inimigo mais mortal de todo o homem. Como é difícil para os que têm riquezas entrarem no reino dos céus! Mat.19.24.

A Palavra de Deus nunca nos tira algo sem colocar coisa melhor em seu lugar. Ela encontra o desejo por riquezas pela ordem de ser rico em boas obras. A moeda corrente no reino de Deus são as boas obras. A recompensa a vir no mundo será determinada de acordo com elas. Abundando em boas obras, nós acumularemos tesouros no céu, Mat.6.20. Mesmo aqui na terra, elas constituem um tesouro, no testemunho de uma boa consciência, na consciência de agradar Deus, no poder de abençoar os outros.

Há mais ainda: a riqueza do outro não é apenas um símbolo das riquezas celestiais. Apesar de tão opostos em sua natureza, é na verdade um meio para atingi-las e alcançá-las.

"Exorta aos ricos... que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento".

"Das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos", Luc.16.9.

Como a esmola da viúva, as ofertas dos ricos, quando dadas no mesmo espírito, podem ser uma oferta com a qual Deus é agradado, Heb.13.16.

O homem que é rico em dinheiro pode-se tornar rico em boas obras se seguir a Escritura. O dinheiro não deve ser usado para ser visto pêlos homens, mas pelo Senhor. Nem deve ser usado como se pertencesse ao seu dono, mas como um empregado que administra o dinheiro do Senhor, orando para que Ele o oriente nisso mesmo. Nem deve ser manuseado com nenhuma confiança em seu poder ou influência, mas em profunda dependência no Pai, único que dele pode gerar uma bênção. Nem usado como substituto da obra pessoal e do testemunho que cada crente deve dar. Como todo trabalho cristão, nosso donativo monetário tem seu valor separado do espírito no qual é feito, se for feito no mesmo espírito de Jesus Cristo. Quão grande é o campo na terra para se acumular estas riquezas, todos estes tesouros celestiais! Em aliviar os pobres, educares negligentes, auxiliar os perdidos, pregar a Palavra de Deus aos cristãos e gentios na escuridão do seu entendimento. Que grande investimento pode ser realizado – cristãos pensarem em ser apontados para se enriquecerem em obras – ricos perante Deus! Podemos perguntar "O que se pode ainda fazer para despertar o desejo por estas riquezas verdadeiras entre os crentes?" O homem já criou uma ciência para tratar da riqueza das nações e cuidadosamente estudou as leis pelas quais o aumento e a distribuição poderão ser promovidas. Como, então, faremos para sermos ricos em boas obras de tal forma que convença todos os corações que sua cura será tão prazerosa e apaixonante quanto o desejo pelas riquezas do mundo actual?

Tudo depende da natureza e do espírito do homem. A natureza terrena, as riquezas terrenas têm afinidade natural e atracão resistível. Para alimentar este desejo de adquirir o que constitui a riqueza no reino celestial, devemos apelar para a natureza espiritual em exclusivo. Então necessitamos aprender, ser educados e treinados em todos os negócios que fazem um homem rico.

Deve-se ter a ambição de se erguer acima do nível da simples existência, do contentamento mortal de apenas sermos salvos. Deve-se ter algum discernimento acerca da beleza e valor das boas obras como expressão da vida divina – Deus operando em nós e nossa obra nele, como o meio de levar a Deus a glória, como a fonte de vida e única bem-aventurança para os homens, acumulando um tesouro nos céus para a eternidade. Deve-se ter fé que estas riquezas estão ao nosso alcance, porque a graça e o espírito de Deus estão operantes e activos em nós. E deve-se ter perspectivas de se fazer a obra de Deus aos que estão à nossa volta em cada oportunidade, seguindo os passos daquele que disse: "Mais bem-aventurado é dar que receber", Act.20:35. Estude e aplique estes princípios. Eles lhe abrirão a estrada certa para que se tome um homem rico de verdade. Um homem que quer ser rico, geralmente começa com pouco, mas nunca perde uma oportunidade. Comece de uma vez com um trabalho de amor e peça a Cristo, que "se fez pobre e por amor a vós, para que, pela sua pobreza, vos torneis ricos", 2Cor.8.9, para que Ele o possa fortalecer em frente.

1.      Porque a atracção pelo dinheiro das missões obtém resposta insuficiente? Por causa do baixo estado espiritual da igreja. Os cristãos não têm a ideia mais certa de seu chamado para viver completamente para Deus e todo o seu reino.

2.      Como pode ser remediado este mal? Apenas quando os crentes virem e aceitarem seu chamado divino para fazerem do reino de Deus sua primeira preocupação e com confissão humilde de seus pecados, rendendo-se para Deus, é que irão verdadeiramente buscar as riquezas de trabalhar para Deus.

3.      Nunca deixe de implorar e obrar para um verdadeiro despertar espiritual por toda a igreja.

 

 

CAPÍTULO 19

TRABALHAI

"Se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor estando preparado para toda boa obra", 2 Tim.2.21

Paulo falou da sólida fundação de Deus, da igreja como a grande casa construída sobre a fundação de utensílios, não só de ouro e prata, caros e perenes, mas também de madeira e barro, comuns e perecíveis 2Tim.2.19,20. Ele distinguiu aqueles que se entregam à luta pelas palavras de louvor e aqueles que verdadeiramente se esforçam para afastar de toda a iniquidade. Paulo nos deixou os quatro passos do caminho para o homem poder ser tornado utensílio para honra na grande casa de Deus: (1) a purificação do pecado; (2) ser santificado; (3) disposição para o Mestre usar-nos de acordo com sua vontade apenas; (4) aquele espírito de prontidão para toda boa obra. Não é suficiente que desejemos ou tentemos fazer as boas obras. Assim como necessitamos de preparação e treino para a obra que temos de fazer na terra, também precisamos estar muito mais preparados em cada boa obra. Isto é, que constitui a marca principal dos utensílios para a honra. "Se alguém a si mesmo se purificar destes erros". O homem deve-se limpar do que caracteriza os utensílios da desonra – a profissão vazia que leva àquela estranheza e alienação da divindade de Deus em pessoa, contra a qual Paulo advertiu. Sempre queremos que cada prato e copo que usamos esteja limpo. Na casa de Deus os utensílios devem estar ainda mais limpos que nosso desejo pessoal. E todos que deveriam estar realmente preparados em cada boa obra devem primeiro verificar se estão limpos de todo o pecado. Cristo não poderia ter entrado no reino dos céus se não tivesse sido purificado de nossos pecados. Somente podemos ser parceiros no trabalho dele se tivermos a mesma purificação. Antes, Isaías poderia dizer: "Eis-me aqui, envia-me a num", Is.6.8, o fogo do céu que tocou seus lábios e ele ouviu a voz dizer "perdoado está teu pecado " (v.7). Um desejo intenso de ser lavado de cada pecado está na raiz da aptidão para cada obra verdadeira.

"Será utensílio para honra, santificado". A limpeza é o lado negativo, o esvaziamento e remoção de tudo que é impuro. A santificação é o lado positivo, o novo preenchimento, ser tomado do sagrado pelo espírito, através do qual a alma se toma posse de Deus, participando de sua própria santidade. "Purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus", 2Cor.7.1. Os utensílios no templo não eram apenas limpos, mas consagrados, devotados apenas ao serviço de Deus. Aquele que realmente deseja trabalhar para Deus deve andar em sua santidade também - "a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de toda a culpa, na presença de nosso Deus e Pai", 1Tes.3.13. Obter hábitos santos tanto na mente quanto na disposição, entregando-se a Deus, marcado pelo sentido oportuno de sua presença, prontificados para a obra dele. A purificação do pecado assegura-nos o preenchimento com o Espírito.

"Útil ao seu possuidor". Somos utensílios para o uso de nosso Senhor. É para que em cada obra nossa, Cristo nos use e opere através de nós. A percepção de sermos servos, dependentes da orientação do Mestre, trabalhando sob a sua supervisão, instrumentos de sua força inexpugnável, reside na raiz do serviço efectivo. Ela mantém a dependência infalível, a fé calma, através da qual o Senhor pode trabalhar. Ela conserva a consciência abençoada da obra sendo toda dele, que conduz o obreiro a se tornar mais e mais humilde na medida que trabalha. Seu único desejo será: "útil ao seu possuidor". "Preparado para toda boa obra". "Preparado". Esta palavra não se refere apenas à equipagem e aptidão, mas também à disposição, a presteza animada que mantém um homem em expectativa e o faz sinceramente desejar e contentemente aproveitar-se de cada oportunidade para fazer o trabalho que seu Mestre lhe ensinou a fazer. Enquanto ele for vivente e viver em contacto com seu Senhor Jesus e se mantém como utensílio limpo e santificado, pronto para ser usado por Ele e enxerga que foi redimido para as boas obras, elas se tornam a única coisa pela e para a qual ele vive e prova sua comunhão com o Senhor. Ele está "Preparado para toda boa obra".

1.      "Útil ao seu possuidor" – este é o pensamento central. Uma relação pessoal com Cristo, uma rendição completa a sua disposição, uma espera dependente para ser usado por Ele, confiança alegre que Ele irá nos usar – o segredo do verdadeiro obrar.

2.       Deixe que o começo de seu trabalho seja entregar-se mais ao Mestre, seu Senhor vivo e amoroso.

 

 

 

CAPÍTULO 20

HABILITADO DE FORMA PERFEITA PARA TODA BOA OBRA

"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade", 2Tim.2.15

"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correcção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra", 2Tim.3.16,17

Um obreiro que não necessita de se envergonhar é aquele que não teme ter seu serviço inspeccionado pelo chefe. Na devoção de coração, em perfeição e habilidade, ele se apresenta aprovado ao que lhe emprega. Os trabalhadores de Deus devem-se apresentar aprovados a Ele a fim de terem seu trabalho valorizado e satisfatório nele. Devem ser trabalhadores que não precisam de se envergonhar. Um trabalhador é aquele que sabe seu trabalho, que se dá completamente a ele, que é conhecido e tido como o que gosta de fazê-lo bem. Assim, todo ministro cristão, todo obreiro cristão, deve ser um trabalhador que se concentra em ser aprovado pelo Mestre.

"Manejar bem a palavra da verdade". A Palavra é a semente, o fogo, o martelo, a espada, o pão e a luz. Os trabalhadores em qualquer destas áreas podem ser nossos exemplos. No trabalho para Deus, tudo depende de manejar correctamente a Palavra. Portanto, a única maneira para sermos perfeitamente equipados para toda boa obra está na Escritura que começa este parágrafo – submissão pessoal à Palavra e à experiência de seu poder. Os obreiros de Deus devem saber que a Escritura é inspirada por Deus e tem poder de dar a vida. A inspiração é o respirar do Espírito – assim como a vida está na semente, o Espírito Santo de Deus está na Palavra. O Espírito na Palavra e o Espírito em nossos corações é um só. Pelo poder do Espírito dentro de nós, absorvemos a Palavra preenchida com o Espírito. Desta forma nos tomamos espirituais. Esta Palavra é dada para ensinar a revelação dos pensamentos de Deus: para repreender – a descoberta de nossos pecados e erros; para a correcção – remover o que está defeituoso e substituir pelo que é bom: também para instrução – a comunicação de todo o conhecimento necessário para se andar correctamente diante de Deus.

Enquanto alguém se entrega de coração a tudo isto e a Palavra cheia do Espírito adquire mestria e liderança activa em seu sentido total, ele se torna um homem de Deus, perfeitamente habilitado para toda boa obra, ele se transforma num obreiro aprovado por Deus que não precisa ficar envergonhado, manejando sempre correctamente toda a Palavra de Deus. Também o homem de Deus tem a marca dupla – sua própria vida é completamente moldada e seu trabalho é dirigido através da aplicação da Palavra.

"O homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra". No capítulo anterior aprendemos com a limpeza e santificação da vida pessoal transforma o obreiro num utensílio "será utensílio para honra, santificado e útil a seu possuidor", 2Tim.2.21. Aqui aprendemos a mesma lição – é o homem de Deus que permite à Palavra de Deus fazer sua tarefa de advertir, corrigir e instruir. Cada obreiro de Deus deve visar o ter de se preparar para cada boa obra também exclusivamente.

Um obreiro, consciente de quão defeituoso é seu preparo, pode perguntar como habilitar-se para o trabalho ser consumado. A analogia com um trabalhador terreno, não precisando de se envergonhar, sugere a resposta. O trabalhador terreno nos diria que ele possui sucesso, em primeiro lugar, pela devoção a seu trabalho. Ele lhe dispensa muita atenção. Ele deixa de lado outras tarefas para concentrar seus esforços em dominar uma. Ele estudou toda a vida para realizar seu trabalho de forma perfeita. Aqueles que desejam obrar para Cristo como a segunda coisa, não a primeira, que não pensam em sacrificar tudo por ela, jamais estarão perfeitamente equipados para cada boa obra.

A segunda coisa que ele falará será treinar e se exercitar pacientemente. A competência é fruto apenas do esforço cuidadoso. Você pode-se sentir como se não soubesse como obrar correctamente. Não tema. Todo aprendiz começa com ignorância e erro. Tenha coragem. Aquele que dotou a natureza humana com os poderes maravilhosos, que supriu com a palavra o obreiro habilidoso e inteligente, não dará a seus filhos a graça que necessitam para serem seus companheiros, trabalhadores, ainda mais? Deixe a necessidade ser derramada sobre si, a necessidade que você glorifique Deus; que você abençoaria o mundo; que você, através das obras, avançaria e aperfeiçoaria sua vida e bênção – estimulando-o a si para dispensar diligência imediata e contínua para ser um obreiro habilitado em cada e toda a boa obra.

Será apenas agindo assim que aprenderemos a ter atitudes correctas. Comece obrando sob a supervisão de Cristo. Ele aperfeiçoará sua obra em você e o fará apto para trabalhar para Ele.

1.      A obra que Deus faz e procura ter feito no mundo, é obtê-lo a si em seu todo de volta a Ele também.

2.      De cada crente se espera tomar parte nesta obra.

3.      Deus precisa de nós para sermos trabalhadores habilidosos que damos nossos corações por completo à sua obra e nos deleitamos nela.

4.      Deus obra através da operação em nós, inspirando e fortalecendo-nos para que façamos sua obra completa.

5.      O que Deus pede é um coração e uma vida devotados a Ele, tanto na entrega como na fé.

6.      E toda a obra de Deus é amor; o amor é todo o poder que opera em nós, inspirando nossos esforços e conquistando seu fim.

 

 

CAPÍTULO 21

ZELOSO NAS BOAS OBRAS

 

"O qual a si mesmo se deu por nós, afim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras", Tit.2.14

Nestas palavras temos duas verdades: o que Cristo fez para que fôssemos dele e o que Ele espera de nós para sermos dele. Na primeira parte encontramos um belo resumo da obra de Cristo para nós. Ele se entregou a nós, nos redimiu de toda iniquidade, purificou-nos para si, fez de nós seu povo, para sua própria posse. E tudo com o objectivo único de que deveríamos ser um povo "zeloso de boas obras". Cristo espera que sejamos entusiastas das boas obras.

Não se pode dizer que este é o sentimento da maioria dos cristãos em relação às boas obras. O que se pode fazer para que esta disposição seja cultivada ainda? Uma das primeiras coisas que desperta o zelo pelo trabalho é um enorme e urgente sentido responsável de necessidade. Uma grande necessidade desperta o desejo forte, move o coração e o querer, incita todas as energias de nosso ser. Foi este senso de necessidade que acordou tantos para serem zelosos pela lei. Eles esperavam ser salvos pela obra. A Palavra de Deus roubou este incentivo de seu poder. Mas levou toda a necessidade por boas obras? Não, pelo contrário. Na verdade, deu àquela necessidade urgente um lugar mais elevado que antes.

Cristo necessita urgentemente de nossas boas obras. Somos seus servos, membros de seu corpo, sem o qual Ele não se pode continuar sua obra na terra. A obra é tão grande (com milhões ainda por salvar) que nem um obreiro pode ser poupado. Actualmente, milhares de cristãos não sentem que sua própria ocupação é urgente, que deve ser feita; não entendem a concepção de urgência da obra de Cristo, a que lhes foi confiada. A igreja deve acordar para ensinar a cada crente sua própria responsabilidade.

O mundo precisa de nossas boas obras tão urgentemente quanto Cristo. Os homens, mulheres e crianças à sua volta precisam de ser salvos. Ver os homens serem engolidos por um rio faz-nos querer salvá-los. Cristo pôs seu povo num mundo de padecimento na expectativa que se doassem, de corpo e alma, para continuarem sua obra de amor. Passemos adiante a mensagem sagrada: Ele se entregou para nós, para nos redimir, seu povo, para servi-lo e continuar sua obra – zelosos de boas obras apenas e simplesmente.

O segundo elemento importante do zelo no obrar é deleitar-se. Um aprendiz ou estudante, de forma simples e vulgar, começa seu trabalho sob o senso de dever. Na medida que aprende a compreender e gostar do seu trabalho, começa a fazê-lo com prazer e torna-se zeloso em seu ofício. A igreja deve treinar os cristãos para acreditarem que, quando entregarmos nossos corações ao trabalho de compartilhar na obra e misericórdia e amor de Cristo e procurar praticar a fim de sermos obreiros habilidosos, não haverá maior alegria na face da terra. Actividades físicas e mentais dão prazer e convidam para a devoção e zelo de milhares; o serviço espiritual de Cristo pode despertar nosso mais elevado entusiasmo.

Então vem o grande incentivo, o incentivo pessoal de se ligar a Cristo, nosso Redentor. "Pois o amor de Cristo nos constrange", 2Cor.5.14. O amor de Cristo por nós é a fonte e medida de nosso amor por Ele. Nosso Amor por Ele se torna o vigor e a medida de nosso amor pelas almas. Este amor, derramado amplamente em nossos corações pelo Espírito Santo, se torna o zelo para Cristo e se mostra como o zelo por boas obras. Também se converte no elo entre as duas partes de nosso texto, a doutrina e prática unidas. O amor de Cristo redimiu-nos, purificou-nos e nos fez seus. Quando se acredita neste amor, conhecido e aceite no coração, faz das almas redimidas o serem zelosas em boas obras.

"Zeloso de boas obras!" Não permita que nenhum crente veja esta graça como muito alta e difícil de alcançar. Ela é divina, determinada e assegurada no amor de nosso Senhor. Aceitemo-la como nosso chamado. Asseguremos que esta é a verdadeira natureza da nova vida dentro de nós. Em oposição ao que toda natureza ou sentimento pode dizer, vamos rogar com fé por ela, como parte integral de nossa redenção – o próprio Cristo fará dela uma verdade em nós.

 

CAPÍTULO 22

PRONTIFICADOS PARA TODA BOA OBRA

"Lembra-lhes...que estejam prontos para toda boa obra", Tit.3.11

 

Lembra-lhes. As palavras sugerem a necessidade dos crentes terem as verdades de seu chamado às boas obras colocados na sua frente constantemente. Uma árvore saudável dá frutos espontaneamente. Mesmo onde a vida do crente está em perfeita saúde, a Escritura ensina como seu desenvolvimento e frutificação podem acontecer somente através dos ensinamentos e a influência que estes podem exercer na mente, na vontade e no coração do homem. Para todos que se responsabilizam por outros, a necessidade de sabedoria divina e de fé é grande, a fim de ensinarem e treinarem todos os cristãos. Consideremos alguns dos pontos principais deste treino.

Ensine-os claramente o que são as boas obras. Coloque a base na vontade de Deus, como revelada na lei e mostre como a integridade, justiça e obediência são a grande área de trabalho de todo o carácter cristão. Ensine-os como a verdadeira religião deve ser conduzida em todos os afazeres e relações da vida quotidiana. Conduza-os pelas virtudes pelas quais Jesus veio especialmente, para as mostrar e ensinar – humildade, mansidão, benignidade e amor. Explique o sentido de uma vida de amor, auto-sacrifício e caridade – dedicada inteiramente a pensar nos outros e ajudar todos sem excepção. Então leve-os ao que é mais alto de tudo – a verdadeira vida de boas obras – conquistar homens para que conheçam e amem Deus também.

Ensine-os que as boas obras são a essência de toda a vida cristã. Que elas não são, como pensam muitos, elemento secundário na salvação dada por Deus. Não são meramente para serem feitas como símbolo de gratidão, ou prova da sinceridade de sua fé, ou até mesmo uma preparação para os céus. Elas são tudo isto, mas são muito mais ainda. São o verdadeiro propósito pelo qual fomos redimidos. Nós fomos criados de novo para as boas obras. Somente elas são a prova que o homem foi recolocado em seu destino original com Deus, nele e através dele. Deus não tem glória mais alta que sua obra e particularmente a de salvar pelo amor. Ao nos tomarmos imitadores de Deus e andar e obrar no amor, exactamente como Cristo nos amou e se entregou para nós, Gal.2.20, temos a imagem perfeita e a semelhança com Deus restaurada em nós. As obras de um homem não apenas revelam sua vida, mas também a desenvolvem, exercitam, fortalecem e aperfeiçoam. As boas obras são a essência da vida divina em nós.

Mostre-lhes, também, a gorda recompensa que elas trazem. Todo o labor tem seu valor de mercado. Do homem pobre, que mal pode arranjar pouco dinheiro, ao que conseguiu milhões, o pensamento de recompensa pelo trabalho é um grande incentivo para nos lançarmos à busca dela. Cristo apela para este sentimento quando diz "será grande o vosso galardão", Luc.6.35. Faça com que os cristãos entendam que não há serviço onde a recompensa é tão rica quanto o de Deus. Obrar é estimulante; obrar é força e cultiva o senso de domínio e conquista. A obra desperta o entusiasmo e traz à tona as qualidades mais nobres de cada homem. Numa vida de boas obras, o cristão torna-se consciente de seu ministério divino de dispensar a vida e graça de Deus aos outros. As boas obras nos fazem mais unidos a Deus. Não existe maior comunhão com Deus do que o envolvimento com sua obra salvadora de amor. Obrar nos traz a simpatia com Ele e todos os seus propósitos. E nos enche com o amor dele. Assegura sua aprovação. Também é a farta recompensa para aqueles que estão à nossa volta. Quando os outros são levados para Cristo, quando os exaustos, os desviados e os desalentados são auxiliados e feitos participantes da graça e da vida de Cristo Jesus, os servos de Deus dividem a alegria na qual nosso Senhor abençoado tem sua recompensa.

E agora a coisa mais importante. Ensine-os a acreditar que é sobejamente possível para cada um de nós abundar nas boas obras. Nada é tão fatal para o sucesso do esforço quanto o desencorajamento e o desalento. Nada é causa mais frequente de negligência das boas obras que o medo de não termos vigor para realizá-las. Tenha em mente o poder do Espírito Santo que neles mora. Mostre-lhes que a promessa e provisão das forças de Deus é sempre igual ao que Ele exige. Que há graça suficiente para todas as boas obras às quais somos chamados. Lute para despertar neles a fé no "poder que opera em nós", Ef.3.20 e a plenitude da vida que jorra como "rios de água viva", João 7.38. Treine-os para que comecem de uma vez o serviço de amor. Guie-os a ver como Deus opera neles para se oferecerem como utensílios vazios que serão enchidos com seu amor e graça. E ensine também que, enquanto forem fiéis no pouco, mesmo a paredes-meias com erros e infortúnios, o agir da vida a fortalecerá e obrar para Deus converter-se-á em verdade perfeita numa segunda natureza.

Deus permitiu aos professores serem fiéis à missão da igreja de tomar conta de todos seus membros - "Lembra-lhes...que estejam prontos para toda a boa obra". Não apenas instrua-os, mas também treine-os e lembre-os para o que foram refeitos de novo. Mostre-lhes a obra que eles ainda têm por fazer. Cuide ainda para que a façam. Encoraje e ajude-os a fazê-la esperançosos. Não há parte mais importante do ofício de um pastor, mais sagrada, mais completa ou rica em bênção aqui na terra. Não deixe que o objectivo seja menos que conduzir cada crente a viver inteiramente devoto à obra de Deus, de conquistar homens para Ele. Que grande mudança seria para a igreja e para o mundo!

1.      Tenha convicção do grande princípio básico: cada crente, cada membro do corpo de Cristo, tem seu lugar no corpo exclusivamente para o bem-estar de todo o corpo.

2.      Os pastores têm a incumbência de aperfeiçoar os santos na obra do ministério, de servir no amor.

3.      Cristo irá operar poderosamente nos ministros e nos membros das igrejas, se nele esperarem em expectativa.

 

 

CAPÍTULO 23

SOLÍCITOS NA PRÁTICA DAS BOAS OBRAS

"Quero que..,faças afirmação confiadamente, para os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras... quanto aos nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas
obras a favor do necessitados, para não se tornarem infrutíferos",
Tit.3.8,14

Na primeira parte desta passagem, Paulo instruiu Tito a dizer confiadamente as verdades abençoadas da Palavra de Deus até o fim, com o propósito expresso que todos que haviam acreditado deveriam ser cuidadosos, estudiosos e conservassem-se nas boas obras. A fé e as boas obras deveriam ser inseparáveis em todos eles. A diligência de cada crente nas boas obras deveria ser o principal objectivo dum pastor. Então, Paulo repetiu a instrução usando a expressão "que aprendam". Como todo o trabalho na terra deve ser aprendido, também nas boas obras da vida cristã há igual necessidade de aplicação e docilidade para se aprender como fazê-las de forma correcta e super-abundante.

Provavelmente, há mais de um leitor deste livro que já se sentiu como vivesse muito pouco de acordo com os ensinamentos da Palavra de Deus – preparado, perfeitamente capacitado e zeloso para as boas obras. Parece ser muito difícil de nos livrarmos de velhos hábitos, romper com as convenções sociais e aprender como começar a entrar realmente numa vida que pode ser cheia de boas obras para a glória de Deus. Deixe-me tentar dar algumas sugestões que podem servir-nos de grande auxílio. Também ajudará aqueles que já obram para Cristo, mostrando de que forma, ensinamento e aprendizagem das boas obras podem ser bem-sucedidos.

1.      Um aprendiz deve começar a trabalhar imediatamente. Não há forma de se aprender a arte de nadar, ou a música, uma nova língua ou um negócio, a não ser praticando. Não tema que não consiga fazer, nem espere que alguma coisa aconteça e torne tudo fácil, ou ficar isolado. Aprenda a fazer boas obras, as obras do amor, começando a fazê-las. Não importa se pareçam insignificantes, faça-as. Uma palavra amiga, ajudar alguém com problemas, um acto de amor e atenção com um estranho ou um mendigo, ceder sua cadeira para alguém mais cansado - pratique estas coisas. Todas as plantas que cultivamos, no início são pequenas. Mantenha o pensamento, pelo amor de Jesus, de procurar fazer o que agradaria a Ele. É apenas fazendo que irá aprender a fazer.

2.      O aprendiz deve entregar seu coração ao trabalho e deve achá-lo interessante e deleitoso. Deleitar-se no trabalho é garantia de sucesso. Deixe que as dezenas de milhares de pessoas à sua volta, que entregam suas almas completamente aos assuntos da vida quotidiana, lhe ensinem a servir seu Mestre abençoado. Pense de vez em quando na honra e privilégio de fazer boas obras, de servir os outros no amor. Este é o próprio trabalho de Deus, de amar, salvar e abençoar os homens. Ele opera em si e através de si. Faz que compartilhe o espírito e a semelhança com Cristo. Fortalece seu carácter cristão. Sem agir, as intenções dum homem o rebaixam e condenam, ao invés de erguê-lo. Você apenas vive enquanto age. Pense na bênção que é fazer o bem, de comunicar a vida, fazer os outros felizes. Pense na rara alegria de desenvolver uma vida de caridade e ser abençoado em tudo. Procure ser um utensílio útil para o uso de seu Mestre, pronto para realizar cada boa obra.

3.      Tenha coragem e nada tema. O aprendiz que diz "não", certamente falhará. Há um poder divino operando em si. Leia e acredite no que diz a Palavra de Deus sobre isto. Permita que a confiança sagrada de Paulo, baseada em sua confiança em Cristo sirva de exemplo para si também, "Tudo posso naquele que me fortalece", Fil.4.13. Estude e ponha no coração as promessas maravilhosas do poder do Espírito santo, a abundância da graça e força de Cristo que fez da fraqueza a perfeição e veja como tudo isto pode ser verdade para si apenas obrando. Cultive a consciência nobre em si de que você foi criado por Deus para as boas obras e que Ele próprio irá capacitá-lo para as mesmas. Deste modo, acredite que assim como é natural para o trabalhador deleitar-se obter sucesso em seu ofício, pode também ser natural para a nova criatura dentro de si, abundar em cada boa obra. Tendo esta confiança, você jamais desfalecerá.

4.      Acima de tudo, tenha seu Senhor Jesus como Professor e Mestre. Ele disse, "aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e acheis descanso para vossa alma", Mat.11.29. Obre como quem é um aprendiz na escola dele, como quem está certo que nenhum professor é como Ele. Agarre-se a Ele e deixe que o sentido de sua presença e de seu poder operem em si livremente para que se tome manso e modesto, mas forte e corajoso. Ele, que veio fazer a obra do Pai na terra e a encontrou como o caminho à glória do Pai, irá ensiná-lo o que é trabalhar para Deus.

Para resumir uma vez mais, pelo bem de todos que querem aprender como obrar, ou como fazê-lo melhor:

1.      Entregue-se a Cristo. Ponha-se diante do altar e diga que deseja dar-se completamente à obra de Deus.

2.      Acredite tranquilamente que Cristo aceita e confia em si para o seu trabalho, além de lhe habilitar para a obra.

3.      Ore muito para que Deus lhe mostre a grande verdade da sua própria obra dentro de si. Nada mais pode dar força à verdade.

4.      Busque cultivar um espírito de dependência humilde, paciente e confiante em Deus. Viva em comunhão amorosa e obediente com Cristo. Você pode contar com a força dele aperfeiçoando sua fraqueza.

 

 

CAPÍTULO 24

COOPERANDO COM DEUS

"Porque de Deus somos cooperadores, lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós", 1Cor.3.9.

"E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus", 2Cor.6.1.

Já discutimos os ensinamentos de Paulo acerca das boas obras (capítulos 9 e 22 deste livro). Vamo-nos voltar agora para a experiência pessoal dele e tentar aprender alguns dos segredos do seu serviço efectivo.

Ele falou aqui da igreja como edifício de Deus. Como o Grande Arquitecto, Deus está construindo sua igreja e um templo sagrado onde habita. Sobre sua própria obra, Paulo diz-se um mestre-de-obras, a quem uma parte da construção do grande edifício foi incumbida. Ele fez a fundação em Corinto. Ele disse a todos que lá trabalhavam "de Deus somos todos cooperadores... porém, cada um veja como edifica", 1Cor.3.9,10. A palavra é aplicável não apenas a Paulo, mas a todos os servos de Deus que tomam parte efectiva em sua obra. E porque todo crente foi chamado para dar a vida para o serviço de Deus e levar seu conhecimento a outros, todo cristão precisa ter a Palavra levada a ele e ao seu lar: somos companheiros no trabalho com Deus. Quanto isto sugere sobre obrar para Deus!

Assim como nosso trabalho a ser feito, o Deus eterno está construindo um templo para si mesmo. Jesus Cristo, Filho de Deus, é o alicerce. Os crentes são os blocos de pedras vivas. O Espírito Santo é o poder de Deus através do qual os crentes de todo mundo são agrupados, cada um com seu lugar no templo, e construídos nele. Como pedras vivas, os crentes são ao mesmo tempo os trabalhadores, a quem Deus usa para continuarem sua obra. Igualmente, eles também são a construção de Deus e seus companheiros na obra. O trabalho que Deus faz, é através deles. O trabalho que eles têm de fazer é exactamente o que Deus está realizando. O trabalho de Deus, no qual Ele se deleita, no qual está seu coração, é salvar os homens e construí-los como templo. Este é o único trabalho no qual o coração de todos que desejam ser companheiros no trabalho de Deus deve estar – dar vida às almas mortas, conceder a própria vida de Deus a elas e vivificá-las – irá abundar no tipo de glória de nosso trabalho. Receberemos a vida de Deus e a passaremos aos homens.

Em relação à força para a obra, Paulo disse da sua, como um mero mestre-de-obras, que estava "segundo a graça de Deus que me foi dada", 1Cor.3.10. Para o trabalho divino, nada a não ser o poder divino é suficiente. O poder mediante o qual Deus trabalha deve operar em nós. Este poder é o Espírito Santo. Estude 1Cor.2 e 3. Lá você verá como é absoluto o reconhecimento de sua falta de poder e dependência nos ensinamentos do Espírito Santo. A verdade é que a obra de Deus só pode ser feita pelo poder de Deus em nós. Nossa primeira necessidade de cada dia é ter a presença do Espírito de Deus renovado dentro de todos nós.

O poder do Espírito Santo é o poder do amor. Deus é amor. Tudo que Ele opera na salvação dos homens é amor. É apenas o amor que pode realmente conquistar o coração. Em todos os companheiros de obra de Deus, o amor é o poder que atinge os corações dos homens. Cristo conquistou e ainda conquista pelo amor da cruz. "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo ", Fil.2.5 – o espírito do amor que se sacrifica à morte, um amor humilde, bondoso e paciente. E você estará pronto para ser um companheiro de Deus nessa obra?

Quanto à relação que devemos ter com Deus, direi: ao executar os planos de uma grande construção, o mestre-de-obras tem um cuidado: tomar conta de cada pequenino detalhe pensado através do arquitecto. Ele age constantemente em conjunto com Ele e é guiado em todos os momentos pela sua vontade. As instruções aos que são seus subordinados são todas sobre concretizar o que foi planejado pelo mestre. A grande característica dos companheiros trabalhadores de Deus deve ser esta rendição absoluta à vontade dele, dependência incessante em seus ensinamentos e obediência fiel a tudo que Ele deseja. Deus revelou seu plano em sua Palavra. Ele nos disse que apenas seu Espírito nos pode preparar para fazer parte de seus planos para dominar na íntegra seus propósitos e de como conduzi-los.

Devemos ter a clara visão da divina glória da obra de Deus na salvação de almas. Devemos saber da tal insuficiência nos nossos poderes naturais para fazer essa obra. Devemos saber que Deus fez provisões para nos fortalecer e guiar quando ajudarmos. Então entenderemos melhor a docilidade filial (um olhar contínuo para o alto, esperando por Ele) será sempre a marca principal daquele que é companheiro fidedigno na obra de Deus.

Fora do sentido de humildade, desesperança e de nada sermos de facto e na realidade, crescerá uma confiança sagrada de coragem e de encorajamento. Saberemos que nossa fraqueza não precisa de nos impedir, que a força de Cristo só é perfeita na fraqueza e que o próprio Deus está obrando seus propósitos através de nós. De todas as bênçãos da vida cristã, a mais maravilhosa será quando nos permitirmos ser companheiros de Deus para o trabalho!

1.      Companheiros de Deus para o trabalho! Como é fácil usar as palavras e mesmo entender algumas das grandes verdades que elas contêm! Quão pouco vivemos no poder na glória daquilo que representam!

2.      Trabalhadores companheiros de Deus! Tudo depende do saber, da santidade e amor dele, do Deus do qual somos parceiros.

3.      Ele que nos escolheu para nos habilitar para seu uso, para que em nós e através de nós Ele possa realizar sua grande obra.

4.      Façamos valorosa nossa postura de adoração, dependência profunda, grande espera e perfeita obediência.

 

 

CAPÍTULO 25

SEGUNDO A FORÇA DO SEU PODER

"O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isto é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim", Col.1.28,29.

"O mistério de Cristo...pelo qual fui constituído ministro conforme o dom da Graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder", Ef.3.4,7.

Nas palavras de Paulo aos Filipenses que já abordamos no capítulo nono, ele os convoca e encoraja a trabalhar porque era Deus quem actuava neles, nos Filipenses. Esta é uma das afirmações mais importantes e compreensivas da grande verdade: somente através de Deus operando em nós que podemos fazer obras de verdade. Nos textos de nossa Escritura para este capítulo, temos o testemunho de Paulo sobre sua própria experiência. Todo seu ministério estava de acordo com a graça que lhe foi dada na medida que nele operava o poder de Deus. Ele disse que seu trabalho era uma luta de acordo com o poder de Deus operando eficientemente nele.

Aqui encontramos os mesmos princípios de nosso Senhor: o Pai realizando sua obra em si mesmo. Deixemos todo obreiro, ao ler isto, parar para dizer: "Se o Filho sempre abençoado e Paulo puderam fazer suas obras apenas de acordo com o poder de Deus que operava vigorosamente neles, quanto mais precisarei desta operação de Deus em mim então!" Esta é uma das mais profundas verdades espirituais da Palavra de Deus. Olhemos para o Espírito Santo dentro de nós e de lhe darmos o controle de nossa vida de tal forma mais íntima para ela se tornar a maior inspiração de todo nosso trabalho. Nós podemos obrar verdadeiramente apenas na medida de nossa entrega à actuação de Deus em nós.

Sabemos o solo onde está plantada esta verdade. "Bom só existe um", Mat.19.17. "Não há santo como o Senhor", 1Sam.2.2. "O poder pertence a Deus", SaI.62.11. Toda bondade, santidade e poder serão encontrados apenas em Deus e onde Ele os concede. Somente Ele pode dá-los ao homem, não como algo de que se desfaz, mas por sua presença real, permanecendo em nós em sua obra. Deus pode obrarem seu povo apenas quando lhe é permitido possuir completamente seus corações e vidas. Como o querer, a vida e o amor são entregues à dependência e fé. e esperando em Deus como Cristo o fez. Deus pode operar em nós.

Isto é a verdade de toda a vida espiritual, mas especialmente de nossa obra para Deus. O trabalho de salvar almas é o próprio trabalho de Deus. Ninguém, a não ser Ele, pode fazê-lo. O dom de seu Filho é a prova de quão grande e precioso o trabalho é considerado por Ele e como dedica seu coração a essa mesma obra. O amor dele não cessa um momento em sua obra pela salvação de todos os homens. E quando Ele chama seus filhos para serem parceiros em sua obra, compartilha a alegria e a glória do trabalho de salvar e abençoar os homens. Se um indivíduo pode dizer com Paulo "eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim", sua relação completa com Deus se torna a parte e a continuação da parte de Cristo a uma dependência absoluta, abençoada, incessante e momentânea do Pai, para cada palavra dita e cada obra realizada.

Cristo é nosso padrão. A vida dele é nossa lei e a obra dele é em nós. Paulo viveu uma vida de dependência em Deus assim, em torno de Cristo. Portanto, nenhum de nós deveria hesitar em acreditar nele para uma idêntica à graça dada a Paulo de laborar e lutar "segundo a força operante do seu poder". Que cada obreiro diga e afirme: "assim como o poder trabalhou em Cristo e em Paulo, também trabalha em mim e não menos". Não há forma possível de se fazer a obra de Deus correctamente a não ser com Deus operante em nós.

Como eu gostaria que cada obreiro soubesse isto de cor e dissesse: "Vem, vamos acalmar nossas mentes e direccionar cada pensamento à presença de Deus, enquanto sopro em seu ouvido o maravilhoso segredo – Deus opera em si. Toda obra que terá de fazer para Ele, Deus actuará e a efectivará em si". Tire um tempo para se debruçar sobre isto. É uma grande verdade espiritual que a mente não pode alcançar, nem o coração perceber assim facilmente ainda. Aceite-a como uma verdade vinda dos céus. Acredite nesta palavra como semente, dessa forma a bênção espiritual trazida por ela crescerá e ainda abundará. E na fé que o Espírito Santo está fazendo viver dentro de si, lembrando sempre: Deus opera em mim. Toda a minha obra para Ele, Deus a realizará em mim”.

A fé desta verdade e o desejo de concretizá-la dentro de si também, irá impulsioná-lo a viver humildemente e mais próximo de Deus. Você verá como trabalhar para Deus deve ser a coisa mais espiritual da vida espiritual. E você se curvará de novo e de novo em serenidade sagrada e reconhecimento de Deus estar operante em si e como assim continuará. Como Paulo, você pode dizer "Trabalharei para Ele de acordo com o poder de Deus operando eficientemente em mim".

1.      O dom da graça de Deus, Ef.2.7,3.7, o poder que opera em nós, Ef.3.20, o fortalecimento com a potência do Espírito, v.16 – as três expressões contendo o mesmo pensamento – Deus opera em nós.

2.      O Espírito Santo é o poder de Deus. Busque ser todo preenchido com o Espírito, ter toda sua vida conduzida por Ele e então estará preparado para Deus operar poderosamente em si.

3.      "Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo", Act.1.8. Através do Espírito habitando em nós, Deus pode operar com eficácia.

4.      O, temor sagrado, vigilância humilde e dependência, rendição completa e obediência nos tomamos se acreditarmos em Deus operando em nós.

 

 

CAPÍTULO 26

TRABALHAR MUITO MAIS

"Mas, pela graça de Deus, sou o que sou: e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus que está comigo”, 1Cor.15.10

"Então, ele me disse: a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza...porquanto em nada fui inferior a esses tais apóstolos, ainda que nada sou", 2Cor.12.9,11

Em ambas as passagens, Paulo falou de como abundara na obra do Senhor. "Em nada fui inferior a esses tais apóstolos". "Trabalhei muito mais do que eles". Nas duas ele disse como era Deus que actuava inteiramente nele e não ele mesmo. Na primeira passagem ele disse: "Não eu, mas a graça de Deus comigo". Mais adiante, na segunda, ele mostrou como esta graça é a força de Cristo operando em nós. Enquanto nada somos, ouvimos "Então, ele me disse: a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza". Que Deus nos possa dar "o espírito da sabedoria e revelação", Ef.1:17 e os olhos iluminados do coração v.18 para sabermos da visão maravilhosa de um homem reconhecendo-se como nada. Ele era um homem que se gloriava de sua fraqueza, então o poder de Cristo pôde repousar sobre ele e assim operar, foi este o trabalhador mais abundante de todos. Veja a importância desta lição para nós como obreiros de Deus.

A obra de Deus só pode acontecer na força dele. Somente pelo poder de Deus, isto é, por Deus operando em nós, podemos efectivamente laborar. Por todo o livro, esta verdade é sistematicamente repetida. É fácil aceitar. Mas está muito longe de se enxergar seu sentido completo – dar-lhe o controle de nosso ser integral, fazendo assim um novo viver dentro de nós. Para isto será necessária a serenidade da alma, meditação, fé potente e oração fervorosa. Como é apenas Deus que pode actuar em nós, igualmente é apenas Ele que se pode revelar como Deus actuante. Espere nele e a verdade que sempre parece estar além de sua alçada, irá abrir-se através do conhecimento de quem é Deus. Quando Deus se revela como "Deus é quem opera tudo em todos", 1Cor.12.6, você aprenderá a acreditar e obrar de acordo com o poder dele activante e poderoso em si, Col.1.29.

A força de Deus opera somente na fraqueza. Apenas quando dizemos honestamente "Não eu, mas, pela graça de Deus, sou o que sou". O homem que disse "porquanto em nada fui inferior a esses tais apóstolos", primeiro aprendeu a dizer "ainda que nada sou". Então pôde dizer, "sinto prazer nas fraquezas...porque, quando sou fraco, então sou forte", 2Cor.12.10. Esta é a verdadeira relação entre o Criador e a raça humana, entre o Pai divino e os seus filhos, entre Deus e seus servos. Queridos obreiros cristãos, aprendam a lição sobre a própria fraqueza como condição indispensável do poder de Deus operando em vocês. Acreditem que tirar um tempo e perceber, na presença de Deus, sua fraqueza, é o caminho seguro para ser coberto com o vigor de Deus. Aceite toda experiência pela qual Deus lhe ensina que na fraqueza a sua graça lhe prepara para receber toda a sua força. Divirtam-se na fraqueza!

A força de Deus vem de nossa comunhão com Cristo e seu serviço. Paulo disse "De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo”, 2Cor.12.9. "Tenho prazer nas fraquezas, por amor de Cristo", v.10. Disse também como foi quando ele implorou ao Senhor que o mensageiro de Satanás fosse expulso de junto dele, que Ele respondeu: "A minha graça lê basta". "Cristo [é] o poder de Deus, a sabedoria de Deus", 1Cor.1.24. Não recebemos a sabedoria sem o conhecermos, ou o poder para fazer a vontade de Deus, com o que possuímos e usamos como bom senso. É na ligação pessoal com Cristo, numa vida de comunicação contínua com Ele, onde seu poder recai sobre nós. É nos deleitando na fraqueza por amor a Cristo quando nossa força é conhecida.

A força de Deus é dada à fé e à obra realizada na fé. Uma fé viva precisa desejar ser fraco e nessa fraqueza poder fazer a obra ainda, sabendo que Deus está operando em nós. O exercício mais alto de uma vida de fé é continuarmos confiantes num poder oculto actuante em nós, sem vermos ou sentirmos qualquer coisa. A fé sozinha pode fazer a obra de Deus de salvar almas. A fé sozinha pode perseverar na oração e no labor. A fé sozinha pode e continua a labutar mais abundantemente apesar de circunstâncias aparentemente desfavoráveis. Sejamos "pela fé, fortalecidos, dando glória a Deus", Rom.4.20. Deus se mostrará forte àqueles cujos corações são perfeitos nele, 2Cron.16.9.

Deseje entregar-se completamente a Deus. Só então o poder dele poderá ser derramado sobre si e ser actuante. Permita a Deus obrar através de si também. Ofereça-se a Ele para o trabalho como o único propósito de toda a sua vida. Conte com Ele operando em si para lhe preparar para o serviço e lhe fortalecer e abençoar. Deixe a fé e o amor de seu Senhor Jesus, cuja força será perfeita em sua fraqueza, conduzir sua vida como Ele deixou o Pai fazer a Sua vontade e consumar a Sua obra dentro dele.

1.      Aos ministros: busquem a experiência pessoal na íntegra da força de Cristo se aperfeiçoando na própria fraqueza. Somente isto poderá habilitá-los a ensinar aos crentes o segredo de sua força.

2.      Nosso Senhor diz "Minha graça, Minha força". Como permanecemos em Cristo e o temos dentro de nós em comunhão pessoal estreita e amor, sua graça e força podem actuar.

3.      Os corações perfeitamente entregues a Deus, à sua vontade e amor saberão de seu poder operando em suas fraquezas.

 

 

CAPÍTULO 27

BOA ABENTURANÇA NO QUANTO FAZ

"Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos", Tiago 1.22

"Aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas obreiro praticante, esse será bem-aventurado no que realizar", Tiago 1.25

Deus não nos criou para contemplar mas para agir. Ele nos criou à sua semelhança e nele não há pensamento sem acção simultânea. A verdadeira acção nasce da contemplação, a verdadeira contemplação, como meio, sempre causa acção. Não poderia haver uma separação entre saber e agir se o pecado não tivesse entrado no mundo. Em nenhum lugar o poder do pecado é mais visto que neste caso. Mesmo no crente existe um espaço substancial entre o intelecto e a conduta. É possível deleitarmo-nos em ouvir, sermos diligentes para aumentar nosso conhecimento da Palavra de Deus, admirar e aprovar a verdade, desejar mesmo fazê-la, ainda assim falhar inteiramente na hora de agir. Assim, Tiago nos advertiu para que não enganemos a nós mesmos ao sermos ouvintes e não praticantes. Por isto ele disse que o praticante trabalha como bem-aventurado no que realiza.

“Bem-aventurado no que realizar”. As palavras são um resumo do ensinamento de nosso Senhor Jesus no fecho do Sermão do Monte: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus", Mat.7.21. "Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente", v.24. À mulher que falou de sua bem-aventurança que era sua mãe. Ele disse: "Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam"! Luc.11.28. Aos discípulos na noite anterior à crucificação Ele disse "Ora, se sabeis estas coisas. Bem-aventurados sois vós se as praticardes", João 13.17. Este é um dos maiores perigos na religião que estamos contentes em reformar, com prazer aprovando o significado da verdade, ainda que não realizemos tudo que é requerido. Apenas quando a convicção for traduzida em conduta, teremos prova da verdade nos guiando.

"Obreiro praticante, esse será bem-aventurado no que realizar". O praticante é bem-aventurado. O feito é a vitória que sobrevém sobre todos os obstáculos. Ele trás à tona e confirma a imagem do próprio Deus, o Grande Obreiro. Ele remove todas as barreiras para o regozijo de todas as bênçãos que Deus preparou. Somos sempre inclinados a procurar nossas bem-aventuranças no que Deus dá como privilégio e gozo. Cristo as colocou no que fazemos porque é apenas fazendo que realmente experimentamos e possuímos a vida que nos foi dada por Deus. Quando foi dito "Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus", Luc.14.15, nosso Senhor respondeu com a parábola do jantar, v.16-24. O praticante é abençoado. É apenas praticando que o pintor ou o músico, o cientista ou o comerciante, o aventureiro ou o descobridor, encontram suas bem-aventuranças. Desta forma e muito mais, somente guardando os mandamentos e praticando a vontade de Deus, o crente encontrará a verdade como completa e na bem-aventurança da comunhão com Deus, a libertação do pecado. Agir é a essência da bem-aventurança, a mais alta manifestação, portanto o maior gozo da vida que Deus dá.

"Obreiro praticante, esse será bem-aventurado no que realizar". Esta foi a bênção de Abraão, sobre quem lemos: "Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou ", Tiago 2.22. Ele não tinha obras sem sua fé. Havia fé actuando nelas integralmente. Ele não tinha fé sem obras. Através delas, ele exercia sua fé, fortalecida e aperfeiçoada. Como a fé, sua bem-aventurança era aperfeiçoada operando. Justamente neste “fazendo” o praticante é abençoado. O discernimento verdadeiro disto nos fará tomar cada ordem, cada verdade e cada oportunidade para abundar em boas obras como parte integral da bem-aventurança da salvação trazida por Cristo. Alegria e trabalho, trabalho e alegria, tomar-se-ão sinónimos. Não mais seremos ouvintes, mas praticantes.

Exercitemos imediatamente esta verdade. Vivamos para os outros, para amá-los e servi-los. Se você pensa não ser capaz de laborar por almas, comece por corpos. Apenas comece e siga adiante. E abunde. Acredite que "Mais bem-aventurado é dar que receber", Act.20.35. Ore e dependa da graça prometida. Entregue-se ao ministério do amor. No exemplo de Cristo e na promessa de Deus, você tem a garantia. "Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes", João 13.17. Bem-aventurado é o praticante!

 

 

CAPÍTULO 28

A OBRA DE SALVAR ALMAS

"Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade e alguém o converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado, salvará da morte a alma dele e cobrirá uma
multidão de pecados",
Tiago.5.19,20.

Às vezes hesitamos em falar de homens sendo convertidos e salvos por outros homens. A Escritura diz aqui por duas vezes de um homem convertendo outro e uma de um salvando o outro. Não hesitemos em converter e salvar os homens porque é Deus que opera em nós.

"Salvará da morte a alma". Todo obreiro estuda o material no qual trabalha – o carpinteiro, a madeira; o ourives o ouro. Nossas "obras sejam...feitas em Deus", João 3.21. Em nossas boas obras lidamos com almas. Mesmo quando, a princípio, não conseguimos fazer nada além de ajudar os corpos, nossa meta é a alma para a qual Cristo veio para morrer. Ele nos designou para vigiar e trabalhar. Estudemos os hábitos das pessoas. Quanto cuidado tem um caçador, ou um pescador em saber os hábitos dos animais que buscam para caçar! Lembremos que precisamos da sabedoria divina, treino e habilidade para sermos conquistadores de almas. A única forma de conseguir este treino e habilidade é por as mãos à obra. O próprio Cristo ensinará quem nele espera.

A igreja com seus ministros é responsável por uma parte deste treino. A experiência diária da vida comum comprova quantos poderes frequentes e inesperados existem num homem. Quando um homem se toma consciente e senhor do poder que está nele operante, então, é uma nova criatura. O poder e a alegria da vida são dobrados logo ali. Cada crente tem oculto em si o poder da salvação das almas. O reino dos seus está dentro de nós na forma de semente. Todos possuidores dos dons e graças do Espírito também são sementes ocultas. O objectivo mais alto do ministério é despertar a consciência desta semente oculta do poder de salvar almas. Um senso depressivo de ignorância ou falta de poder faz muitos recuarem. Tiago escreveu "sabei que aquele que converte o pecador... salvará da morte a alma dele". Todo crente necessita aprender a usar o poder abençoado e maravilhoso com o qual foi dotado. Quando Deus disse a Abraão "te abençoarei e...serão benditas todas as nações da terra", Gen.22.17,18, Ele diz a Abraão não apenas de uma fé na bem-aventurança vinda do alto, mas também no poder da sua bem-aventurança para o mundo. É um momento maravilhoso na vida de um filho de Deus quando vê que a segunda bem-aventurança é tão certa quanto a primeira.

"Salvará da morte a alma ". Nosso Senhor carrega o nome de Jesus Salvador. Ele é a encarnação do amor salvador de Deus. Salvar almas é sua grande obra. Quando crescer nele nossa fé, ao ponto de compreendermos e recebermos tudo que está nele, quando Ele viver em nós e habitar nossos corações e decisões, salvar almas será a grande obra à qual nossas vidas serão dadas. Seremos instrumentos inteligentes e dispostos, pêlos quais Ele actuará poderosamente.

"Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter...sabei que aquele que converte o pecador...salvará da morte a alma dele". As palavras sugerem trabalho pessoal. Nós pensamos principalmente em grandes multidões às quais a Palavra de Deus é pregada. O pensamento aqui é sobre o que se desviou e retomou o caminho mais adiante. Crescentemente realizamos nossa obra mediante associações e organizações. "Sabei que aquele que converte...salvará da morte a alma ". É o amor e a labuta de alguns crentes individualmente que trazem de volta o desviado. É o que precisamos na igreja de Cristo – todo crente que segue verdadeiramente Jesus Cristo, tomando conta dos que se desviam do caminho, amando-os e trabalhando para que voltem. Nenhum de nós dirá (como em Gen.4.9) "Acaso sou eu tutor de meu irmão?". No mundo somos apenas membros do corpo de Cristo, portanto devemos continuar sua obra de salvação. A salvação foi e ainda é a obra dele, a sua alegria e a sua glória. Da mesma forma, permitamos que seja nossa. Faça cada um se dar pessoalmente a cuidar dos outros indivíduos e procurar salvá-los um por um.

"Sabei que aquele que converte o pecador...salvará da morte a alma dele". "Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes", João 13.17. Vamos traduzir estas verdades da escritura em acção. Vamos dar a estes pensamentos, substância e forma na vida diária. Experimentemos seu poder sobre nós e nossa fé neles, através do obrar. Há algum cristão à nossa volta a desviar-se do caminho, necessitando auxílio amoroso e ávido para recebê-lo? Há alguém que possa ser encorajado em começar de novo? Se estivermos realmente à disposição de Jesus Cristo, Ele irá nos usar para mostrar o caminho aos outros também.

Se temermos, vamos acreditar que o amor de Deus está dentro de nós, não apenas chamando, mas também nos capacitando para fazer a obra, entreguemo-nos ainda assim ao Espírito Santo para que preencha nossos corações com este amor e nos capacite para o serviço. Jesus, o Salvador, vive para salvar. Ele permanece em nós. Ele irá salvar através de nós. "Sabei que aquele que converte o pecador...salvará da morte a alma dele e cobrirá a multidão de pecados".

1.      Mais amor por almas, provenientes do amor fervoroso pelo Senhor Jesus – nossa grande necessidade.

2.      Oremos para amar na fé. Quanto mais exercitarmos o que temos, mais nos será dado.

3.      Senhor, abre-nos os olhos para vermos como Tu fazes tua grande obra de salvar os homens e esperamos para levar teu amor e força ao coração de cada fiel. Faz de
cada um de teus redimidos um conquistador de almas nato.

 

 

 

CAPÍTULO 29

ORANDO E FAZENDO

"Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para a morte, pedirá e Deus lhe dará a vida, aos que não pecam pura a morte", 1João 5.16

"Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos no amor e nas boas obras", Heb.10.24

Estas palavras em Hebreus expressam a raiz de uma vida em boas obras – o cuidado permanente e amável que temos uns pêlos outros, que ninguém deve cair. Em Gaiatas 6:1 encontramos: "se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura". Judas escreveu sobre os cristãos que estavam em perigo e malogro: "salvai-os, arrebatando-os do fogo: quanto aos outros, sede também compassivos em temor, desprezando até a roupa contaminada pela carne", v.23. Os actos de bondade de Cristo aos corpos dos homens sempre objectivaram conquistar suas almas, da mesma forma nosso ministério de amor deve estar subordinado ao grande propósito e desejo de Deus – a salvação para a vida eterna. Orar e trabalhar devem andar juntos na obra de amor. Ás vezes a oração pode atingir o que as palavras não conseguem. Outras vezes ela é necessária para nós mesmos, para obtermos sabedoria e coragem para as palavras. Como regra, orar e trabalhar devem ser coisas inseparáveis – a oração para ganhar de Deus o que precisamos para nossa alma, o trabalho para nos trazer o que Ele nos deu. As palavras de João são mais sugestivas no tocante ao poder da oração em nosso serviço de amor. Somos conduzidos a pensar a oração como trabalho pessoal com um propósito bem definido na certeza de uma resposta.

Permitamos que a oração seja um esforço pessoal. "Se alguém vir a seu irmão cometer pecado... pedirá". Estamos tão acostumados a agir através de sociedades e associações que corremos o risco de esquecer o dever que cada um tem de tomar conta dos que estão à sua volta. Deixemos cada membro de nossos corpos se prontificarem a servir aos outros. Cada crente deve cuidar de seus companheiros crentes que estão ao seu alcance, em sua igreja, sua casa ou meio social. O pecado de cada um é perder ou lastimar o corpo de Cristo. Abramos nossos olhos para os pecados de nossos irmãos próximos de nós. Não fale mal, julgue ou reclame desesperadamente, mas, ao contrário, ame, ajude, cuide e ore. Peça a Deus para ver seus irmãos no pecado, o perigo que representa para eles e o pesar que é para Cristo. Contudo, a compaixão de Deus e a libertação estão ao nosso alcance. Fechar os olhos aos pecados de nossos irmãos não é amor. Veja-o, leve-o a Deus, faça de suas orações por seu irmão e a busca de uma nova vida para ele, parte de sua obra para Deus.

Faça orações claras. "Se alguém vir a seu irmão cometer pecado....peça". Necessitamos das orações de uma pessoa por outra. A Escritura e o Espírito de Deus nos ensinam a orar por toda a sociedade, pela igreja da qual fazemos parte, pelas nações e por áreas especiais de trabalho. Isto é necessário e abençoado. Mas algo mais ainda é preciso – fazer daqueles com quem temos contacto, sujeitos à nossa intercessão. As maiores súplicas devem ter seu lugar, mas é difícil saber quando nossas orações são atendidas. Mas nenhuma outra coisa trará Deus tão perto, nada mais irá fortalecer e testar nossa fé e fazer-nos saber que somos companheiros de Deus em sua obra, do que o momento de recebermos uma resposta às nossas orações pelas pessoas. Irá reavivar em nós a nova consciência abençoada que realmente temos poder com Deus. Permita a cada obreiro exercitar esta graça de considerar e orar pelas almas individualmente.

Conte com a resposta. "Pedirá e Deus lhe dará vida aos que...pecam". As palavras seguem aquelas que João falara sobre a confiança que temos em ser ouvidos, "se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve", 1João 5.14. É comum ouvir-se reclamações sobre não se saber o querer de Deus. Mas isto não é difícil. Deus "deseja que todos os homens sejam salvos", 1Tim.2.4. Se repousarmos nossa fé nesta vontade de Deus, iremos ficar mais fortes e tomar posse da promessa: "Pedirá e Deus lhe dura vida, aos que...pecam". O Espírito Santo nos conduzirá, se nos permitirmos ser conduzidos por Ele, às almas designadas por Deus para tomarmos conta e para as quais a graça da fé e a oração perseverante nos serão dadas. Que a promessa maravilhosa – Deus dará vida ao que pede pêlos que pecam – move e encoraja-nos a realizarmos nosso ministério sacerdotal de intercessão pessoal e definida, como uma das mais abençoadas boas obras das quais servimos Deus e os homens.

Orar e trabalhar são inseparáveis. Que todos os obreiros aprendam a orar bem. E os que oram, aprendam a trabalhar bem.

1.      Oremos confiantemente e se preciso, sejamos perseverantes pêlos indivíduos que necessitam andar mais próximos de Deus e pela fé que vence com Ele.

2.      Em nossa obra para Deus, a oração deve tomar um lugar muito mais importante. Se Deus opera em todos, então nossa posição é de inteira dependência, esperando que Ele actue em nós. Se leva tempo perseverar e receber em nós o que Deus nos dá pêlos outros, devemos trabalhar em conjunto com a oração.

3.      O, pudesse Deus abrir nossos olhos à glória de sua obra de salvar almas, a única coisa para qual o Senhor vive, a única coisa para a qual Ele actua em nós!

4.      Oremos para o amor e o poder de Deus repousarem em nós, para a obra abençoada de salvar almas.

 

 

 

CAPÍTULO 30

CONHEÇO AS TUAS OBRAS

"Ao anjo da igreja em Éfeso... em Tiatira… em Sardes... em Filadélfia...em Laodicéia escreve...conheço as tuas obras", Ap.2.1,18; 3.1,7, 14,15.

Conheço as tuas obras. Estas são as palavras dele que anda entre os sete castiçais de ouro e cujos olhos são como fogo. Quando Ele olha para as igrejas, a primeira coisa que vê e julga são as obras delas. As obras são a revelação da vida e do carácter de cada um. Se desejamos levar nossas obras à presença santa dele, sua palavra pode-nos ensinar o que deveriam ser nossas obras.

Em Éfeso Ele diz: "Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança e que não podes suportar homens maus...e tens perseverança e suportaste provas por causa do meu nome e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor...arrepende-te e volta à prática das primeiras obras", Ap.2.2-5. Há muito para se louvar aqui – labuta, paciência e zelo que nunca se esmorecem. Mas faltava algo – o carinho do primeiro amor.

Em sua obra por nós, Cristo nos deu primeiramente e acima de tudo, seu amor, o carinho pessoal de seu coração. Em nossa obra para Ele, não nos é pedido nada mais. Há perigo em levar a obra avante e até mesmo em suportarmos muitas coisas em nome de Cristo, enquanto isso o frescor de nosso amor se esvai. Isto é que Cristo procura. Isto ó o que dá poder. Nada pode ocupar o lugar disto. Cristo procura pelo coração amoroso e terno, pela afeição pessoal que sempre o coloca no centro de nosso amor e alegria.

Obreiros cristãos, assegurem que toda a vossa obra é a obra de amor, de devoção pessoal a Jesus Cristo.

Em Tiatira Ele disse: "Conheço as tuas obras, o Teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e que as tuas ultimas obras são mais numerosas do que as primeiras. Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declarou profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição", Ap.2.19-20. Aqui também as obras são enumeradas e louvadas. O último ainda foi mais que o primeiro. Mas ainda há uma falha – um tolerar falso do que levou à impureza e à idolatria. Então Ele acrescenta de seu julgamento: "e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mente e corações e vos darei a cada um segundo as vossas obras", v.23.

Junto com muitas das boas obras, pode haver alguma forma de erro ou mal tolerado que põe em perigo toda a igreja. Em Éfeso, havia zelo de ortodoxia, mas falta de amor – aqui há amor e fé, mas falta de fé contra o erro. Se as boas obras são para agradar nosso Senhor, se todas as nossas vidas devem estar em harmonia com elas, em separação completa com o mundo e suas seduções, precisamos buscar ser o que Ele prometeu fazer de nós, estabelecido em toda boa palavra e obra. Em seu julgamento, nossa obra decidirá seu valor.

Em Sardes a mensagem foi: "Conheço as tuas obras, que tens nome...e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus", Ap.3.1,2.

Podem existir várias formas de divindade sem o poder e todas as actividades, ou organizações religiosas, sem vida. Podem existir várias obras e Ele ainda dirá: "Não encontrei nenhuma obra de vocês completa perante meu Deus, nenhuma que possa passar o teste e ser verdadeiramente aceitável para Deus como sacrifício espiritual. Em Éfeso a obra carecia de amor, em Tiatira a carência era de pureza e em Sardes a falta era de vida".

Em Filadélfia ele diz: "Conheço as tuas obras... que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome...porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei", Ap.3.8,10.

Jesus disse na terra: "aquele que tem meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama", João 14.21. "Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado", João 16.27. Filadélfia, a igreja para qual não há reprimenda, tinha esta característica: sua obra principal e a lei de seu trabalho, era guardar a Palavra de Cristo, não de forma ortodoxa, mas em obediência prática. Não deixe que nada mais seja a marca e o espírito de toda a sua obra – guardar a Palavra de Cristo. Conformidade completa e amorosa à vontade dele será recompensada.

Em Laodicéia Cristo disse: "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente...pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma", Ap.3.15-17. Não há igreja sem suas obras, suas actividades religiosas. E ainda as duas principais características da religião de Laodicéia, desinteresse e auto complacência, podem-lhe tirar o valor. Não é apenas a necessidade por um amor renovado e fervoroso, como aprendemos em Éfeso, mas também necessidade pela pobreza de espírito, a fraqueza consciente da qual a dependência absoluta da força de Cristo para todo nosso trabalho irá desenvolver-se. Então, Cristo não mais ficará à porta, mas será entronizado no coração.

"Conheço as tuas obras".  Ele que avaliou as obras das sete igrejas ainda vive e toma conta de nós. Ele está preparado em seu amor para descobrir o que falta, para advertir e auxiliar e para nos mostrar o caminho no qual as nossas obras podem ser completas em Deus. Aprendamos de Éfeso a lição de amor fervoroso por Cristo, de Tiatira como purificar e separar todo o mal, de Sardes o que é necessário para uma vida verdadeira para darmos valor ao trabalho, de Filadélfia como guardar a Palavra e de Laodicéia que a pobreza de espírito possui o reino dos céus e dá a Cristo o trono de tudo! Obreiros, vivamos e trabalhemos na presença de Cristo! Ele nos ensinará, corrigirá e auxiliará. E um dia nos dará a recompensa total de todas as nossas obras porque elas foram as obras dele em nós.

 

 

CAPÍTULO 31

QUE DEUS SAIA GLORIFICADO

"Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem
 pertence a glória e o domínio pêlos séculos dos séculos. Amem",
1Ped.4.11

O trabalho não tem em si mesmo um fim. Seu valor está no objectivo que alcança. O propósito de quem o realiza é que lhe dá o verdadeiro valor. E quanto mais clara a visão de um homem sobre o propósito, mais bem preparado ele estará para realizar partes maiores dessa obra. Ao erguer-se um esplêndido edifício, o propósito do trabalhador pode ser simplesmente ser um meio para ganhar seu salário. Um operário qualificado tem objectivos maiores – ele pensa na beleza e perfeição de seu trabalho. O pedreiro-chefe pensa mais amplamente ainda. Sua meta é que toda alvenaria esteja boa e perfeita. O empreiteiro tem ainda um projecto mais alto – todo prédio corresponder ao plano a ser conduzido. O objectivo do arquitecto ainda é maior – que os grandes princípios da arte e da beleza materializem a sua forma completa de expressão. E para o dono temos o último objectivo – o uso da grande estrutura, quando ele a apresentar como um presente para o benefício de seus conterrâneos. Todos os trabalhadores do prédio agiram honestamente com um propósito verdadeiro. Quanto maior o discernimento e interesse no projecto final, mais importante é o trabalho e maior a alegria de conduzi-lo.

Pedro nos falou qual deveria ser nosso objectivo no serviço cristão – que "em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo". Na obra de Deus, um serviço não é feito por salários, mas sim por amor. O mais humilde dos trabalhadores é convidado para tomar parte nos planos de Deus e para ter uma visão mais clara do grande propósito no qual Deus trabalha – nada menos que a glorificação de Deus. Este é o único propósito de Deus, o Grande Obreiro nos céus, a Fonte e o Mestre de toda obra, que a glória de seu amor e o poder e bênção possam ser apresentados. Este é o único propósito de Jesus Cristo, o Grande Obreiro na terra e na natureza humana, o Exemplo e o Líder de toda nossa obra. Este é o grande propósito do Espírito Santo: poder que em nós actua, ou, como disse Pedro, "na força que Deus supre". Quando isto se tomar nosso propósito inteligentemente deliberado, nossa obra elevar-se-á ao seu verdadeiro nível e nos colocará em comunhão viva com Deus.

"Para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado": o que significa isto? Esta é a glória de Deus, que Ele sozinho é o que Vive, que traz consigo a vida. Mas não a traz apenas para si, pois seu amor pêlos homens é tão grande quanto o amor por si mesmo. Esta é a glória de Deus. Ele é a única fonte eterna de vida, bondade e felicidade e suas criaturas podem ter tudo na medida que lhes dá e nelas opera. Operar tudo em tudo, esta é a glória dele. E a única glória que sua criatura, seu filho, pode lhe dar é esta – receber tudo que Ele deseja dar, entregando-se a ele para que Ele actue e reconhecer nele Quem opera. Assim, Deus mostra sua glória em nós. Em nossa rendição desejosa e nosso reconhecimento alegre de ser Ele o actuante em tudo, nós o glorificamos. Desta maneira nossa obra e vida são glorificadas, pois têm um propósito com a obra de Deus, que "em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pêlos séculos dos séculos. Amem".

Veja aqui o espírito que eleva e consagra o serviço cristão. De acordo com Pedro, "se alguém serve [serve aos companheiros crentes ou aos necessitados], faça-o na força que Deus supre". Cultivemos a convicção profunda que a obra de Deus, até nos detalhes da vida quotidiana, só pode ser feita na força de Deus pelo "poder que opera em nós ", Ef.3.20. Acreditemos firme e incessantemente que o Espírito Santo permanece em nós como o vigor do alto para toda obra ser feita para o alto. Não temamos nada em nosso trabalho cristão, da mesma forma que não tememos trabalhar com nossa própria vontade, mas ganhando algo necessário: Deus operando em nós. Regozijemo-nos na fraqueza que nos faz tão absolutamente dependentes de Deus e esperemos em oração para seu poder nos tomar por completo.

"Faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo". Quanto mais você depende de Deus para sua força, mais Ele será glorificado. Quanto mais você procura fazer dos propósitos de Deus os seus, mais abrirá o caminho para o trabalho, a força e o amor dele. Oro para que cada obreiro possa ver a nobreza que isto dá ao trabalho, a maravilhosa nova glória para a vida, a nova urgência e alegria em laborar para almas, quando o propósito toma conta de nós – que Deus deve ser glorificado em tudo por meio de Jesus Cristo.

A glória de Deus como Criador foi vista quando da criação do homem à sua imagem. A glória de Deus como Redentor é vista na obra por Ele conduzida para a salvação dos homens e conduzir-nos a Ele.

1.      Esta é a glória de seu amor santo, expulsando o pecado do coração e então nele permanecendo.

2.      A única glória que caminha até Deus é nos entregarmos e sermos posse de seu amor redentor, enchermo-nos de amor pêlos outros e através de nós levar adiante sua glória.

3.      Que este seja o propósito de nossas vidas – glorificar Deus; viver para servi-lo, "na força que Deus supre"; conquistar almas, saber de sua glória e viver para ela.

4.      Senhor, ensina-nos a servir na força que o Tu supres, para que em tudo sejas glorificado por meio de Jesus Cristo, "a quem pertence a glória e o domínio pêlos séculos dos séculos. Amem".

José Mateus
zemateus@msn.com