PREFÁCIO

PUBLICADO A 1ª VEZ EM 1943, POR ZONDERVAN PUBLISHING HOUSE.

 

minha amada mãe, a Senhora Jonathan Goforth, estaria escrevendo este prefácio, mas, no último dia 31 de Maio, às 15h00 e na idade de 78 anos, ela deixou a caneta descansar para sempre, a qual o Senhor usou tão poderosamente,. Tal como o esposo cuja vida e obra ela compartilhou e viveu de perto com uma devoção heróica durante aproximadamente 50 anos na China, mamãe não sofreu nenhuma doença grave e foi poupada de qualquer sofrimento. Ela partiu repentinamente para a glória. Seu rosto brilhava e as suas últimas palavras ecoaram com uma confiança majestosa: “Olhem meu Rei me chamando! Estou pronta para partir!”

E, ainda agora que ambos não se encontram mais entre nós, as suas palavras mantêm-se falando aos nossos corações de forma audível. “Pelo Meu Espírito”, o livro que Papai escreveu, tornou a ser publicado pela Zondervan Publishíng House porque estão plenamente convictos que esta mensagem de avivamento real e genuíno é para agora e é necessitada com muita urgência.

Este pequeno livrinho, no qual Papai narra a história do avivamento que sacudiu a Coreia tal qual ele próprio o presenciou e viveu, é, sem sombra de dúvida, o parceiro do seu livro “Pelo Meu Espírito”. Preciso confessar que, ao tornar a ler estas histórias, a sua mensagem sulcou minha alma e lavrou dentro dela. Nesta geração é urgente perguntar se realmente cremos que o Espírito de Deus é Deus: “Cremos realmente na existência do Espírito Santo de Deus?”

Até mesmo durante estes dias de catástrofes sem precedentes, a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo está sendo extremamente negligente como casa de oração. A fé é colocada nos homens, nos armamentos e nos confrontos em vez de dar ao Espírito Santo o Seu lugar de poder soberano, o qual pertence-Lhe naturalmente. Que Ele possa usar esta narrativa do grande fogo dos avivamentos que varreram a Coreia para despertar a nossa igreja que vive com o espírito de Laodiceia e que ela acorde para o puro fato que qualquer vitória e qualquer salvação que seja eterna virá, mas, “não por força (pelo homem) e nem por violência, mas pelo Meus Espírito, diz o Senhor dos exércitos”.

Mary Goforth Moynan Toronto, Canada

 

 

QUANDO O ESPÍRITO SANTO VARREU A CORÉIA

Por Jonathan Goforth, DD (1859-1936)

(Missionário Pioneiro na China)

Escrevo sobre o Avivamento na Coreia porque ele teve um grande significado para a minha vida. Não conseguirei colocar em papel tudo sobre os sacrifícios e o que alcançaram os Cristãos na Coreia sem sentir-me envergonhado e sem ficar a pensar como fiz tão pouco pelo meu Senhor e Mestre. Vi, muitas vezes, plateias de Cristãos chineses chorarem de quebrantamento ao ouvirem os relatos e as histórias deste avivamento. Se qualquer um de vós se apercebesse com alguma regularidade de que “foram comprados por um preço”, certamente que também sucumbiriam em humilhação e vergonha ouvindo estas histórias dos triunfos do Evangelho na Coreia. Foi durante o ano do Grande Avivamento, em 1907, que tive oportunidade de visitar oito dos maiores centros missionários na Coreia. Quando regressei à China, compartilhei com os Cristãos Chineses em Mukden todos os factos que presenciei e todos eles ficaram profundamente afectados com tudo o que ouviram. Fui para Pei Tai Ho e contei aos missionários ali presentes como Deus estava sendo gracioso para os Cristãos na Coreia; vi, então, algumas lágrimas escorrendo pelos rostos e alguns votos determinados que orariam a Deus até que tivessem obtido igual bênção na China. Depois disso, fui convidado a visitar Chi Kung Shan, um outro campo missionário, para trazer os relatos do que presenciei na Coreia. Contei as histórias no Domingo à noite. Ao terminar o meu relato, ocorreu-me ter-me prolongado muito no sermão e encerrei o culto com uma bênção muito rápida. Mas, ninguém se mexeu dos seus assentos. Reinava um silêncio de morte na sala. Aquele silêncio durou uns seis ou sete minutos e, de repente, o choro que todos tentavam reprimir espalhou-se pela sala. Pecados estavam sendo confessados abertamente; pedidos de perdão eram feitos uns aos outros por impaciências e faltas de respeito e muitos outros pecados. Já era muito tarde quando terminou o culto. Mas, todos haviam sentido que o Espírito Santo nos havia visitado daquela vez, limpando o nosso meio como que refinando o ouro pelo fogo. Logo de seguida, tivemos quatro dias dedicados à oração e a conferências. Foi um tempo muito abençoado e dos mais maravilhosos que alguma vez tive oportunidade de presenciar entre missionários. Decidimos que oraríamos todos os dias às 4:00 da tarde até que a Igreja da China tivesse obtido igual Avivamento. Nesse mesmo Outono, começamos a ver o poder de Deus em nosso meio. Deus manifestou-se entre o povo e o Avivamento aumentou de proporção e qualidade logo de seguida, no ano 1908 em Manchuria e em outros locais.

 

O QUE TORNOU OS CRENTES COREANOS TÃO AUDAZES PARA PEDIREM MAIS DO QUE TINHAM?

 

A fase inicial do Avivamento foi detectada na Coreia em 1903. Haviam pedido ao Dr. Hardie, de Gensan, na Costa, para fazer uns discursos sobre oração em umas conferências pequenas que alguns missionários se propuseram organizar. Conforme preparava os seus discursos, lendo e relendo João 14 e outros textos das Escrituras, o Espírito começou a ensinar-lhe muitas coisas. Quando entregou os seus discursos sobre oração, os missionários ficaram profundamente afectados. Logo de seguida, os Crentes Coreanos, em geral, fizeram conferências e foram igualmente afectados. O Dr. Hardie percorreu todos os centros missionários na Coreia entregando fielmente tudo o que aprendera. E, durante o ano de 1904, cerca de 10.000 Coreanos entregaram-se a Deus. O Avivamento havia começado e permaneceu poderoso e obtendo grandes resultados até 1906.

Em Junho de 1907, o Sr. Swallen, de Ping Yang, relatou-me como coisas ainda mais grandiosas começaram a acontecer na Coreia depois disso. Ele disse: “Pessoalmente, não esperava ver maiores bênçãos sobre a Coreia do que aquelas que já havíamos tido até 1906. Quando comparávamos as assistências dos nossos cultos com as que aconteciam no Japão e na China, as nossas excediam em muito qualquer um desses países e, por essa razão, havíamos concluído que Deus não teria maiores bênçãos para nós que aquelas que já havíamos obtido. Mas, em Seul, os nossos olhos foram abertos, em Setembro de 1906, quando o Dr. Howard Agnew Johnston de Nova York, contou-nos sobre o Avivamento em Kassia Hills, na Índia em 1905/6, quando haviam baptizado cerca de 8.200 recém-convertidos em dois anos. Nós, os de Ping Yang, voltamos para casa cheios de vergonha. Éramos cerca de vinte pessoas nas Missões das Igrejas Metodistas e Presbeterianas em Ping Yang. Concluímos que, como Deus não era um Deus que respeitava umas pessoas mais que as outras, Ele não iria derramar menores bênçãos em Ping Yang que sobre Kassia Hills. Por isso, decidimos orar todos os dias ao meio-dia até que uma maior bênção nos fosse dada”.

“Após havermos orado durante cerca de um mês, um dos irmãos falou e disse: ‘Devemos parar com as reuniões de oração, pois nada mudou desde que começamos a orar. Estamos a gastar tempo precioso desnecessariamente. Não creio que o esforço se justifique. Vamos para os nossos empregos como habitualmente e cada um ora em casa conforme lhe for possível orar’. A proposta parecia razoável a todos. Contudo, a grande maioria das pessoas continuou a reunir-se em oração, crendo que Deus não negaria Ping Yang a mesma bênção que havia derramado sobre Kassia”.

Decidiram, então, dar mais tempo às reuniões de oração em vez de menos. Com essa atitude, mudaram o horário das reuniões para as 4:00 da tarde e não eram mais ao meio-dia. As pessoas, então, podiam ficar em oração até quando quisessem, mesmo até à hora do jantar. Faziam pouco mais que orar. As reuniões eram para orar. Se, por acaso, alguma pessoa tinha algo importante para compartilhar com os irmãos, era falado enquanto as pessoas permaneciam absorvidos em oração. Continuaram orando durante quatro meses e, como resultado, todos haviam esquecido as diferenças entre Presbiterianos e Metodistas. Apercebiam-se que eram todos do Senhor Jesus e que só a Ele pertenciam. Era uma união leal de toda a Igreja. Essa união entre crentes foi conseguida através da grande obra que se faz sobre os joelhos. Essa Obra permaneceu. Ela glorificava o nosso Deus.

Durante essa época, o Sr. Swallen, juntamente com o S. Blair, visitaram um dos campos missionários. Conduziram o culto da maneira de sempre, sem nada de diferente. Todos começaram a chorar e a prantear sobre os seus pecados, confessando-os. O Sr. Swallen disse que nunca havia presenciado nada tão estranho e anunciou um hino na esperança de pôr à prova aquela onda de súbita emotividade dentro da audiência. Tentou por várias vezes, mas, foi em vão. Apercebeu-se que outra Pessoa acima dele estava a controlar toda a situação. Foi então que decidiu tornar-se completamente ‘invisível’ e despercebido. Na manhã seguinte, ele e o Sr. Blair, saíram da cidade regozijando-se no Senhor pelas grandes coisas que haviam acontecido naquela estação missionária. Todos louvaram Deus e começaram a crer que o tempo próspero de Ping Yang estava bem próximo.

Era a primeira semana de 1907. Todos mantinham a expectativa de que Deus, finalmente, os abençoaria significativamente durante a semana de oração geral. Mas, chegou o último dia das reuniões gerais de oração, o oitavo dia, e nada de especial havia acontecido ainda. Nenhuma manifestação do poder de Deus havia ocorrido. Só no Sábado à noite cerca de 1.500 pessoas estavam reunidas dentro da Igreja Presbiteriana Central. Seria possível que Deus negaria a bênção e não derramaria o Espírito sobre eles? Todos ficaram alarmados. Finalmente, o Presbítero Keel, o homem que liderava a Igreja, levantou-se e disse: “Eu sou um Acã. Deus não abençoa a Igreja por causa de mim. Cerca de um ano atrás um amigo meu, ao morrer, chamou-me a sua casa e disse-me: ‘Irmão, estou morrendo. Quero que cuide dos meus assuntos e negócios. A minha esposa não consegue fazê-lo’. Eu respondi-lhe: ‘Descanse, irmão. Eu farei isso’. Geri todos os assuntos da senhora viúva, mas, ao mesmo tempo, tirei 100 dólares para mim. Eu sou o responsável e sou eu quem está impedindo Deus de nos abençoar com a Sua presença. Amanhã mesmo irei entregar os 100 dólares de volta à viúva”.

Foi naquele momento que todos se aperceberam que a barreira havia sido quebrada entre eles e Deus e que Deus, o Santo, estaria chegando. A convicção de pecado alastrou-se pela congregação inteira muito rapidamente. O culto havia começado às 7:00 daquele Domingo à noite e prolongou-se até às 2:00 da madrugada de Segunda-Feira. Mas, mesmo depois disso, muitos estavam na fila esperando uma oportunidade de confessar todos os seus pecados. Dia após dia, as pessoas começaram a reunir-se e todos podiam comprovar que o Purificador estava ali presente e não deixava passar nenhuma iniquidade em branco. Ele, uma vez mais, limpava o Seu templo. Que qualquer homem diga o que quiser, mas, estas confissões eram plenamente controladas pelo Espírito Santo e não eram manipuladas por qualquer poder de persuasão humana. Só Deus ou o diabo poderiam mover as pessoas daquela forma. No entanto, nenhuma mente iluminada poderia sequer pensar que aquela obra não estava sendo pessoalmente dirigida e orientada pelo Espírito Santo ao levar os dirigentes máximos de uma Igreja a confessarem publicamente os seus próprios pecados. E o mesmo poderemos afirmar de quase todas as confissões de pecado por toda a Coreia durante aquele ano, salvo algumas excepções. Aquele pecado principal do líder máximo perturbava e impedia Deus de operar enquanto permanecia encoberto.

                                    

ESTE AVIVAMENTO ERA UM AVIVAMENTO “PRÁTICO”?

 

Permitam-me fornecer alguns exemplos práticos.

Um certo médico gabava-se, com frequência, que tinha um dos cozinheiros mais honestos da Coreia. (No Leste, os cozinheiros vivem da fama que têm). Mas, assim que Deus pegou no cozinheiro em questão, ele confessou abertamente: “Sempre roubei ao Doutor. A minha casa foi recheada como muito daquilo que lhe roubava!” O cozinheiro vendeu a sua casa para pagar o que havia roubado ao médico.

Um certo professor tinha a tarefa de comprar um pedaço de terra para a missão. Ele conseguiu o terreno e disse que lhe havia custado $500. O missionário pagou-lhe o dinheiro, apesar de haver reclamado quanto ao elevado preço. Durante o avivamento, esse professor confessou que o terreno lhe havia custado apenas $80. Vendeu tudo o que possuía para poder pagar os restantes $420 que havia roubado à missão.

O Sr. Mackenzie, um correspondente da Guerra, havia tido um moço que lhe tinha roubado quarto dólares. O moço, sob convicção intensa, caminhou cerca de 12 km a pé até alcançar um missionário que enviaria esse dinheiro de volta ao Sr. Mackenzie. Será que é de ficarmos admirados que o Sr. Mackenzie também se tenha tornado um Crente muito forte adoptando o mesmo tipo de Cristianismo prático que se havia instalado na Coreia?

Um certo homem tinha uma esposa e um filho em We Ju. Abandonou-os e acabou enriquecendo em uma outra cidade. Lá, nessa cidade, tornou a casar e nasceram-lhe duas filhas. Ao arrepender-se, arranjou maneira de sustentar essas suas duas filhas, voltou para a sua esposa original e reconciliou-se com ela. Se este tipo de Avivamento ocorrer nos países chamados evangélicos, certamente que causará alguns transtornos difíceis de resolver!

Um diácono, o qual era tido como um homem perfeito, tornou-se muito inquieto assim que o Avivamento começou. Acabou por confessar que havia roubado algum dinheiro dos fundos que eram dados para fins de caridade. Todas as pessoas ficaram de boca aberta com aquela confissão, pois não esperavam nada daquilo de sua parte. Mas, mesmo assim, contribuíram todos para que o diácono conseguisse alcançar paz de consciência e de espírito. Mas, ele ficou com menos paz ainda até haver confessado abertamente, também, haver quebrado o 7º mandamento.

Uma mulher, a qual parecia estar a passar pelas agonias do inferno durante alguns dias, finalmente confessou, em uma reunião, que havia cometido adultério. O missionário que conduzia o culto ficou bastante alarmado e com medo do que poderia suceder, pois o esposo dela estava ali e sabia que, pela lei Coreana, ele poderia matá-la de forma legal por adultério. No entanto, o esposo, lavado em lágrimas, foi ajoelhar-se ao lado da esposa e perdoou-a com muito amor. Como o Sr. Jesus se glorificou ao dizer, também, àquela mulher adúltera Coreana, “Vai e não peques mais”!

Tais acontecimentos extraordinários não poderiam obter outro efeito senão comover as multidões. Por essa razão, as igrejas lotavam. Muitos vieram para as igrejas com intenção de zombar do que se passava. Mas, temiam assim que entravam em lugar santo e começavam a orar espontaneamente. Um líder de um bando entrou na igreja por mera curiosidade. Ele foi convicto dos seus pecados e convertido. Saindo dali, foi entregar-se ao Juiz. O Juiz, admirado, disse: “Você não tem acusador! Você é quem se está a acusar! Não temos lei na Coreia para condenar quem se acusa a ele próprio”. Mandou-o embora em liberdade.

Um oficial Japonês estava aquartelado em Ping Yang por altura do Avivamento. Ele era um convicto das ideias agnósticas do mundo ocidental e, por essa razão, todos os assuntos espirituais eram motivo para desprezo. Contudo, as maravilhosas transformações que estavam a acontecer no mundo à sua volta, não apenas entre Coreanos, mas entre os próprios Japoneses que nem entendiam o idioma no qual as mensagens eram dadas, intrigavam-no tanto que resolveu ir aos cultos para melhor se inteirar do que se passava. O resultado foi Jesus expelir dele todas as suas ideias agnósticas. Tornou-se um fiel seguidor do Senhor.

Como o Sr. Swallen havia dito: “Valeu a pena termos passado aqueles meses em oração intensa, pois, quando Deus veio, Ele alcançava mais em meio-dia que todos os missionários em conjunto alcançariam em meio ano! Em menos de dois meses, mais de dois mil pagãos foram convertidos”. Isto é o que sempre acontece quando é dado a Deus o primeiro lugar das nossas vidas. Mas, a igreja, a qual professa Cristo, não abandona as suas actividades frenéticas para se instalar aos pés do Criador, escutando fielmente em oração tudo que Ele tem para dizer.

O Avivamento que começou em 1903, o qual cresceu de dia para dia, estava, nesta fase, a crescer em um ritmo mais acelerado a partir Ping Yang para toda a Coreia. A meio de 1907 já havia cerca de 30.000 convertidos somente no Centro missionário de Ping Yang. Na cidade existiam cerca de quatro ou cinco igrejas. A Igreja Presbiteriana Central tinha lugar para cerca de 2.000 pessoas se todos se sentassem muito juntinhos. O povo sentava-se no chão em tapetes pequenos. Diziam que, se a igreja central tivesse 2.000 pessoas dentro dela, estariam tão apertados que, se alguém se levantasse para esticar as pernas, não conseguiria tornar a sentar-se porque o espaço deixado vago ficaria automaticamente preenchido. Mas, haviam 3.000 membros nessa igreja e não cabiam todos num só culto. Combinaram que as mulheres assistiriam ao culto primeiro e, depois, os homens entravam para o culto deles. Estava claro que o Avivamento ainda se mantinha vivo em 1910, pois só em Outubro desse ano foram baptizadas 4.000 pessoas em uma semana. Ao mesmo tempo, mais alguns milhares de pessoas enviaram os seus nomes dizendo que haviam decidido tornarem-se crentes.

A sul de Ping Yang, passamos por Songdo, a antiga capital da Coreia. Em 1907, o Avivamento havia adicionado cerca de 500 novos membros à igreja local. Mas, num mês apenas e através de cultos especiais, cerca de 2.500 pessoas haviam sido convertidas.

Quando decidimos visitar Seul em 1907, todas as Igrejas estavam cheias até ao máximo das suas capacidades. Só um missionário havia dito ter baptizado cerca de 500 pessoas numa excursão de seis semanas que havia feito. As suas estações missionárias eram cinco, mas, em um ano, haviam-se multiplicado para vinte e cinco. Durante o ano de 1910, cerca de 13.000 pessoas preencheram cartões pedindo para se tornarem Cristãos e, nesse ano, a Igreja Metodista recebeu 3.000 pessoas através do Baptismo.

Do lado ocidental da capital, no porto de Chemulpo, a Igreja Metodista tinha, em 1907, cerca de 800 membros. Do outro lado do porto havia uma ilha com cerca de 17.000 habitantes. As igrejas locais baptizaram 4.247 pessoas e mais de metade deles haviam-se convertido em apenas um ano. Os Cristãos oravam intensamente para que toda a ilha pertencesse a Jesus.

Em Tai Ku, a capital de uma das províncias do sul, o Sr. Adams contou-nos como ele se propôs fazer uma campanha de conferências durante 10 dias, buscando um avivamento. O Espírito Santo desceu sobre eles no sétimo dia e ele foram todos reavivados. Como resultado, a sua igreja tornou-se pequena demais e muitas igrejas começaram a surgir por todo lado. Em 1905, aceitaram como membros 1976 recém-convertidos; em 1906, 3.867 e, em 1907, 6.144. Ele disse: “Existem igrejas espalhadas pela região que nem conheço e, as quais, nunca visitei. Muitas delas nunca foram visitadas por qualquer evangelista sequer”. Passou-nos a contar como uma igreja se havia formado espontaneamente sem intervenção missionária. Um certo homem daquele distrito havia ouvido o evangelho na cidade e levou com ele um Novo Testamento. Quando chegou à sua aldeia, lia-o para os seus vizinhos até que mais de 50 pessoas se converteram através da leitura. Sentiram, então, que deveriam formar uma igreja local. Mas, não sabiam como fazê-lo. A partir do Novo Testamento compreenderam que a entrada para essa igreja teria de ser através do Baptismo. Contudo, não tinham qualquer noção de como isso deveria ser feito. Depois de consultas e discussões decidiram que todos fossem para casa, tomassem um banho e voltassem para reunirem-se como igreja! Não tenho qualquer dúvida que Deus gostou da ideia também. Um outro centro missionário a norte de Ping Yang, Shan Chun, foi visitado em 1907. Na verdade, ninguém esperava muito de um centro missionário tão jovem, pois os missionários estavam ali estabelecidos apenas há 8 anos. Contudo, quando chegamos lá, já havia 15.348 convertidos. E, nenhum era contado como membro a menos que contribuísse para o suporte da igreja local. Haviam terminado a construção de uma igreja que alojaria 1.500 pessoas. Um ano antes, cabiam cerca de 800 pessoas em sua igreja e, como tinham 870 membros, entenderam que deveriam construir um novo templo. (Durante um ano apenas, cinco novas igrejas tiveram de ser feitas em separado a partir da Igreja Central). Assim que a Igreja acabou de ser construída, aumentou o número de membros para 1.445. E, não havia mais nenhuma família pagã nas imediações da igreja! Todos se haviam tornado Cristãos. Isto torna-se ainda mais notável porque, no mundo ocidental, quanto maior a proximidade, maior é o afastamento da graça. Como podemos explicar que a igreja coreana não tinha uma família por converter por perto? Só pode ser explicado através da operação do Espírito Santo quando é genuíno o Seu movimento. E tudo acontece para glória de Deus. Mais ainda: deve-se ao facto de que, todos os membros viviam uma vida de santidade tal, que todo mundo à sua volta era instantaneamente convicto dos seus pecados, muitas vezes até sem palavras. Eram prontamente convencidos do pecado, da justiça e do juízo.

Em 1916, ouvi um discurso do Sr. Foote, um missionário da costa da Coreia, no qual ele dizia que havia passado um domingo naquele centro missionário. Ele havia estado no culto de Domingo dentro da Igreja que havia sido reconstruída para albergar mais gente e estavam presentes cerca de 2.500 pessoas e, a outra igreja antiga, tinha 500 pessoas dentro dela. A cidade tinha uma população de 3.000 pessoas. Concluímos, por isso, que não havia ninguém em casa e todos estavam na igreja assistindo aos cultos. Nos nossos países, supostamente Cristãos, as pessoas não apreciam a assembleia dos santos. Sei que, em breve, o Mestre terá de dizer algumas coisas olhando o mundo Cristão de frente em seus olhos.

Para que possamos ter uma percepção correcta de como o Avivamento se espalhou para o resto do país a partir desse centro, perguntei ao Sr. Blair para me fazer uma mapa de toda a sua região missionária. Ele tinha escassos minutos para fazer o desenho, pois o comboio estava para chegar. Fez um mapa da região de Noag Chien. A região ia até ao mar, a leste do Rio Yalu. No centro do mapa ele colocou uma igreja com cerca de 350 membros; a nordeste, a 8 km, outra com 400 membros; a leste, a menos de 5 km, uma outra com 750; e continuou a colocar no mapa mais centros missionários que se suportavam a eles próprios. Ao todo, eram catorze só nessa região. O Sr. Whittemore, o homem ao meu lado, dizia-me: ”A obra nessa região não é tão vasta quanto é na região onde me encontro a trabalhar. Existem mais de 5.000 Cristãos na região, ligados a 35 centros missionários que se sustentam a eles mesmos”. Ouvi falar de um lugar que tinha 400 Cristãos, o qual, no ano seguinte, já tinha 3.000. A média era de um crente a cada 45 minutos de cada dia desde que a obra havia começado em 1884. Temos relatos de que, vilas inteiras haviam-se tornado cristãs.

Alguém pode dizer: “Mas, ter membros não quer dizer nada, pois, Jesus, uma vez, estava decepcionado quando uma multidão o seguia!” É verdade. Esse ponto de vista merece crédito. Mas, afinal, que formula devemos usar para saber quantas pessoas se convertem? Vamos investigar o Livro de Actos. Podemos verificar que as almas salvas eram contadas da mesma maneira que se fazia na Igreja da Coreia. Vamos fazer mais algumas comparações entre a Igreja Coreana e os crentes de Pentecostes.

A Igreja Primitiva honrou Deus, o Espírito Santo, deixando todos os afazeres para se dedicarem exclusivamente à oração até que o Espírito de Jesus houvesse descido sobre eles. Contei já como os nossos missionários passaram meses orando e intercedendo para que o Espírito viesse sobre eles. Esses missionários haviam ouvido do Dr. Howard Agnew Johnston a forma como o Espírito abençoou os crentes na Índia, em Kassia. Por essa ocasião, um lenhador de Kang Kai, também ouviu o Dr. Johnston e foi para a sua terra na floresta em Yalu. Em Kang Kai, havia uma igreja com cerca de 250 membros. Ele relatou aquilo que havia ouvido e disse-lhes que o dom do Espírito era a única maneira de a obra de Jesus na Cruz ser devidamente terminada dentro de cada crente e que Ele havia sido prometido a todos os crentes. Era um dom tão fácil de ser obtido quanto seria qualquer outro dom vindo de Deus. Eles honraram Deus pedindo o Espírito Santo todos os dias às 5:00 – não às 5:00 da tarde, mas de todas as manhãs – durante o Outono e o Inverno de 1906-7. Honraram Deus com seis meses de oração sem cessar. E foi, então, que Deus desceu sobre eles, inundando-os com rios de água viva. Desde então, os números cresciam massivamente. Será que todos nós, realmente, cremos em Deus, o Espírito Santo? Sejamos honestos. Será que cremos n’Ele de tal maneira que nos ergamos de madrugada, durante seis meses no frio do Inverno, para O acharmos?

Um zelo cheio de fogo para tornar conhecidos todos os méritos do Salvador era o que muito marcava a Igreja Primitiva. O mesmo afirmamos da Igreja Coreana. Uma vez, foi dito que os pagãos não aguentavam mais a perseguição que os crentes faziam às suas almas. Eles destacavam todas as virtudes do Salvador. Alguns pagãos declararam que iriam vender tudo o que tinham para irem viver para alguma cidade onde não houvesse Cristãos para acharem descanso.

Os missionários de Ping Yang honraram Deus, o Espírito Santo, na Escola. Tinham uma escola com 318 estudantes. No primeiro dia de escola, em 1907, dois missionários estavam desde madrugada na porta do Reitor orando para que Deus tomasse controlo de toda a escola durante todo ano. Sabiam que, se Deus não se apoderasse e controlasse toda a escola, ela formaria apenas estudantes que se tornariam uma séria ameaça para a Coreia. Nos países evangélicos não damos a devida importância ao Espírito Santo e nem Lhe imploramos que controle as nossas escolas e universidades. Na verdade, em muitas delas, são ensinadas coisas ateístas. Não nos importamos (no mundo Ocidental) de nos tornarmos pessoas educadas sem futuro. Os homens em lugares de liderança roubam os dinheiros do governo e, a alguns, são-lhes dadas as oportunidades de passarem despercebidos e encobrirem esses pecados. Esses são os tais homens formados e educados em nossos estabelecimentos de ensino. O temor de Deus não está colocado diante dos seus olhos – nem perto dos seus horizontes sequer. Muitos dos que se formam no mundo evangélico são maus porque nunca nos dispusemos a orar intensamente para que Deus controle as nossas escolas, universidades e sistemas de ensino por completo.

Pouco antes das nove horas da manhã daquela Segunda-Feira, o Espírito Santo convencia todos os estudantes da escola dos seus pecados. Ouviam-se choros em agonia intensa por todo lado. Pouco tempo depois, o escritório do Reitor estava com uma enorme fila de estudantes sob convicção de pecado. As aulas não puderam iniciar-se nesse dia, nem no dia seguinte e, na sexta-feira, ainda não havia condições para começarem as aulas. Na sexta à noite, os alunos que pertenciam à Igreja Presbiteriana haviam conseguido paz de espírito, mas, os da Igreja Metodista pareciam não conseguir. Naquela noite, no entanto, tudo ficou esclarecido. Os alunos que pertenciam à Metodista foram conversar com o seu pastor para que ele os libertasse da promessa que lhe haviam feito. Pareceu-nos que o pastor Coreano tinha ciúmes de o Avivamento não haver começado na Igreja Metodista. Ele obrigou os seus membros a oporem-se ao movimento de arrependimento e afirmou que toda a confissão de pecado pública era inspirada pelo diabo. Mas, na sexta à noite, a agonia daqueles estudantes Metodistas tornou-se insuportável. Foi, então, que resolveram ir falar com o pastor para serem libertados e perdoados da promessa que lhe haviam feito.

Com isso, o pastor lançou-se aos pés dos missionários e confessou que o diabo lhe havia enchido todo o coração com ciúme e inveja porque o Avivamento havia começado nos Presbiterianos. Um dos missionários relatou-me que causava grande temor a todos os que ouviam aquelas confissões dos estudantes. Até os missionários ficavam em temor, pois, parecia que as agonias do inferno haviam sido derramadas sobre eles. Todos os tipos de pecados imagináveis eram manifestos e expostos na luz. Ninguém conseguia escapar àquela luz intensa. Na Segunda-Feira seguinte, todos os estudantes tinham obtido a sua paz com Deus, com os colegas e com os seus professores. O ano lectivo começava sob o reino do Espírito Santo.

Foi por essa altura que cerca de 100 pregadores e cooperadores da Missão Metodista chegaram e permaneceram cerca de um mês na cidade. Todos os missionários unidos em fervorosa oração entregaram esta obra nas poderosas mãos do Senhor, pois, aperceberam-se que não era obra feita pela força, pela violência, mas que era genuinamente através do Espírito Santo. Glorificaram Deus reconhecendo a verdade e a realidade da Sua presença logo desde a primeira reunião. Em poucos dias, as coisas tortas endireitaram-se. O Divino tomou posse das circunstâncias, controlando-as. Eles aprenderam e estudaram muito bem a lição e saíram para fazerem o mesmo.

Poucos dias depois, 550 mulheres escolhidas pela Igreja Presbiteriana, reuniram-se na cidade para aprenderem a Palavra de Deus durante 12 dias consecutivos. Se, no mundo evangélico, ouvíssemos falar que 500 irmãs estavam reunidas todos os dias para estudarem a Bíblia durante 12 dias, logo diríamos que havia algo se passava no meio delas. Antes da guerra, muitas mães em Israel estavam mais zelosas de festas onde se liam as cartas do que pela Palavra de Deus. As mulheres Coreanas haviam abandonado práticas de feitiçaria, de cartas e todas as obras do diabo. Essas 550 mulheres pagaram as suas despesas de estadia com o próprio dinheiro. Duas delas caminharam durante 5 dias para poderem participar dessas aulas sobre a Palavra. Uma levou o seu bebé ao colo nessa longa caminhada de cinco dias. Os missionários e os líderes que haviam sido tocados pelo Avivamento em Ping Yang sabiam, agora, que era o homem e não Deus o principal responsável pela ausência do poder do Evangelho. Sabiam que o Espírito Santo sempre esteve à espera de que os instrumentos humanos se capacitassem a glorificar o Senhor Jesus como merece e da forma que Ele quer que seja feito. Por essa razão, pediram que Ele controlasse tudo desde o primeiro dia e a Sua bênção foi enorme na convicção de todos os pecados, da justiça e do Juízo sobre todos os que continuassem pecando.

Muitas das mulheres abandonaram as coisas que perturbavam a sua comunhão com Deus logo na primeira noite. Mas, outras, conforme nos relatou o Sr. Baird, andaram durante uns quantos dias com um espinho no pé ou com um abcesso que não era aberto para ser limpo. Mas, por fim, vieram limpar-se e conseguiram a mesma vitória no Senhor Jesus através da rendição das suas defesas e da sua entrega pessoal e total. O melhor dos professores, Jesus, ensinou-as pessoalmente a partir daquele dia. Doze dias depois foram para casa. A sua transformação não podia passar despercebida, pois eram evidentemente mulheres cheias do Espírito. Os seus esposos sabiam disso, os filhos viam isso, as suas noras não tinham como não reconhecerem tudo o que se estava passando com elas. Sabemos que, no mundo Cristão Ocidental, as sogras conseguem ser autênticos terrores para as suas noras. Muitas noras buscam alívio no suicídio. E muitas das noras que frequentaram aquelas aulas da Palavra, ficaram igualmente transformadas. Tornaram-se esposas e noras diligentes e fiéis e deixaram de implicar e de ser mesquinhas. Todos os vizinhos delas, os quais eram pagãos, aperceberam-se claramente da grande diferença e da mudança de vida prática nelas e, assim, o Senhor foi glorificado por eles também.

Mal as mulheres se foram dali, chegaram 75 estudantes de Teologia Presbiterianos para aprenderem durante 3 meses. Já tinham um curso de 5 anos, estudando 3 meses cada ano. A Escola de Teologia de Ping Yang é a maior do mundo, a qual tem 200 estudantes. Os professores, pelo curriculum deles, decidiram que eles teriam uma reunião de oração e uma aula de estudo das Escrituras todas as noites na esperança de que se tornassem estudantes cheios de Deus e da Sua plenitude antes que os três meses houvessem passado. Contudo, porque o Espírito Santo estava operante logo desde o primeiro dia, fazendo milagres em suas vidas logo desde o inicio, os seus olhos foram abertos e os professores viram a grande desonra que faziam a Deus ao dizerem que deveriam fazer o melhor durante as aulas e, no final, veriam o que faltava aos estudantes para os endireitarem. Os professores confessaram esse pecado e entregaram os estudantes aos cuidados intensivos de Deus logo desde o início e a sua fé foi honrada. O Espírito fez grandes milagres neles. Apenas Aquele que pode guiar em toda a verdade, guiou-os durante os 3 meses e, através deles, o Senhor foi glorificado, pois somente nesse ano cerca de 50.000 pessoas foram convertidas e entregues aos cuidados das igrejas.

Estes factos comprovam que a Igreja Coreana honrava o seu Senhor ao entregarem-se aos cuidados da prometida plenitude do Espírito Santo, tal qual a Igreja Primitiva faria. Como nos podem ajudar as Igrejas que nos enviaram para estes campos missionários? Que passem o mesmo teste de vida de oração tal qual a Igreja Coreana fez. A oração era uma vida nos tempos da Igreja Primitiva. A Igreja Coreana colocava grande ênfase na sua vida de oração. Naquela semana que os estudantes Metodistas resistiam às convicções do Espírito Santo na escola de Ping Yang, havia estudantes Presbiterianos “com tal peso e dores de parto em seus espíritos pelos seus colegas que nem pareciam as mesmas pessoas em aparência. Mas, continuaram em oração e jejuns e, finalmente, a vitória sorriu-lhes”. Durante esse tempo as escolas abaixo tiveram de encerrar as aulas devido ao espírito de oração que se espalhou pelos estudantes. As lágrimas caíam dos olhos das crianças em cima dos seus livros. Os missionários acabaram por ver que os Coreanos entregavam-se muito à oração. Para eles, era comum passarem noites inteiras orando. Para muitos, era a coisa mais óbvia levantarem-se de madrugada para passarem o tempo orando e aliviando-se dos pesos das dores de parto. O Sr. Swallen disse-nos, uma vez, que ele organizou uma reunião de oração em uma certa manhã às 5:00 da madrugada. Quando ele chegou às 5:00, havia apenas 3 pessoas ajoelhadas orando. Ajoelhou-se, pensando que as pessoas ainda não haviam chegado. Depois de um tempo, comunicaram-lhe que ele se havia atrasado, pois, a reunião tinha terminado pouco antes de ele chegar. Contudo, alguns deles ainda permaneciam em oração. Muitas das pessoas tiveram de andar muito para ali chegarem e atravessaram a região montanhosa para estarem presentes naquela reunião de oração.

Uns anos após o Presbítero Keel haver sido feito pastor principal da Igreja Central de Ping Yang, ele começou a notar que o amor de muitos estava arrefecendo. Decidiu, em conjunto com um dos seus cooperadores mais fiéis, que se encontrariam todos os dias às 4:30 da madrugada para orarem. Um mês após haverem começado a reunir-se para a oração, o povo foi-se apercebendo que eles iam orar cedo e começaram a vir todos os dias às 4:30 da manhã, também. O tempo parecia amadurecido para ser anunciada uma reunião de oração para todos às 4:30 da madrugada. Às 2:00 da manhã seguinte, estavam ali presentes cerca de 400 pessoas esperando que as portas se abrissem. Quando a reunião começou, havia cerca de 600 pessoas. No final da semana, aquela simples reunião de oração já tinha cerca de 700 participantes todos os dias de manhã. O Espírito Santo inundou-os com amor divino e deixaram de ser frios. Abençoada a Igreja que tem um pastor que consegue ver quando as ovelhas começam a cambalear e a esfriar! Oh irmãos, como as nossas Igrejas andam caídas e longe de Deus! Não sabem que, onde dois ou três se juntam em Seu nome Ele lá estará? Mas, imaginemos o povo evangélico Ocidental a sair da cama às 4:30 da madrugada para orar ao Senhor da Glória!

A reunião de oração mais participada no mundo, actualmente, é em Seul, na Coreia. A média de participação é de 1.100. Uma Quarta-Feira à noite, fui a uma reunião de oração em uma Igreja Presbiteriana em Toronto, a qual prosperava muito em termos ocidentais. Era uma ocasião especial, pois um missionário Coreano ia dar a palavra. Durante um tempo, sentei-me sozinho em minha cadeira e, depois de um certo tempo, um certo homem de idade sentou-se a meu lado para me fazer companhia. A reunião estava prestes a começar. Contudo, havia muitos lugares vazios. O senhor do meu lado disse: “Eu não consigo entender porque razão as pessoas não vêm às reuniões de oração. Eu respondi: “É porque as pessoas não acreditam nas suas orações”. Ele olhou melhor para mim, ficando sem saber o que pensar de mim porque não me conhecia. Acrescentei: “Você acha que, se o povo cresse mesmo no que Jesus afirma quando dizia que, “onde dois ou três se reúnem em meu nome, lá estarei”, eles ficavam em casa? O Mestre não pode deixar passar em claro a nossa atitude para com a oração. Na Coreia, qualquer homem que negligenciasse o culto familiar era excluído da Igreja. Contudo, existem Cristãos no Canadá que, de estarem tão ocupados, nem se dão tempo de orarem antes de comer, para agradecer e para que Deus abençoe a comida que comem. O Sr. Foote disse-me que, uma vez, fez uma viagem por toda a Coreia para visitar as Igrejas todas. Certas pessoas perguntaram-lhe se ele não iria visitar os Cristãos que havia depois de um certo vale. Ele disse que nem sabia que havia crentes por ali. Foi à vila e encontrou muitas pessoas à espera de alguém que os baptizasse e outros para serem admitidos como pregadores do evangelho. Ele perguntou se eles tinham culto doméstico em suas casas. Responderam todos que tinham dois cultos domésticos por dia. Perguntou quantas famílias Cristãs havia por ali. Responderam que eram 24. Só havia 24 famílias na vila inteira! Todos eram crentes! Dá para imaginar? Um altar em cada lar!

Um missionário em Manchuria, na China, enviou dois evangelistas para Ping Yang para verem tudo o que se passava no avivamento. Quando eles voltaram, perguntou-lhes se os missionários locais haviam aberto muitas capelas nas ruas. Eles responderam que não havia nenhuma capela. Disseram: “Não precisam de capelas porque cada crente é um templo de Deus nas ruas!” Obreiros Cristãos eram conhecidos por passarem os seus verões em certas áreas para evangelizar. Os mercantes, conforme viajavam de terra em terra, contavam histórias maravilhosas. Um mercante de chapéus convertido em um dos avivamentos na costa leste, foi instalando comunidades pequenas de Cristãos por onde passava. Ele fez cerca de uma dúzia de Igrejas pequenas por todo lado. Só em uma delas havia 70 membros! Um estudante teve um mês de férias e passou-as em um certo distrito a evangelizar. Ele conseguiu 100 almas para o Senhor. Um outro estudante resolveu em seu coração falar pelo menos com seis pessoas por dia sobre as suas almas. No fim de nove meses, ele havia falado a 3.000 pessoas. Aos Cristãos medianos do Ocidente nem durante uma vida inteira falariam com tantas pessoas sobre Cristo.

Um certo ano, os Metodistas do sul tinham tal escassez de fundos que nem as escolas podiam ser construídas em Songdo, onde havia cerca de 150 estudantes prontos para começarem a estudar. Yun Chi Ho, um ex-ministro da educação, voluntariou-se a dar aulas a esses estudantes. Os moços, sob a sua liderança, levantaram um edifício de madeira e cobriram o tecto com palha e começaram as suas aulas. Já falei de como o Presbítero Keel avivou os crentes mornos através das orações de madrugada. Uma carta dirigida pelo pastor, por essa ocasião, afirmava que crianças de 8 e 9 anos de idade, depois das aulas, saiam para as ruas e, com lágrimas nos olhos, pegavam nas pessoas nas ruas implorando que entregassem as suas vidas ao Salvador. Ele disse: “Durante os últimos 3 dias, cerca de 400 pessoas vieram entregar-se a Cristo”. Isso foi conseguido através da obra das crianças depois de saírem das aulas. As pessoas que os ouviam sentiam-se dilaceradas em seus corações por causa dos seus pecados.

Após as aldeias nas ilhas da Coreia haverem sido evangelizadas, os missionários começaram a olhar para os campos de lavoura no continente. Em uma assembleia na Igreja Presbiteriana em Seul, uns anos atrás, foi decidido enviarem missionários para Shantung, na China. Quando foram pedidos voluntários para essa missão, todos se ergueram para serem enviados. Quatro deles acabaram por ser escolhidos. Todos ficaram com inveja daqueles que haviam sido escolhidos. Nunca tal coisa havia acontecido em uma assembleia em nossos países Ocidentais e Cristãos. A graça, a qual haviam recebido de graça, é altamente apreciada na Coreia. Por essa razão, davam gratuita e voluntariamente. O mais importante era a visível bênção de Deus sobre quem saia em missões. A unção era bem clara. Em 1917, o Pastor Keel encontrava-se na Costa dando aulas da Bíblia ao povo e o poder de Deus manifestava-se de tal maneira que todas as pessoas derretiam-se mal a palavra saia e confessavam todos os seus pecados abertamente. A mais triste de todas as tristezas é sabermos que temos o poderoso Espírito Santo à nossa disposição para implantar e semear Cristo nos próprios corações das pessoas do Canadá e dos Estados Unidos tal qual faz na Coreia. Contudo, não encontra canais adequados e disponíveis para fazê-lo como deve.

 

CHORAVAM QUANDO NÃO TINHAM MAIS NADA PARA DAR

 

Um coração aberto era uma das características da Igreja Primitiva. Os Coreanos também sofriam do mesmo bem. Em um certo lugar, um missionário confidenciou-me que não se atrevia sequer a falar em dinheiro, pois o povo dava mais do que era necessário. Gostaria de conhecer algum pastor Ocidental que conseguisse dizer o mesmo da sua congregação. No ano que visitei esse centro missionário, eles suportavam 139 missionários, homens e mulheres, professores da Bíblia e pregadores. Só nesse ano, os Obreiros aumentaram em ainda mais 57. Aquele missionário dizia: “Quando nos apercebemos que a igreja era pequena demais para as necessidades do povo, resolvemos construir uma igreja com capacidade para 1.500 pessoas. O povo ali presente deu todo o dinheiro que possuía. Alguns homens deram os seus relógios para serem vendidos, as mulheres entregaram todo tipo de jóias que possuíssem. Outros entregaram terras. Eles deram tudo o que possuíam e ainda começaram a chorar porque não tinham mais para dar. A Igreja foi construída sem contrairmos qualquer dívida!”

Um certo missionário em um centro muito pobre mencionou que era muito difícil e inconveniente que as pessoas se reunissem nas casas. Depois, alguém disse que alguém queria vender uma porção de terra por 30 dólares. O pastor disse ao povo: “Ide e comprai o terreno”. O Povo respondeu: “Mas, pastor, não temos como comprar, pois somos muito pobres. Você não nos entendeu quando dissemos que havia alguém com esse terreno. O que queríamos é que o senhor nos desse o dinheiro para o comprarmos”. O pastor disse: “Não. Será muito bom ser vocês a conseguirem isso. Vocês precisam comprar a vossa própria Igreja”. Contudo, todos os homens enxergavam apenas a sua pobreza extrema.

Foi então que as mulheres se levantaram e disseram: “Se os homens não compram o terreno, nós compraremos!” Elas reuniram todas as jóias que tinham e venderam. Contudo, a venda havia rendido apenas 10 dólares. Então, uma das mulheres vendeu uma cafeteira de bronze que tinha, outra vendeu duas e outra vendeu uns pauzinhos de bronze que usava para comer. Na Coreia, todos os utensílios de cozinha são feitos em bronze. Depois de vendido, conseguiram os restantes 20 dólares. Agora que tinham os 30 dólares na mão, as mulheres compraram o terreno para a Igreja. Como é mais abençoado dar que receber, as mulheres ainda foram abençoadas com uma visão da necessidade das pessoas perdidas nas outras vilas vizinhas. Decidiram juntar todos os meses 6 dólares para enviarem um evangelista para trabalhar na obra do Senhor no meio daquele povo.

Em um outro local, o missionário estava presente no dia da consagração da Igreja. Foi descoberto que ainda estavam a dever 50 dólares no final da construção. Um membro da Igreja levantou-se e disse: Pastor, na próxima semana irei trazer os 50 dólares para pagarmos essa dívida”. O missionário conhecia o homem e sabia que ele era extremamente pobre e disse-lhe: “Não penses em fazer esse esforço sozinho! Todos iremos unir-nos para podermos pagar essa dívida”. Estas igrejas são daquelas que não têm vergonha de dizer que têm uma dívida. No Domingo seguinte, o homem pobre apareceu com os 50 dólares, conforme havia prometido. O missionário estava perplexo e perguntou-lhe como ele havia conseguido. O homem respondeu: “Pastor, não se preocupe, o dinheiro é limpo!” Umas semanas depois, o missionário viajava pela área em trabalho e chegou à casa do homem. Perguntou à esposa onde ele estava. Ela respondeu: “No campo lavrando!" O missionário dirigiu-se ao campo e viu algo extraordinário. Ele viu o velho homem segurando o arado e o filho puxando para lavrar! Perguntou o que havia feito com a mula dele. Ele respondeu: “Não é bom que uma Igreja do Senhor Jesus esteja devendo 50 dólares a alguém. Por isso, vendi a minha mula para podermos pagar essa dívida”

Uma outra prova que a Igreja da Coreia tem o mesmo Espírito que a Igreja Primitiva, é o seu zelo pela Palavra de Deus. Por altura do Avivamento não conseguiam imprimir Bíblias suficientemente rápido para cobrir a procura. Em um ano apenas, cerca de 6.000 Bíblias foram vendidas em Ping Yang. Todos aprendem a Bíblia, até as mulheres mais iletradas. Todos os crentes que viajam levam a Bíblia consigo. Durante a viagem, visitavam tabernas, locais de alojamento, hotéis e muitos eram salvos dos seus pecados. No nosso país, o povo Cristão não faz o mesmo uso da sua Bíblia. Uma vez, viajando em um comboio, lia a minha Bíblia. Notei como um homem me olhava de uma maneira estranha, cheio de curiosidade. Ele não conseguiu resistir por muito tempo aquela curiosidade e veio ter comigo e disse: “Perdoe-me, mas eu nunca vi uma única pessoa em uma viagem lendo a Bíblia ou um hinário a menos que seja um padre ou um Irmão Plymouth. O que você é?” Respondi que não era nenhum dos dois. “O que o senhor é então?” “Sou um missionário na China”. Ora, porque razão é uma coisa tão estranha alguém estar a ler a Bíblia, o melhor dos livros? Eu já vi pastores e líderes das Igrejas jogando cartas durante viagens idênticas em barcos e comboios!

Os Coreanos têm um provérbio que diz que os mais velhos têm o direito de criticar os mais novos e que, se depois da crítica ainda restarem argumentos nos mais novos, que os mais novos têm, por sua vez, direito de criticar os mais velhos porque não fizeram bem o seu trabalho. Nos países Cristãos, esses direitos estão deturpados. Os jovens criticam tudo aquilo que lhes apetece. Os Coreanos admitem e acreditam que a crítica mais antiga está na Bíblia. Por essa razão, eles acreditam que a Bíblia deve criticá-los em primeiro lugar e, depois disso, nada sobra da vida deles para terem como criticar o Livro de Deus. Eu creio nesse tipo de criticismo. Nunca é demais sermos criticados pela Bíblia dentro daquele espírito Coreano. Caso os homens fossem mais humildes em nossos seminários, muitos dos livros de Teologia seriam queimados ao invés de estudados, tal e qual fizeram aqueles que queimaram os seus livros de sabedoria e de magia quando Paulo entrou em Éfeso! Se isso acontecesse, certamente que haveria um grande avivamento em todo mundo.

Quando os pastores e evangelistas Coreanos foram lançados nas prisões pelos soldados Japoneses, nunca perdiam o seu tempo, antes usavam-no para lerem as suas Bíblias e se apetrecharem ainda melhor. Um deles leu toda a Bíblia 7 vezes durante a sua estadia na prisão e exclamou: “Nunca imaginei que o meu Salvador fosse tão maravilhoso assim!” Um outro pensava que os Japoneses iriam tirar-lhe a Bíblia para destruí-la. Por essa razão, ele memorizou o livro de Romanos e estava a memorizar o livro de João quando foi liberto. Caso uma perseguição genuína se levantasse no mundo Cristão, creio que a Bíblia seria mais apreciada do que aquilo que é actualmente.

Na vila onde o Sr. Foote descobriu que todas as famílias eram crentes, ele baptizou 25 pessoas. Ele perguntou ao primeiro voluntário se conhecia alguma parte das Escrituras. Ele respondeu que sim e começou a recitar. Ele falou de memória mais de 100 versículos, uns atrás dos outros. O Sr. Foote parou-o e perguntou ao candidato seguinte, temendo que aquele primeiro candidato fosse fazer os outros sentirem-se mal. Para sua surpresa, ele descobriu que todos os candidatos sabiam mais de 100 versículos! E eram pagãos que vieram a Cristo.

Uma das razões porque a Igreja Coreana é tão forte e tão eficiente, deve-se aos estudos Bíblicos aos quais são fiéis. Em um ano apenas, foram dados 1.400 estudos bíblicos a 90.000 estudantes de todas as idades em Ping Yang. Eles mesmos pagavam as despesas para frequentarem essas aulas de estudos bíblicos. Só em um centro, cerca de 1.800 pessoas assistiram aos estudos bíblicos. Em outro lugar, não havia acomodações e quartos suficientes para todos os que vieram assistir. Foi pedido aos pagãos para disponibilizarem hospedagem aos visitantes. Foi-nos relatado que, todas aquelas famílias pagãs que receberam esses crentes como hóspedes, foram convertidas.

Nenhuma pessoa era velha demais para assistir à escola dominical e aprender a Bíblia. Em um dia chuvoso fomos investigar se havia gente nas aulas dominicais antes dos cultos. Em alguns deles, não cabia mais gente sequer!

A Igreja Primitiva alegrava-se com o facto de que eram achados dignos de sofrerem pelo nome de Jesus. O mesmo espírito e atitude achamos entre os crentes da Coreia. Não era de estranhar que os Japoneses se enchessem de ciúme e fúria ao ponto de perseguirem os crentes Coreanos. Havia queixas absurdas contra os Cristãos em Shun Chun. Diziam que eles estavam em conspiração contra o General Terauchi, o Governador! Nunca houve qualquer ideia de conspiração, mas, mesmo assim, muitos líderes Cristãos foram lançados nas prisões. Era conhecido de todos como eles eram brutalmente torturados pela polícia nas celas para serem obrigados a dizerem aquilo que os Japoneses desejavam que confessassem. Eram pendurados pelos dedos polegares e queimados com ferros quentes. Um homem desmaiou 7 vezes sob tortura. Contudo, todos permaneceram fiéis e os tribunais acabaram por libertá-los, todos como inocentes.

Havia um homem que pregava em sua vila. Ele foi condenado pelos seus líderes a ficar sem casa e sem nada. Ele não recorreu aos tribunais para reclamar os seus direitos, mas, através da graça de Deus, permaneceu doce e fiel como sempre. Ele, humildemente, suportou todos os insultos e continuou pregando Cristo com um coração puro e livre de amargura. O final da história foi que a sua tribo inteira foi convertida a Cristo! Foi-lhe devolvido tudo que lhe haviam tirado. Não foi preciso recorrer aos tribunais.

Havia um homem que, enquanto visitava a cidade, foi convertido e confessou o Senhor Jesus através do Baptismo. Depois, saiu para contar a todos a maravilhosa História de Jesus. A sua tribo recebeu-o mal e ficaram enfurecidos contra ele. Espancaram-no quase até à morte. Ao ser trazido ao hospital, comprovaram que a sua vida estava presa por um fio. Após algumas semanas, o médico mandou-o para casa, mas, avisou-o que poderia ter uma hemorragia a qualquer momento. Esse crente comprou muitos livros sobre a salvação e, durante três anos, percorreu todo o seu distrito distribuindo literatura e anunciando o Evangelho de Quem tanto amava. Certo dia teve a anunciada hemorragia e faleceu e foi para casa morar perto do seu Salvador e Senhor. Mas, no distrito onde o quiseram matar, ele deixou 11 Igrejas plantadas.

Certamente que o Espírito Santo sempre esteve a glorificar o Senhor Jesus na Coreia, tal e qual fazia em tempos na Palestina no primeiro século. Isto é um verdadeiro desafio ao mundo chamado Evangélico. Precisam acordar para a realidade que lhes foi prometida e, da qual, nem fazem caso. Devem fazer como os seus irmãos da Ásia fizeram. Eles conseguiram deixar comprovado que não é através da força, nem da violência que o Reino de Deus é manifesto ao mundo. Em toda a humildade entregavam-se a Jesus e, logo de seguida, rendiam-se a uma vida de plenitude que se tornava evidente através das suas vidas e vivências pessoais. Deus espera com intensidade para nos visitar da mesma maneira e com a mesma plenitude de salvação. Mas, que fique claro que precisamos pagar o preço real para não acontecer ficarmos com a fama de estarmos vivos e, ainda assim, virmos a ser condenados porque desprezamos Aquele que nos dá tão grande salvação de graça.

 

Publicado nos Estados Unidos da América em Inglês.

Traduzido por José Mateus (zemateus@msn.com)