1 De Janeiro

Não escapemos do Ponto Crucial

"Segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte", Fil.1.20

Tudo Para Ele. "Segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado..." Todos nós nos sentiremos muito envergonhados se não nos rendermos a Jesus justamente naquilo em que ele pediu que o fizéssemos. Paulo diz: Estou determinado a entregar tudo para ele". Fazê-lo é uma questão de vontade e não de discussão ou de racionalização mental e teológica, mas duma rendição da vontade que somos, uma rendição absoluta e irrevogável em tudo quanto nos pede. Uma consideração excessiva por nós próprios é o que nos tem como impedir de tomarmos essa decisão a sério, mesmo embora a rotulemos de consideração pêlo próximo quando não é deveras séria. Quando levamos em conta o que a nossa obediência ao apelo de Jesus custará aos outros, na verdade estamos como que explicando a Deus que ele não sabe o que ela significa. Não fujamos do ponto crucial; ele sabe. Desmanchemos todas as outras considerações e mantenhamo-nos diante de Deus com este único propósito: "Tudo Para Ele". Estou decidido a viver absoluta e inteiramente só para ele?

A ousadia que possuo para a Sua santidade. Quer isso implicasse a vida ou mesmo a morte, não importa! V. 21 Paulo decidira que nada o impediria de fazer exactamente o que Deus queria. A ordem de Deus tem de conseguir trazer e produzir uma crise em nossa própria vida, caso não a atendamos se vier de forma mais suave. Ele nos conduz ao ponto em que nos pede para darmos o máximo de nós por ele e nós começamos a argumentar que o extremo é demasiado. Então ele lança mão de uma crise providencial sobre nós na qual somos forçados a tomar uma decisão — a favor ou contra; logo ali, nesse ponto deparar-nos-emos perante uma grande encruzilhada.

Se você enfrenta agora essa crise em qualquer aspecto da vida, renda a sua vontade a ele de forma absoluta e irreversível.

 

2 De Janeiro

Você "Partirá"sem Saber
Para Onde?

"E partiu sem saber aonde ia", Heb.11.8

Você já "partiu" dessa forma? Nesse caso, se alguém lhe perguntou o que estava fazendo, não foi possível dar uma explicação lógica, foi? Uma das dificuldades no trabalho cristão é essa mesma pergunta: "O que pretende fazer?" Você não sabe o que fazer; a única coisa que se sabe é que Deus sabe o que está fazendo. Torne a avaliar continuamente essa sua atitude para com Deus e verifique se está realmente "partindo", confiando somente nele. Somente essa atitude obterá de si poder para manter-se em permanente expectativa – você não sabe o que Deus vai fazer no passo seguinte. Seu erguer a cada manhã – será uma nova "partida", confiando mais e mais em Deus? "Não andeis ansiosos pela vossa vida... nem pelo vosso corpo" – não se preocupe com nenhuma das coisas com que se preocuparia antes de haver "partido".

Você vem questionando Deus sobre o que ele vai fazer? Ele nunca lho dirá. Deus não nos revela o que vai fazer; ele revela sua Pessoa. Você crê num Deus que opera milagres? Então "partirá" apenas sob total submissão a ele até não ficar nem um pingo seu suspenso ainda diante de nada que só ele possa fazer?

Se Deus é de fato o Deus que você conhece nos momentos em que está mais próximo dele, que impertinência é qualquer uma das suas preocupações! Que sua atitude constante seja uma contínua "partida", em total dependência de Deus; e sua vida adquirirá uma inefável graça, motivo de satisfação para Jesus. Você tem que aprender a "partir", abrindo mão de convicções pessoais, crenças, experiências, até que, no tocante à sua fé em Deus, nada jamais seja achado entre si e ele.

 

3 De Janeiro

Nuvens e Escuridão

"Nuvens e escuridão o rodeiam", Salmo 97:2.

Um homem que nunca nasceu do Espírito de Deus pode até dizer que os ensinos de Jesus são simples. Mas, depois que alguém é baptizado com o Espírito Santo, descobre que "nuvens e escuridão o rodeiam". Quando procuramos conhecer melhor tudo quanto Jesus Cristo nos delegou escrito, teremos a primeira percepção deste facto também: a única possibilidade de compreendermos os ensinos de Jesus é pela iluminação do Espírito de Deus em nosso íntimo. Se nunca tivemos a experiência de tirar dos "pés religiosos" tudo quanto calçamos religiosamente e de nos libertarmos de toda a familiaridade imprópria para uma devida aproximação a Deus, é de se duvidar que já tenhamos alguma vez estado em sua presença. As pessoas que manifestam irreverência e excessiva familiaridade a Jesus Cristo, serão aquelas que nunca lhe foram apresentadas. Depois da maravilhosa alegria e liberdade de conhecer o quanto Jesus Cristo faz, advém-nos aquela impenetrável escuridão de tentar compreender quem ele é. Jesus disse: "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida." A Bíblia era para nós meras palavras formais – nuvens e trevas – e eis que, de repente, as palavras passam a ser espírito e vida, porque Jesus as repete imprimindo em nós sob determinadas condições. Essa é a maneira através da qual Deus nos fala, não através de visões e de sonhos, mas antes de palavras. Quando alguém se chega a Deus, fá-lo através da mais simples das maneiras – por meio de palavras, falando.

 

4 De Janeiro

Por que Não Posso Seguir-te Agora ?

"Pedro lhe disse: Senhor, por que não posso seguir-te agora?" João 13.37

Há ocasiões em que você não consegue entender por que não pode fazer aquilo que quer. Quando Deus lhe apresentar um espaço em branco, tome o cuidado de não o preencher logo ali à pressa; espere. O espaço em branco pode ser para lhe ensinar o que significa santificação, ou poderá vir após a santificação para ensinar-lhe o que significa labor. Nunca se antecipe à orientação de Deus. Se houver a mais leve dúvida, será porque ele não o está guiando. Sempre que houver dúvida — não faça nada.

No começo, pode ser que veja claramente que é a vontade de Deus que faça algo – romper uma amizade, ou uma relação comercial – algo que você sente nitidamente, diante de Deus, ser orientação Sua directamente para si naquele momento; mas, não faça nada sob o impulso desse sentimento. Se o fizer, acabará criando dificuldades que levarão anos a serem corrigidas. Espere até chegar a hora de Deus e ele o fará sem causar qualquer mágoa ou desapontamento. Quando se tratar da vontade providencial de Deus, deixe Deus agir por Ele.

Pedro não esperou em Deus; ele tentou imaginar como a sua fé teria de ser provada, mas essa prova veio num módulo que ele não esperava. "Senhor, estou pronto a ir contigo... para a morte." A declaração de Pedro foi sincera, mas ingénua. "Jesus lhe disse: antes que o galo cante (...) três vezes negarás que Me conheces". Com essas palavras Jesus revelou um conhecimento mais profundo de Pedro do que o próprio Pedro possuía. Não podia seguir Jesus porque não se conhecia a si mesmo, nem sabia do que era (in)capaz. Uma devoção natural pode impelir-nos para Jesus, ou fazer-nos sentir o seu fascínio, mas, nunca nos tornará discípulos no verdadeiro sentido da palavra. A devoção natural, de uma forma ou outra, terminará sempre negando a Jesus.

 

5 De Janeiro

O "Após" da Vida de Poder

"Para onde vou, não me podes seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás", João 13.36.

 "Depois de assim falar, acrescentou-lhes: segue-me." Três anos antes, Jesus lhe dissera: "Segue-me" e Pedro o seguira facilmente, preso ao fascínio de Jesus, sem precisar que o Espírito Santo o impelisse a fazê-lo. Depois, houve o momento em que negou a Jesus e seu coração se abalou. Recebeu, depois, o Espírito Santo e eis que Jesus lhe tornou a dizer: "Segue-me". Ali e agora nada mais há diante dele, ninguém mais, a não ser o Senhor Jesus Cristo. O primeiro "Segue-me" nada tinha de místico, fora um seguir externo; agora é um seguir que implica um certo martírio interior, João 21.18.

Entre a primeira e a segunda vez, Pedro negara a Jesus com pragas e maldições e verificou que sua própria força e auto-suficiência para nada lhe serviriam mais. Não havia nele uma só fibra na qual pudesse voltar a confiar e, nesse estado de desprimor e desvalorização, passou a ter as condições para poder receber o dom do Senhor ressurrecto. "Soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo". Não importa quais as mudanças que Deus haja operado na sua vida – nunca confie nelas; confie apenas na Pessoa, no Senhor Jesus Cristo e no Espírito que ele ainda dá.

Todos os nossos votos e resoluções acabarão negando Jesus porque não temos forças para cumpri-los. Quando compreendermos que não somos nada por nós mesmos, não apenas imaginariamente, mas em facto comprovado de toda a realidade, aí então poderemos receber o Espírito Santo. "Recebei o Espírito Santo" – dá-nos a ideia de uma invasão. Nossa vida passa a ter apenas uma estrela que guia – o Senhor Jesus Cristo.

 

6 De Janeiro

Adoração

"Passando dali para... Betel, armou a sua tenda, ficando Betel ao ocidente e Ai ao oriente: ali edificou um altar", Gen.12.8.

Adorar é dar a Deus o melhor que ele nos tem dado. Cuidado com o que você faz com o que possui de melhor. Sempre que receber uma bênção de Deus, devolva-a a ele como uma dádiva de amor. Passe alguns momentos em meditação diante de Deus para ter como devolver-lhe a bênção recebida, num deliberado acto de adoração profunda. Caso guarde ainda alguma coisa para si mesmo, ela apodrecerá, como aconteceu com o maná que se guardou em desconfiança. Deus jamais permitirá que retenha uma bênção espiritual só para si; terá que devolvê-la a Ele para que, por sua vez, ele a transforme em bênção para os outros.

Betel é um símbolo de comunhão com Deus; a cidade de Ai simboliza o mundo. Abraão armou sua tenda entre as duas cidades. O valor da nossa actuação para Deus no mundo é medido pela profunda comunhão em privado que mantemos com ele. A pressa é sempre um erro; devemos sempre dispor de todo tempo para adorar a Deus. Temos que armar nossa tenda onde sempre possamos ter muitas horas tranquilas com Deus, por mais ruidosas que sejam nossas horas neste mundo. Os três aspectos da vida espiritual – adoração, espera e labor – não são sucessivos, mas simultâneos. Alguns de nós andam aos saltos como rãs, saltando da adoração para a espera e da espera para a obra. O plano de Deus é que os três operem em conjunto. Estiveram sempre juntos na vida do Senhor. Ele não corria, mas também não parava. Isso é disciplina; não há como conseguir agir assim de uma hora para a outra, sem mais nem menos.

 

7 De Janeiro

Intimidade com Jesus

"Há tanto tempo estou convosco, e não me tendes conhecido?" João 14.9.

Estas palavras não são uma censura, nem tão pouco exprimem surpresa por parte de Jesus; são um incentivo a Filipe. Jesus é a última pessoa que chegamos a conhecer intimamente. Antes do Pentecostes, os discípulos conheciam Jesus como aquele que lhes dera poder para vencer demónios e para promover um avivamento, Luc.10.18-20. Era um excelente nível de conhecimento; mas havia um nível ainda mais elevado – "Eu vos chamo amigos". A amizade é rara na terra. Ela significa identificação mútua de pensamento, alma e espírito. Toda a disciplina da vida tem por finalidade capacitar-nos a entrar nesse relacionamento mais íntimo com Jesus Cristo. Recebemos as suas bênçãos e conhecemos a sua Palavra, mas será que o conhecemos como Ele é?

Jesus disse: "Convém-vos que eu vá" – aquele relacionamento precisava terminar para que ele pudesse elevá-los a um relacionamento mais sublime. Será sempre uma alegria para Jesus ver um discípulo seu interessar-se por viver através duma maior intimidade n’Ele. O aparecimento de frutos é sempre apresentado como a manifestação de uma união íntima com Jesus Cristo, João 15.1-4.

Depois que nos tornamos íntimos com Jesus, nunca nos sentiremos sós, nunca precisamos de conforto; podemos dar de nós mesmos o tempo todo sem nos sentirmos desprovidos de nada. A pessoa que conhece Jesus intimamente nunca deixará para outros suas impressões próprias, mas apenas a impressão de que Jesus está achando o caminho livre através de sua vida, já que o derradeiro abismo que restava em sua natureza foi totalmente preenchido por Jesus. A única impressão deixada por uma vida assim é a grande firmeza interior que o Senhor dá àqueles que se tornam íntimos com Ele.

 

8 De Janeiro

Será que Meu Sacrifício É Vivo?

"E Abraão edificou um altar... e amarrou Isaque, seu filho", Gen.22.9

Esse incidente prefigura um equívoco que cometemos ao pensar que o sacrifício supremo que Deus requer de nós é a morte. O que Deus quer é um sacrifício através da morte, o qual capacita-nos a fazer o que Jesus fez, ou seja, sacrificar nossa vida para viver com Ele. Não se trata de "Eu quero morrer contigo", mas, "Quero ser identificado com a tua morte, de modo que possa sacrificar minha vida vivente para Deus". Parece que pensamos que Deus quer que renunciemos às coisas!

Deus corrigiu esse conceito errado em Abraão e consegue a mesma correcção em nós ainda. Não há nenhum texto no qual Deus nos diga para renunciarmos a coisas apenas pelo prazer de renunciá-las. Ele diz-nos que devemos renunciar a elas por amor do único bem que vale a pena ter – a vida com ele. Tudo é uma simples questão de se poderem soltar as amarras que fazem de nossa vida um molhe. Assim que isso acontece, através da identificação com a morte de Jesus, entramos num relacionamento com Deus por meio do qual podemos oferecer nossa vida como sacrifício único a ele.

De nada adianta a Deus você dar-lhe a sua vida para morrer. Ele quer que você seja um "sacrifício vivo", para que ele possa dispor de rodos os seus potenciais, agora salvos e santificados através de Jesus. Isso é que é sacrifício aceitável a Deus.

 

9 De Janeiro

Introspecção E Intercessão

"E o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e
irrepreensíveis",
1 Tes.5.23.

"E o vosso espírito, alma e corpo..." O grande trabalho místico do Espírito Santo processa-se nas áreas mais recônditas de nossa personalidade, nas veias de nosso ser, às quais não temos acesso. Leia o Salmo 139; ali o salmista sugere o seguinte: "Tu és o Deus das alvoradas, o Deus das vigílias nocturnas, o Deus dos picos das montanhas e o Deus dos mares; mas, Deus meu, minha alma tem horizontes mais vastos do que as alvoradas, as trevas mais densas do que as noites da terra, picos mais altos que qualquer montanha, profundezas maiores que qualquer mar. Tu, que és o Deus de tudo isso, sê o meu Deus. Não posso atingir as alturas nem as profundidades; há motivações que não consigo desvendar, sonhos que não posso alcançar — meu Deus, sonda-me."

Acaso acreditamos que Deus pode proteger nossa mente para além do ponto onde chega nossa consciência? "O sangue de Jesus Cristo... nos purifica de todo pecado" – se isso se refere apenas à nossa experiência consciente, que Deus tenha misericórdia de nós! Uma pessoa que se tornou calejada por seu pecado, dirá que não estará consciente dele. A purificação do pecado atinge as alturas e profundezas do nosso espírito, se nos mantivermos na luz como Deus está na luz e o próprio Espírito que alimentou a vida de Jesus Cristo alimentará a vida do nosso espírito seguramente. Só depois de sermos protegidos de Deus através da grandiosa santidade do Espírito Santo é que nosso espírito, alma e corpo serão plenamente preservados em integridade imaculada, irrepreensíveis aos olhos de Deus, até que Jesus venha.

O facto é que não permitimos que nossa mente medite, como deveria, nessas grandes verdades vindas da boca de Deus.

 

10 De Janeiro

A Visão Aberta

"Para lhes abrir os olhos... a fim de que recebam..." Act.26.18.

Esse versículo é a mais sublime definição condensada de cada real discípulo de Jesus Cristo em todo o Novo Testamento.

A primeira obra soberana da graça acha-se resumida nestas palavras, "que eles possam receber a remissão dos pecados". Quando alguém falha na sua experiência cristã, quase sempre é porque nunca recebeu coisa alguma. O único sinal de que alguém foi salvo é ele ter recebido algo de Jesus Cristo. Nossa parte, como obreiros de Deus, é abrir os olhos dos homens a fim de que possam voltar-se das trevas para a luz; mas isso não é salvação, isso é conversão – é o esforço pessoal dum ser humano que já foi despertado. Não creio que seja exagero dizer que a maioria dos cristãos nominais pertence a essa categoria; seus olhos foram abertos, mas, nada receberam e apenas se esforçaram. Conversão não é regeneração. Esse é um dos factores mais negligenciados em toda a nossa pregação de hoje. Quando alguém nasce de novo, ele sabe que isso aconteceu porque recebeu uma dádiva do Deus todo-poderoso e não por causa duma decisão própria. As pessoas podem registrar o voto de seguir a Cristo e assinar em baixo como compromisso e disporem-se a cumpri-lo, mas, nada disso significa salvação. A salvação significa que fomos levados pela autoridade de Jesus Cristo ao ponto em que recebemos uma dádiva de Deus, a saber, a remissão de todos os nossos pecados.

Segue-se, então, a segunda grande obra da graça: "e herança entre todos os que são santificados". Na santificação, a alma regenerada entrega deliberadamente a Jesus Cristo todos os direitos que tem sobre si mesma e identifica-se inteiramente com o interesse de Deus pelo nosso próximo.

 

11 De Janeiro

O que a Minha
Obediência a Deus Custa aos Outros

"Constrangendo um cirineu, chamado Simão... puseram-lhe a cruz sobre os ombros", Luc.23.26.

Se obedecermos a Deus, isso por vezes irá custar mais a outras pessoas do que a nós próprios e isso é doloroso de se ver. Quando amamos profundamente ao Senhor, a obediência não nos custa nada, é um deleite; mas, custará muito àqueles que não o amam. Se obedecermos a Deus, isso quer dizer que os planos de outras pessoas serão afectados e elas escarnecerão de nós. "Você chama isso de cristianismo?" Porém, se quisermos obedecer a Deus, não poderemos evitar esse sofrimento a ninguém; devemos antes deixar que o preço total seja pago.

Nosso orgulho se entrincheira num ponto que diz: "Nunca aceitarei nada de ninguém". Mas, ou o aceitamos, ou então estaremos preferindo desobedecer a Deus. Não temos o direito de querer ter nenhum outro tipo de relacionamento, senão aquele que o próprio Senhor teve, Luc.8.2,3.

A estagnação da vida espiritual chega quando dizemos que iremos suportar tudo sozinhos. Não podemos. Todos os desígnios universais de Deus envolvem-nos de tal modo, que, no preciso momento em que obedecemos a Deus, outros serão logo atingidos. Iremos permanecer leais através de nossa obediência a Deus e suportar a humilhação de nos recusarmos a ser independentes, ou iremos seguir por outro caminho e dizer: "Não serei causa de sofrimento aos outros"? Podemos desobedecer a Deus se quisermos também e isso trará alívio imediato à situação, mas seremos motivo de enorme tristeza para o Senhor.

Ao passo que, caso obedeçamos a Deus, ele cuidará daqueles que forem afectados através de todas as consequências advindas da nossa obediência. Temos simplesmente que obedecer e deixar todas as consequências entregues ao Seu cuidado.

Tenhamos cuidado com a tendência humana de querer explicar a Deus o que permitiremos acontecer depois que lhe havemos obedecido.

 

12 De Janeiro

Já Alguma Vez Ficou a
Sós com Deus?

"Tudo, porém, explicava em particular aos seus próprios discípulos", Marc.4.34.

Nós a sós com ele. Jesus não passa todo o tempo a sós connosco explicando a verdade. Ele no-la explica à medida que podemos apreendê-la e cativá-la em nós. A vida dos outros é sempre uma incógnita a desvendar para nós próprios. Mas Deus está empenhado em fazer-nos entender nossa própria alma, primeiro e em primeira instância. É um trabalho lento; tão lento que Deus leva o tempo duma eternidade para moldar uma pessoa conforme Seus desígnios. O único jeito de virmos a ser úteis a Deus é deixar que Ele nos leve a penetrar nos recantos mais íntimos de nosso ser e carácter. É espantoso o quanto desconhecemos de nós mesmos! Não nos apercebemos da inveja, da preguiça e do orgulho que ainda existe em nós. Jesus revela-nos tudo o que este nosso corpo abrigava antes de sua graça actuar nele. Quantos de nós aprenderam a olhar com coragem para dentro de si próprios?

Temos que libertar-nos da presunção de achar que nos compreendemos o bastante; essa é presunção que deve ser abandonada. O único que nos compreende é Deus. A maior das maldições para a vida espiritual é a presunção. Se alguma vez tivermos um vislumbre daquilo que somos aos olhos de Deus, nem chegaremos a dizer: "Oh, como sou indigno", porque então teremos percebido que somos tão profundamente indignos que nem nos interessa afirmar tal coisa mesmo. Enquanto não estivermos totalmente convictos de que somos indignos, Deus continuará a cercar-nos até conseguir que fiquemos a sós com ele. Enquanto houver em nós vestígios de orgulho ou presunção (camuflados ou não), Jesus não poderá explicar-nos nada. Ele nos fará sofrer as decepções de um orgulho intelectual ferido e de passar por frustrações sentimentais. Ele nos revelará afeições distorcidas – coisas pelas quais nunca pensamos que ele nos chamaria à parte. Ouvimos muitas coisas em aulas, mas essas raramente podem ser tidas como "explicações". Essas serão quando Deus tratar delas connosco a sós.

 

13 De Janeiro

Já Alguma Vez Esteve
a Sós com Deus?

"Quando Jesus ficou só... os doze o interrogaram..." Marc.4.10.

Ele a sós connosco. Quando Deus consegue ficar a sós connosco, seja através da aflição, pela dor ou tentação, por uma decepção, doença, ou por frustrações sentimentais, por alguma amizade corrompida ou por uma amizade iniciada – quando nos deixa totalmente a sós e sentimo-nos confusos, sem conseguir formular uma pergunta sequer – então ele começa-nos a ensinar. Veja como Jesus Cristo ensina os doze. Eram os discípulos que ficavam perplexos, não a turma lá de fora. Faziam perguntas incessantes a Ele e Ele logo lhes dava explicações de forma constante e persistente; mas eles só as entenderam depois de haverem recebido o Espírito Santo, João 14.26.

Se estiver andando com Deus, a única coisa que lhe é devidamente esclarecida e a única coisa que Deus pretende que fique clara, será sempre o modo como ele lida com sua alma. As tristezas e as perplexidades de seus irmãos são um enigma total para si, sobre as quais tenta sempre estar informado. Pensamos entender o bastante no tocante à situação de outra pessoa, até que Deus nos manifesta da ruindade ainda estabelecida em nosso próprio coração. Em cada um de nós existem grandes focos de resistência e ignorância para serem reveladas pelo Espírito Santo e isso só pode ser feito quando Jesus se puder achar a sós connosco. Estamos a sós com ele agora, ou andamos absorvidos por mesquinhices tolas, relacionamentos difíceis, serviço a Deus, preconceitos erróneos sobre nosso corpo? Jesus não poderá explicar-nos sobre nada disso, enquanto não tirarmos de nossa cabeça todas essas questões ruidosas e ficarmos a sós com ele.

 

14 De Janeiro

Chamados de Deus

"A quem enviarei e quem há-de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim", Is.6.8.

Deus não dirigiu este chamado a Isaías; o profeta ouviu Deus dizer: "Quem há-de ir por nós?" O chamado de Deus não é para uns poucos escolhidos, é para todos. Ouvir ou não o chamado de Deus depende do estado em que se acham meus ouvidos; e o que ouço depende da minha disposição quando ouço. "Muitos são chamados, mas, poucos escolhidos", ou seja, poucos se manifestam como os escolhidos. Os escolhidos são os que passaram a ter um relacionamento com Deus através de Jesus Cristo, pelo qual sua disposição passa a ser modificada e seus ouvidos são abertos para terem como ouvir a voz tranquila e suave a indagar a tempo inteiro: "Quem há de ir por nós?" Não será uma questão de Deus separar um homem e dizer-lhe: "Olha, vai!" Deus não exerceu sobre Isaías nenhuma pressão; ele estava na presença de Deus e ouviu d’Ele esse chamado e logo percebeu que não lhe restava nenhuma outra alternativa senão dizer, numa liberdade consciente: "Eis-me aqui, envia-me a mim." Tire a ideia da cabeça de esperar que Deus lhe venha com coações e apelos. Quando o Senhor chamou seus discípulos, não houve nenhuma coação externa irresistível. A serena e terna insistência do seu "Segue-me" foi dirigida a homens que estavam com todas as suas faculdades em estado de alerta.

Sempre que permitirmos que o Espírito nos coloque face a face com Deus, também ouviremos algo semelhante ao que Isaías ouviu, a voz tranquila e suave de Deus; então, em perfeita liberdade poderemos dizer também: "Eis-me aqui, envia-me a mim".

 

15 De Janeiro

Anda de Branco?

"Fomos, pois, sepultados com ele... para que... assim, também, andemos nós em novidade de vida", Rom.6.4.

Ninguém entra numa experiência de total santificação sem antes passar por um "enterro espiritual" – o funeral da velha vida. A menos que essa "morte" ocorra, a santificação não deixará de ser um anseio. É preciso que haja esse enterro, essa morte, que tem um único tipo de ressurreição – um ressurgimento com a vida de Jesus Cristo. Nada pode perturbar essa vida; é uma vida com Deus a qual tem um único objectivo a alcançar: ser feito testemunha dele.

Já encerrou sua vida própria? Do ponto de vista do sentimento, certamente isso já deve ter acontecido várias vezes, mas terá realmente exterminado essa vida muito própria? Você não pode ir ao seu enterro apenas pelo sentimento, nem morrer só de sentimento. Morrer significa parar de existir. Você concorda com Deus em parar de ser o tipo de cristão esforçado e zeloso que tem sido? Ficamos rondando o cemitério, mas recusamo-nos a morrer uma vez após outra. Não se trata de esforçarmo-nos para chegar e ver a morte, mas de morrer – de sermos "baptizados na sua morte" de facto.

Já presenciou o seu "enterro espiritual", ou continua ainda a enganar-se a si mesmo? Lembra-se especificamente do dia que ficou marcado como o último da sua própria vida, um marco ao qual a memória retorna com humilde e grata satisfação: "Sim, foi ali, naquele "enterro espiritual", que alcancei um acordo solene com Deus"?

"Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação". Quando percebemos qual é a vontade de Deus, entramos na santificação de maneira naturalíssima, a meu ver. Está disposto a presenciar esse seu "enterro espiritual" agora? Considerar este como o seu último dia na terra, conforme é também o desejo dele? Apenas você decide o momento desse acordo.

 

16 De Janeiro


Voz da Natureza Divina

"Ouvi a voz do Senhor que dizia: A quem enviarei?" Is.6.8

Quando falamos do chamamento de Deus, é possível que nos esqueçamos do aspecto mais importante dessa questão – a natureza de quem fala. Existe a voz do mar, a voz nas montanhas, a voz dos maiores bancos de gelo; mas essas vozes são ouvidas por muito poucos. Cada voz é uma expressão da natureza de onde ela provém e só conseguiremos captar determinadas vozes se tivermos a mesma natureza que ela, estando em sintonia com a mesma. A voz de Deus é a expressão da natureza dele e não da nossa. Pela providência de Deus, vibram ainda em nós ressonâncias da voz divina que só nós reconhecemos e mais ninguém. Se é a voz de Deus que a nós se dirige em particular, sobre algum assunto nosso, não adianta consultar mais ninguém sobre isso. Teremos de buscar como e porque manter esse profundo relacionamento entre nós e Deus.

A voz de Deus não pode ser um eco da minha natureza; meu temperamento e gostos pessoais não trazem nada seu para aqui. Enquanto levar meu temperamento em conta, pensando nas minhas aptidões pessoais, nunca terei como ou porque ouvir a voz de Deus. Mas, quando passar a ter um relacionamento com Deus, então me encontrarei nas mesmas condições nas quais Isaías se achou. Ele estava tão afinado com Deus, dada a tremenda crise por que passara, que conseguiu captar a voz de Deus dirigindo-se à sua alma aturdida. A maioria de nós não tem ouvidos para nada, a não ser para nós próprios. Não conseguimos ouvir nada que Deus nos diga. Ser levado a uma sintonia com o chamar de Deus é haver sido profundamente transformado.

 

17 De Janeiro

Vocação da Vida Natural

"Quando, porém, ao que me separou... aprouve revelar seu Filho em mim...", Gal.1.15,16

O chamamento de Deus não é um chamado para uma determinada obra; a interpretação que faço dele, é que pode ser que meu contacto com a natureza de Deus me tenha feito perceber o que eu gostaria de fazer por ele. O chamado de Deus é essencialmente a expressão em sua natureza; o serviço é fruto do chamamento que mais se ajusta à minha natureza como criação. A vocação da vida natural é tida pelo apóstolo Paulo da seguinte maneira: "Quando, porém, ao que me separou... aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios".

Meu labor para Deus é o derramar do cálice duma superabundante devoção; mas, num outro sentido mais profundo, não há nenhum chamado especial para isso acontecer; trata-se do meu próprio dever pessoal, que é o eco de minha identificação com a natureza de Deus. Servir é parte natural e consequente de minha vida. Deus me coloca num relacionamento com ele pelo qual compreendo o seu chamar e então passo a trabalhar para ele voluntariamente simplesmente por amor a ele. Servir a Deus é uma dádiva consciente do amor, de uma natureza que ouviu o chamamento dele; é a expressão daquilo que é próprio em mim. O chamado de Deus é a expressão da sua natureza; consequentemente, quando recebo sua natureza e o ouço, a voz da natureza divina ressoa em ambos e os dois cooperam em entendimento conjunto. O Filho de Deus manifesta-se em mim e, por devoção a ele, eu o sirvo através de todos os meios comuns de minha vida pessoal.

 

18 De Janeiro

E o Senhor

"Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu", João 20.28.

"Dá-me de beber". Quantos de nós queremos que Jesus Cristo mate nossa sede, quando deveríamos saciar a dele? Deveríamos agora estar derramando tudo de nós, esgotarmo-nos até ao limite e não tirando dele para nos saciarmos a nós ainda. "Sereis minhas testemunhas" – isso significa termos uma vida de devoção ao Senhor Jesus imaculada, inabalável e espontânea para sermos motivo de satisfação para ele onde quer que nos coloque.

Estejamos em estado de alerta para tudo que pretende tomar o lugar da nossa lealdade exclusiva a Jesus Cristo. Trabalhar para Cristo é o maior concorrente à nossa devoção. É mais fácil trabalhar do que deixar-se consumir totalmente por ele. A única meta do chamado de Deus é a satisfação divina e não levar-nos a fazer algo para ele. Não somos enviados para batalhar por Deus, mas, para sermos usados por ele em suas batalhas. Não estaremos sendo mais devotos ao serviço cristão do que ao próprio Senhor Jesus?

 

19 De Janeiro

Visão e Trevas

"Grande pavor e cerradas trevas o acometeram", Génesis 15.12.

Sempre que Deus dá uma visão a um servo seu, ele o coloca, por assim dizer, sob a sombra da sua mão, Is.49:2 e o dever desse servo é ficar quieto para ouvir. Há uma densa escuridão que provém do excesso de luz e essa hora é a de escutar. Abraão e Hagar, em Génesis 16, são um bom exemplo de como não se deve ouvir um bom conselho em momentos de trevas acima de esperar que Deus envie luz de novo para aquele momento. Quando Deus lhe der uma visão e logo depois lhe sobrevierem trevas, espere. Se você esperar pela hora de Deus, ele irá moldá-lo até que se sinta bem e em plena harmonia com a visão que lhe concedeu. Nunca tente ajudar Deus a cumprir a sua palavra. Abraão suportou treze anos de silêncio e foi nesses anos todos que sua auto-suficiência foi destituída; não lhe sobrou mais nenhuma possibilidade de confiar em seus próprios recursos. Aqueles anos de silêncio foram um período de disciplina, não de desagrado da parte de Deus - Deus não estava zangado com ele. Nunca procure produzir alegria e confiança em seu coração, mas antes tente-se firmar em Deus, Is.1:10,11.

Será que tenho confiado na carne? Ou já superei toda a confiança que tinha em mim mesmo e em homens e mulheres de Deus, em livros e orações em êxtases e assim minha confiança está firmada no próprio Deus agora e não em suas bênçãos? "Eu sou o Deus todo-poderoso" – El Shaddai, o Deus de todo poder. A única razão de sermos disciplinados é para conhecermos que Deus é real. Assim que Deus se torna real para nós mesmos e à nossa volta, as outras pessoas transformam-se em sombras. Nada do que os outros possam fazer ou dizer pode perturbar aquele que está colocado firme em Deus.

 

20 De Janeiro

Você Está Disposto a
Qualquer Coisa?

"Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus", João 3.3

Ás vezes estamos dispostos a participar duma reunião de oração, mas será que temos a mesma frescura e disponibilidade interior para uma tarefa simples como engraxar umas botas?

Nascer de novo, do Espírito, é obra inconfundível de Deus, tão misteriosa quanto o vento, tão surpreendente quanto o próprio Deus. Não sabemos onde começa; está oculta nas profundezas de nossa vida pessoal. Nascer de novo é início eterno, solene e perpétuo; é um renovar-se a tempo inteiro, no pensar, no falar e no viver; uma contínua surpresa da vida vinda de Deus. A esterilidade é indício de que algo está em desarticulação com Deus: "Tenho que fazer isto, senão nunca será feito". Esse é o primeiro indício de esterilidade. Temos vida nova neste momento ou estamos "mofados", rebuscando na nossa mente algo para fazer? A vida nova não vem da obediência, mas do Espírito Santo; a obediência mantém-nos na luz como Deus está na luz.

Preserve ciosamente seu relacionamento com Deus. Jesus disse o seguinte: "... para que sejam um como nós somos um" – nada os separava. Mantenha toda a vida permanentemente aberta para com Jesus Cristo; não use de dissimulação para com ele. Por acaso está recebendo vida de alguma outra fonte que não o próprio Deus? Se estiver dependendo de outra coisa que não ele, nem perceberá sua falta assim que se retirar.

Nascer do Espírito significa muito mais do que geralmente concebemos para nós mesmos. Dá-nos uma nova visão e mantém-nos totalmente dispostos a tudo, mediante um inesgotável suprimento de vida vinda de Deus.

 

21 De Janeiro

Recorde-se do que Deus se Lembra

"Lembro-me... da tua afeição quando eras jovem", Jer.2.2.

Estarei eu a demonstrar espontaneamente meu amor para com Deus ainda, como fiz antes, ou estou apenas naquela expectativa de que Deus mostre amor para comigo? Estará minha vida cheia das variadas provas de afeição que alegram Seu coração de todo, ou vivo me lastimando porque tudo está sendo dificultado para mim? Nunca há alegria na alma que se esqueceu daquilo que Deus preza. É maravilhoso pensar que Jesus Cristo precisa de mim – "Dá-me de beber". Que grau de amor demonstrei para com Ele a semana passada? Tenho cuidado bem da reputação d’Ele em minha vida?

Deus fala ao seu povo dizendo: "Agora já não me amam, mas lembro-me ainda do tempo em que me amavam. Lembro-me... do teu amor quando eras noiva". Sou ainda tão fervoroso na minha dedicação a Jesus Cristo quanto era no começo, quando fazia questão de dar provas da minha devoção n’Ele? Será que ele ainda me acha saboreando e recordando o tempo em que não me importava com mais nada a não ser ele? Ainda vivo assim, ou passei a ter por ele um amor mais "sensato" e “calmo”? Será que ainda o amo tanto que não me importa para onde vou? Ou ando preocupado com o respeito que me devem, com quanto de labor, apenas, devo apresentar?

Se, ao recordar-me do passado e aperceber-me de que o que Deus lembra a meu respeito é que ele não é mais o que costumava ser em meu coração, devo envergonhar-me e humilhar-me, porque tal vergonha produzirá a tal tristeza segundo a qual Deus opera no arrependimento.

 

22 De Janeiro

Para o que Estou Olhando?

"Olhai para mim e sede salvos", Is.45.22

Será que esperamos que seja Deus a vir até nós com suas bênçãos para nos salvar? Ele diz: "Olhai para mim e sede salvos". Nossa grande dificuldade espiritual está em nos centrarmos em Deus e são as suas bênçãos que nos tornam tudo tão difícil. São quase sempre os problemas que nos fazem olhar para Deus e são todas as suas bênçãos que têm a tendência de nos levar a olhar para as outras coisas. Todo o ensino do Sermão do Monte, na verdade, resume-se ao seguinte: reduza os seus interesses pessoais, até que todas as atitudes só suas, seu coração e corpo obtenham sua concentração total focalizada em um só ponto: Jesus Cristo. "Olhai para mim."

Muitos de nós temos uma concepção moral do que um cristão deveria ser e essa vida idealizada torna-se por vezes um impedimento à nossa focalização em Deus. Não existe salvação numa atitude assim; não é suficientemente simples. O texto não diz "Olhai para mim" e "sereis" salvos, mas antes, "sede" salvos. Se nos concentrarmos nele, encontraremos exactamente tudo o que procuramos. Vivemos sempre preocupados e ressentidos contra Deus, enquanto ele nos diz continuadamente: "Olhai para mim e sede salvos". As dificuldades e as provações, a preocupação quanto ao que devemos fazer no ano a seguir, ou mesmo amanhã, tudo se desvanecerá assim que nos fixamos em Deus para fitá-Lo.

Trate logo de se erguer e olhar para Deus. Edifique nele sua esperança única. Não importa se tem mil e uma coisa a pressionarem; exclua resolutamente todas elas e olhe só para ele. "Olhai para mim": a salvação aparece no momento em que você conseguir fitá-Lo fixamente.

 

23 De Janeiro

Transformados Pela Contemplação

"E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados... na sua própria imagem", 2 Cor.3.18.

A principal característica do cristão é a sua total abertura diante de Deus, a fim de que sua vida se torne um espelho para todos os outros. Quando estamos cheios do Espírito, somos transformados; e, através da contemplação, tornamo-nos espelhos fidedignos daquela imagem real d’Ele. Sempre nos é possível saber quanto alguém se manteve contemplando a glória do Senhor; sabemos no íntimo de nosso espírito que tal pessoa reflecte o próprio carácter do Senhor. Cuidado com tudo aquilo que possa embaçar esse espelho em si; quase sempre é algo de bom, aquele bom que não é o melhor.

A regra principal para a sua e a minha vida é, com um esforço consciente, mantermos a nossa vida sempre em abertura total para com Deus. Abandone tudo o mais – trabalho, roupas, alimento, tudo que é terreno – tudo com excepção dessa regra em forma de atitude firme. A corrida atrás de outras coisas tem como consequência a quebra da nossa focalização somente em Deus. Temos de nos conseguir manter só em contemplação; temos que manter a vida toda inteiramente espiritual. Deixe que as outras coisas venham e saiam, como sempre acabará acontecendo em todo caso; deixe as outras pessoas fazerem as críticas que quiserem; só nunca permita que nada obscureça a vida que está oculta em Cristo, que é Deus. Nunca permita que a pressa o faça desviar nem um pouquinho daquela posição de permanência firmada, que, embora não o devesse ser, é a coisa mais propensa a oscilar. A mais severa disciplina da vida cristã consiste em aprendermos a nos mantermos "contemplando, como por espelho, a glória do Senhor".

 

24 De Janeiro

A Directriz Dominante

"Por isso te apareci", Act.26.16.

A visão de Paulo a caminho de Damasco não foi uma emoção passageira, mas apenas uma visão que lhe deu directrizes claras e firmadas; e ele afirma: "Não fui desobediente à visão celestial". E o que o Senhor disse a Paulo, na verdade, foi: toda a tua vida será um domínio meu; não terás mais objectivos, nem metas, nem alvos, a não ser os meus. "Eu te escolhi".

Quando nascemos de novo, todos nós temos intuições de como Jesus quer que nos tornemos – se é que somos realmente espirituais; e o mais importante é aprendermos a não ser desobedientes àquela visão, a não supormos que ela não terá porque ser alcançada por nós. Não basta sabermos que Deus redimiu o mundo e que o Espírito Santo pode tornar eficiente e permanente em nós tudo quanto Jesus já fez; mas, para isso acontecer, é preciso que tenhamos um relacionamento pessoalmente íntimo com ele. Paulo não recebeu uma mensagem ou uma doutrina para serem defendidas; ele foi levado a um relacionamento com Jesus Cristo bastante vivo, pessoal e que o dominava por inteiro. O versículo 16 é extremamente imperativo: "... para te constituir ministro e testemunha". A partir dali, nada mais há a não ser um relacionamento pessoal continuado. Paulo consagrou-se a uma pessoa, não a uma causa. Ele pertencia completamente a Jesus Cristo; nada mais via, não vivia para mais nada. "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado".

 

25 De Janeiro

Deixe Espaço Para Deus

"Quando, porém... aprouve (a Deus)..." Gal.1.15.

Como obreiros de Deus, temos que aprender a abrir caminho para Deus – um espaço enorme para ele agir. Fazemos planos e cálculos e chegamos a dizer mesmo que acontecerá isto ou aquilo e facilmente nos esquecemos de dar espaço para que Deus entre em cena da maneira que melhor lhe parecer. Será que ficaríamos desgostosos ou surpresos se Deus aparecesse em nossas reuniões ou se ele se manifestasse em nossa pregação de um modo que jamais esperaríamos ver? Não esperemos que Deus venha de uma forma esperada e privada, mas apenas esperemos por ele. Esse é o jeito de se abrir espaço para ele. Esperemos que ele venha, isso sim, mas nunca o esperemos da mesma forma individual. Por mais que conheçamos e entendamos Deus, a grande lição a ser acatada é que, a qualquer momento, ele pode surgir de novo. Temos a tendência para esquecer esse elemento de surpresa que Lhe é característico; no entanto, é sempre assim que Deus age. Inesperadamente, ele invade nossa vida: "Quando, porém... aprouve (a Deus)..."

Achemos como e porque manter as nossas vidas em permanente contacto firmado em Deus de modo que aquele poder que surpreende nos tenha como ressurgir tanto da direita quanto da esquerda sem que nos surpreendamos com isso. Permaneçamos numa atitude de expectativa permanente, tendo o cuidado de deixar sempre espaço livre para que ele possa entrar como, quando e quanto lhe aprouver.

 

26 De Janeiro

Olhe de Novo e Consagre-se

"Ora, se Deus veste assim a erva do campo... quanto mais a vós outros?" Mat.6.30.

Uma declaração simplificada de Jesus é sempre difícil de entender, quando não somos simples de peito. Como poderemos ser simples desse jeito, ter a mesma simplicidade que Jesus? Recebendo seu Espírito, reconhecendo-o e confiando nele como Ele é, obedecendo-lhe na medida igual à que ele nos transmite a Palavra de Deus. Se fizermos isso, a vida tornar-se-á incrivelmente simples. "Considerai", diz Jesus, "como o vosso Pai, que veste a erva do campo, muito mais vos vestirá, se vos mantiverdes num relacionamento estreito com ele". Todas as vezes que regredirmos na comunhão espiritual, será apenas porque pretendemos de maneira impertinente saber mais do que Jesus Cristo, porque permitimos que as preocupações do mundo nos dominassem e esquecemo-nos do "quanto mais" próprio de nosso Pai celestial.

"Observai as aves do céu" – o principal objectivo das aves é obedecer ao princípio da vida que está figurado nelas  e Deus assim cuida delas. O que Jesus quer dizer é que, se você se mantiver dentro desse relacionamento estreito com ele, obedecendo ao Espírito dele que está em si, Deus cuidará das suas "penas".

"Considerai... os lírios do campo" – eles crescem onde foram colocados. Muitos de nós recusamo-nos a crescer onde fomos colocados; por consequência, acabamos sempre por nunca lançar raízes em lado nenhum. Jesus afirma que, se vivermos de acordo com a vida que Deus nos concedeu, ele cuidará de todas as outras coisas por nós. Será que Jesus estava mentindo? Se não estivermos experimentando esse especialíssimo "quanto mais", é porque não estamos vivendo da forma que Deus determinou que fizéssemos, deixando-nos levar por conjecturas confusas de nossas mentes profusas. Quanto tempo levamos apenas molestando Deus com perguntas intermináveis, quando deveríamos era estar completamente livres para nos concentrarmos em Sua obra exclusiva? Consagrar-me significa estar continuamente separado e santificando-me para determinada coisa escolhida por Ele. Não nos consagramos de uma vez por todas. Será que estou em consagração contínua a buscar a Deus da mesma forma renovada todos os novos dias de minha vida?

 

27 De Janeiro

Olhe de Novo para Pensar

"Não andeis ansiosos pela vossa vida", Mat.6.25.

A advertência que necessita de ser reiterada firmemente é a de que os cuidados deste mundo, a ilusão das riquezas, acrescida da cobiça por muitas outras coisas, sufocarão tudo o que Deus semear em nós. Nunca estamos livres do vaivém e dos altos e baixos dessas mesmas interferências. Quando o problema não vem em forma de vestuário ou alimento, virá sob a forma de dinheiro ou da sua falta; de amigos ou da sua ausência; ou de circunstâncias mais difíceis. É uma constante impertinência e, a menos que deixemos que o Espírito de Deus erga seu estandarte em nós mesmos contra todas essas coisas, elas surgirão como uma constante intromissão.

"Não andeis ansiosos pela vossa vida". Preocupa-te apenas com uma coisa única, diz o Senhor, com o teu relacionamento comigo. Mas, o bom senso grita alto e a bom som, dizendo: "Isso é absurdo; eu necessito de pensar como vou viver, tenho que pensar no quanto vou comer e beber". Jesus afirma que não – e que não mesmo. Mas tomemos aquele cuidado subtil para não nos deixarmos prender na ideia de que essa afirmação é feita por uma pessoa que não compreende as circunstâncias particulares da vida na qual nos deparamos. Jesus conhece-as por dentro e por fora e diz que não devemos parar para pensar ao ponto de transformá-las numa maior preocupação que a do próprio dia. Sempre que houver uma competição dentro de nós sobre esse mesmo assunto, certifiquemo-nos antes que nos achamos preferencialmente a colocar todo o nosso relacionamento com Deus em dia e no seu devido lugar.

“Basta a cada dia o seu próprio mal". Quantos males começaram a ser realçados por si só hoje? Quais os diabinhos que fitaram seu semblante a perguntar: "Agora, que é que vais fazer no mês que ainda vem? E no próximo ano?" "Não vos inquieteis", diz Jesus. Torne e olhe e pense de novo. Fixe sua mente no "quanto mais" do Deus celestial.

 

28 De Janeiro

Difícil Acreditar que Alguém
Perseguiu Jesus Assim!

"Saulo, Saulo, por que me persegues?" Act.26:14

Será que estou servindo a Deus de forma teimosa, persistente e à minha maneira? Nunca estaremos livres do risco dessa cilada subtil e obreira enquanto não passarmos pela experiência do baptismo do Espírito Santo e com o fogo vindo de Deus. Nossa obstinação e teimosia sempre apunhalarão Jesus Cristo pelas costas. Podem até nem ferir mais ninguém, mas, com certeza que ferirão o seu Espírito. Sempre que nos mostrarmos obstinados e teimosos e apegados às nossas próprias ambições e insinuações, estaremos nas mesmas vias de perseguição a Jesus. Todas as vezes que fincarmos um só pé sobre nossos direitos e insistirmos que é isso que pretendemos fazer, estamos chacinando Jesus. Sempre que nos agarrarmos à nossa dignidade, estaremos invariavelmente a aborrecer e a entristecer o seu Espírito profundamente; e quando nos apercebermos que afinal era a Jesus que estivemos a perseguir o tempo todo, teremos, então, a revelação mais devastadora da nossa existência.

Será que a Palavra de Deus surge, também, como poderosa e penetrante em mim mesmo quando a transmito aos outros, ou a minha vida desmente o que pretendo ensinar? Posso estar a esforçar-me ensinando a santificação e, mesmo assim, exibindo o espírito de Satanás, o espírito que persegue a Jesus Cristo. O Espírito de Jesus só leva em conta e toma conhecimento duma coisa única – daquela união perfeita com o Pai. E ele diz: "Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração". Tudo o que faço deveria fundamentar e manifestar exclusivamente essa mesma união sólida com ele, mas não através duma determinação obstinada de se ser santo. Isso significa que posso até ser prejudicado, ludibriado, ignorado; mas, se a tudo isso me submeto por amor a Jesus Cristo, impeço que ele seja perseguido por mim. 

 

29 De Janeiro

E Difícil Acreditar que Alguém
Pudesse Ser Tão Ignorante!

"Quem és tu. Senhor?" Act.26.15

"Porque assim o Senhor me disse, tendo forte a mão sobre mim". Não há como escapar quando é o Senhor que nos fala, pois quando ele vem, faz de tudo para consumir toda a nossa atenção. Já alguma vez a voz de Deus lhe falou directamente? Se falou, não há como ter dúvidas, pois, com uma insistência muito íntima, ela usa da linguagem que você melhor entende a nível pessoal e não a que entra através dos ouvidos para sair de novo, mas, antes através da linguagem das suas circunstâncias.

Deus tem que destruir a confiança em nossas próprias convicções a qual, muitas vezes, se torna persistente e teimosa. "Eu sei que é isto o que deveria estar a fazer". E, de repente, a voz de Deus fala de um modo que nos deixa surpreendidos, revelando aos nossos olhos as profundezas da nossa ignorância. Expomos nossa ignorância em relação a ele através do modo como decidimos servi-lo, pela obstinação. Servimos Jesus impelidos por um espírito que não é próprio n’Ele e o magoamos sempre pelo módulo que empregamos para o defendermos; divulgamos a sua mensagem com o espírito do diabo. Nossas palavras parecem sempre ser as certas, mas, nosso espírito é o espírito do inimigo. "Jesus... os repreendeu e disse: Vós não sabeis de que espírito sois". O espírito do Senhor que deve instigar todos os representantes dele é o que vem sobejamente descrito em 1 Cor.13.

Estou perseguindo a Jesus com minha determinação zelosa para servi-lo à minha maneira? Se sinto que, ao cair do pano no cumprir do meu dever, eu o feri, posso estar certo de que esse não era o meu dever para aquele dado momento, porque não produziu um espírito manso e humilde nem em mim nem nos outros, mas antes amor-próprio. Imaginamos que tudo quanto é desagradável seja dever! Acaso isso se assemelha ao espírito do Senhor que se expressa assim, "Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu"?

 

30 De Janeiro

O Dilema da Obediência

"Samuel... temia relatar a visão a Eli", 1 Sam.3.15.

Deus dificilmente nos fala de forma extraordinária; ele usa os módulos mais simples os quais podem facilmente ser mal compreendidos; e então estamos questionando: "Será que é a voz de Deus mesmo?" Isaías disse: O Senhor me falava "tendo forte a mão sobre mim"; ou seja, pela pressão das circunstâncias. Nada perturba mais tocando nossa vida do que o próprio Deus. Será que discernimos a sua mão sobre nós, ou vemos tudo apenas como meras ocorrências?

Cultive esse hábito bendito de poder dizer: "Fala, Senhor"; e toda a sua vida se tornará uma verdadeira história de amor. Sempre que as circunstâncias o pressionarem, permita-se dizer: "Fala, Senhor"; e depois pare para prestar mais atenção. A correcção é mais do que um mecanismo de disciplina; ela visa obrigar-me a dizer: "Fala, Senhor". Tente também recordar-se de alguma ocasião pela qual Deus lhe falou; será que já se esqueceu do que ele disse? Teria sido em Luc.11.13, ou foi em 1 Tes.5.23? Quando prestamos atenção, nosso ouvido se aguça e, como Jesus, ouvimos Deus incessantemente.

Deverei contar ao meu "Eli" o que Deus me falou? É aí que entra o dilema da obediência. Desobedecemos a Deus fazendo de providência divina muitas vezes. "Preciso proteger e cobrir por Eli"; "Eli" são as pessoas que melhor conhecemos. Deus não ordenou a Samuel que contasse a visão a Eli; ele teve que decidir isso por ele mesmo. O chamamento de Deus dirigido a si poderá vir a magoar o seu "Eli" preferido, mas, caso tente impedir o sofrimento de outrem por sua causa, isso virá a tornar-se um obstáculo à sua alma para com Deus. Se poupar outra pessoa de "amputar a mão direita" ou de "arrancar o olho direito", também você correrá sérios riscos.

Nunca peça o conselho de outros sobre algo que Deus quer que decida diante dele a sós. Se pedir conselho a outro que não a Ele, quase sempre ficará do lado de Satanás. "Não consultei carne e sangue", Gal.1:16.

 

31 De Janeiro

Você Compreende o Seu Chamado?

"Separado para o evangelho de Deus", Rom.1.1

Nossa chamada não serve prioritariamente para que sejamos homens e mulheres santos, mas sim proclamadores do evangelho de Deus. O mais importante é que o evangelho de Deus seja compreendido como uma realidade permanente e constante. Essa realidade não é a rectidão humana, nem a santidade, nem o céu, nem o inferno, mas a redenção; e a necessidade mais vital do obreiro cristão, hoje, é interiorizar e inteirar-se acerca disso tudo. Como obreiros, temos que nos habituar à revelação de que a redenção é a nossa única realidade. A santidade pessoal é, na verdade, um efeito causa, não uma causa; e se colocarmos nossa fé na rectidão humana, no efeito traduzido através da redenção, quando chegar o momento da prova, claudicaremos.

Paulo não disse que ele se separou, mas "Quando, porém,... aprouve (a Deus)..." Paulo não tinha um interesse doentio manifesto em seu próprio carácter exercido em seu ser. Enquanto estivermos com os olhos voltados para nossa pureza pessoal conseguida por nossos meios, nunca nos aproximaremos da realidade dessa redenção única e exclusiva. Alguns obreiros fracassam porque seu maior anseio foi a pureza pessoal e não Deus. "Não me peçam para estar em contacto com a dura realidade da redenção a favor da sordidez da vida humana como ela é manifesta; o que desejo é que Deus faça algo por mim, que me torne mais aceitável aos meus próprios olhos". Se é assim que pensamos, a realidade do evangelho de Deus ainda não nos tocou sequer; não existe entrega total de nosso ser a Deus. Deus não pôde ainda libertar-nos, não enquanto nosso maior interesse estiver voltado para dentro de nosso próprio carácter, exclusivamente. Paulo não toma reconhecimento de si; está totalmente entregue, separado por Deus para um objectivo primordial – proclamar o evangelho de Deus, Rom.9.3.

José Mateus
zemateus@msn.com