AVIVAMENTO NA INDONÉSIA

Por Dr. Kurt Koch

2ª PARTE

 

A GRANDE OPORTUNIDADE DA ÁSIA

 

Depois que saiu a 1ª edição deste livro na Alemanha, tive a oportunidade de tornar a visitar a Ásia uma vez mais. As páginas que seguem dão uma descrição das minhas experiências e daquilo que se passou lá. Vai ler algumas das coisas que me tocaram muito profundamente. Temos um intervalo de 16 meses entre este capítulo e o anterior. Vamos ter, aqui, notícias mais recentes do que se está passando na Indonésia. Muitas das coisas que irei descrever aqui têm a capacidade de nos deixar quase suspensos no ar sem fôlego.

Nos jogos Olímpicos, um costume persiste ainda hoje. Os atletas levam a tocha de fogo olímpico desde a cidade Grega chamada Olympia, o lugar onde as olimpíadas originalmente começaram. A chama olímpica é transportada de tocha em tocha até alcançar a cidade onde os jogos seguintes se realizarão. Os atletas levam a chama de país para país, atravessando todos os continentes até àquela cidade escolhida onde se realizam os Jogos Olímpicos.

Nesta procissão de tochas acesas, achamos a ilustração ideal para melhor percebermos como funciona a propagação do evangelho pelo mundo. Há mais de 1900 anos atrás, as Boas Novas começaram a sua caminhada para circularem pelo mundo através das tochas acesas dos discípulos genuínos de Cristo. As primeiras paragens aconteceram nos Países mediterrânicos durante a era do Império Romano. Roma era, na altura, conhecida como o centro do mundo civilizado. Foi por esta razão, tal qual havia dito nos capítulos anteriores, que Roma se tornou um dos primeiros núcleos de onde partia a mensagem de Deus para o resto do mundo.

A decadência da Igreja Cristã seguiu-se logo após a queda do Império Romano. Os que se chamavam “sacerdotes de Cristo” na altura, não tinham mais nada de semelhante com o Senhor. Gradualmente, o núcleo e a essência do Cristianismo foram sendo transportados para a Europa Central. A chama foi sendo levada para mais longe ainda. A obra missionária feita por homens como Columba, Pirmin, Bonifácio, Ansverus da raça Tectônica, foi preparando a nova era da civilização, sob cuja proteção, o evangelho havia de ser propagado e levado para lugares mais distantes ainda. A Reforma introduziu, por isso, através de Lutero e Calvino, a segunda fase do transporte da chama de Jesus, a qual foi iniciada em Pentecostes.

Toda a renovação teológica que ocorreu na altura da Reforma foi logo seguida dum avivamento conhecido como o Movimento Puritano. Foi dessa maneira que homens como Spener, Francke e Zinzendorf, tornaram-se os instrumentos que aperfeiçoaram a obra começada na Reforma, fornecendo-lhe aquilo que faltava. O movimento Puritano tornou-se a locomotiva mais de acordo com as Escrituras e a qual impulsionou e originou todos aqueles avivamentos dos séculos 18 e 19. Durante 350 anos, a Alemanha juntamente com a Suíça e outros países Escandinavos, cuja história religiosa estava ligada entre eles, tornou-se o centro espiritual do mundo. Foi a partir dali que se espalhou a mensagem do Evangelho.

Mas, a providencia de Deus quis que o evangelho fosse levado para mais longe ainda. Todas as raças e continentes tiveram oportunidade de ouvirem de Cristo. Os séculos 18 e 19 viram nascer do Império Britânico. Os frutos dessa escolha mostram claramente como o Evangelho foi colocado nas mãos dum idioma que se tornaria a “Língua Franca”, um idioma que se tornou internacional. Foi um grande benefício para o evangelho e para os missionários de Deus dessa era. É muito fácil seguirmos o percurso que a Tocha de Deus seguiu por ter sido colocada nas mãos inglesas. Foi dessa maneira que o mundo ficou ao alcance da mensagem de Cristo.  Este 3º centro do Evangelho passou a Tocha para os continentes e paises colonizados pela Grã Bretanha do outro lado do Atlântico. Em Inglaterra, nomes com Wesley, Booth, Spurgeon, George Muller e Hudson Taylor, fizeram brilhar a sua Luz Forte e Deus usou-os para levarem a salvação a muita gente, tornando-se num movimento da mensagem de Cristo impossível de parar. Já na América, as mãos de Finney, Moody, Torrey, entre muitos outros, foram instrumentais para a luz de Deus ser espalhada por muitos cantos do mundo. Olhando para o mundo atual, parece-nos que só existe um evangelista que podemos considerar como sendo portador da sobriedade e da verdade do Evangelho: Billy Graham. Parece-me, também, ser a última mão anglo-saxônica pela qual a Tocha é transportada para os campos missionários do mundo. No entanto, a Tocha vai continuar seu percurso até ao fim do mundo.

Hoje, já no fim do século 20, o mundo tornou-se corrupto e apto a propagar qualquer coisa (boa ou má) muito mais rápido que nunca. Os neo-racionalistas teólogos filosóficos quase extinguiram a chama do Evangelho no mundo Ocidental. O centro da mensagem de Cristo passou atualmente para as mãos da Ásia. Todos aqueles que estão a par da história da África e da Ásia perguntarão por que razão África foi negligenciada na nossa humilde tarefa de tentarmos “adivinhar” qual o percurso exato que a Tocha de Deus seguiu até aos dias de hoje. Foi de propósito que deixei África para último.

Eis a razão: África tem experimentado um avivamento no Uganda. Ali, também nasceram alguns evangelistas e missionários, dos quais o mais conhecido é William Nagenda. Contudo, o avivamento no Uganda não foi privilegiado nem destinado a enviar muitos missionários para outras partes do mundo. Este avivamento era de fraca intensidade e não teve poder suficiente para radiar sua luz para outros continentes. Qual a razão? Mesmo não sendo fácil falar sobre os aspectos negativos deste avivamento, teremos de admitir que os cristãos do Uganda sofrem dum mal muito próprio e duma característica muito infeliz. Eles são muito autoconfiantes e seguros deles próprios. Um Cristão Japonês, o Professor Shimizu, confidenciou-me uma vez: “Achei a atitude dos Cristãos Ugandeses um pouco repugnante. Não aceitam conselhos de ninguém, não são muito humildes, não ouvem seus irmãos e exigem que todos os ouçam”. Esta também foi a minha impressão nas várias ocasiões que os visitei. Quando os lideres perdem a sua humildade, qualquer avivamento perde as suas melhores capacidades e começa a morrer. Parece-me ser esta a razão porque o Uganda não obteve o privilégio e a oportunidade de enviar os seus missionários para outras partes do mundo.

Contudo, na Indonésia parece ser diferente. O avivamento ali, mesmo sendo muito jovem ainda, envia já muitíssimos missionários para outros países de todo o mundo. E assim, achamos o nosso 4º centro de envio de missionários e da mensagem de Cristo ainda em fase de desenvolvimento. A Tocha do evangelho está atualmente nas mãos da Ásia e provavelmente ainda não alcançou a sua plenitude máxima. Mais de 1.000.000.000 de pessoas vive atualmente na Ásia e todos eles necessitam pegar no evangelho o mais rapidamente possível para evitarem a catástrofe devido aos massivos poderes do mal que os ameaçam já pelo lado de dentro. Ainda é possível reverter toda a situação na Ásia e torná-la num dos últimos centros do evangelho antes da segunda vinda de Cristo. Estamos assistindo a uma ligeira mudança de turno do Ocidente para o Oriente. O poder espiritual do mundo Ocidental está em declínio muito acentuado. Muitas organizações missionárias perderam a sua vitalidade espiritual e nem sabem o que é o primeiro amor porque nunca o tiveram. Muitas outras perderam aquilo que tiveram. Contudo, a parte mais triste é que todas elas parecem não se terem apercebido desse fato. Muitos outros missionários Ocidentais já se tornaram em “pavios fumegantes” e encontram-se à beira da extinção. Um dos líderes Asiáticos mais conhecidos disse: “nos séculos anteriores, o Ocidente enviou muitos missionários poderosos como Obreiros para a Ásia. Contudo, essa era parece pertencer ao passado. Infelizmente, é essa a verdade. Por cada missionário sólido e conforme as Escrituras que recebemos aqui, aparecem muitos mais sem qualquer verdade dentro deles e sem haverem sido enviados por Deus”. Este é um dos frutos e dos resultados do tipo de teologia moderna que se ensina nas escolas Teológicas Ocidentais. Que pode haver de bom nisto? Que pode sair de bom disto? Enquanto estou escrevendo estas linhas, o presidente de uma escola Teológica aqui, disse-me: “Sempre que enviamos os nossos estudantes cheios de entusiasmo para as escolas Teológicas Ocidentais para que recebam treino e formação superior, eles voltam vazios de poder, sem autoridade e, tudo aquilo que possuíam antes de haverem saído de cá, não volta com eles. A Teologia Ocidental simplesmente destrói o espírito humano, a fé Cristã e, em vez de edificar, rouba tudo que um coração puro tem”. Como resultado, os Asiáticos viram-se na necessidade e na obrigatoriedade de formarem os seus próprios jovens em todos os aspectos. Foram obrigados a distanciarem-se dos módulos e padrões Ocidentais e a criarem os seus próprios centros de formação, nos quais proíbem a entrada de qualquer Teologia Ocidental. 

O tempo da Ásia está chegando rapidamente. Nenhum outro continente bebeu tanto sangue martirizado como a Ásia. O solo da Ásia está saturado de sangue dos santos. Em todos os países comunistas, os clamores das orações dos seus santos mortos pela causa de Deus, chegam aos céus. Será Deus incapaz de escutar essas orações? Claro que não! O avivamento na Indonésia prova que Deus está atento a elas. Este novo centro mundial para o Evangelho já enviou missionários para o Japão, Tailândia, Paquistão, Alemanha e muitos outros paises estrangeiros. Contudo, nada disto se está passando sem que haja uma feroz oposição! Mas, isso faz parte dos ingredientes do crescimento e amadurecimento dentro dos locais, onde Deus reina firmemente.

 

I. MONSTROS AMEAÇADORES DAS TREVAS

 

No Sudoeste da Ásia encontramos enormes fortalezas das trevas que se erguem ferozmente contra a mensagem do evangelho. A maior fortaleza e ameaça é, contudo, o Comunismo. Temos de assumir isso como fato, mesmo quando as hipocrisias Russas e Chinesas tentam mostrar-se e assumirem-se neutras e inativas. A atual explosão no crescimento da população na Ásia também é uma ameaça séria por causa da fome e pela falta de comida. Essa situação serve a todos os interesses comunistas. Os espíritos imundos do Inferno encarnam neste sistema corrupto e demoníaco (o Comunismo). Podemos provar e atestar isto através de inúmeros exemplos credíveis vindos de fontes dignas de toda a confiança. Por exemplo, numa das prisões comunistas, os guardas prisionais fizeram uma cerimônia blasfema: um pastor evangélico preso pela sua fé foi obrigado a presidir a um culto de ceia muito especial para o diabo. Ele era obrigado a distribuir urina e excrementos humanos para todos aqueles que participavam nessa ceia de blasfêmia horrenda. Isto é tanto uma blasfêmia como uma oportunidade de tortura para estes guardas se divertirem. Que melhor divertimento para Satanás poderia haver? E sabemos que este não foi um caso isolado, pois houve muitos mais. Podemos ler muitos destes exemplos nos livros do irmão mártir Richard Wurmbrand, um homem que testemunhou pessoalmente muitas destas atrocidades durantes os 14 anos de tortura que passou nas prisões romenas. Não temos qualquer dúvida sobre a veracidade destes relatos, pois existem muitas provas irrefutáveis. Também não duvidamos que todas estas torturas sejam inspiradas por Satanás.

A segunda fortaleza das trevas que resiste e intimida a Obra missionária na Ásia, é um conjunto de religiões que se instalaram neste continente. Falamos, muito particularmente, do Islamismo. O Islamismo experimentou um crescimento fenomenal, porque usa metodologia muito agressiva e repressiva tal como fez a Igreja Católica no tempo da Inquisição. Houve áreas (no passado) onde os Islâmicos eram um pouco tolerantes em relação ao Cristianismo e outras religiões.  Hoje, contudo, mesmo que muitos muçulmanos estejam perdendo o seu interesse no Islamismo, cresce a hostilidade contra qualquer outro credo ou religião entre os seguidores de Maomé. Já havia dito isto em capítulos anteriores e, por isso, irei apenas mencionar esse fato para tornar a realçá-lo. Vamos, no entanto, usar alguns exemplos sobre o Islamismo e dos quais temos provas.

No dia 1 de Outubro de 1967, 29 igrejas e edifícios evangélicos foram destruídos na ilha de Celebes por uma grande multidão de muçulmanos enraivecidos – tudo numa só noite. Mesmo que o órgão duma igreja tenha sido queimado à frente da casa do chefe da polícia, ele nem se importou com o que estava acontecendo. O chefe da policia vivia no mesmo bairro onde algumas das igrejas foram queimadas.

No norte de Sumatra, muitas perseguições contra crentes aconteceram em 1968. Na ilha de Banjak, cerca de 300 Cristãos foram ameaçados de morte se não abandonassem a ilha ou, em alternativa, se não aceitassem a religião muçulmana. Mesmo que 25 dos crentes tenham ido para a religião muçulmana, os restantes foram para a ilha de Nais, deixando para trás tudo o que possuíam.

Nesse mesmo ano, os muçulmanos destruíram uma igreja evangélica na vila de Asahan. Os Bataks, uma tribo Cristã que é maior em número que os muçulmanos da ilha, ficaram tão furiosos que destruíram, também, duas mesquitas na ilha, movidos por vingança. Até podemos entender qual a razão, mas, não está certa esta reação. Seguidor de Jesus nunca retalia. Na verdade, qualquer tipo de retaliação apenas fornece mais lenha aos muçulmanos para o fogo da sua violência, pois, eles também sobrevivem através da propaganda anticristã a que possam deitar a mão. Foi o que aconteceu aos Bataks, foi uma reação desastrosa, pois aquilo apenas manifestou como eles ainda andam vivendo longe de Cristo – ou longe dos Seus padrões de vida.

Nos meses de Setembro e Outubro de 1968 no Sul de Sumatra, quatro cristãos foram assassinados por muçulmanos em Marta Pura. Eles haviam-se convertido a Cristo há bem pouco tempo, deixando de ser muçulmanos, mas acabaram pagando com suas vidas a sua conversão. Contudo, o seu sacrifício nem foi em vão. Logo após a execução destes filhos de Jesus, 60 outros muçulmanos converteram-se a Cristo. O último ato de perseguição em 1968 foi um ataque a uma igreja em Kedini no Leste de Java. O edifício foi simplesmente nivelado com o chão através das chamas.

No ano seguinte (1969), uma vaga de novos ataques muçulmanos começou a destruir as igrejas na área. No dia 17 de Janeiro, a Igreja Reformada em Djatibarung (Leste de Java) foi completamente destruída. O golpe seguinte foi em Slipi, um subúrbio de Jacarta, no dia 28 de Abril. No espaço de duas horas de ataques, uma igreja nova e acabada de ser construída, foi destruída por cerca de 500 muçulmanos ferozes. Como em outras ocasiões, um general do exército vivia a 100 metros da igreja e comunicou que nem se apercebeu dos desacatos que houve. Eu visitei pessoalmente a igreja destruída. O edifício tinha sido terminado dois meses antes de haver sido destruído. Sem qualquer ajuda exterior, os cristãos conseguiram juntar cerca de 4.500 dólares para construírem a sua igreja e, para os pobres indonésios cristãos, foi um enorme sacrifício. Mas, ainda por cima, após o ataque, as autoridades proibiram uma nova construção.

O ministro que inaugurou esta igreja em Slipi, também é pastor de outras congregações. As outras igrejas que pastoreava também foram ferozmente atacadas por muçulmanos. Não lhe é permitido pregar em certos locais de culto porque os muçulmanos dos bairros ameaçaram usar a força para impedir qualquer culto. Noutras igrejas, os muçulmanos erigiram as suas próprias mesquitas ao lado do local onde as igrejas haviam sido destruídas. E ai dos crentes que se atrevessem a reconstruir!

O dono da casa onde estou sendo recebido agora é o ministro da maior igreja da cidade. A sua igreja tem sempre luzes muito fortes ligadas toda a noite e holofotes ao redor do edifício, pois, ele confidenciou-me: “Nós não sabemos onde ou quando o próximo ataque vai ser!”

O 3º monstro das trevas na Ásia é o ocultismo, juntamente com as práticas de feitiçaria. As religiões do Oriente, juntamente com o animismo, estão tão envolvidas com práticas satânicas, espiritismo e forças demoníacas, que muitas vezes penetram nas próprias igrejas e convivem com os cristãos dentro da igreja. Muitos crentes nominais, mesmo prestando homenagem àquilo que a Bíblia diz, ainda mantêm os seus amuletos e utensílios de feitiçaria, peças de feitiçaria, de cura e de proteção e outras coisas mais às quais recorrem quando se sentem em perigo ou em necessidade.

O avivamento em Timor começou assim que os habitantes das ilhas começaram a queimar os seus amuletos de feitiçaria, tirando-os para fora de suas casas. Vamos ver de forma resumida como aconteceu com um caso especifico de um crente nominal. Marco, um jovem de 26 anos de idade, foi uma testemunha ocular de grandes acontecimentos dentro do avivamento, mas, nem mesmo assim parecia ter sido afetado por eles. Ficou intocável mesmo vendo tudo aquilo que viu. Ele havia sido um feiticeiro ativo durante muitos anos e muitas pessoas recorriam aos seus serviços sempre que tinham problemas. Mas, na primavera de 1969, teve uma manifestação direta do Senhor Jesus. Uma tarde, por volta das 18:00 horas, Marco viu uma figura muito resplandecente aproximando-se dele. Ele caiu de rosto no chão em grande temor e perdeu a consciência. Ficou como morto durante mais de 14 horas. As formigas já entravam e saiam de sua boca e ouvidos e os seus familiares, quando o encontraram, começaram por achar que estava morto. Na manhã seguinte, por volta das 8:00 horas, recuperou a consciência. Passou a relatar a terrível experiência pela qual passou. Havia sido levado até à porta do inferno. Um cavalo, coberto de sangue, montado por algumas pessoas, passou diante dele. Então, ouviu uma voz: “Este cavalo leva todas as pessoas que ainda não abandonaram seus amuletos e feitiçarias”. Também relatou outras visões que igualmente o haviam aterrorizado. Assim que terminou o seu relato aos curiosos, foi buscar tudo o que tinha de feitiçaria e magia e queimou. Depois de ter feito isso, o Senhor chamou-o para um ministério pessoal. Eu tive a oportunidade de conhecer este irmão pessoalmente quando passei na vila onde vivia.

Existe mais um baluarte agressivo das trevas na Ásia, ao qual já fiz referência anteriormente. E o que seria? O intelectualismo Ocidental dentro das escolas de Teologia juntamente com as suas críticas contra a Bíblia e a favor do erro interpretativo. Alguns estudantes contaram-me como se viram na necessidade de abandonarem os estudos duma escola de Teologia na cidade de D. porque, diziam, estavam sendo mortos, perdendo toda a sua fé através daquilo que estudavam. Em K. também existe o mesmo problema. Os professores alemães e holandeses dessa escola ensinam uma teologia moderna que é mortífera. O mais difícil de acreditar é que essa escola encontra-se mesmo numa ilha onde Deus se manifestou de forma poderosíssima. Ali mesmo, no meio dum avivamento, Satanás colocou uma escola de teologia moderna para atrair alguém para matar. Devido a esse fato, os cristãos locais, juntamente com os estudantes, foram forçados a reunirem-se em conferência para decidirem o que fazer em relação a esta nova ameaça contra a Obra do Senhor Jesus.

Outra dificuldade enorme que se tornou uma ameaça direta contra a obra do Senhor, foram as práticas da Igreja Católica local e suas “campanhas missionárias”, (conforme lhes chamam). Nesta era que é conhecida como a era Ecumênica, umas coisas realmente incríveis estão acontecendo. Enquanto estou escrevendo este curto relatório, o superintendente da Igreja Reformada relatou-nos alguns dos terríveis acontecimentos pelos quais os Católicos são responsáveis. Deram-nos exemplos claros da intolerância dessa denominação para com a obra de Deus, principalmente aquelas vindas dos missionários católicos que operam na área. No norte da ilha, os católicos colocaram em prática o seguinte esquema satânico: deram novos nomes a cerca de 60.000 animistas, batizaram-nos forçadamente e registraram-nos como membros da Igreja. Realçamos o fato de que, nenhum destes animistas se converteu até ao dia de hoje. Quero realçar também que estes são dados e relatórios documentados e fornecidos pelas autoridades eclesiásticas locais. Isto não pode, de maneira nenhuma, ser visto como propaganda anti-católica maliciosa. Iremos ouvir mais relatos de casos devidamente comprovados mais à frente.

Pudemos verificar que a Ásia sangra através múltiplos ferimentos mortais. Contudo, esta chama que o Senhor Jesus acendeu na Indonésia irá continuar a queimar e esperemos que permaneça até à Sua vinda. No passado, alguns dos Seus mensageiros abençoados chegavam aqui ao Oriente, vindos da América e da Europa. Hoje, vemos esta situação sendo invertida: vemos missionários saírem da Ásia para converterem a Cristo o mundo “Cristão” preso às suas teologias sob o poder do racionalismo.

 

II. O NASCER DUM LIVRO

 

Vamos mudar o assunto por uns breves momentos e deixem-me relatar algo mais leve. Grande parte deste livro foi escrito perto do equador sob um sol abrasador. Uma camisa e um calção já são roupas a mais, suficientes para nos sentirmos muito desconfortáveis. Muitos insetos e pernilongos atormentam-nos incessantemente. Coloquei um copo de água morna para beber aqui do meu lado, em cima duma mesa primitiva. Desde que saí da Alemanha, nem uma única bebida fresca consegui arranjar ainda. As únicas coisas que se acham por aqui são água morna e água quente. Umas crianças irrequietas estão sentadas em frente da mesa olhando fascinadas para a minha máquina de escrever portátil. Nunca viram tal coisa antes! O barulho das suas risadas e brincadeiras mistura-se com o som dos mais velhos conversando animadamente mais distante. Um pouco mais adiante estão umas 25 pessoas cantando hinos a Deus, batendo palmas e elevando suas vozes docilmente. Diante de mim está um candeeiro a petróleo que teima em apagar-se com a brisa. Uso um creme que repele os insetos, para ver se não me mordem. Coloquei uns tampões em meus ouvidos para me poder concentrar no meu trabalho. Mas, na verdade, estou extremamente exausto, pois tive de fazer vários cultos e pregações. Posso-vos dizer que alguns de meus discursos e pregações duraram mais de 12 horas sem parar. Estou com muita dificuldade para concentrar-me neste momento. Parece-me uma tarefa quase impossível ordenar os meus pensamentos e colocá-los em ordem no papel da máquina diante de mim.

 

III. A BÍBLIA E A CORTINA DE FERRO

 

A besta Comunista que surgiu das profundezas do inferno vem ameaçando a Ásia já por algum tempo e entra muito sutilmente neste continente usando promessas falsas de liberdade. As suas garras aguçadas insistem em “caçar” aqueles países que ainda não conseguiram desmembrar, aqueles que agüentaram a pressão e ainda não cederam às suas pretensões maliciosas. O Comunismo tem ambições e luxúrias territoriais e não olha os meios para satisfazê-los, subjugando povos e nações que vivem em paz. Mas, o seu alvo principal, é extinguir a chama do evangelho para sempre. Disso nunca tenhamos dúvidas sequer.

Através da ajuda de Deus pude visitar praticamente todos os Países do Oriente (Ásia). Onde quer que vá, vejo um conjunto diferente de necessidades. Numa área existe falta de arroz; noutra, é a falta de emprego; mas, em todos os Países (com exceção de Ceilão) vemos que existe uma enorme falta de Bíblias, da Palavra escrita de Deus.

A fome pela Palavra de Deus ficou particularmente marcada em meu coração num País específico da Ásia. Não posso dizer quais os nomes para não colocar em perigo as vidas dos crentes que operam na área. Os Países sob domínio Comunista não permitem que qualquer tipo de literatura Bíblica entre em suas fronteiras. Contudo, para que o Ocidente seja enganado e ludibriado, existem colégios “Bíblicos” que mantêm as aparências continuando abertos e operativos. Servem apenas para camuflarem as realidades através das aparências. Mas, mesmo nestas “escolas Teológicas” existe uma escassez da Palavra escrita. No País em que estou pensando duma forma particular, existe apenas uma Bíblia para cada seis estudantes e quando saem dos Colégios, ficam sem qualquer possibilidade de obterem uma cópia da Palavra de Deus. Os que vivem com Deus e partem para pregar o evangelho de Cristo, costumam fazer uso apenas daquelas partes que conseguiram copiar manualmente das Bíblias que existiam naqueles seminários. Perguntei se não seria possível arranjarmos mais Bíblias para estas pessoas.  Um missionário respondeu-me: “É possível através da Sociedade Bíblica Inglesa. Essa Sociedade Bíblica tem Bíblias nos seus idiomas. A triste notícia é que estão guardadas em Londres, apanhando o pó da estagnação, pois é ilegal levar Bíblias para esses países”. Perguntei se não havia maneira de consegui-las “contrabandear” para dentro desses países e de arranjar uma maneira de as colocarmos nas mãos daqueles que delas necessitam. “Claro que sim! Acabamos de enviar cerca de 500 Bíblias”, disse. E continuou contando-me como foi possível transportarem aquelas Bíblias para aqueles países Comunistas. Por questões de segurança, irei omitir aqui o relato que ouvi, pois não podemos colocar em risco uma Obra tão bonita. Podemos apenas mencionar que este missionário aprendeu com os próprios soldados Vietcongues como cruzar as fronteiras sem ser apanhados, levando aquelas preciosas cargas. Ele cruzava fronteiras impossíveis de serem penetradas. O ódio e o rancor do orgulho não podem ser os únicos motivos pelos quais nos sentimos autorizados a cruzar fronteiras de forma ilegal. O amor de Cristo deve ser uma maior razão para “transgredirmos” a leis internacionais sobre fronteiras. Deus não tem leis alfandegárias para as respeitarmos se trabalhamos para Deus num mundo que Ele criou. Querendo saber ainda mais sobre tudo aquilo, continuei perguntando quantas Bíblias necessitavam e quanto elas custariam. “Precisamos com urgência de cerca de 500 Bíblias e cerca de 10.000 Novos Testamentos. Temos maneiras de cruzar a Cortina de Ferro. Só nos faltam as Bíblias. Quanto aos preços, as Bíblias custam atualmente 1,5 dólares cada. Os Novos Testamentos são muito mais baratos”.

A idéia de transportar Bíblias para além da Cortina de Ferro não me deixou mais descansar. Uns dias depois, fui conversar com o mesmo missionário novamente. Comuniquei-lhe que havia conversado com os meus colaboradores na Suíça e na Alemanha e eles iriam oferecer aquelas Bíblias e Novos Testamentos. E foi assim que combinamos fazer: as Bíblias deveriam ser pedidas de Londres e os Novos Testamentos seriam impressos na Índia ou em Hong Kong para reduzirmos os custos e aumentarmos a quantidade.

Oremos pelo sucesso desta e de outras campanhas. O nosso desejo é que cada cristão consiga pelo menos uma Bíblia e que a mensagem de Cristo possa chegar a todos os cantos do mundo. Isto inclui os lugares onde está proibido pelos homens a entrada de Bíblias.

 

IV. UMA VÍTIMA DA BESTA RELIGIOSA

 

Lemos no livro de Apocalipse, capitulo 13, que iriam aparecer a Besta e o Falso Profeta na terra um dia. Estes irão aterrorizar o mundo nos fins dos tempos. Esta aliança satânica entre uma força política e uma força religiosa vai conseguir fabricar um casamento entre Estado e Igreja, entre a Besta do Comunismo e a Besta da religião. 

Seria um erro associarmos a besta religiosa apenas àquilo que a Igreja Católica representa, ou a Besta somente ao Comunismo. O fanatismo religioso e malicioso existe em todas as denominações porque não se anda com Deus dentro das suas paredes. Todas as religiões que excluam a presença de Jesus de forma real e a operação do Espírito Santo de forma prática, caem dentro da categoria dessa besta religiosa. Pelos frutos que dão podemos facilmente distingui-los.

Uns anos atrás, eu visitei várias vezes alguns países sul americanos, onde a religião católica tem uma enorme aceitação. Na Colômbia, um país que pode ser chamado a “Espanha das Américas”, conheci um missionário que me relatou a seguinte história. Um evangelista protestante foi tirado da sua cama à força numa noite e raptado sob o olhar assustado da sua própria esposa. Umas semanas depois, ela recebeu em casa pacotes com carne seca. As cartas que acompanhavam os pacotes diziam que aquela era a carne do homem que havia sido raptado. Diziam, também, que aquilo era o que iria acontecer com todos aqueles que recusassem abraçar a religião católica e que não abandonassem a fé protestante. Diziam que não existe salvação fora da Igreja Católica e que deveriam estar preparados para serem igualmente mortos se não se tornassem Católicos. Não temos a certeza se era mesmo a carne do homem que desapareceu. Mas, em qualquer caso, o pobre homem nunca mais apareceu. Podemos garantir a veracidade desta história.

Logo após este episódio, a maioria dos ataques de terrorismo religioso contra protestantes na Colômbia cessaram quase por completo. Isso ficou a dever-se à publicidade repugnante que os casos como este trouxeram à opinião pública. Muitos dos governos expressaram publicamente o seu repúdio por estes atos que se tornaram públicos e conhecidos mundialmente. Contudo, nem assim devemos pensar que esta besta religiosa deixou de lado as suas pretensões de exterminar a verdade e os verdadeiros sobre a terra. A serpente voltará a mostrar a sua cabeça assim que conseguir a próxima oportunidade ou vítima.

No Sudoeste da Ásia, um novo golpe sanguinário ocorreu no dia 28 de Março de 1969. Os fatos desta história estão comprovados e foram devidamente investigados. Não existem dúvidas sobre a veracidade destes acontecimentos.

Para evitarmos qualquer tipo de retaliações contra as pessoas que estão sendo agredidas, iremos omitir os seus nomes neste livro. Mas, seja-nos permitido dizer que estou escrevendo esta história no país onde ela ocorreu. Na verdade, preguei mais do que uma vez na cidade onde tudo aconteceu.

Após muita preparação e oração, um grupo de estudantes preparou-se para irem pregar o evangelho numa área predominantemente Católica, mesmo na fronteira de seu país. Muitos irão logo dizer: Claro! Que mais queriam? Que esperavam? Não precisam enviar missionários protestantes para onde já existem muitos missionários católicos. Em resposta a isto, podemos assumir que seria muito tolo acreditarmos que todas as pessoas perto de qualquer igreja, seja ela católica ou protestante, sejam pessoas convertidas. Os verdadeiros discípulos de Cristo são uma pequena minoria. Que fique aqui o aviso: “A porta é estreita e o caminho que leva à vida é muito apertado”. Poucos existem que o tenham achado verdadeiramente. Nenhum cristão nominal terá acesso a esse caminho. Todos os crentes nominais precisam ser evangelizados na esperança de que alguns se convertam.

E foi assim que estes jovens soldados de Cristo saíram pregando de uma vila Católica para a outra. Iam de casa em casa, convidando as pessoas para assistirem aos cultos e o Senhor abençoava poderosamente o seu trabalho. Em cada vila muitas pessoas achavam o Senhor Jesus pela primeira vez. Mas, os lideres eclesiásticos (e não só), movidos por uma ira cheia de inveja e de ódio religioso, nascido no próprio inferno, fizeram coisas muito feias.

Quando terminaram certa campanha evangelística que havia durado algumas semanas, o grupo decidiu voltar para casa. Um deles, contudo, (chamemos-lhe Estevão), disse aos seus irmãos: Ontem à noite o Senhor falou-me para eu continuar aqui pregando. Preciso permanecer na área para evangelizar. Os outros membros do grupo respeitaram a decisão que tomou e continuaram orando por ele depois de haverem partido dali. Pelos frutos que a sua obra obteve, podemos confirmar que ele havia ouvido bem a voz do Senhor. O Senhor usou-o poderosamente.

As leis locais exigiam que Estevão informasse os responsáveis da prefeitura da vila e ao prefeito a sua presença na área antes de poder começar a trabalhar. Numa das vilas, os lideres locais convocaram uma reunião para discutirem o assunto. Após uma discussão num dialeto que Estevão não entendia, convocaram seis homens que, disseram, iriam acompanhá-lo até à próxima vila. Já fora da vila, a cerca de uns 5 km, Estevão sentiu no ar uma força demoníaca muito estranha. Parou imediatamente e, caindo de joelhos, levantou as suas mãos para o céu ao mesmo tempo que se ajoelhava. Foi no preciso instante em que o facão dos homens que o acompanhavam desferia o golpe que o iria matar. Mas, como se havia ajoelhado naquele instante, o facão atingiu apenas os seus dedos, cortando-os fora. Um segundo golpe cortou fora a mão dele que ainda se encontrava erguida para os céus em oração. Ele caiu momentaneamente no chão por causa da dor que sentiu, mas ergueu-se de seguida e tornou a elevar os seus braços para Deus e um braço sem mão estava apontando para o céu, sangrando muito. Foi quando um terceiro golpe foi desferido na sua nuca matando-o de imediato. O seu corpo foi puxado para fora do caminho e encoberto com terra.

Mas, o assassinato não ficou encoberto. Mesmo antes de o dia terminar, toda a vila sabia do que se havia passado. O prefeito sentiu-se obrigado a reunir o povo da vila e a “explicar” que haviam sido os comunistas que assassinaram Estevão. E, no final do seu discurso, disse: “Se esta notícia sair daqui da nossa vila, a pessoa responsável será morta! Ninguém de fora poderá ficar sabendo do que aconteceu”.

Mas, apesar das ameaças e dos avisos, não demorou muito tempo até que uma denúncia escrita do que havia acontecido tivesse chegado a polícia duma cidade vizinha. Na carta estava o local exato onde o corpo se encontrava e também os nomes dos responsáveis pelo assassinato. A carta era anônima. Teria sido muito arriscado colocar um nome naquela denúncia.

Usando a informação da carta, o chefe da polícia achou o corpo com alguma facilidade. Como o crime havia sido planejado e executado pelos católicos, o chefe da polícia que era protestante, ordenou seis policiais protestantes para executarem as detenções dos culpados, não correndo o risco de não serem detidos. No dia seguinte, as forças policiais cercaram a casa do prefeito. Ele foi obrigado a entregar todos quantos eram diretamente responsáveis pelo assassinato. E foi assim que todos os culpados foram presos. O prefeito da cidade também ficou detido. Neste momento em que estou escrevendo este relatório, estão aguardando o julgamento na prisão. Nas suas confissões, os assassinos deram todos os detalhes do crime. Também confessaram que haviam sido impulsionados por razões religiosas e pelos líderes da vila.

O fato mais marcante, no entanto, nem foram as confissões dos criminosos, mas antes a própria morte de Estevão. Conforme ele estava sendo cortado pelos facões dos criminosos, nem se ouviu um único grito ou lamentação da boca de Estevão. Partiu deste mundo sem um murmúrio, sem uma lamentação. Não havia qualquer pensamento de rancor ou de vingança em sua mente. Estava feliz porque ia ver seu Senhor, contente pelo fato de ter sido achado digno de sofrer por amor a Cristo.

E foi assim que mais um mártir se uniu ao coro celestial, partindo do Sul da Ásia. Mas, a semente que deixou está frutificando muito, tal como aconteceu com as sementes de outro Estevão que foi apedrejado fora dos muros de Israel na era dos apóstolos. Ele clamou: “Senhor, não os tenhas como culpados deste pecado”. E rendeu o seu espírito.

Quando o corpo de Estevão foi recuperado, os seus pés estavam de fora da terra devido à pressa de o enterrarem. Mas, o milagre foi que o seu corpo nem se havia decomposto muito para o clima tropical dali. A notícia espalhou-se por todas as vilas Católicas onde Estevão era ou tornou-se conhecido e as pessoas saiam às ruas clamando que haviam assassinado um santo.

                                          

V. NO AVIVAMENTO DA INDONÉSIA PELA SEGUNDA VEZ

 

Comida sobrenatural

 

Visitei em 1968, pela primeira vez, aquela área onde Deus acendeu o Seu fogo. Desde esse tempo meu coração ganhou um enorme desejo e empenho por toda aquela obra que Deus está fazendo na Indonésia.

Na primavera de 1969, tive a grande alegria de estar com o irmão Pak Elias e com David Semeon quando eles visitaram a Alemanha onde discursaram nas conferências que organizei em Stuttgart e Bretten. Mesmo que em todas essas ocasiões não houvesse espaço para toda a gente que veio ouvir as mensagens e isso tivesse sido motivo de grande alegria para mim, a maior alegria foi Pak Elias ter-se oferecido para me acompanhar pessoalmente para o centro do avivamento no fim desse mesmo ano. Quase não consigo arranjar palavras para descreverem aquilo que vi e, depois da minha conversão em 1930, vejo esta segunda visita à Indonésia como o acontecimento mais marcante de toda a minha vida espiritual até hoje.

Como aperitivo para a nossa viagem, participei de uma conferência no leste de Java. Diariamente as pessoas eram colocadas diante de Jesus Cristo em pessoa. O clímax foi atingido no último culto (no encerramento da conferência) que durou 9 horas!

Na Europa, um culto que durasse 3 horas seria muito longo para mim. Mas, a coisa mais estranha foi que, depois das 9 horas de culto, não me sentia cansado e não tinha qualquer sinal de exaustão. Na verdade, parecia que estava melhor que quando começou o culto. Sentia-me fortificado, revitalizado por dentro, como se tivesse ingerido um maná secreto. David Semeon e seu irmão estiveram conversando comigo depois do culto e comentei com eles aquilo que se estava passando comigo. Responderam-me assim: “É a atmosfera espiritual que existe aqui. Existe uma diferença muito grande entre este ambiente e um outro ambiente onde as nossas forças são sugadas de suas forças e desgastadas. Neste ambiente, as forças não são consumidas – são revitalizadas. É o oposto de nos cansarmos, funciona em sentido inverso. No Ocidente, muitas conferências missionárias, ao invés de nos revitalizarem, fazem-nos sentir exaustos depois de haverem terminado”.

Dentro duma área e avivamento real, os crentes que vêm às palestras das conferências, as quais podem durar até 12 horas num só dia, recebem um maná secreto, uma comida que ninguém mais conhece senão o próprio. É verdade que sabemos e até aceitamos que estas coisas vêm descritas na Bíblia, que aconteceram no passado e tudo mais. Mas, aceitamos com alguma dificuldade que ainda hoje acontecem. Em Timor, elas acontecem diariamente.

 

Comida Natural

 

Um dos privilégios que tive, foi conhecer Felipe, um nativo desta ilha. Uma atmosfera espiritual parecia irradiar deste homem, tudo à volta deste humilde servo de Cristo parecia contagiante e atraía. Não consegui que fosse ele a contar-me a história da vida dele, pois, é muito comum aqui ninguém falar das experiências próprias. Todos brilham estranhamente falando somente de Jesus. Jesus é o seu tema favorito e vê-se um estranho brilho nos olhos das pessoas falando de Jesus. Não falam de si próprios. Mas, os amigos de Felipe tinham muito que falar sobre este servo de Cristo. Eram coisas grandiosas e tremendas. Ele é o líder do grupo 36. Numa ocasião, chegaram a certa ilha, ele e mais os 10 membros do seu grupo. Queriam fazer uma campanha missionária. Encontraram-se com o pastor da Igreja Reformada local e ele disse-lhes: “Não vale a pena virem para cá. A vila é muito pobre e não existe comida aqui e ninguém de nós poderá cuidar das necessidades do vosso grupo”.

O grupo foi empurrado para a oração. Perguntaram ao Senhor: “Senhor, é aqui que ficaremos, ou vamos para outro lugar?” Jesus respondeu imediatamente: “Eu mesmo vos trouxe até aqui e Eu mesmo providenciarei as vossas necessidades enquanto estiverem cá”.

Na manhã seguinte muito cedo, começaram o primeiro culto que durou até cerca das 15:00 horas. Por essa hora já os jovens missionários estavam esfomeados, pois não comiam nada desde o dia anterior. Viraram-se para o Senhor e oraram, pedindo-Lhe que cuidasse deles. E Deus respondeu-lhes: “Ide chamar o pastor da igreja que vos falou e os lideres da igreja também”. Obedeceram. Ao todo, eram 39 pessoas e mais os membros do grupo. Reuniram-se todos em oração. De repente, todos ali presentes viram numa visão uma mesa sendo colocada diante deles com uma tolha de mesa branquíssima e cheia de manjares de todo o tipo. Havia muita comida. Todos viam aquela mesa. Seguidamente deu-se o milagre. Apareceram umas mãos distribuindo a comida às 50 pessoas ali presentes. Descobriram que, assim que colocavam a comida em suas bocas, tornava-se algo que podiam mastigar de verdade. A comida tornou-se real. Naquela noite a experiência repetiu-se e, durante os três dias que o grupo permaneceu na ilha, aquele milagre aconteceu oito vezes. O pastor da igreja, os presbíteros e os outros líderes, juntamente com mais alguns cristãos, foram testemunhas oculares destes milagres.

Temos na bíblia escrito da maneira como o pão foi repartido entre os 5.000. Mas, aqui em Timor, temos um milagre da comida a 50. No entanto, houve outras maneiras que Deus usou para alimentar os seus servos.

Não esperamos que os racionalistas e os modernistas descrentes creiam nas coisas que passaremos a descrever. Contudo, queremos afirmar que as suas opiniões pouco importam. As suas atitudes até rejeitam aquelas coisas que vêm na Bíblia e nem podemos esperar que as realidades de Deus possam ser credíveis para eles. O único conselho que podemos dar a tais pessoas é: “Vem e vê”, João 1:46. Venham ver por vocês mesmos. A razão para a minha visita à ilha de Timor, era eu poder entrar e participar na presença de Jesus de forma real e, querendo Deus, esta não será aminha última visita ao local. É um fato e uma realidade que podemos sentir a presença do próprio Senhor Jesus desde que estejamos totalmente entregues e rendidos a Ele em todos os aspectos da nossa vida. Timor é atualmente como o Monte da Transfiguração.

 

O Vinho de Deus

 

Vamos agora passar a descrever um outro milagre que irá criar estupefação e, possivelmente, incredulidade em muitos crentes. Até este momento, o milagre da transformação de água em vinho que ocorreu em Canaã já aconteceu aqui em Timor oito vezes em diferentes ocasiões.

Vamos começar pela descrição que nos deu o líder do Sínodo da Igreja Reformada em Timor. O Pastor Joseph, que é membro e pastor da Igreja Reformada, recebeu a sua formação teológica no Ocidente. Durante a conferência em Julho de 1969, ele deu um relatório detalhado diante dum grupo de 120 missionários e estudantes vindos de todos os continentes, de todas as coisas que aconteceram em toda a Igreja. Foi no dia 12 de Julho. Eu estava presente na conferência e recebi mais tarde o relatório por escrito e traduzido em inglês. Relatórios destes são necessários porque os acontecimentos que vamos passar a descrever são deveras muito maravilhosos. Eu já preguei pessoalmente e por várias vezes na Igreja de Soe onde este milagre ocorreu e pude certificar-me pessoalmente dos fatos após exaustiva investigação. Os relatos aqui são comprovados e são reais. Vamos ler o que o superintendente tem a dizer pessoalmente.

Não existem videiras na ilha de Timor. O vinho que sai da uva simplesmente não existe por lá. Também é impossível importar vinho devido à extrema pobreza da população da área. Existe, porém, um tipo de vinho local que é extraído das palmeiras e, os habitantes locais, alcoolizavam-se com esse vinho – eram viciados nele. Tem um grau muito elevado de álcool. Antes de o avivamento ter começado, havia muito alcoolismo na ilha. Mas, assim que o Espírito de Deus tomou posse dos corações das pessoas, abandonaram o seu vicio e não mais suportavam aquele vinho. Deixaram para sempre os utensílios que carregavam com eles para transportarem a bebida. E houve muitas destilarias que foram destruídas porque os seus donos se converteram. Contudo, isto criou um enorme problema. A Igreja reformada usou sempre o vinho de palma para a Santa Ceia. Mas, devido ao fato das igrejas federem imensamente a álcool nos dias das ceias, os que abdicavam do vício eram fortemente tentados a pecaram durante e após as ceias. O pior de tudo era que os alcoólatras não se sentiam pressionados a abandonar o seu vício, porque mantinham a desculpa que os crentes também usavam o vinho de palma. Diziam: “Se nas igrejas se bebe vinho de palma, não deve haver nada de errado beber cá fora também”.

Os crentes oravam incessantemente por uma solução para aquele problema e a resposta não tardou em chegar. No dia 9 de Setembro de 1967, uma senhora Cristã ouviu a voz de Deus dizendo: “Transformarei água em vinho para a ceia de Outubro”. Aquela voz profética repetiu-se a 13 e a 17 de Setembro. A senhora pertencia aos grupos que saiam para evangelizar e transmitiu a mensagem aos líderes locais. E foi assim que, conforme o dia da ceia se ia aproximando, uns cântaros foram cheios de água e os crentes oraram para que o milagre acontecesse. E o milagre aconteceu. A Igreja de Soe experimentou aquele que veio a ser o primeiro milagre da água transformada em vinho, no dia 5 de Outubro de 1967. O superintendente Joseph estava presente naquele culto e participou do milagre.

Em Dezembro de 1967 o milagre repetiu-se em outra ocasião de ceia. O Senhor Jesus tornou a anunciar o milagre com antecedência, anunciando-o umas semanas antes de haver acontecido. Em cada uma das ocasiões, um grupo diferente de pessoas era escolhido por Jesus, uma a uma, para participarem da oração que Deus iria ouvir.

Superintendente Joseph, em seu relatório, diz que o milagre havia acontecido em cada culto de ceia desde Outubro de 1967. Conforme já referi, até aquela data, já havia acontecido por oito vezes.

No dia 7 de Dezembro de 1968, Pak Elias e a sua esposa também participavam dum culto de ceia onde o milagre aconteceu. Relatou-me que, na altura, sentia-se tão miserável por dentro que sentiu que deveria confessar todos os seus pecados um a um novamente. Mesmo sabendo que Deus já o havia perdoado há muito tempo, não resistiu em tornar fazê-lo, tal foi o sentimento que se apoderou dele, sentindo-se indigno e vil!

A seguir a um desses cultos de ceia, foram armazenados dois garrafões do vinho que sobrou. Conforme se aproximou o dia da ceia seguinte, os grupos 4 e 11 foram os escolhidos por Deus para fazerem o milagre acontecer. Ao todo eram necessários sete garrafões. No entanto, dois dos garrafões tinham ainda vinho antigo. O Pastor Joseph estava de acordo que fossem esvaziados para tornarem a ser usados e foi dada essa tarefa a um dos crentes. O irmão que derramou o vinho, ao chegar a casa encontrou a sua esposa sofrendo uma terrível hemorragia. Havia vomitado a mesma quantidade de sangue que o vinho derramado. Ajoelhando-se ao lado dela, implorou ao Senhor que a curasse. Foi contar ao superintendente Joseph o que havia acontecido. Convocando todos os líderes e presbíteros da congregação após contar-lhes o que aconteceu, dirigiram-se para a casa do irmão para intercederem por ela. Ela recuperou seu estado de saúde.

Depois de haver passado por aquela experiência, o irmão resolveu inquirir do Senhor, questionando-O sobre o que deveriam fazer com o vinho que sobrava. “Se não queres que esvaziemos os garrafões, que faremos então?” Foi-lhes dada a instrução de usarem aquele vinho para a cura de certo tipo de doenças, particularmente a anemia. Os crentes foram obedientes.

Como resultado, este vinho foi distribuído a pessoas com certo tipo de doenças. Descobriram, porém, que o vinho azedava se ficasse descoberto por um tempo. Permanecia intacto durante uma semana e ia azedando e, pela 4ª semana estava completamente azedo. Isto faz-nos recordar o maná no deserto que apodrecia quando era guardado mais tempo do que aquele que Deus permitia.

Muitos dos missionários que ouviram o Superintendente relatar estas ocorrências começaram ap perguntar logo de imediato: Era mesmo vinho, ou era suco de uva? Continha algum grau de álcool? A resposta foi bastante esclarecedora. Não era nem suco e também não tinha álcool! Isto serve como resposta para todos aqueles que gostam de discutir sobre certas doutrinas e impor certos pontos de vista sobre os outros. Era vinho autentico, mas não tinha álcool. Tanto os que defendiam que não podia ser usado álcool nas ceias, como aqueles que diziam que não podia ser usado suco, estavam certos. Quantas de nossas diferenças teológicas serão respondidas desse jeito? Porque discutimos tanto sobre tantas coisas?

Levando em conta que muitos teólogos “formados” achem escandalosas estas repetições do milagre de Canaã, esclareceremos que não precisamos da opinião deles para crermos em Jesus. Muitos deles até já rejeitam os milagres que vêm na Bíblia e será muito compreensível que rejeitem e que também recusem acreditar que acontecem em Timor. Atribuirão estes milagres ao fanatismo que se está espalhando pelo mundo. Também entendos quais as razões que os levam a pensar desse modo. Cinco anos atrás, se me contassem isto que estou aqui contando, também teria recusado dar credibilidade ao que ouvia. Posso ter certa simpatia e compreensão pelas suas atitudes de descrença. Contudo, não podemos esquecer que estes problemas de incredulidade poderão facilmente ser resolvidos. Podemos aproximar-nos de Jesus, ou podemos visitar a ilha de Timor pessoalmente. Vá a Soe e veja por si.  Todas as coisas que estou descrevendo aqui estão todas documentadas nos arquivos de Igrejas sãs e podem, se Deus assim quiser, vir a ser experimentados por qualquer um que esteja presente no local quando acontecerem.

Mas, queremos desde já avisar que nenhuma Igreja de Soe será um local de peregrinação ou de turismo. Ninguém lá conseguirá aproximar-se da mesa da ceia se não tiver a sua vida totalmente em ordem diante de Deus. E, também, o engano de todos aqueles que se possam aproximar da mesa do Senhor empolgados pela sua curiosidade, podem ter uma surpresa muito desagradável. Qualquer pessoa com um pecado por confessar, com qualquer atitude de impenitência ou de orgulho escondido, engano marcado na sua consciência, ou qualquer outro pecado que não haja sido perdoado e que tenha pecados secretos, não poderá pensar que seus pecados não serão expostos diante de todos. Deus colocará todos na luz e toda a gente ficará sabendos quais são os pecados. Será como no dia do Juízo.

 

VI. EU TAMBÉM FUI TESTEMUNHA!

 

Como sou indigno! Muitas vezes não dei a glória a Deus e muitas vezes não obedeci, seguindo meu próprio caminho quando poderia ter buscado e achado o de Deus. Como as faltas no meu ministério me acusam! Mas, fui testemunha do milagre também. A misericórdia de Deus vai para além daquilo que podemos entender ou aceitar. Também presenciei a transformação de água em vinho.

Logo após aquela conferência no Leste de Java, um grupo estrangeiro partiu acompanhando Pak Elias numa visita-campanha no centro da área de avivamento. Para além do nosso líder, Pak Elias, havia três professores do Japão e Paquistão e também um jovem missionário americano. Éramos representantes de cinco países diferentes e seríamos o primeiro grupo de estrangeiros visitando o avivamento e familiarizando-se com ele. Foi uma experiência inesquecível. Pak Elias abordou-me e disse-me: “O senhor é o primeiro visitante da Alemanha que vai ver as coisas que estão acontecendo no nosso meio pela graça de Deus”.

Posso apenas repetir: é deveras um privilégio enorme – algo que eu nunca mereci. Partimos para a ilha de Soe no dia 16 de Julho de 1969. A viagem foi muito cansativa. As condições das estradas nem conseguiriam ser imaginadas em países como Inglaterra ou Alemanha. Mesmo havendo chegado com algumas horas de atraso, toda a congregação esperou pacientemente por nós e nem abandonaram as instalações da Igreja. Deram-nos as boas vindas muito efusivamente.

Nos dias que se seguiram, estivemos em movimento contínuo, de culto em culto, de pregação em pregação. Não dá para acreditar, mas alguns cultos duravam até 12 horas seguidas! Isso só demonstra como as pessoas têm fome da palavra de Deus. Mas, também têm capacidades muito grandes para absorverem e digerirem tanta comida espiritual duma só vez!

Durante o tempo que permanecemos na ilha, tivemos o privilégio de sermos testemunhas da transformação da água em vinho juntamente com toda a igreja de Soe. Estas foram a nona e a décima vez que o milagre aconteceu. Será que algum de vós consegue imaginar o que é estarmos literalmente na presença do Criador do mundo?

O superintendente Joseph disse-nos que eles haviam sido avisados seis semanas antes, que um grupo de estrangeiros iria participar da ceia na Igreja de Soe. Mas, o mais interessante é o fato que seis semanas antes, o grupo ainda nem havia sido formado! O grupo formou-se apenas dois dias depois da conferência no Leste de Java haver começado e foi preciso muita oração para que ficássemos sabendo qual seria a composição do grupo!

No dia 5 de Julho, um grupo de 12 pessoas composto tanto de mulheres como de homens, foi instruído por Deus pessoalmente para orarem para que o milagre se tornasse possível. Seis mulheres receberam a tarefa de irem buscar a água numa fonte que Deus indicou. A água foi colocada em vasilhas grandes na presença de outras 18 pessoas e cobertas com pano. Na sexta-feira dia 18 de Julho às 12:00 horas, o Senhor Jesus comunicou aos seus filhos que o milagre havia acontecido. Tiraram o pano de cima das vasilhas que haviam sido cheias de água e viram que era vinho e que era verdade que o milagre havia acontecido de fato. Quando vi a quantidade de vinho que havia, aproximei-me de um dos líderes e disse: “Este vinho não será suficiente para as de 700 ou 800 pessoas que irão participar da ceia”. “É verdade. Mas, nós vamos simplesmente aguardar até que o Senhor Jesus nos dê mais instruções e que nos diga o que mais devemos fazer. Temos de esperar até isso acontecer. Não podemos fazer mais nada”. Foi então no dia de Sábado que o Senhor deu mais instruções: “Reúnam-se amanhã às 4:00 horas da manhã e vos direi em qual fonte irão buscar mais água. Depois, fiquem orando até às 7:00 da manhã”. Obedeceram. Na manhã seguinte às 7:00 horas da manhã, o vinho que faltaria chegou e mais água foi transformada em vinho na presença de 18 testemunhas.

Sempre que estes milagres aconteceram, as pessoas eram guiadas por Deus e nada acontecia sem que Deus os houvesse guiado. O Senhor instruía sempre um grupo diferente ou uma pessoa diferente para ir buscar água e também para orar para que a transformação se desse. É desta maneira que aquele privilégio é repartido por muitas pessoas. Mais ainda, o Senhor dava instruções claras de que cada culto de ceia fosse celebrado em locais diferentes. Dessa maneira, os milagres repartiam-se por muitos locais e muitas mais pessoas tornar-se-iam participantes de cada experiência.

Contudo, surgem aqui uns quantos problemas através destes milagres. Nem será difícil imaginarmos as objeções a que nos iremos sujeitar quando os racionalistas que lêem a Bíblia ouvirem falar destas coisas. Posso garantir a veracidade destes acontecimentos pessoalmente. Não se tratou de nenhuma forma de hipnotismo em massa. Não seria possível sequer serem milagres fraudulentos como muitos que “acontecem” hoje em dia. As pessoas que foram testemunhas oculares destes milagres foram pastores sóbrios, médicos e magistrados, o governador do distrito, (o qual se converteu a Jesus recentemente. Iremos ouvir mais sobre ele à frente).

Entendo, até certo ponto, as objeções que surgem nas cabeças dos crentes que possam estar a ler estes fatos. Do ponto de vista humano, sei que estes milagres são incompreensíveis e até mesmo os habitantes locais duvidavam deles muitas vezes. Contudo, quando uma senhora cristã expressou a sua incredulidade acerca destes milagres, na ocasião seguinte que se deu o milagre, ela foi chamada a participar na transformação da água para vinho. Foi-lhe dito para estar presente e que deveria permanecer lá até que o milagre tivesse acontecido mesmo. E foi assim que, com os próprios olhos, ela viu a água ser transformada em vinho. Dobrou-se suavemente sobre os seus joelhos e implorou ao Senhor que lhe perdoasse a sua incredulidade. Um outro irmão contou-me a seguinte história. Quando aconteceu o primeiro milagre, ele expressou a sua incredulidade da seguinte forma: “Se esse milagre acontecer mesmo, eu dou a minha vaca a alguém!” Imaginem a surpresa quando o homem foi designado e chamado para ir buscar a água à fonte pessoalmente. Ele dirigiu-se a fonte que Jesus indicara e mal começou a derramar a água para dentro da vasilha, sentiu o odor do vinho. Olhando para a água, viu que a água já era vinho. Colocando a vasilha no chão, ajoelhou-se rapidamente e implorou ao Senhor que lhe perdoasse.

A maneira como o Senhor determina as execuções dos milagres é muito marcante e digna de ser estudada. A obediência minuciosa de todos os que estão envolvidos é absolutamente imprescindível e essencial. Certo dia, o Senhor instruiu seis cristãos para irem buscar água e não lhes indicou qual a fonte onde deviam ir buscá-la. Quando chegaram fora da vila, o Senhor mandou que parassem e que levantassem uma pedra. Eles obedeceram. Por baixo da pedra havia uma fonte de águas límpidas com a qual encheram as vasilhas. No dia seguinte, no entanto, a fonte secara novamente e não corria mais água por ela. 

Numa outra ocasião, as 18 pessoas que estavam orando, foram mandadas a entregar o vinho ao pastor Micah. Quando chegaram à sua casa, a sua esposa atendeu na porta e eles, muito naturalmente, entregaram o vinho transformado a ela para que entregasse ao esposo. Mesmo que achemos que a sua desobediência não foi total, o vinho voltou a ser água. Conseqüentemente, oraram e jejuaram outros três dias mais até que a água tivesse sido transformada novamente.

Na nona vez que aconteceu o milagre, no qual eu estava presente, o Senhor direcionou 12 pessoas para orarem e jejuarem duas semanas antes da ceia. Durante aquele tempo de oração, o Senhor instruiu-os para comerem metade duma banana por dia, uma colher de arroz e um copo de água. Nesta dieta magra, Deus comunicou-lhes que orassem todas as manhãs durantes algumas horas, antes de irem para os seus empregos. Contudo, é de realçar que aquela dieta trouxe-lhes uma enorme benção.

No Domingo, dia 20 de Julho, celebramos a tão desejada ceia do Senhor. Havia cerca de 600 pessoas presentes. Nunca em minha vida participei numa festa tão linda. Nem podemos entender a alegria que sentimos quando nos sentamos numa mesa sabendo que foi Jesus quem forneceu o vinho pessoalmente. Alguém pode conceber tal alegria? O sabor permaneceu em minha boca por mais de dez minutos.

Qual foi o significado deste milagre? Uma coisa não pode significar: não serve apenas para causar a sensação dum milagre, ou sensacionalismo. Não serve ao sensacionalismo, antes anula-o; e o temor de Deus ali era evidente e contagiante.

Mas, basicamente, serviu para ajudar os pobres filhos de Jesus que creram n’Ele a celebrarem uma ceia que, de outro modo, não teriam celebrado. Nunca um deles provou sequer a suco da uva, muito menos saberiam o que era o vinho. Contudo, não podemos esquecer que a transformação dos corações dos homens é um milagre muito mais importante. É muito superior a transformar água em vinho. Existem dons maiores do que os dons de milagres. Jesus é, na verdade, o maior de todos os dons que podemos receber. A encarnação de Jesus (Deus transformar-se em homem para nos salvar), a reconciliação que consegue fazer dentro de nós, a ressurreição, ascensão e a Sua segunda vinda são dons maiores que água transformada em vinho. A salvação duma pessoa é dádiva maior que matar a sede física de alguém. E, além do mais, a nossa fé não pode ter como base a operação de milagres, mas somente Jesus Cristo, o Senhor e as promessas de Deus. Só podemos segurar nesse fato e assim se abrirá o caminho daquela grande alegria de sentirmos a presença de Jesus de forma tão real – por invisível que seja. Isso acontece no século 20 ainda, exibindo o mesmo poder, a mesma glória que manifestou quando andou em Sua forma carnal cá na terra. É de fato maravilhoso comprovarmos que Deus ainda opera os mesmos milagres numa era onde os teólogos Ocidentais e não só, estão tentando tudo para apagar ou desvirtuar os milagres que vêm descritos na Bíblia, atribuindo-lhes um valor mítico da antiguidade, substituindo com eles, apenas, os mitos gregos e romanos de outrora. Contudo, os acontecimentos atuais na Indonésia não podem mais deixar que os consideremos como mitos. Na Indonésia não são mitos, mas antes são manifestações reais do Senhor Jesus.

Estes milagres de transformar água em vinho para as ceias, ainda tem um outro significado. Quando Jesus andou na Galiléia, Ele estava começando a Sua campanha de salvação do mundo, estava no inicio do Seu ministério pessoal. Aquele milagre que vem descrito em João 2 foi dos primeiros milagres de Jesus na Galiléia e não foi por acaso que foi feito numa festa de casamento. A vinda do Messias é motivo da grande festa e de alegria entre nós. E, do mesmo modo, podemos considerar ser a Sua segunda vinda, pois para a Igreja Pura, a festa do casamento com o Cordeiro de Deus será um dos acontecimentos mais marcantes e uma daquelas coisas que ansiamos profundamente que venha a acontecer muito rapidamente. É um desejo muito profundo em todos quantos têm uma comunhão real com Ele. Estes milagres têm um significado escatológico também. A festa do nosso próprio casamento está-se aproximando. O Senhor Jesus está à porta. Tanto a primeira como a segunda vinda de Jesus são tempos de grande alegria e será daquelas coisas que nenhum filho de Deus esquecerá em toda a sua existência. Esta é a mesma alegria que todos os crentes Indonésios estão experimentando atualmente. Na verdade, muitas das profecias verdadeiras que foram proferidas neste avivamento, apontavam para a proximidade da segunda vinda de Cristo. É possível que estes milagres da transformação de água em vinho ainda continuem acontecendo na Indonésia, em todos os lugares, desde que, as pessoas que se vão salvando continuem fieis ao Senhor Jesus Cristo. Eis mais um relato de uma historia que nos dará ainda mais luz sobre estes milagres no século 20.

 

VII. MAMÃE LI

 

Mamãe Li foi chamada pelo Senhor pela primeira vez em 17 de Novembro de 1965. Foi-lhe dito: “Tens de ir para a Nova Guiné para pregar o Meu evangelho lá”. Mamãe Li respondeu: “Mas, Senhor não tenho qualquer formação para pregar, não sou uma pessoa formada. Não podes enviar um dos meus filhos?” Ela tinha na mente dela o pedido que a mãe dos filhos de Zebedeu havia feito a Jesus em Mat.20:20. Deus aceitou aquela oração dela parcialmente e esperou nova ocasião para tornar a chamá-la.

Mamãe Li é mãe de 11 filhos. Se ela tivesse sido obediente ao Senhor imediatamente, teriam passado por enormes dificuldades. Acho que não era intenção do Senhor convocá-la logo para o evangelho, mas antes prepará-la para uma futura chamada. Deus não havia especificado uma data para ela ir. Posso servir de ilustração para essa verdade. Cerca de 40 anos atrás Deus chamou-me com as seguintes palavras: “Vai por todo o mundo e prega o evangelho a todas as criaturas”, Mar.16:15. Contudo, só 25 anos depois é que esta se começou a concretizar o que Jesus me pediu. Mas, assim que começou, todas as portas começaram a abrir-se nos cantos mais remotos e impossíveis. Desde então, tive a oportunidade de visitar, como missionário, mais de 100 países diferentes pregando o evangelho, literalmente, a todas as criaturas. O chamado que o senhor me fez concretizou-se.

Esta mulher simples tinha de esperar a sua oportunidade.  Em 1967 o esposo dela faleceu.  Mas, até isso pode ser visto como o modo de Deus abordar a vida dela. O esposo, provavelmente, nunca consentiria que ela deixasse os 11 filhos com ele para ir pregar o evangelho em países distantes.  Entretanto, o Senhor respondeu às suas orações sobre os seus filhos. Não tardou muito e dois deles haviam completado a sua formação como missionários por conta própria.  Mas, Jesus não deixou de lado o Seu chamamento inicial em relação a ela. Mesmo que nesta data ela já tivesse 47 anos de idade, Jesus tornou a chamá-la, dizendo-lhe: “No ano que vem, precisas ir levar o evangelho para Java. Depois disso, irei enviar-te para a Nova Guiné conforme já havia prometido”. Se alguém olhasse para aquela mulher simples e sem recursos, seria praticamente impossível acreditar que ela alguma vez conseguisse cumprir aquela tarefa que Deus lhe estava dando. Contudo, precisamos aprender a reconhecer que a maior lição de todas que Deus nos deseja transmitir através deste avivamento, é que Ele usa as pessoas mais simples, as mais vulneráveis e as mais humildes para cumprirem as Suas tarefas mais importantes. A autoridade espiritual não entra na pessoa devido aos dons que possui, mas antes devido à obediência de cada servo. Não são os dons que nos dão autoridade, mas obediência nos detalhes mais práticos.

Todo aquele período de espera não foi em vão. Mamãe Li tinha duas tarefas principais para cumprir. Em primeiro lugar, ela foi escolhida para ser a líder do grupo que orava e intercedia para que a água se transformasse em vinho. Havia-lhe sido dada a tarefa de liderar aquele grupo de 1968 até 1970. Depois desse período haver passado, ela foi liberada dessa tarefa e o Senhor prometera-lhe que chamaria outra pessoa para cumprir aquele trabalho. Ela permaneceu sendo um dos membros do grupo e não mais líder a partir daí. Acrescentando a isso, o Senhor ainda lhe prometeu que efetuaria aquele milagre em todos os cultos de ceia enquanto ela estivesse liderando o grupo. Eram quatro cultos desses por ano – dois em cada igreja. Isto seria considerado uma promessa privilegiada, pois sabemos como muitos e muitos missionários estrangeiros gostariam de obter o privilégio de apenas poderem visitar o centro dos avivamentos – quanto mais orarem para a água ser transformada em vinho!  Mas, afirmemos que, poucas pessoas conseguirão ter esse privilégio caso seus motivos sejam o turismo de milagres.

O segundo mandamento que ela recebeu, foi solucionar as disputas que havia entre pastores de igrejas e entre denominações em geral que participavam dos avivamentos. Mamãe Li, a partir de então, começou a ser conhecida como a líder do Grupo da Paz.

A sua primeira tarefa foi reconciliar dois pastores um com o outro, os quais já não se falavam há mais de nove anos. Já tinha havido uma tentativa de reconciliação promovida pelo presidente do Concelho Nacional das Igrejas, sem qualquer sucesso. Mesmo tendo gasto muito tempo e tendo viajado bastante para reconciliar os dois, a tentativa do presidente deu em fracasso. Mas, quando Mamãe Li chegou para falar com eles, o Senhor deu-lhe aquela autoridade que necessitava para ser bem-aventurada como pacificadora, Mat.5:9. Os dois homens foram reconciliados. Mamãe Li viaja a pé. Ela andou duma ponta da ilha até à outra, reconciliando pastores e presbíteros, como também outros cristãos, seguindo sempre as instruções que Deus lhe ia dando.

Na conferência que referi, eu não dei qualquer atenção àquela senhora simples e humilde assistindo às palestras e conferências. Havia muita gente ali presente e ela estava no meio do povo. Contudo, quando parti, ela abordou-me e veio-me oferecer um tapete feito por ela, pedindo que aquilo fosse uma maneira de eu recordá-la. Aquela expressão de amor e carinho para comigo, pode até parecer banal para muita gente, mas impressionou-me muito aquele gesto daquela mulher simples e humilde. E dei ainda mais valor ao gesto assim que fiquei sabendo como era difícil fazer aquele tipo de tapeçaria. Era um trabalho de muitos meses. Em primeiro lugar, necessitavam extrair o material de certo tipo de raízes que precisavam achar. Depois, eram tecidas linhas de todo tipo, as quais eram tingidas seguidamente de várias cores. Só então começavam a fazer os tapetes, os quais eram lindamente tecidos. Pak Elias cresceu naquela área e conhecia muito bem aquele tipo de artesanato. Ele confidenciou-me que levaria pelo menos seis meses para fazer um só daqueles tapetes. Através disso, podemos medir o real valor daquela obra de arte, daquele presente. Fui presenteado pelos cristãos locais com três daqueles tapetes no total. Sentia-me muito envergonhado. Contudo, o amor de Cristo naquelas vidas, tornava tudo aquilo muito normal e natural. Sobre este amor de Cristo dentro das pessoas, iremos ouvir mais já a seguir. 

 

 

VIII. VENDO E EXPERIMENTANDO O AMOR DE CRISTO

 

O avivamento ganha expressão de duas formas naquelas vidas que toca profundamente. Nasce um amor por Cristo mais simples que se possa imaginar, por um lado e, por outro, um amor sem igual para com o próximo. Só vendo para podermos saber do que estou falando aqui. Os 150 grupos que existem atualmente cumprem Lucas 9:3 à risca, saindo sem alforje, sem quaisquer provisões, sem dinheiro, sem comida e sem saber onde irão dormir. Encontraram sempre problemas pela frente, mas nada que nunca se tivesse resolvido dum jeito ou de outro. Em Soe, durante uma conferência que houve lá, pude ser testemunha ocular da simplicidade e da carência dos grupos que partiam. As 250 pessoas que participaram nas conferências, nunca manifestaram a mínima das mínimas preocupações sobre o local onde iriam dormir. Na verdade, devido à insuficiência de alojamento no local e nas casas, muitos deles dormiam na rua debaixo das árvores e isto não tocava apenas aos membros dos grupos, mas, também a muitos outros crentes que vinham de muitos lugares distantes para ouvirem as palavras de Deus. Havia gente de toda ilha ali presente. O amor que tinham por Cristo não permitia que vissem nada daquilo como sacrifício e viviam cantando e esforçando-se em conjunto naquele estado de pobreza aparente. Todas as manhãs, antes do sol nascer, reuniam-se para orarem e pedirem a Deus o pão daquele dia, nunca sabendo ao certo de que jeito Deus iria providenciar alguma das suas muitas necessidades. Foi muito comovente ouvir a oração dum cristão, Pak O. dentro da Igreja lavado em lágrimas. Ele orava intensamente para que Deus providenciasse tudo aquilo que os seus irmãos lá na rua fossem necessitar. Ele implorava por aqueles mensageiros de Cristo abnegados e que se concentravam nas palavras de Jesus quando tinham uma fome para saciar.

Conforme já havíamos dito, o outro lado do fruto deste amor por Cristo dentro dos corações onde o Espírito Santo é abundantemente derramado, é o amor pelo próximo. Este amor evidencia-se em todos os relacionamentos dentro da ilha. No lugar das rixas e das brigas de antigamente, os vizinhos reúnem-se todos os dias entre as 5:00 e as 6:00 horas da manhã para orarem e lerem da Palavra de Deus. Andando pela ilha de manhã cedo, podemos ouvir os cânticos dentro de todas as casas, os sussurros de orações de muita gente, louvores a Deus e clamores das orações dos que imploram mais alto. Toda a ilha levanta a voz a Deus àquela hora. Um dos testemunhos maiores vem do departamento da polícia, pois, até eles sentiram a diferença no comportamento das pessoas. Durante muitos anos, as forças governamentais tentaram mil e uma coisas para terminarem com o alcoolismo, as brigas e as mortes na ilha. Desnecessário será dizer que nunca tiveram sucesso. Contudo, desde que o avivamento começou, todo o mal cessou e a polícia ficou sem trabalho. Onde os espíritos das pessoas cantam a Deus, os poderes das trevas fogem.

Esta maneira de ser destes povos, este amor tão evidente, ganha contornos que eu nunca consegui achar possível num mundo civilizado sequer. A sua pureza e inocência é exclusiva. Não existe nada semelhante. Centenas de visitantes iam chegando das aldeias e das ilhas vizinhas e a hospitalidade daqueles povos era tão abnegada e tão evidenciada que víamos tudo sendo dado livremente. Ninguém cobrava alojamento a ninguém. Tudo era dado. Até davam quando não tinham. Numa casa em particular, por exemplo, debaixo dum só teto onde nos encontrávamos, 40 pessoas passavam por ali diariamente. Noutras duas ocasiões, contei entre 30 e 35 pessoas na casa e o mínimo de pessoas que passou por ali foram dez. Lemos em At.4:32: “Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”. 

Uma vez conversei com um pai de família que hospedou todo o grupo internacional do qual eu fazia parte. Permanecemos lá uma semana. Para além do nosso grupo, havia várias visitas e convidados que iam chegando diariamente. E aquela família pobre ainda tinha seis filhos para cuidar também. Como o pai tinha um emprego pouco relevante num escritório, o qual era o seu único rendimento, perguntamos qual era o segredo dele e como aquele esquema de contabilidade funcionava. Como é que as contas e os cálculos vindos da Palavra de Deus esticavam tanto assim. Como resposta àquela pergunta foi-nos dado um testemunho de como Deus os trouxe todos à salvação! A esposa era filha de um pastor que faleceu quando ela tinha três anos de idade. Mesmo havendo crescido dentro dos ensinos da sua igreja, nunca conheceu o Senhor pessoalmente. Assim que os ventos de avivamento sopraram pela ilha toda, ela foi apanhada no poder de Deus e foi confessar todos os seus pecados um por um e entregou-se a Jesus. Logo após a sua conversão, começou a orar pela conversão do marido, o qual, nessa época, era um oficial na Força Aérea. Sob o governo do Presidente Sukarno, ele completou muitas missões contra as insurreições nas Ilhas Celebes e matou muita gente. Mas, assim que o avivamento começou, muitos dos nativos começaram a virar-se para o Senhor buscando a salvação total. Por causa do seu orgulho, evitou a todo o custo converter-se. Contudo, o Senhor na Sua grande misericórdia, deu-lhe uma doença. Uma grande bolha surgiu, a qual, em muitos casos, é causa de morte nos trópicos. O médico disse-lhe assim: “Caso a bolha rebente internamente, o senhor morrerá. Se rebentar para o lado de fora, o senhor sobreviverá”. A esposa que era uma heroína da oração suplicou ao Senhor intensamente por ele e pediu a um pastor para visitá-lo. O irmão pastor da Igreja Reformada que o visitou, praticou literalmente tudo o que vem escrito em Tiago 5:14. No dia seguinte, a bolha rebentou para o lado de fora e ele sarou completamente. Após a sua conversão, não quis continuar na Força Aérea para não ser obrigado a matar mais gente. Aproveitou a ocasião para se demitir do cargo que tinha e trocou o seu emprego por uma posição muito mal paga num escritório. E aqui, recebendo o salário mínimo semanalmente, ele era quem hospedava os servos de Cristo que visitavam a sua cidade. A sua casa, na verdade, era o alojamento central para todos os missionários e evangelistas que visitavam a sua cidade. Mas, qual seria o seu segredo? Como conseguiam alojar tantas pessoas ao mesmo tempo com tão pouco? A esposa acabou por nos confidenciar timidamente: “Quanto mais damos aos servos do nosso Senhor, mais bênçãos nós recebemos de volta. Acabamos por descobrir que a hospitalidade nunca nos deixa com menos coisas, mas sempre acabamos com mais do que aquilo que tínhamos quando começamos a hospedar alguém aqui em casa”. Na verdade, o Senhor nunca vai aceitar nada sem pagar de volta multiplicado por cem!

 

IX. KUSA NOPE

 

Kusa Nope é a 14ª geração duma linhagem de reis que reinaram em Timor durante muitas gerações. Até 1948, manteve o título de Rei de Amanuban. Mas, após os holandeses terem abandonado a Indonésia, ele foi eleito governador do distrito se Soe. Contudo, o povo continuava a chamá-lo de Rei , como sempre fizeram , e a sua aparência e comportamento faziam-no merecer aquele título. Antes de falar sobre a sua vida, vamos ouvir o testemunho da sua própria boca. Eu já tive o privilégio de me encontrar com três reis diferentes em África como na Ásia. Mas, aquele que mais me impressionou foi, seguramente, Kusa Nope. Mantive comunhão e contato diário com ele enquanto permaneci no território do qual ele era o governador eleito. 

“Nasci em 1910 e freqüentei a escola em Soe. A minha mãe costumava enviar-nos para a escola dominical, mas nunca consegui entender nada do que era ensinado lá. Mais tarde, fui para a escola em K. e continuei os meus estudos em Makassar, na Ilha de Celebes. A única razão porque ainda freqüentava a igreja, era para manter as aparências diante de todos os meus amigos. Nunca quis que pensassem que eu era um pagão. Mas, assim que os meus amigos se começaram a afastar da igreja, também enveredei pelo mesmo caminho, seguindo os seus exemplos. Quando começou a 2ª Guerra Mundial, voltei para Soe. Na altura, fui batizado, mas, na verdade, nem era cristão sequer. O meu único objetivo era enriquecer rápido e conseguir uma alta posição na sociedade. Nem sequer pensava em Jesus. De início, parecia que tudo estava contra os meus desejos e tive muitos problemas com os governos, com os meus amigos e, também, com a minha família. No entanto, fui obrigado a superá-los todos sem a ajuda de Jesus.

Em 1967 houve uma campanha missionária em Soe. Foi então que a minha vida foi entregue ao Senhor Jesus. Pouco tempo depois, uma mulher nativa entrou no meu escritório com uma mensagem do Senhor Jesus para mim. Ela disse-me: ‘O senhor tem 18 amuletos de feitiçaria no seu palácio em K. e muitos mais no seu santuário familiar na montanha de Tombis. Precisam destruí-los todos sem exceção’. Eu estava tão ocupado na altura que acabei esquecendo aquela mensagem. Na verdade, o meu interior estava recusando ser obediente e por essa razão esqueci-me. Uns tempos mais tarde, quando tive uma ocasião para respirar, fui convidado a assistir a um congresso do governo, o que favoreceu um pouco mais o adiamento da minha obediência. Quando retornei para Soe, adoeci gravemente e fui internado no hospital de K. para ser tratado. Depois de haver estado sob observação durante algum tempo, os médicos aconselharam-me a ir para Java para receber melhor tratamento nas clínicas universitárias de lá. A minha pressão arterial andava perto dos 23 e tinha muitas outras queixas também. Naquela mesma noite, o Senhor falou-me e disse-me: “Não vás para Java. Volta para Soe”. Na manhã seguinte, quando comuniquei a minha decisão ao médico, ele abanou a cabeça em desaprovação. Eu estava plenamente convencido que aquela doença era obra do Senhor Jesus e que resultara da minha desobediência quando Ele me mandou queimar os amuletos de feitiçaria. De volta a Soe, o Senhor dobrou-me até ao ponto onde eu finalmente estava disposto a destruir todos os objetos de feitiçaria que possuía. Juntamente com 70 outros crentes, decidimos escalar aquela montanha até ao santuário ancestral que tinha lá. Estava tão enfraquecido pela enfermidade que tive de ser carregado no último trecho de caminho. Finalmente, chegamos ao santuário dos rituais. 

Quando terminamos, demos à montanha um novo nome: Horeb. À montanha vizinha também demos o nome de Monte Sião, tal qual o Senhor nos mostrou que fizéssemos. Eu tinha plena convicção que, assim que aqueles amuletos e instrumentos de feitiçaria fossem destruídos, eu ficaria bom. Mas, isso não veio a acontecer. Perguntei ao Senhor se deveria receber tratamento em Java. Ele disse-me que não. “Vai de volta para o teu escritório para trabalhares”. Pareceu-me um mandamento muito estranho naquele momento, pois eu estava muito fraco. Mas, precisava mesmo aprender uma das grandes lições da fé, de crer sem ver e de obedecer sem questionar Jesus. Após hesitar por uns breves instantes, eu fui andando devagarzinho para o meu local de trabalho. As pessoas ficaram surpresas quando me viram entrar no escritório, pois havia perdido cerca de 20 kg de peso desde a última vez que me haviam visto. Mas, assim que comecei a trabalhar, as minhas forças foram voltando gradualmente e acabei ficando completamente curado. A parte mais difícil de cada provação ou de cada tribulação é e será sempre a obediência. Somente através da obediência poderemos ser agradáveis a Jesus e apenas através dela conseguiremos sentir as nossas vidas realmente preenchidas e abundantes."

Agora que já ouvimos o testemunho da própria pessoa, gostaria ainda de preenchê-lo com alguns detalhes que não foram contados aqui.

Quando o grupo internacional chegou ao aeroporto de K., Kusa Nope já nos estava esperando em antecipação para nos conhecer pessoalmente. Pak Elias ainda me perguntou em jeito de brincadeira: “Já alguma vez viu um rei vir esperar um evangelista no aeroporto?” Assim que o conhecemos, descobrimos que ele era um irmão em Cristo muito humilde, o qual sacrificou dois dias para nos poder acompanhar pessoalmente na nossa viagem de seis horas desde K. até Soe. Só quem já viajou naquelas estradas poderá imaginar que sacrifício aquilo representa para qualquer pessoa! Quando estávamos a caminho, passamos pela montanha Horeb. Parando, ficamos sabendo que Kusa Nope havia dado outros nomes àqueles montes, nomes que o Senhor lhe havia indicado pessoalmente. Mas, Kusa Nope também deu aqueles nomes a dois dos seus ônibus.

Após a nossa chegada, fomos convidados da família real em duas ocasiões. Além disso, o rei ia às conferências diariamente. Quando chegou o momento de partirmos, ele colocou dois carros à nossa disposição para nos levar de volta a K. No dia seguinte, mais um carro foi colocado ao nosso dispor com chofer, para nos levar a qualquer lugar onde quiséssemos ir. A impressão com que todos os membros do nosso grupo ficaram foi que ele era um rei e que também era um irmão em Cristo muito humilde e muito chegado a nós.

Enquanto estive na área, pude ouvir os testemunhos dos 70 crentes que acompanharam Kusa Nope para a montanha Tombis. Aquele local era, na realidade, um santuário ritual onde eram feitos sacrifícios. Ali se travou uma dura batalha contra as forças das trevas. A história do que aconteceu lá em cima, vem narrada nos parágrafos que se seguem.

Os reis de Amanuban possuíam aquele santuário de sacrifícios há centenas de anos. Cerca de 300 anos atrás, uma das princesas chegou a ser sacrificada naquele local. Os ídolos recompensavam os seus adoradores enormemente, pois até mesmo os antecessores de Kusa Nope conseguiam alcançar tudo aquilo que desejavam após sacrificarem naquele santuário. Contudo, para nós que somos Ocidentais, tais coisas são inconcebíveis e impensáveis. Temos por hábito banir de nossa maneira de pensar tudo aquilo que seja mito ou história lendária.

Quando chegaram ao local, o Senhor Jesus revelou-lhes que havia centenas de amuletos escondidos em vários locais, os quais foram achados precisamente nos locais indicados por Deus. Nem mesmo Kusa Nope sabia da existência de muitos deles. Inicialmente, o Senhor mandou que os líderes dos oito grupos ali presentes ficassem em pares, estrategicamente colocados em quatro pontos formando um quadrado. Jesus indicou, seguidamente, que todos os membros da família real se colocassem, juntamente com os restantes 62 crentes que os acompanharam, no meio dos pares que foram formados e colocados a certa distância, formando o quadrado. Os crentes faziam um círculo à volta da família real. Os amuletos iam sendo trazidos e foram colocados numa pilha. Todos começaram a cantar os hinos de vitória do Senhor. No momento que cantavam, os líderes dos grupos sentiram agressões reais vindas de figuras fantasmagóricas e de seres das trevas. Eles eram agarrados e ao mesmo tempo ouviam vozes imundas perguntando o que tinham vindo ali fazer. “Porque nos expulsam daqui do nosso lugar? Nós temos direitos sobre este lugar! Este lugar é nosso!” Àquelas vozes, os líderes responderam: “Nós estamos aqui em nome do Senhor Jesus, com a autoridade que Ele nos deu. Não estamos aqui em nosso próprio nome!” Ouvindo isto, as figuras que os tentavam atormentar desapareceram sumindo visivelmente entre as árvores, derrubando algumas delas conforme saíam expulsos. Conforme os viam fugindo dali, os líderes dos grupos viram que aqueles espíritos imundos se transformavam em figuras de animais como touros e bodes. Depois, sumiram para sempre.

O grupo foi comandado a formar uma cruz, todos em pé. Doze líderes tribais que se haviam convertido e mais doze cristãos da Igreja deveriam fazer a parte mais longa da cruz e os oito líderes de grupo a parte que cruzava. Começando a orar, ordenaram aquelas forças satânicas para abandonarem aquele local e nunca mais voltarem ali. Ao mesmo tempo, uma grande fogueira foi feita e os amuletos e peças de arte e de feitiçaria foram todas queimadas. Aquelas peças que não podiam ser queimadas, eram quebradas em pedaços pequenos e destruídas. Para mim foi interessante comprovar uma coisa que Deus mandou fazer, sendo que esta é a minha área de investigação e Deus mandou fazer como eu sempre escrevi e ensinei que deve ser feito. Deus disse-lhes: “Não basta destruírem esses objetos inertes. Precisam fazer uma oração de renúncia sobre cada um deles. Têm de ser renunciados em nome de Jesus, um por um”. As 70 pessoas que estavam ali presentes testemunharam todas as coisas como elas se passaram. Contudo, só mais tarde é que três outros objetos foram destruídos. Só que, desta vez, foi feito o mesmo na presença de um único evangelista.

E foi assim que aquelas ataduras de ocultismo e feitiçaria foram quebradas para sempre. Eram ataduras que estavam afetando de maneira drástica toda a família real. O resultado foi uma sensação de liberdade e de libertação muito profunda em toda a família. Como governador do distrito, o rei tem na sua agenda uma reunião de oração mensal com 80 dos seus oficiais e líderes, durante a qual a Bíblia é lida em voz alta. O rei ora por todos depois da leitura da palavra. Também têm uma reunião todos os sábados depois de terminado o trabalho da semana onde oram e têm comunhão espiritual entre todas as pessoas que trabalham no gabinete ministerial. Nas ultimas eleições, muitas pessoas opunham-se à reeleição de Kusa Nope. Mas isso era de se esperar. Nem os não cristãos e nem os muçulmanos desejavam mais a reeleição de Kusa Nope. Contudo, o Senhor confidenciou-lhe uma vez: “Não temas, pois serás reeleito. Coloquei-te e colocar-te-ei neste posto para que Eu possa cumprir todo o Meu propósito”. E aquela promessa cumpriu-se. O Senhor muitas vezes comunicava ao rei quais eram os Seus desejos e a Sua vontade, muitas vezes usando um dos líderes dos grupos para lhe comunicar a Sua vontade e os Seus conselhos. Posso citar um exemplo. Eu estava sentado em casa de Kusa Nope certo dia, quando uma mulher simples entrou trazendo-lhe uma mensagem do Senhor Jesus relacionada com o trabalho na sua administração.

Também sucede o mesmo com os pastores das igrejas locais. Ocasionalmente, um dos membros da igreja diz para o pastor sobre qual texto deve pregar num culto específico. Na verdade, alguns dos cultos até chegaram a ser interrompidos para que uma mensagem do Senhor Jesus fosse passada. Uma vez, Pak Elias estava pregando em Soe e uma senhora manifestamente cheia do Espírito Santo ergueu-se e interrompeu-o enquanto estava falando. Contudo, isto são situações pontuais e circunstanciais e gostaria que vissem como existe uma ordem dentro dos cultos, a disciplina mais linda onde tudo funciona na perfeição sem que as coisas houvessem sido planejadas antecipadamente. A disciplina é suprema, é evidente e é contagiante. Até à presente data, nunca houve uma única vez onde tivesse havido qualquer ato extravagante ou desnecessário de qualquer membro como vem acontecendo entre os desviados e as seitas evangélicas atuais. No entanto, sabemos que isso certamente acabará acontecendo, pois os falsos entram em todo lado. Todos os avivamentos ficam descaracterizados e terminam mal quando a disciplina e a ordem não se tornam imperativas. A única pergunta que fica no ar é: será que as pessoas que participam deste avivamento serão capazes de manter o rumo atual dos acontecimentos? Será que se irão esquecer que é assim que estão sendo abençoados atualmente e que não precisam inventar mais nada e nem necessitam mudar o seu jeito atual, mas antes aperfeiçoá-lo? Será que vão continuar aceitando as correções de Deus e as exortações dos irmãos quando é Deus quem as envia? Vão continuar a ouvir e a discernir as palavras vindas de Deus? É uma pergunta que fica no ar.

Eu apelo aqui a todo o mundo que recebe respostas nas suas orações, que intercedam por este avivamento. Peçam a Deus que o avivamento possa manter o curso atual e que nunca degenere saindo por caminhos que Deus irá deixar de abençoar, como tem abençoado estes que imperam atualmente. Orem intensamente pelos líderes deste movimento, também, para que se mantenham humildes, consagrados apenas a Deus e à Sua causa e que, através dessa atitude, possam continuar sendo servos dos seus conterrâneos e outros.

 

X. UM OFICIAL DO GOVERNO DESFRUTANDO DE MUITA GRAÇA DE DEUS

 

Nathan é secretário geral do governo de Soe. Encontrei este humilde irmão em duas ocasiões, uma vez no Leste de Java e a outra em Timor. Nunca  conseguiremos esquecer a impressão que esta personalidade causa em nós. Ele é uma dessas pessoas raras que mexe conosco sem se aperceber que o está fazendo. A sua vida é o seu testemunho principal e toda a gente fica impressionada com ele até quando nem uma única palavra sai da sua boca. Eu próprio passei por essa experiência. Nunca vi alguém tão próximo da realidade da imagem de Cristo como Nathan. Este é um daqueles irmãos dos quais podemos afirmar (sem estarmos errados) de que a imagem de Cristo já se encontra formada nele. Nunca vi nada igual. Um dos missionários que nos acompanhava e que, como eu, assistiu às conferências no Leste de Java, confidenciou-me em particular: “De todas as coisas maravilhosas que estou vendo aqui na Indonésia, a que mais me impressionou foi a vida de Nathan, a sensação que me deu só de estar perto dele! O testemunho que mais me tocou nestas conferências, foi o de Nathan”.

Nathan usou o seguinte texto para o seu breve testemunho: “Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes e para vivificar o coração dos contritos”, Is.57:15.

Um dos segredos deste avivamento é a enorme humildade que o caracteriza. É a característica mais evidente de todas. Noutros avivamentos que testemunhei, como os do Uganda, Coréia e Taiwan, mesmo que seja evidente certa humildade entre eles, parece-me que em Timor destaca-se mais. Os convertidos ali realmente possuem um espírito quebrantado e humilde. Sempre que estamos na presença dum irmão nas mãos do Senhor, ficamos sem jeito só de estar perto deles, ficamos com um sentimento de vergonha muito desconfortável sempre que temos comunhão com qualquer um deles. O sentimento de sermos indignos apodera-se de nós de tal maneira, que só queremos sair dali, fugir para bem longe e escondermo-nos onde ninguém nos veja mais! Uma vez, quando me pediram para pregar a palavra, senti-me completamente deslocado. O meu coração bradava, gritava alto: “Eu preciso que sejam vocês a pregar para mim! Não consigo ensinar-vos nada! Não sou capaz! Eu preciso aprender convosco!” Contudo, não detectamos este sentimento de incapacidade entre os nativos desta ilha. Eles demonstram até em seus rostos  que podem todas as coisas, pois é Jesus quem os fortalece. A sua confiança é evidente, a sua segurança é simples. As suas vidas demonstram, evidenciam poder claramente. E, por muito que eu tente descrever aqui tudo o que eu gostaria de descrever, sinto que não estou conseguindo. Durante todo o tempo que permaneci naquela ilha, parecia que via o Senhor Jesus apontando para todos os meus pecados e para todas as minhas falhas. Nunca me senti tão miserável como ali. Eu nem conseguia orar mais nada. Só me lembro duma única oração que saia dos meus lábios o tempo todo: “Querido Jesus, se não me libertares deste sentimento de desespero, de incapacidade, eu irei perder-me para sempre. Não estou agüentando mais!” Mas, profundamente em meu coração, estava resolvido que, se fosse vontade de Deus, esta não seria a minha última visita a Soe. Meus sentimentos eram contraditórios, pois queria muito voltar para o lugar de onde desejava fugir. Creio de todo o meu coração, que é da vontade de Deus que volte cá novamente.

Mas, voltemos para o testemunho de Nathan e de como o Senhor Jesus lida com ele e através dele. Em 1965, um dos grupos recebeu a instrução do Senhor que Nathan deveria ser membro do grupo. A pessoa, chegando perto deste oficial do estado, disse-lhe: “O Senhor Jesus comunicou-nos que o senhor deve tornar-se um dos membros do grupo”. Nathan ficou perplexo. Ele tinha idade suficiente para ser o pai do líder do grupo, tinha formação acima da média. O que você acha? Ele iria subordinar-se a um líder analfabeto com idade de ser seu filho? O que as autoridades iriam pensar daquilo? Iriam liberá-lo do seu ofício? Ele comunicou ao jovem que precisava pensar no assunto e também precisava dum tempo para comunicar aos seus superiores a decisão que iria tomar. Para surpresa de todos, o gabinete central deu o seu aval no dia 5 de Outubro de 1965. O governo até forneceu um carro para levar o grupo para o local onde iriam fazer a obra do Senhor. Quando o carro os deixou, parando onde não podia continuar mais, ainda tiveram de caminhar até cerca das 23:00 horas para chegarem onde Deus os enviara a pregar. 

Foi naquela primeira caminhada que eles começaram logo a experimentar a ajuda direta de Deus e a presença de Jesus. O tempo todo, uma luz estranha iluminava o caminho deles naquela escuridão dos trópicos. Nathan ainda olhou para o céu para ver de onde vinha aquela luz estranha, pensando que vinha da lua. Mas, não era. Nem havia lua. E eles viam as suas sombras formadas enquanto andavam.  Outros grupos evangelísticos também experimentaram o mesmo milagre em várias ocasiões.

Conforme se aproximavam da vila para onde se dirigiam, encontraram todos os nativos reunidos num só lugar, os quais saíram a recebê-los. Eles estavam muito assustados e lavados em lágrimas, pois contaram que ouviram uma voz forte vinda das montanhas dizendo-lhes para aceitarem a mensagem do evangelho. Ouviram logo a primeira mensagem, reunindo-se numa das casas àquela hora. Nem esperaram pelo dia seguinte.

Quando o grupo finalmente foi dormir, já passava muito da meia noite. Nathan estava inquieto. Perguntava-se: “O que irá acontecer de manhã? Vamos achar comida para toda a gente comer?" Era a época da seca e, ainda por cima, havia uma grande escassez de alimento em toda área desde há muito tempo. Contudo, no dia seguinte quando o grupo se reuniu para orar, o Senhor disse-lhes: “Andem cerca de 1 km para fora da vila e lá acharão o que comer. Darei a vossa comida”. Nathan duvidava em seu coração, mas mesmo assim resolveu obedecer ao Senhor juntamente com o resto do grupo. Quando chegaram mesmo ao local onde o Senhor lhes havia indicado, viram um homem aproximando-se na direção deles. Falando com ele, descobriram que era um líder da igreja local. Trazia um garrafão de suco de palmeira, oferecendo-o ao grupo para beberem. O café da manhã havia sido providenciado. Na Ásia, onde existe muita fome, as pessoas contentam-se com muito menos do que no Ocidente. Os jovens missionários ficaram muito comovidos com aquela maneira que o Senhor usou para providenciar-lhes aquela refeição matinal. Alguns deles nem conseguiam conter as lágrimas enquanto bebiam o suco de palmeira.

Chegando à vila seguinte, acharam onde ficar. Foi numa casa dum senhor idoso. O nosso anfitrião estava um tanto ou quanto preocupado sobre como iria providenciar comida para toda aquela gente. Onde ele iria arranjar comida para nove pessoas com todos na área passando fome?  O grupo tentou animá-lo e confortá-lo, mas sem êxito.

Os evangelistas entregaram-se à oração. Mesmo que o Senhor os tenha dado a palavra em Mat.4:4, “O homem nem só de pão viverá, mas de toda a palavra que provém da boca de Deus”, o velhinho continuou duvidando. De repente, o segundo milagre em relação às suas necessidades aconteceu: um homem muito pobre apareceu à porta do local, oferecendo-lhes uma vasilha de arroz e uma galinha para comerem. Com aquilo, a força da incredulidade daquele homem foi quebrada e ele soluçava em arrependimento por ter duvidado do Senhor. O grupo só podia dar louvores a Deus por aquela pequena oferta vinda do céu. 

Diariamente havia novos problemas para confrontá-los no tocante às suas provisões. Na manhã seguinte, por exemplo, saíram de casa logo cedo para procurarem algo para comerem. Voltaram todos com uma expressão de decepção estampado no rosto. Não haviam conseguido nada. Contudo, enquanto estavam falando do seu desapontamento, duas pessoas trouxeram mais arroz para matar a fome dos convidados. De um só acordo, caíram sobre os seus joelhos e agradeceram ao Senhor aquela provisão. Por esta altura, Nathan já se havia transformado e arrependido de todas as suas dúvidas e a cada novo milagre que acontecia, ficava maravilhado e agradecido. Ele notou que o grupo nem planeava nada para o dia seguinte, mas antes esperavam ardentemente que Jesus lhes comunicasse cada dia o que deviam fazer. Isto é o que podemos chamar de verdadeira obediência, pois tanto o antes quanto o depois fazem parte do obedecer. É este tipo de obediência que está sendo negligenciado e esquecido em todo o Ocidente. Se resolvessem obedecer a Jesus para sempre, não importa o que fosse custar a Ele, a providência d’Ele estaria garantida.

As providências de Deus no tocante ao pão de cada dia, não foi o único milagre que Nathan viu acontecer naquela viagem missionária. De fato, o aspecto mais relevante e mais importante de todos é a salvação de todas as pessoas sem exceção.  Também, neste aspecto, o grupo obteve grandes sucessos. Mas, como seria de esperar, havia muita oposição à sua obra também. Durante os seus períodos devocionais em oração, Deus revelava-lhes os rostos e os pecados das pessoas que se iriam opor ao seu trabalho ali na zona. Desse jeito, quando aqueles jovens discípulos de Jesus se encontrassem com as pessoas que viam em suas orações, já haviam orado o bastante para serem ouvidos a respeito da salvação dos seus inimigos. Quando iam entrar numa vila ou aldeia, eram avisados antecipadamente das duras batalhas que iriam enfrentar.

Numa das vilas, o grupo foi chamado para visitarem certo homem que estava muito doente na cama. A sua regra e conduta normal era orarem por cada família sempre antes de entrarem na respectiva casa. Enquanto estavam orando especificamente por aquele homem e sua família, o Senhor disse-lhes: “Existe uma maldição sobre esta família. O pai esfaqueou a língua de um homem várias vezes”. Quando o restante da família entrou em casa, eles confrontaram o homem com o pecado que Deus lhes havia revelado. Perguntaram: “O senhor vai-se arrepender desse pecado?” Ele responde: “Vou sim!” Logo em seguida contou a toda a gente como havia matado um homem a tiro quanto estava no exército e como lhe havia espetado a baioneta na língua e na boca, várias vezes, levado por um impulso de raiva e de vingança. Depois de confessar, o homem aceitou pela fé em Jesus que estaria perdoado e entregou-se ao Salvador. Foi então que um fato muito interessante foi trazido à luz. Depois do crime que acabara de confessar, a sua esposa teve mais um filho. Aquele filho já havia passado da idade de começar a falar, mas o grupo viu que aquela criança não conseguia dizer uma única palavra sequer quando a conheceram. Após a conversão do pai, oraram pela criança impondo-lhe as mãos. No dia seguinte, a criança estava falando. Finalmente, aquela maldição havia sido exposta e anulada para sempre.

Como ia acontecendo por toda aquela área debaixo do avivamento, por onde o grupo passasse, os habitantes das vilas e das aldeias traziam todos os seus amuletos da sorte e de proteção, ídolos e artesanato usado nas feitiçarias para serem queimados. Repetia-se vezes sem conta aquilo que lemos em Atos 19. Só depois das ataduras haverem sido quebradas e queimadas, os aldeões conseguiam entregar-se a Jesus. A glória de Deus era tão evidente, era tão visível que nem temos palavras para explicar tudo o que aconteceu. Nathan terminou o seu relatório com as seguintes palavras: “Por favor, não cessem de orar por nós, para que nunca sejamos vítimas de qualquer vaidade e de qualquer orgulho espiritual, para que o Senhor Jesus possa continuar a operar deste jeito maravilhoso como tem feito até aqui”.

 

XI. DEUS CHAMA ATRAVÉS DE VISÕES

 

Os profetas do Velho Testamento foram chamados por Deus através de visões no início das suas vidas proféticas. Isaías, por exemplo, viu o Senhor exaltado no templo celestial. Jeremias viu uma vara de amendoeira e uma panela fervendo quando Deus o chamou para a Sua obra. Ezequiel também recebeu muitas visões do Senhor. E, assim, vemos que as visões estavam estreitamente ligadas às capacidades proféticas das pessoas que eram realmente chamadas. A mesma coisa vem acontecendo hoje na Indonésia. Vemos que as profecias de Joel 2:28 e At.2:17 estão sendo cumpridas no nosso meio ainda hoje: “Acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões”. Este avivamento em Timor, por isso, tem tanto um significado profético como escatológico. Isto confirma-se em cada ocasião que uma pessoa é chamada para a extensa obra de Deus. Vamos ouvir, como exemplo, a linda história de Felipe, o líder do grupo 36, um homem com quem passei maravilhosos momentos de comunhão quando fiquei em sua casa. Ali, acabei ouvindo a história da sua vida.

Felipe foi chamado a 12 de Setembro de 1965. Ele foi para a sua horta às 5:00 horas da manhã. Ao sair de casa, viu uma figura muito resplandecente vestida com uma roupa muito branca que chegava aos pés. Estava em pé a uns 5 m à frente dele.  As suas galinhas ficaram tão assustadas que começaram a voar para todos os cantos, pulando das árvores onde é costume dormirem, em Timor. O cachorro também deu o alarme e latiu. Felipe apanhou um grande susto perguntando-se a ele próprio se estava vendo um espírito do mal ou uma madre católica. Não seria nada de estranho que ele se questionasse dessa maneira, pois ali em Timor (como em outras partes do mundo) existem muitos fenômenos desse gênero dos “incubi” e dos “succubae”, sobre os quais já escrevi em outros livros. Existem casos comprovados, por exemplo, que o diabo aparece a uma pessoa numa figura humana  do sexo oposto para desviar essa pessoa. Felipe estava horrorizado e muito assustado. Correu de volta para a porta de casa, da qual saia o seu sobrinho gritando: “Acabei de ver uma estrela caindo para o teu jardim!” “Onde?”, Felipe perguntou imediatamente. O seu sobrinho apontou para o lugar específico onde aquela figura resplandecente havia estado. Felipe ficou convicto que não tinha tido nenhuma alucinação.

Quando, por fim, se acalmou, Felipe saiu para o terreno uma segunda vez e começou a regar as árvores de fruto, as suas macieiras. De repente ouviu uma voz forte falando com ele: “Dá água às pessoas”. Ele achou que aquelas palavras eram estranhas demais, pois não se regava pessoas. Continuou com o seu trabalho sem saber muito bem o que pensar de tudo aquilo. Começou a cavar a terra num canto do terreno. A mesma voz bradou-lhe: “Cava os corações dos homens”. Mais estranha ainda era aquela palavra, pensou. Como podia ele cavar os corações dos homens com aquela enxada que tinha na sua mão? Aquilo mataria qualquer pessoa! Como todos os habitantes destas ilhas, as pessoas são tão simples que entendem apenas o significado literal das palavras que ouvem.

Foi então que aquela voz continuou explicando o significado das palavras que acabara de ouvir: “Regar as pessoas, ou dar-lhes água, significa dar-lhes a água da Vida e a Água da Vida é a Palavra de Deus. Cavar os corações dos homens significa renová-los através do Espírito Santo. As ervas no teu terreno simbolizam os pecados das pessoas que necessitam ser arrancados pelas raízes para nunca mais tornarem a nascer. Arranca, por isso, todas as ervas que achares e deixa-as secar ao sol e queima-as para sempre! Assim que a tua Terra estiver limpa delas, começas a semear e a plantar e assim colherás muitos frutos. Mas, lembra-te sempre duma coisa: o que vai contar no final, não é como o tronco da tua árvore é, seja bonito ou feio, torto ou direito, mas antes que tipo de fruto vai dar”.

Após esta lição espiritual, Felipe teve uma visão como se estivesse vendo a si próprio pregando para centenas de pessoas, todas em pé no seu terreno. A sua mensagem baseava-se no capítulo 13 de Lucas e ele estava falando da figueira que não dava fruto. Notou que a audiência consistia de pessoas de África, da China e da Europa. Também havia policiais e soldados entre a multidão e todos ouviam atentamente como se estivessem pregados no chão sem se mexerem. Ele falava muito alto para que todas as pessoas no fundo pudessem ouvi-lo também, mas nem assim a sua voz chegava a toda gente. Resolveu ir para mais próximo do portão para ver se conseguia que todos o ouvissem muito bem. Ele estava vendo tudo como se fosse um filme real e pregou durante 5 horas seguidas. Quando passaram 5 horas, tudo terminou. A visão também havia durado 5 horas. Quando terminou a visão, em vez duma multidão, olhou e viu a sua mãe e os seus irmãos olhando e rodando à volta dele, muito sérios, como se ele tivesse “viajado” ou enlouquecido. Só então é que se deu conta de quanto tempo havia passado. Ele estava coberto em suor, todo molhado.

A sua mãe implorou-lhe que entrasse e que comesse qualquer coisa. Felipe respondeu-lhe: “Nem só de pão viverá o homem, mas de cada palavra que sair da boca de Deus”. Felipe nunca havia tido qualquer contato com a Bíblia ou com alguma Igreja. Começou a contar à sua família tudo o que viu. Quando terminou de contar, entrou no seu quarto e foi orar. Era a primeira vez que orava. De repente, viu algo escrito em letras brancas diante dele: “Lê João 14:12”. Foi buscar uma Bíblia – pois ele não conhecia nenhum versículo – e leu o versículo. “O que queres dizer com isto Senhor? Não me posso tornar um evangelista. As pessoas que optam por esse tipo de vida têm uma vida muito pobre e vivem cheios de carências e de necessidades”.

Naquela noite, por volta das 22:00 horas, Felipe estava orando novamente. Foi ali que teve mais uma visão. Duas figuras muito resplandecentes vinham andando na direção dele e vestiram-no com uma camisa e uma calça, colocando um chapéu na sua cabeça e uma espada na sua mão. Aquelas figuras disseram-lhe para ler Ef.6:10 e os versículos seguintes. Depois disso, deram-lhe uma visão do caminho para N. e para todas as vilas onde ele iria pregar o evangelho. Esta visão durou cerca de 12 horas. Na manhã seguinte às 10:00 horas da manhã, a sua mãe entrou no quarto e viu que ele ainda estava sentado na mesma cadeira onde se havia sentado na noite anterior. Ele levantou-se, comeu qualquer coisa e às 11:00 horas da manhã já estava vestido e partiu em direção a N. A sua mãe, muito preocupada com aquelas atitudes muito estranhas do seu filho, mandou que alguns dos seus irmãos o seguissem para verem o que iria fazer e para o guardarem.

Felipe sentia uma enorme paz dentro dele e começou a cantar enquanto andava. “Seguirei a Ti, meu Senhor, isso é que é a minha Paz”. Conforme ia andando, as pessoas saiam do seu caminho e iam para o outro lado da rua. Notou que estavam todas encharcadas de suor porque andavam ao sol. De repente, viu que ele não sentia calor e que nem transpirava! Olhou melhor e comprovou que estava andando debaixo duma sombra. Olhando para cima viu uma nuvem no céu que o acompanhava conforme andava. Viu porque razão os raios de sol não o atingiam. Aquela sombra acompanhou-o por todo o caminho todo até N.

Enquanto caminhava, a sua obediência foi testada muitas vezes. Numa ocasião, quando um grupo de pessoas passava, uma voz falou-lhe: “Fica parado e ora”. Felipe protestou: “Vou parecer um Fariseu!” A voz insistiu: “Fica parado e ora”. “Posso orar em meu coração de olhos abertos até as pessoas passarem?” Ao que a voz respondeu: “Não! Ora em voz alta!” Desta vez ele obedeceu. Os seus irmãos e irmãs que o acompanhavam ficaram muito envergonhados sendo vistos com ele. Afastaram-se para bem longe! No entanto, Felipe radiava alegria que nem conseguia expressar depois de obedecer. Continuava seu caminho cantando. Durante os 20 km do percurso até N., passou no mesmo teste variadíssimas vezes.

Alcançando a vila onde os seus tios viviam, quando iam entrar na casa, o Senhor parou-o e disse-lhe: “Precisas orar antes de entrar em qualquer casa”. Os tios e o restante da  família não entendiam nada do que se estava passando. Ele começou a orar. Quando terminou de orar, cantou um hino que falava da segunda vinda de Jesus. Quando se deu conta do que estava acontecendo, toda a vila estava reunida à volta dele. Começou a pregar a mensagem que viu na visão quando estava no seu jardim diante daquelas centenas de pessoas. Como aconteceu na visão, a sua pregação durou precisamente 5 horas, desde a 17:00 horas até às 22:00 horas. Quando terminou, as pessoas voltaram para a suas casas e trouxeram todos os amuletos, ervas de curas, ídolos e instrumentos de feitiçaria para fora e queimaram tudo, depois de fazerem uma pilha.

Aquelas conversões dos habitantes da vila, porém, não foram os únicos frutos do seu ministério. Felipe ficou perplexo ao ver que, enquanto estava pregando, os cegos iam-se curando sem ninguém orar por eles e os paralíticos começavam a andar também. E, na verdade, ele nem sequer tinha noção de que aquele tipo de milagres era possível. Foi então que se lembrou daquelas palavras em João 14:12 através das quais foi chamado: “Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai”. Felipe permaneceu na vila mais dois dias antes de voltar para Soe.

No dia 26 de Setembro de 1965, Deus mostrou-lhe que deveria trabalhar em conjunto com outro irmão em Cristo chamado Saulo. No dia 27 do mesmo mês, pela manhã, visitaram as escolas em Soe. Onde passavam, as crianças e os professores começavam a chorar e a pedir perdão pelos seus pecados. Tornou-se impossível continuarem as aulas. Saulo adiantou a idéia de irem para a igreja e fazerem um culto lá. Mas, quando chegaram lá com toda a gente, não foi possível qualquer culto sequer, pois as pessoas quase todas começaram a receber revelações e manifestações de Deus, com o Espírito dando profecias. As crianças diziam umas para as outras: “Tu tens amuletos da sorte em tua casa. Vai buscá-los. Tu tens raízes de feitiço; tens um cinto de feitiçaria; tens ervas que os feiticeiros te deram”. E foi assim o tempo todo. Cada pessoa obtinha a manifestação dos pecados de quem se sentava ao seu lado. Mas, Felipe entrou em pânico! Ele lembrara-se que ainda tinha amuletos de feitiçaria e outras coisas ligadas à magia que havia trazido da Ilha das Flores. Ele começou a duvidar se tudo aquilo que estava acontecendo ali estava conforme as Escrituras. Mas, enquanto estava pensando e duvidando, uma criança falou alto e disse: “Tu que estás duvidando, vai ler At.2:17-21. Lá verás que o dom de profetizar foi prometido por Deus”. Felipe teve a noção de que aquelas palavras estavam sendo dirigidas a ele. Mas, ele ficou feliz que a criança nem havia mencionado o seu nome!

O Espírito de Deus afetou tanta gente que a igreja começou a ficar repleta de gente vinda de todos os lados. Acabou ficando tão lotada que havia muita gente do lado de fora, as quais não conseguiam entrar. Conforme o culto se desenrolava, os dois pastores vieram ver o que se estava passando. O superintendente Joseph começou a duvidar de tudo aquilo, inicialmente. Não tinha a certeza se era o Espírito de Jesus quem estava operando tudo aquilo. Conforme os seus pensamentos iam avançando e contrariando a sua cabeça, aquilo que ele estava pensando e achando foi manifestado a uma pessoa. Aconteceu em mais de uma ocasião. Mas, no final, não conseguiu continuar duvidando mais. Ficou quieto num canto e deixou tudo acontecer sem interferir. E à medida que o dia ia progredindo, ficava cada vez mais claro que era mesmo o Espírito Santo operando. Hoje, este irmão é uma das figuras que lideram este avivamento. 

Naquela noite, as pessoas não estavam na disposição de irem para casa. O culto que começara de manhã continuou por toda a noite. Foi durante esta noite que se fizeram 20 grupos de evangelização para saírem para pregar o evangelho. Cada líder de cada grupo foi individualmente escolhido por Jesus. Cerca das 2:00 horas da madrugada, 18 horas depois do culto ter começado, Saulo pedia às pessoas para irem para casa. Quando Felipe decidiu sair dali e ir para casa também, não achava a sua paz de espírito. Por essa razão continuou em oração profunda durante o resto da noite. Na manhã seguinte, depois duma voz lhe haver dado os versículos que precisava ler, reuniu o seu grupo recém formado e partiu para K. A roupa que levava vestida eram uma calça e uma camisa. Mas não tinha sapatos, pois nem os possuía sequer. Durante os dois meses e meio seguintes, ele e o seu grupo trabalharam arduamente pelo interior da ilha pregando o evangelho por onde quer que passassem. Como não tinham mais nenhuma roupa do que aquela que haviam levado no seu corpo, a que levavam vestida começou a ficar cada dia mais suja. Perguntou ao Senhor o que fazer. “Bate o pó da tua calça e da tua camisa”. Disse-lhe o Senhor. Obedecendo, Felipe notou que as suas roupas ficavam limpas como nunca. Aquele milagre aconteceu até ao dia que chegaram a casa. Só depois da sua missão ter terminado é que o milagre deixou de ocorrer e precisavam usar água e sabão para lavarem as suas roupas como como de costume.

Muitas vezes era muito embaraçoso para alguém conversar com Felipe, pois o Senhor dava-lhe o Espírito de sabedoria e de conhecimento e por onde passava os pecados secretos das pessoas eram-lhe manifestos e ele revelava-os. Todas as impurezas dentro das consciências das pessoas eram expostas diante de todos, salvo se Deus revelasse outro jeito. Um dia, eu estava presente juntamente com dois irmãos estrangeiros que haviam chegado comigo a Soe. Felipe virou-se para o homem do meu lado e disse-lhe: “Quando o vi pela primeira vez em Java, vi uma chama queimando na tua testa. Você tem objetos de ocultismo e feitiçaria em sua casa. Agora estou vendo essa chama no lado de cima da sua cabeça! Você tem instrumentos de ocultismo”. O meu companheiro esbugalhou os olhos e exclamou: “É verdade! Eu levei uns objetos de ouro decorados com pedras preciosas daqui da Ásia. Nunca pensei que eles fossem maus para um cristão! Vou escrever uma carta para minha casa agora e pedir à minha família para destruí-los imediatamente! Obrigado”. Achei aquele episódio muito relevante, deveras interessante. Desde há muitos anos que venho pregando que os crentes não devem possuir tais objetos, nem como decoração em suas casas. Nada que sirva de lembrança ou de instrumento de rituais deve ser obtido por alguém dentro e fora do campo missionário.

Numa outra ocasião, Felipe estava presente num culto onde um outro evangelista nativo também estava presente. Durante a pregação, o evangelista começou a sofrer uma dor intensa na sua orelha. Quando o pobre homem já não conseguia agüentar aquela dor, Felipe começou a inquirir tudo sobre a sua vida pessoal. Ficou claro que o evangelista tinha em sua posse um par de brincos que fez com material retirado dum ídolo. Assim que lançou os brincos na fogueira que estava sendo feita, a dor passou imediatamente.

Nem sempre Felipe era bem-vindo nas igrejas que visitava. Todos aqueles que o ouviam pregar, especialmente os crentes mornos e frios e os líderes das igrejas, tinham muito medo de estarem perto dele. O Senhor deu a este seu mensageiro a capacidade de expressar tudo que havia nas vidas diante dele. Para se concentrar melhor, ele fechava os seus olhos e os pecados secretos eram-lhe revelados como se estivesse vendo um filme. Quando ele se encontrava com uma pessoa pela primeira vez, obtinha uma visão muito exata sobre todo o historial de pecado daquela pessoa. Logo de seguida, ele faria de tudo para conseguir conversar com a pessoa em questão e dizer tudo aquilo que o Espírito de Jesus lhe havia manifestado.

Mas, este dom profético que possuía nem era algo estático ou inofensivo. Devido ao furor e à ira que provocava nas pessoas com quem falava, ele foi orar a Deus para que lhe desse um outro jeito de trabalhar e de fazer uso daquele dom. E o Senhor ouviu a oração do Seu servo. Antes de entrar em qualquer vila, por exemplo, o Senhor revelava-lhe os pecados secretos dos líderes das igrejas. Nos cultos ele pregava abertamente contra aqueles pecados. Assim que terminava a sua pregação, havia uma onda de limpeza entre as pessoas e nem descansavam até que a faxina houvesse sido completa e total. Todas as igrejas que visitava eram varridas por uma onda de limpeza total. Após a limpeza, muitos dos doentes eram curados.

Em N. uma moça foi-lhe trazida. Ela tinha um pé todo desfeito devido a um acidente. O pé sangrava bastante. Felipe colocou as suas mãos sobre o ferimento e sentiu o poder de Deus saindo de si. O sangue foi imediatamente estancado. No dia seguinte já se podia ver nova pele nascendo e a moça ficou totalmente curada pouco tempo depois.

O grupo de Felipe era conhecido como o Grupo do Fogo. Já vimos um pouco do seu trabalho. Mas, podemos acrescentar que, por onde passava o grupo, havia chamas vindas de Deus sobre as igrejas, as quais eram vistas tanto pelos líderes como pela população em geral. Os presentes na reunião também viam aquelas chamas. Os nativos temiam muito aquele fogo, pois acreditavam que ele manifestava todos os seus pecados secretos. Mas, mesmo quando recusavam confessar os seus pecados abertamente e fugiam para casa, as chamas que viam seguiam-nos e perseguiam-nos até casa. Eles não eram abandonados e nem tinham qualquer descanso até se limparem.

Pak Elias disse-me uma vez: “Este irmão é espiritualmente um dos mensageiros mais poderosos e mais eficazes em toda a ilha”. Mas, ele precisa muito de todas as nossas orações. O diabo também sabe como tentá-lo e busca muitas maneiras de anular por completo todo o seu ministério. Irá fazer de tudo para que caia em algum pecado. A minha experiência sobre outros avivamentos espalhados por outras partes do mundo, mostra claramente que os pecados mais comuns nos quais os homens de Deus se enlaçam são o orgulho, o sexo oposto e o dinheiro. Mas, existem muitos mais. Um dos líderes de um grupo já caiu num pecado de orgulho. Ele caiu na armadilha.

 

XII. UM SACERDOTE PAGÃO CHAMADO

 

Numa ilha a 8 km de Soe vivia certo sacerdote que tinha muitos seguidores. Um dia, em 1963, tendo acabado de chegar ao seu pequeno templo, um clarão de luz caiu sobre ele e ouviu uma voz: “O teu nome não será mais Ham, mas sim Shem. Se não obedeceres, o Justo Juízo de Deus cairá sobre ti”. Ham foi obediente. Naquele mesmo dia convocou os seus seguidores e falou-lhes assim: “Deus manifestou-se a mim. Não devemos sacrificar ao sol, à lua e às estrelas, mas antes a Quem criou tudo o que está nos céus e na terra”.

Até ali, Ham e seus seguidores haviam sido adoradores do sol e, muitas vezes, sacrificavam porcos e galinhas ao sol e à lua. Ouvindo o que ele havia dito, 60 dos seus seguidores tornaram-se discípulos da sua nova fé.

Shem, como agora era chamado, foi enormemente abençoado devido à sua obediência espontânea e imediata. Mesmo sendo analfabeto, o Senhor ensinou-lhe um tipo de hieroglíficos e, através de revelação direta também, mostrou-lhe como tudo foi criado. Ele escreveu. Mais tarde, quando entrou em contato com os cristãos e leu para eles o que Deus lhe havia revelou sobre como criou o mundo, viram que era precisamente aquilo que vinha nos primeiros capítulos da Bíblia. Acrescentando às revelações que teve, Deus disse-lhes que um dia ele seria visitado por umas pessoas que lhe diriam mais coisas sobre a sua nova fé. Aquela promessa cumpriu-se.

Um ano após ter recebido aquele chamamento de Deus, alguns crentes que Deus usava para orarem por pessoas enfermas, chegaram à vila. Shem, que era leproso, foi maravilhosamente curado. Um ano depois, quando outros crentes chegaram à sua ilha e lhe falaram de Jesus, ele entregou a sua vida ao Salvador imediatamente.

Ele começou a visitar os cultos e a ouvir a Palavra em Soe e também começou a fazer uns cultos próprios com todos os seus seguidores. Eu também tive a oportunidade de conhecer este querido irmão em Cristo e já nos encontramos em duas ocasiões. Ele até me deixou tirar fotos dos seus escritos hieroglíficos com que escrevera a criação do mundo. Devo mencionar, ainda, que um outro irmão deu-me um desenho ilustrando como Jesus apareceu por cima do sol, conforme aquilo que já descrevi no capítulo anterior.

 

XIII. UMA MULHER É CHAMADA

 

O ministério das mulheres dentro da Igreja tem sido alvo de grande polêmica e discussões entre muitos grupos de Cristãos em todo o mundo. Numa área de avivamento real, o assunto nem é debatido, mas simplesmente assumido conforme Deus manda fazer. Deus respondeu as essas polêmicas chamando algumas mulheres para serem líderes de alguns grupos.

Sarai foi chamada pela primeira vez a 29 de Setembro de 1965. Foi repentinamente acordada de noite através duma voz forte. Inicialmente, ela estava muito assustada e pensava que havia uma tempestade na rua que a acordou. Mas foi então que ouviu melhor e a voz disse-lhe: “Lê At.2:2”. Quando o irmão dela leu-lhe a passagem, ela desmaiou. Enquanto ainda se encontrava inconsciente, a mesma voz falou-lhe e disse-lhe: “Lê Mat.10:27-28”. Mais tarde ficou sabendo que toda a sua família também ouviu aquela voz falando para ela. Por fim, a voz falou-lhe uma 3ª vez e disse-lhe: “Vai, sai por todo lado pregando as mensagens que te vou dando”.

Esta 3ª tarefa que recebeu foi seguida dum calor interior vindo sobre si. Colocando as mãos sobre a sua cabeça onde aquela quentura começou, ela clamou: “Senhor, ajuda-me, socorre-me”. Mas, em vez de aliviá-la, a quentura ficou mais forte e continuou assim até ter recuperado do seu desmaio. Depois daqueles momentos, Sarai sentiu que estava completamente mudada por dentro.

Naquela mesma noite, por volta das 18:00 horas, ela começou a pregar o evangelho de Cristo. Gradualmente, os seus vizinhos e o resto da população da vila reuniram-se à volta dela para ouvirem o que ela estava pregando. Mesmo que não se tivesse preparado para pregar àquelas pessoas, ela falou tudo aquilo que o Senhor lhe ia dando até às 3:00 horas da madrugada!

Enquanto pregava, o Espírito de profecia encheu-a e ela começou a revelar os pecados das pessoas e mencionandos quais os objetos de magia e de feitiçaria que tinham nas casas escondidos. Todos os que ela mencionou saíram correndo e buscaram todos os objetos de feitiçaria e de magia que possuíam. Foram tantos objetos trazidos que se fez uma pilha enorme. No dia seguinte, de manhã, todos aqueles objetos foram levados para a Igreja e entregues ao Superintendente Joseph.

Após este início de ministério glorioso e cheio de frutos, Sarai recebeu mais mandamentos do Senhor. Um dia Deus disse-lhe: “Sai e vai pregar”. Ela respondeu: “Mas, Senhor, não sou uma mulher com instrução. Nunca estudei”. "Lê Mat.10:20”. “Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós”. Antes de sair para pregar, a Senhor revelou-lhe os rostos das pessoas que deveriam compor o grupo dela. Eram três homens jovens e mais uma mulher nativa. Antes da sua campanha ter começado, o Senhor deu-lhe uma visão novamente. Viu dois mensageiros virem em direção a ela vestidos de branco, os quais entregaram-lhe uma chave e disseram-lhe: “Esta é a Chave das Palavras de Deus e com ela abrirás os corações dos homens”. Sempre que o grupo saía para pregar, as palavras de Sarai tinham um efeito tão sublime sobre as consciências das pessoas que a vinham ouvir, que todos sem exceção traziam os seus amuletos e instrumentos de feitiçaria para serem queimados na frente de todos. Aquilo enfureceu algumas pessoas que secretamente planejaram assassiná-la. Sarai foi avisada por Deus que alguém queria matá-la. Mas, quando  a pessoa viu que os seus planos para matá-la não iam dar certo, acabou por se arrepender e veio entregar os seus  instrumentos de feitiçaria para serem queimados.

Um dos efeitos paralelos àquela campanha era alguns doentes ficarem curados. Sarai não se havia apercebido desse fato, inicialmente, mas durante as suas pregações havia pessoas que eram curadas. Numa das mensagens dela, uma pessoa enferma há muitos anos, pulou ao aperceber-se do que lhe havia acontecido e clamou: “Fui curada! Fui curada!” Temos mais exemplos ainda.

Um velhinho paralítico desde três anos atrás, estava presente num dos cultos. Enquanto ouvia a mensagem, descobriu que conseguia andar normalmente. Depois daquilo, achou uma igreja e entrou nela. Ajoelhou-se dentro da igreja e deu graças a Deus pela cura. Numa outra ocasião, entre o povo que havia saído para ouvir o evangelho, estava um homem de 27 anos de idade, cego desde nascença. De repente, no meio da mensagem, ele gritou: “Estou vendo luz!” Vindo à frente e entregando a sua vida a Cristo, ele não apenas ficou soberanamente convertido, mas também foi curado da sua cegueira.

Certo homem de 50 anos de idade, mudo desde criança, ficou curado depois dos cristãos terem orado por ele. Mais tarde, voltou para entregar o seu coração a Jesus.

Havia, na verdade, muitas pessoas curadas daquele jeito, muito mais do que aqueles que os evangelistas se apercebiam. Mas, um fato a realçar: descobriram que todos aqueles que não voltaram para entregarem as suas vidas a Cristo após haverem sido curados, a sua doença voltava e ainda voltava pior do que era antes da cura acontecer.

Após trabalharem durante um extenso tempo na ilha de Timor, Sarai foi enviada pelo Senhor para ir visitar a Ilha de Rote e fazer a Obra lá. Após tentar obter a sua passagem sem sucesso, ela foi para a praia com o grupo e sentando-se perguntaram ao Senhor como eles haviam de ir para lá. “Como iremos atravessar o mar, Senhor?” Deus disse-lhes: “Esperem mais sete dias e enviarei um “prau” (um barco pequeno típico da área). Esperaram e como Deus lhes havia dito, sete dias depois um “prau” chegou e levou-os a Rote. Sarai começou a trabalhar sob a liderança do Pastor Gideão. Logo de em  seguida, o mesmo Espírito de Avivamento que varreu a Ilha de Timor, desceu sobre aquela Ilha de Rote também. Quando Sarai trouxe os relatórios extensos da sua obra, ela concluiu: “Se eu não lesse a minha Bíblia extensivamente durante um único dia, sentia no meu coração como que o Senhor me ficasse acusando de ser negligente. Mas, sempre que leio alguma passagem da Bíblia, o Espírito Santo interpreta-a para mim, dando-me os significados de versículo a versículo”.

 

 

XIV. QUEM ESTÁ MAIS CERTO?

 

Quando chegamos a Soe, o nosso grupo ficou enormemente maravilhado com o Grupo 49. A líder é uma senhora nativa muito simples e analfabeta.

Estiveram trabalhando no interior da ilha durante oito meses, longe de tudo. Mas, pouco antes da nossa chegada, aquela mulher ouviu a voz do Senhor dizendo: “Voltem para Soe. Um grupo de missionários internacional está chegando para visitar a ilha brevemente”. Seria praticamente impossível alguém contatá-los no meio da floresta e nas vilas, pois não existem linhas telefônicas. Na verdade, não existem quaisquer meios de comunicação no interior da ilha. O grupo começou a sua caminhada de volta para Soe. Quando chegaram, perguntaram ao Superintendente Joseph: “O grupo internacional já chegou? Os sete missionários que vêm visitar a ilha já chegaram?” Joseph respondeu: “Não chegaram ainda. Pak Elias escreveu-nos dizendo que irão chegar 10 pessoas nesse grupo internacional e não sete”. “É impossível que sejam 10. Deus disse-nos que eram sete”. Uns dias depois, nós chegamos à ilha. Éramos sete pessoas e não 10. Três Cristãos Japoneses que deveriam ter vindo conosco, não conseguiram os vistos de entrada na Indonésia a tempo de embarcarem conosco. Aquela forma de comunicação que Deus usa está muito mais avançada que a da era moderna. A informação daquele grupo no meio da floresta trabalhando na conversão das pessoas era mais fiável e mais seguro do que aquilo que Pak Elias escreveu ao Pastor Joseph.

Quando estávamos conversando com aquela humilde serva do Senhor, ficamos simplesmente maravilhados com os pequenos detalhes das operações do Espírito Santo em sua vida pessoal. Como aconteceu com muitos outros, ela foi chamada através duma visão. E, como vem acontecendo em TODOS os casos, as suas visões estão intimamente ligadas com aquilo que dizem as Escrituras. Isto é especialmente encorajador para todos nós no tocante a estes muitos milagres e maravilhas. A pessoa que recebe uma visão é levada a ler na Bíblia e é levada para um texto específico das Escrituras. Quando a pessoa não sabe ler, o respectivo texto é lido em voz alta para ela e ela memoriza o texto para sempre.

Após haver sido chamada, Maria continuou recebendo diretivas e mandamentos do Senhor que a levavam sempre para versículos nas Escrituras. Numa ocasião, ela viu uma luz muito forte e viu-se rodeada de muitos anjos. Uma voz disse-lhe: “Nada temas. No fim deste mundo, quando ele terminar, todo o mundo será queimado através desta luz. Tu serás Minha testemunha. Vai para todos os lados que eu te enviar, porque o tempo está terminando e é curto demais. As pessoas precisam se arrepender logo!” Duvidando se aquela voz era real e se aquelas palavras vinham mesmo do Senhor para ela poder confiar nelas, Mary perguntou: “Quem é você?” A voz respondeu: " Eu mesmo e as Palavras são minhas também”. Seguidamente ela viu as mãos de Jesus e viu as feridas dos pregos na cruz. A voz continuou: “As minhas mãos são furadas cada dia ainda hoje por cada pecado deste mundo!” Maria estava muito assustada e disse: “Mas quem vai acreditar em mim? Eu nem sei escrever, não tenho formação!” O Senhor respondeu: “Eu vou te dar pessoas com quem trabalhar”. Logo em seguida ela viu os rostos de cinco pessoas que iriam compor o grupo dela. O Senhor continuou: “Nunca falarás as tuas próprias palavras, mas fala só as minhas. Eu falarei por ti, através de ti e estarei sempre cobrindo a tua retaguarda e cumprindo tudo o que falares”.

Enquanto Mary narrava ao Pastor Joseph e a nós a história da sua chamada para pregar o evangelho, ela acrescentou: “O Senhor deu-me um hino, mas não entendo as palavras dele”. Começou a cantar a música em voz alta. Estávamos estupefatos, pois ela cantava em inglês, sem qualquer erro. A letra da música é esta: “Eu ouço meu Salvador chamando, ouço meu Salvador chamando e dizendo "toma a tua cruz e segue-me".

O único idioma que ela sabia era um dos dialetos locais. Ela nem consegue expressar-se no idioma oficial do país, não sabe escrever e nem ler. E, eis aqui a mulher cantando perfeitamente em inglês um hino ao Senhor! Ela nunca havia ouvido alguém falar naquele idioma antes nos lugares onde vivera.

Levaríamos muito tempo para descrever e detalhar todas as coisas que os diferentes grupos de evangelização concretizaram em nome do Senhor. Poderíamos escrever muito e em muitos livros sobre o assunto. Mas, o que está acontecendo aqui é igual ao que o apóstolo João afirmou: “E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem”, João 21:25. Jesus ainda é o mesmo hoje e sempre.

 

 

XV. DE PERSEGUIDOR PARA DISCÍPULO

 

Andrew é um oficial da polícia. Enquanto a nossa comitiva internacional permaneceu em Soe, tivemos oportunidade de ouvir o testemunho dele. Aqui segue a história que nos contou.

“Quando o avivamento começou aqui em Timor, eu fui um dos seus opositores mais ferozes. Decidi fazer de tudo para perseguir os cristãos e, quando Saulo começou a pregar o evangelho nas escolas, eu mesmo o prendi e torturei-o no posto da Polícia. Cheguei a arrancar o bigode dele.

A razão porque eu me opunha tanto aos Cristãos era porque eu estava profundamente preso nas coisas do ocultismo, em feitiçaria e outras coisas mais. Venho da ilha de Sumba, onde as pessoas estão muito enraizadas na magia negra. Ainda hoje é praticada lá. Sempre que alguém sai da ilha, leva consigo certo tipo de amuletos e instrumentos de ocultismo para que seja protegido onde for. Quando eu saí de lá, trouxe comigo 66 desses amuletos de proteção e da sorte. Uma vez, quando alguém tentou cortar a minha garganta com uma faca enorme, a faca foi simplesmente impedida de cortar a minha pele, nem me magoou sequer. As pedras negras que eu uso dentro da minha pele foram muito eficazes. Se não fosse por elas, estaria morto já. Existiam, no total, 36 dessas pedras dentro do meu corpo por baixo da pele. Continuei na minha oposição ao avivamento durante quatro anos. Mas, em Fevereiro deste ano (1969) fiquei muito doente. Nenhum médico conseguiu diagnosticar qualquer doença em mim, mas tiraram a minha apêndice por precaução. Contudo, não houve melhoras no meu estado de saúde e a causa de tudo acabou não sendo a apendicite afinal. As causas eram os pecados que Jesus ainda não me havia perdoado, os meus pecados de ocultismo e de bruxaria. Por fim, temendo muito que a minha doença fosse incurável, fui falar com um irmão Cristão, o qual me mostrou o caminho para Cristo. Naquela mesma noite Jesus apareceu-me ao vivo e entreguei toda a minha vida a Ele logo ali. Assim que entreguei a minha vida, fiquei instantaneamente curado. Estando ainda em oração, a minha pele começou a estourar em alguns lugares e aquelas pedras foram expulsas do meu corpo. Depois disso, Jesus disse-me: “Vai dar o teu testemunho diante do povo e conta diante de toda a Igreja tudo que aconteceu contigo, senão a doença torna a voltar. Eu fui obediente e fiz o que mandou fazer”.

Toda a comitiva estava presente quando Andrew nos deu o seu testemunho. Depois de haver terminado, perguntei-lhe: “As pedras já saíram todas do teu corpo? Tiveste de cortar a tua pele para retirar alguma delas?” Ele respondeu: “Ainda não saíram todas. Ainda tenho uma pedra dentro de mim. Apalpe aqui para ver. Está perto da minha nuca. Conseguirá senti-la, se quiser”. Estiquei a minha mão e senti a pedra. Era do tamanho dum dedal. Andrew continuou: “As outras 35 demoraram duas semanas para saírem todas. Mas, em nenhuma delas foi necessário cortar a pele. Simplesmente oramos e conforme orávamos, a pele rasgava-se e as pedras iam saindo, sendo expulsas uma a uma. Ainda iremos orar até esta pedra sair também. Esta que falta sair é a que tem maiores poderes satânicos”.

Tive a informação recentemente que a última pedra também acabou por sair.

 

XVI. UM FEITICEIRO TRANSFORMA-SE

 

Pouco tempo antes da nossa chegada em Timor, um homem muito temido em todo o povo converteu-se. Tivemos a oportunidade de ouvir o seu testemunho, também, quando estava sendo dado na Igreja de Soe. Enquanto esperava a sua vez para falar, ele estava branco como a cal, tremendo devido ao pensamento de ter de falar diante de tanta gente, (cerca dumas 1.000 pessoas). Através dum interprete, pude anotar algumas coisas.

Tito clamou a Satanás por ajuda quando ainda tinha 15 anos de idade. “Dá-me poderes de magia!”, implorou-lhe. Foi criado como animista e como resultado da sua educação desenvolveu nele um tipo de visão de vida virada para o ocultismo. Quando fez esse pedido a Satanás, ouviu uma voz que lhe disse: “Sai para a frente da tua casa!” Fez como ouviu e depois foi-lhe dito novamente: “Estende a tua mão”: Ao estender a mão, uma força invisível manifestou-se e cortou a pele dos seus dedos e ele viu uma pedra ser colocada dentro do ferimento. Seguidamente, a pedra começou a subir pelo seu braço em direção ao coração e desceu pelo outro braço seguindo a corrente sanguínea. Descobriu, mais tarde, que aquele dom satânico conferiu-lhe grandes poderes. Nenhuma pessoa podia cruzar o seu caminho. Usando aquele poder, começou a roubar, raptar e a seduzir as mulheres das aldeias. Ele também estava capacitado para matar gente através dos poderes que recebeu. Arranjou um emprego, primeiro trabalhando para as autoridades locais. Mas, expulsaram-no pouco tempo depois devido às suas práticas ocultas. A polícia tentou prendê-lo muitas vezes sem qualquer êxito, pois ele usava um cinturão que lhe garantia proteção. Fenômenos ocultos deste tipo também existem noutras partes do mundo e, na Alemanha, por exemplo, existe a “Saga de Siegfried” que se baseia na mesma idéia. No Oriente, contudo, estes poderes são mesmo reais e o príncipe das trevas capacita muitos daqueles que lhe servem com poderes vindos do próprio inferno.

Em Março de 1969, Tito finalmente entregou-se a Cristo, rendendo a sua vida ao Senhor. A sua conversão resultou duma visão que Deus lhe deu do Arcanjo Gabriel. Mas, no dia do seu batismo, a 1 de Abril, ainda não havia sido inteiramente liberto do seu passado de ocultismo. No entanto, a pedra parou de andar dentro dele e foi parar no lugar por onde originalmente entrou no seu corpo.

Quando questionei com Pak Elias sobre o assunto, perguntando por que razão aquela pedra não havia saído quando se converteu, ele respondeu: “Talvez sirva para ele se recordar de onde Deus lhe tirou, para que se sinta humilde, pois as pessoas esquecem-se facilmente depois de libertas. Ele vai-se recordar dos seus maus caminhos e da falta de paz que tinha para poder permanecer grato a Deus. A coisa mais importante foi aquela pedra ter ficado sem todos os seus poderes através do sangue de Cristo”. Ainda é possível que essa pedra saia mais dia menos dia, pois esperamos que, a qualquer momento, ela corte a pele e salte para fora. Foi o que aconteceu com o mágico Andrew, pois ele também não ficou totalmente liberto dos seus poderes no dia da sua conversão.

Em Junho de 1969, Tito ficou muito doente. Durante três dias não conseguiu comer nada e foi atormentado por uma febre muito alta acompanhada de tremores no seu corpo e de dores agudas no peito. Aquela doença foi usada por Deus para chamá-lo para o ministério. No dia 1 de Julho ouviu uma voz dizendo: “Tito, escuta-me. Não poderás comer durante dois períodos de seis horas, pois nesses períodos preciso falar contigo e mostrar-te algumas coisas. Vou-te dar um cajado da fé que poderás usar”. Tito perguntou: “No que irei usar esse cajado?” A voz respondeu-lhe: “Usarás esse cajado para destruir a fé Islâmica, o Budismo, o Animismo e o Catolicismo. Essas religiões têm causado grandes males na Indonésia até hoje”. Achei muito interessante Deus ter-lhe mencionado o Catolicismo juntamente com as outras religiões. Deus não aprova nenhuma das condutas e das práticas das igrejas ecumênicas atuais.

Quando Tito recebeu aquela comissão vinda do Senhor, ele esta parcialmente consciente e conseguia ouvir a sua esposa falando e fazendo troça dele enquanto estava cozinhando. Contudo, o Senhor falou-lhe uma segunda vez e dessa vez não estava ali presente e nem consciente do seu ambiente natural. “Estou te chamando para o Meu serviço. Prega a Palavra. Estás disposto e pronto a servir-Me?” Tito respondeu: “Eu nem sou a pessoa mais indicada para Ti, Senhor. Eu fui um dos piores bandidos da vila!” O Senhor não aceitou aquilo como resposta e não deixou de insistir com ele. “Desejo que sejas Meu filho. Permanece no meu amor. Vai ler Jeremias 48:10, a primeira parte do versículo e João 15:9. (Jeremias 48:10: ' Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente'; João 15:9 : ' Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor'). Tal como um pássaro sai do seu ninho e torna a voltar para ele, eu enviar-te-ei para lugares distantes e te trarei de volta para aqui”.

Durante a etapa seguinte do seu chamamento, o Anjo Gabriel apareceu-lhe e disse-lhe: “O Senhor enviou-me para te levar até aos céus”, 2 Cor.12:2,3. Juntos entraram no céu. Tito ainda conseguia ver o sol, as estrelas e a lua. Quando entraram, passaram por um tipo de ponte e chegaram a um portão enorme que se abriu sozinho. Gabriel virou-se para Tito e disse: “Este é o segundo Céu. Aqui o sol, a lua e as estrelas não existem”. Após haverem entrado num portão, viu que o Segundo Céu estava repleto duma luz maravilhosa. Continuaram caminhando, passando ponte após ponte e quanto mais andava mais ele se apercebia da grande diferença que havia entre a vida na terra e a vida dos céus.  Gabriel falou-lhe novamente: “Tu és muito privilegiado, vendo as coisas que estás vendo. Muitos desejaram vê-lo e não viram. Outros que viram caíram no chão como mortos!” (Apoc.1:17).

Enquanto tomava consciência das diferenças entre a esfera terrestre e a esfera celestial, Gabriel disse-lhe mais: “A razão porque te foi permitido ver todas estas coisas gloriosas é para tu ires proclamar tudo o que viste para o resto da humanidade que te vai ouvir. Não lances mais nenhum olhar sobre a tua vida do passado, porque se olhares para trás perderás tudo isto que estás vendo agora”.

Gabriel continuou guiando Tito até entrarem no sétimo céu. Gabriel disse-lhe: “Este é o sétimo céu”. Tito ficou abismado com a glória daquele lugar mais sublime dos céus. Lá, mesmo diante dele, viu mesas preparadas para uma grande festa, estendidas por muitos quilômetros e não via o fim delas. As cadeiras eram de prata e de ouro. Cada uma delas estava designada para uma pessoa específica. As mesas estavam ricamente decoradas e continham maná celestial. À volta das mesas havia ornamentações lindas e balançavam como que mexidas por uma leve brisa muito suave e refrescante. Quando chegaram ao fim das mesas, havia dois lugares especiais preparados para a Noiva e o Noivo. Gabriel disse a Tito: “Proclama em todo lado e fala com as pessoas que se arrependam logo. Diz-lhes para seguirem Jesus e prepararem-se para a festa do casamento do Cordeiro”, (Luc.14:16–24; Mat. 22:2–24; Apoc. 19:6–10). Depois daquilo, Tito foi aturdido por um raio de luz e ele caiu sobre o solo e a visão do sétimo céu desapareceu. Gabriel tocou no seu ombro levemente e ergue-o sobre os seus pés. Ele foi levado de volta, percorrendo todo o caminho que fizera até ali. Quando saiu do último palácio, Tito viu do seu lado esquerdo um rio magnífico onde corria leite e mel e, do seu lado direito, um outro onde corria ouro e prata. As correntes corriam pelo meio do Paraíso de Deus. Continuando, aquelas correntes entravam no Jardim do Éden. Tito virou-se para Gabriel e perguntou-lhe: “É este o lugar para onde os justos virão viver? E se é, para onde vão os ímpios?” Gabriel respondeu-lhe: “O Senhor não permite que vejas esse lugar. Contudo, posso te mostrar o caminho que leva para lá. Com aquilo, Tito viu três caminhos maus lotados de gente: homens, mulheres e crianças. Eram tantas as pessoas que nem conseguia discernir os seus rostos. Tito ficou horrorizado olhando estupefato para aquela massa interminável de gente indo na direção do inferno. Ele começou a gritar chamando por eles, para que saíssem do caminho. “Entrem na porta estreita! Entrem logo! Entrem e serão salvos!” Mas, ninguém queria ouvir o que ele dizia. Ninguém ouvia.

Depois de aquela visão ter terminado, Tito recebeu uma visão sobre a missão para a qual estava sendo chamado. Ele viu o Senhor Jesus no meio de sete anjos: quatro do Seu lado direito e três do Seu lado esquerdo. De repente, o Espírito de Jesus caiu sobre ele e Tito sentiu em seu corpo que havia sido curado.  O seu espírito (o espírito de Tito) estava pronto para reentrar na esfera terrestre e ele viu a sua casa aproximando-se e viu a sua família quando estava chegando. Aquela visão terminou com a visão de anjos tocando em seus familiares e eles todos se curando das enfermidades que tinham. Entre esses familiares estava a sua esposa que estava enferma há alguns anos.

Cerca da meia noite, Tito voltou a ficar inconsciente. As duas visões duraram precisamente 6 horas cada, tal como o Senhor lhe havia dito. Ele foi confirmar e seus filhos e esposa estavam todos curados de suas doenças e regenerados.

Tito sabia agora, com maior convicção ainda, que havia sido chamado para o ministério. Deus deu-lhe o mandamento de ir contar diante de toda a igreja as visões que teve. Inicialmente Satanás tentou impedi-lo de fazê-lo levando uma terrível mordida dum cachorro enorme na sua perna. Mas, depois de haver orado, o ferimento começou a curar-se e no dia seguinte estava quase sarado. Quando deu o seu testemunho, eu estava sentado dentro da igreja escutando enquanto falava.

Estas visões que nos contou merecem e precisam de algumas explicações. Elas provocam em todos nós uma série de perguntas também. Como vamos classificar tudo isto à luz das Escrituras? Que devemos fazer para termos os pontos de vista das Escrituras sobre assuntos como estes?

1.     Este avivamento em Timor é um caso fora do vulgar, algo a entrar no extraordinário como acontecia no tempo dos apóstolos. Todos estes sinais são próprios do que vêm ocorrendo ali.

2.     As visões resultam e provêm diretamente das atuações soberanas do Espírito Santo. As pessoas não as buscam. Estes nativos Cristãos são pessoas simples, analfabetas e Deus escolheu falar-lhes assim.

3.     Todos estes sinais milagrosos têm um duplo propósito: anunciar que a vinda do Senhor está para breve e encaixam-se direitinho nas profecias que vemos em Joel 2:28 e Atos 2:17. Muitas são, na verdade, as profecias que afirmam que a vinda do Senhor Jesus está bem próxima. O tempo está ficando curto!

4.     Estas visões estão de acordo com tudo aquilo que a Bíblia diz e muitas das pessoas nem conheciam a Bíblia quando tiveram as visões. Elas estão de acordo com as Escrituras.

5.     Os que receberam as visões e as lições espirituais tornaram-se pessoas abertas a correções e às exortações dos irmãos em Cristo. Sempre que algo não esteja andando bem em suas vidas, eles ouvem e corrigem-se.

6.     As visões que tiveram não se tornaram mais importantes em suas vidas que o Senhor, de quem elas falavam claramente.

7.     A nossa fé não está baseada em visões, mas sim na verdade. Ela está fundamentada e firmada na obra redentora de Jesus Cristo naquela Cruz e na Sua ressurreição dos mortos.

8.     Deus raramente dá uma visão antes de chamar alguém para a Sua obra. A coisa mais importante que devemos ter em mente, é a obediência incondicional à Palavra de Deus e ela fala em visões também.

9.     Caso as visões se tornem autônomas e independentes da Palavra de Deus, levarão a sensacionalismos de vários tipos e ao orgulho espiritual. Nesses casos, ao invés de levarem a uma benção, levam as pessoas à maldição e á perdição.

10.  Devemos guardar nossos corações da crítica contra estas experiências e visões na Indonésia. Existem muitas coisas similares que são falsas. Não devemos ser precipitados a falar e nem a dizer alguma coisa destas na Indonésia. Devemos compará-las abertamente com as Escrituras e tirar as nossas conclusões de acordo com aquilo que elas querem dizer e de acordo com aquilo que estas experiências querem comunicar. Nada mais.

 

XVII. A OBRA DUM EVANGELISTA

 

Já ouvimos o testemunho maravilhoso de Pak Elias neste livro. Mas, quero contar mais algumas coisas relacionadas com a sua obra como ministro da Palavra e como evangelista. Tive a oportunidade de conviver com este irmão em Cristo em diversas ocasiões. A primeira vez que nos encontramos foi no Leste de Java em 1968. A segunda vez foi na Alemanha numas conferências que organizei onde tanto Pak Elias como David Semeon participaram. A terceira vez foi quando estivemos um tempo juntos na Indonésia naquela conferência no Leste de Java. A quarta vez foi juntamente com aquele grupo internacional que se reuniu em Timor. Mas, antes de prosseguir, permitam-me sublinhar um princípio do qual nunca nos devemos esquecer. É muito fácil esquecermos um detalhe. Podemos cair facilmente na tentação de adularmos o homem, colocarmos os homens que admiramos num pedestal de admiração e de reverência. Isso é uma forma sutil de idolatria, mas nem por isso deixa de ser idolatria. Temos uma absoluta necessidade de nos recordarmos a quem aquelas pessoas à entrada de Jerusalém clamavam “Hosana”. Aquelas palavras e aquela reverência não eram dirigidas à mula que levava Jesus, mas eram dirigidas ao Senhor em cima da mula. Temos tendência para esquecermos esses fatos e começamos a adular a mula que carrega o Senhor, ou a que leva o Senhor às pessoas.

Dezesseis meses separam esta parte do livro da anterior. Durante este tempo, pude juntar e colocar em ordem algumas histórias que complementam o relato que fiz acerca Pak Elias.

Este homem de Deus estava pregando numa ilha da Indonésia em certa ocasião e o Senhor usou o ministério dele para iniciar um poderoso avivamento entre os muçulmanos. Vendo como muitos do seu povo se estavam convertendo, um muçulmano surdo que aprendera a ler e a escrever antes de ficar surdo, começou a ler as reportagens sobre o que se estava passando. Por fim, veio conversar com Pak Elias e disse: “Se o Jesus que tu pregas me fizer ouvir, eu crerei n’Ele”. Pak Elias sentiu o desafio no ar. Por outro lado, sentiu aquela liberdade interior de orar por ele. Impôs-lhe as mãos e o muçulmano sentiu uma força curadora fluir por dentro dos seus ouvidos. Quando terminou a oração, viu que estava ouvindo tudo novamente. Entregou a sua vida a Cristo conforme havia prometido fazer.

Enquanto Pak Elias esteve pregando na ilha, um Muçulmano rico compareceu numa das suas pregações. Ficou tocado pela mensagem e, por essa razão, resolveu ficar longe de tudo aquilo. Sentiu-se desconfortável e não gostou da sensação que a verdade provocou nele. Contudo, três dias antes da campanha evangelística terminar, a esposa principal desse muçulmano encorajou-o a ir ouvir uma vez mais. Uma vez mais, a mensagem pegou profundamente em seu coração e, conversando com Pak Elias mais tarde, disse: “Se me conseguir ajudar, dou-lhe um carro novo”. O evangelista respondeu: “É verdade que Deus pode ajudar o senhor. Mas é mentira que você tenha de pagar por isso”. Ele continuou falando com Pak Elias: “Tudo isso que me está dizendo é verdade? Cometi muitos pecados durante a minha vida toda e todas as pessoas que me conhecem sabem como sou ruim. Tenho 16 mulheres, roubei muito dinheiro a muitas pessoas e até já assassinei”. Pak Elias mostrou-lhes o caminho para Cristo e tanto ele como a sua esposa se converteram. Após haverem confessado todos os seus pecados um por um publicamente, deu uma soma de dinheiro a cada uma das suas mulheres e libertou-as para que pudessem seguir com suas vidas terrenas de outra maneira. Mas, estava determinado a viver uma nova vida juntamente com a esposa principal, vivendo ambos para o Senhor Jesus. Numa outra ilha, onde era expressamente proibido pregar o evangelho publicamente, Pak Elias entrou num táxi e começou a falar de Cristo para todos os passageiros. (Nota do tradutor: o táxi em algumas partes do mundo é um microônibus que leva várias pessoas). Uns meses mais tarde foi-lhe relatado que o condutor do táxi converteu-se através da pregação que fez enquanto fazia a viagem.

Um professor veio a Pak Elias e disse-lhe: “Eu sou Cristão, mas quando leio a Bíblia eu não entendo nada. Não aproveito nada daquilo que leio”. Pak Elias respondeu-lhe: Existem três tipos de leitores da Bíblia: a) o primeiro lê a Bíblia para achar argumentos contra ela; b) o segundo tipo de leitor, curvado sob o peso e sob as exigências da sua própria sabedoria e daquilo que ele próprio pensa e acha, examina criticamente tudo aquilo que é verdade e que se assume apenas através da fé em Jesus. Consegue, através disso, reduzir as verdades das Escrituras a um escombro de detritos da mente humana; c) o terceiro tipo de leitor, por outro lado, dá o valor à Bíblia que ela tem mesmo e colocam-se sujeitos a Deus e à luz das Escrituras, consumindo cada palavra dela devidamente através da compreensão espiritual”. O professor respondeu: “Estou é vendo que pertenço ao segundo grupo!” No dia seguinte voltou para tornar a conversar e, depois de haver confessado todos os seus pecados diante de Pak Elias, submeteu toda a sua vida e o seu intelecto a Jesus e à autoridade das Escrituras.

Um dos maiores eventos durante o avivamento, foi a campanha em Irian Ocidental na Nova Guiné em Março de 1969. Quando Pak Elias pregava, começou a chover torrencialmente. Havia milhares de pessoas assistindo ao culto e muitos deles estavam do lado de fora sob a chuva. O evangelista orou em seu coração e sentiu a liberdade de mandar a chuva parar em nome de Jesus, com toda a gente vendo. Aquela chuva cessou logo de imediato. Ele orou, então, pedindo a Deus que a chuva se mantivesse longe dali enquanto a pregação durasse. E foi isso mesmo que aconteceu. Começou a chover de novo apenas depois do culto ter terminado. No dia seguinte à noite, começou um vento forte fazendo um barulho ensurdecedor no edifício onde as pessoas se encontravam ouvindo o evangelho. Conforme o vento ia aumentando de intensidade, o teto de metal e de chapas rangia e estava ameaçando ruir. Tornara-se impossível pregar uma única palavra, pois ninguém conseguia ouvir ninguém. Novamente, Pak Elias recorreu ao Senhor e comandou aos ventos que parassem e fez aquilo em nome de Jesus. Perante a audiência, que era novamente composta de milhares de pessoas e na qual se encontrava um missionário alemão (Willi Haseloh) que foi testemunha destes fatos, os ventos cessaram quase imediatamente.

Durante aquela campanha de 18 dias em Irian Ocidental, cerca de 3.000 pessoas converteram-se a Jesus. Mas, também houve 250 jovens que se entregaram à obra e à proclamação do Evangelho, os quais saíram a pregar para todos aqueles a quem Deus os enviava.

Deus também respondeu às orações em privado do seu servo. Numa noite, Pak Elias viu-se a ele próprio por cima dum país distante e, quando a visão terminou, começou a orar num idioma que ele não entendia. Memorizou aquilo que falou sem entender e, uns meses mais tarde quando visitou a Tailândia, comprovou que o idioma no qual orou era Tailandês. Esta sua experiência não se tratou apenas dum caso de línguas estranhas, mas era antes um caso idêntico ao que aconteceu em Atos 2 onde as pessoas começaram a expressar-se em idiomas que não eram os seus.

É uma experiência inesquecível podermos acompanhar este irmão numa campanha evangelística. O seu trabalho para o Senhor é deveras maravilhoso. Mas, como todos os outros servos do nosso Senhor, ele precisa muito de todas as nossas orações e ainda mais daquelas que Deus possa ouvir. Oremos para que o seu sucesso na obra nunca resulte em orgulho, nem dele e nem dos seus seguidores. Se isso acontecer, o poder que tem ser-lhe-á retirado. Acima de todas as outras necessidades que ele possa ter, vamos pedir a Deus que ele possa discernir entre os espíritos enganadores que tentam ajudar na pregação do evangelho para o torcerem conforme as doutrinas das trevas e também para o livrarem das pragas pentecostais que se propagaram por este mundo que conhecemos!

 

XVIII. OS HINOS DO AVIVAMENTO

 

Viajando pelo mundo como missionário, tive muitas oportunidades de ouvir crentes expressarem-se através de hinos e de músicas de Deus. Muito ocasionalmente, no Ocidente, tive oportunidade de escutar grupos de corais muito bem organizados, os quais deixavam os seus ouvintes secos por dentro após haverem cantado e enquanto cantavam. Qual a técnica, qual o talento que resulta se o Senhor estiver ausente? (Salmo 127)

Em Barrow no Alasca, fiquei particularmente tocado e “derretido” com os cânticos dum grupo da Igreja Presbiteriana. Eram tão bonitos que resolvi gravar aqueles cânticos para mim. Também já mencionei como fui profundamente tocado pelos cânticos de Cristãos em Ambom, na Indonésia. Foram muito lindos para mim na altura que os ouvi.

Contudo, nada daquilo que ouvi anteriormente se compara com os cânticos do avivamento em Timor. A riqueza dos hinos dentro daquelas igrejas Presbiterianas é simplesmente fabulosa. Mesmo que sejam aqueles hinos tradicionais da Igreja Reformada, eles penetram em nossos corações, pois aquelas vozes e aquelas palavras são realmente abençoadas, aplicadas e dirigidas pelo Espírito Santo. Os mesmos hinos sem Deus nunca nos dizem aquilo que deveriam dizer e nem da forma que deveriam expressar-se. Através da vida, aquelas melodias antigas e mortas noutros lugares do mundo, ganham uma vida estranha e muito linda quando cantadas com Deus presente, ouvindo e fazendo ouvir. Todas ganham um novo significado.

Mas, os verdadeiros hinos de avivamento são, na realidade, aqueles que são dados diretamente por Deus. Os grupos não apenas tinham visões e ouviam vozes, mas, também recebiam cânticos diretamente do Senhor. Por vezes, estes simples, mas muito abençoados cristãos indonésios, saíam dos seus encontros com o Senhor trazendo uma nova melodia, a qual memorizavam depois de repetida para eles da própria boca do Senhor Jesus umas 20 vezes. Que alegria é para nós podermos cantar este tipo de hinos! Parece-nos que estão sendo cantados pelos anjos também. Dentro das igrejas que cantam estes hinos passa uma alegria e certo bem-estar espiritual que nem temos como descrever. Cremos mesmo que estes hinos são cantados pelos anjos de Deus também nos coros celestiais e, quem sabe, ao mesmo tempo em que nós cantamos. Devem ser hinos do mesmo tipo que os pastores nos arredores de Belém ouviram quando o Salvador nasceu.

Antes de começar a relatar o episódio seguinte, deixem-me dizer que este episódio desencadeará muitas críticas no mundo Ocidental.

Um dia, um grupo de crianças que se havia convertido no avivamento, estava cantando hinos ao Senhor enquanto caminhavam para casa depois da escola. Passaram por um caminho e havia umas pedras grandes do lado espalhadas pelo terreno. Repentinamente, ouviram uma voz saindo das rochas dizendo para eles: “Cantaram muito bem! Deixem-me ensinar-vos uma nova canção de Jesus. Fiquem aqui enquanto canto para vocês…” As crianças, respondendo com simplicidade, disseram: “Nós estamos com muita fome. Deixa-nos ir a casa primeiro e depois voltaremos para aprender”. Eles apressaram-se, levaram seus livros e sacolas para casa e, quando iam comer, descobriram que a sua fome desaparecera! Saíram das suas cabanas, juntaram-se novamente e foram de volta para o local de onde aquela voz lhes havia falado. Quando lá chegaram, ouviram a mesma voz falando-lhes pela segunda vez. Depois, começou a cantar uma canção e, pedindo-lhes para a cantarem, repetiu-a até que aprendessem. Eles assim fizeram e, após terem ouvido a canção umas 20 vezes, apanharam a melodia e memorizaram as palavras. Voltaram para a vila cantando aquele hino enquanto caminhavam. Quando o líder da escola Teológica os ouviu cantar, escreveu a letra da música juntamente com a melodia. Este homem mostrou-me a canção escrita em seu caderno.

Um psicólogo ou parapsicólogo teria a maior das dificuldades para explicar o fenômeno por trás desta experiência. Se um historiador Ocidental tivesse que escrever alguma coisa sobre a Revolução Russa, escreveria coisas muito . E, contudo, não é fácil negar a veracidade desta ocorrência, pois as crianças não mentem acerca dum assunto deste gênero e existe tanto a letra como a melodia para comprovar a veracidade do que aconteceu.

 

XIX. FALSIFICAÇÃO DA VERDADE

 

Se um historiador ocidental desse uma descrição da Revolução Russa, certamente que os seus relatos seriam bem distintos  daqueles que um historiador russo daria sobre o mesmo evento. A alegada objetividade de qualquer escritor depende, também, da atitude que toma em relação a um assunto e para que lado se inclina a sua posição pessoal.

Por experiência própria, posso confirmar que já li muitas coisas forjadas e falsificadas sobre avivamentos que vêm acontecendo um pouco por todo o mundo. Por essa razão achei-me colocado perante a obrigação de atuar e de servir de vigia num posto soberano e privilegiado sobre este assunto.

Uma vez na Alemanha certo cristão pentecostal disse-me: “O senhor sabe muito bem que esse avivamento na Indonésia começou por causa das Igrejas Pentecostais! Na verdade, são as únicas igrejas evangélicas através das quais poderá acontecer um avivamento!” Do mesmo modo, um membro da Organização L. Osborn declarou o seguinte: “O avivamento aconteceu devido ao nosso trabalho na área”.

Poderíamos ficar felizes ignorando tais comentários. Se não fosse o caso destes relatórios, vindos deles, já estarem a circular na imprensa estrangeira em todo o mundo, nem deveríamos abrir a nossa boca.

Eu não desejo de forma alguma denegrir os movimentos Pentecostais. Meu desejo é falar a verdade dos fatos. Existem muitas pessoas que são sinceras dentro do movimento Pentecostal. Para falar a verdade, eu nunca adotei uma posição a favor duma Igreja ou contra outra. Existem falsos profetas espalhados por todas as denominações e os teólogos modernos ocupam o lugar indevido por trás dos muitos púlpitos espalhados por este mundo. Eles são os que representam o maior perigo de todos, muito acima do perigo dos movimentos Pentecostais que apalpam o terreno por onde se movimentam. A maioria dos Pentecostais são pessoas confusas que misturam a carne com o espírito e que ficam sem conseguir saber em que coisas tropeçam.

Tenho o dever colocado sobre mim de alertar e mostrar os fatos mais relevantes do Avivamento da Indonésia, porque sou uma pessoa familiarizada com as coisas que se passam lá. Conheço os limites e as fronteiras onde este avivamento se move, tal como os outros se movem. Sei do que se trata, sei como opera.

Em primeiro lugar, eis aqui algo positivo. Pak Elias, um homem mais familiarizado com este avivamento do que muitos outros, disse-me uma vez: “Existem alguns irmãos Pentecostais na Indonésia que servem o Senhor e nos apóiam neste movimento de Deus. Eles estão abertos e receptivos às operações do Espírito Santo”.

Contudo, o avivamento é dentro das Igrejas Reformadas da Indonésia. Não aconteceu nas Igrejas Pentecostais. Por exemplo: havia uma igreja Pentecostal perto do centro do avivamento, a qual viu a renovação espiritual das pessoas, das vilas e das cidades acontecendo, viu as pessoas mudando e a Igrejas Reformadas revivendo desde as cinzas, mas, eles próprios estavam completamente fora daquela benção. Foram obrigados a encerrar a sua igreja e a tornarem-se membros da Igreja Reformada para poderem ser participantes da Benção que Deus estava derramando sobre o povo.

Existem inúmeros grupos de Igrejas Pentecostais na cidade de K. e nenhuma delas tornou-se participante da Benção. Uma circular escrita por um dos líderes do movimento de Deus intitulada “Deus está marchando perto de nós” contém alguns fatos muito interessantes. Ele escreveu assim: “É um mistério que não conseguimos desvendar, mas Deus está com muitos cuidados para proteger este avivamento de todos os tipos de engano e de todos os ensinos de mestres falsos. Muitos pregadores chegaram do estrangeiro expressando o seu desejo de pregarem nas igrejas onde Deus estava. Isso aconteceu quando eu próprio estive ausente, pregando noutros continentes. Sempre achei que as suas opiniões e visões sobre o Espírito Santo eram muito estranhas. Mas, nunca deixei de considerá-los genuínos. No entanto, era uma opinião pessoal. Através de revelações e do dom genuíno de profecia que é muito freqüente em Timor, todos os líderes das igrejas locais eram previamente avisadas de que alguns homens falsificados iriam visitá-los desejando pregar nos seus púlpitos. E, quando chegavam, os nativos e os crentes locais não davam um único centímetro de terreno a essas pessoas que iam chegando. Eles recusavam-lhes os púlpitos e nem arredavam pé, firmes no propósito de nunca os ouvirem. Mesmo que eu já tenha visto muitos dons do Espírito nestes círculos Presbiterianos das igrejas em Timor, nenhum deles tem qualquer semelhança ou parceria com nenhuma igreja pentecostal e comprovamos que as igrejas pentecostais ficaram de fora deste avivamento. Em muitos casos, eram os opositores do avivamento”.

A história do avivamento tem muitos casos com relatos similares. Vou contar um que ouvi. David Wilkerson falou em Inglaterra e na Alemanha, sendo convidado de alguns movimentos de certos grupos evangélicos. Após isso, visitou Soe no centro do avivamento e ofereceu dinheiro para pagar as despesas ao líder da Escola Teológica, para que ele pudesse visitar a América e discursar em vários locais. Este líder nativo foi conversar com Pak Elias sobre o assunto e pediu-lhe conselho. Depois de orarem juntos viram claramente que aquilo não era a vontade de Deus e, devolvendo o dinheiro, recusaram o convite. Noutra ocasião, enviaram 1.500 dólares para Pak Elias visitar a América. Após oração, Deus mostrou-lhes claramente que aquilo não vinha d’Ele. O convite foi recusado também. Essas experiências parecem querer-nos comunicar que os nossos irmãos na Indonésia têm uma grande capacidade de discernimento, maior do que a maioria dos crentes espalhados em Inglaterra e na Alemanha.

O próximo exemplo sublinha e realça ainda mais isto que estamos aqui dizendo. Conforme já mencionei, Pak Elias e David Semeon estiveram presentes numa série de conferências que organizei em Abril de 1969 na Alemanha. Quando Pak Elias falou para às cerca de 3.000 pessoas que estavam ali presentes para se entregarem a Cristo num culto em Estugarda, ele ficou absorvido em oração e em silêncio durante uns minutos, quando um homem na plataforma se levantou e começou a ‘orar’ em línguas. Um momento depois vimos Pak Elias mandar o homem calar-se em nome de Jesus. Mais tarde perguntei-lhe porque ele fez aquilo daquele jeito e naquele momento (porque não esperou para mais tarde). Ele simplesmente respondeu: “o Senhor Jesus mostrou-me que o diabo estava usando aquele homem para interromper as decisões de muita gente ali presente. O seu objetivo era interromper o culto e causar confusão no nosso meio”. O outro irmão prosseguiu com a explicação do que aconteceu: “Acontece com muita freqüência quando as pessoas estão para tomarem uma decisão importante que salvará as suas vidas, que os Pentecostais falam línguas e assim conseguem impedir que muitas pessoas se arranjem com Deus. Essa é uma das armas muito usada por Satanás”. Um tempo depois disto, encontrei o homem que falou em línguas. Fui procurá-lo para falar com ele. Perguntei-lhe porque ele falou em línguas naquele culto. Começou logo a pedir muitas desculpas pelo sucedido e continuou explicando assim: “Eu senti um impulso muito grande de fazer aquilo e nem sei o que foi, mas vi-me na necessidade de fazer aquilo e não me controlei. Fui impulsionado a fazê-lo”. Devemos perguntar que tipo de profeta é que não consegue controlar o seu dom ou o seu espírito!

Na Indonésia, eu estava pessoalmente presente quando uma moça começou a orar em línguas num dos cultos. Quando ela terminou ninguém se manifestou e ninguém interpretou aquilo que ela disse. Um dos líderes repreendeu-a severamente e disse: “Não conhece a Bíblia? Está escrito que, se não houver quem interprete, não deve falar em línguas estranhas?” O evangelista Indiano Bakth Singh também estava presente naquele culto e disse-me mais tarde: “Assim que aquela moça se levantou para falar aquelas línguas, eu comecei a orar para ela parar, pois apercebi-me de imediato que aquilo que ela estava fazendo não era bom”.

Enquanto permaneci em Timor, perguntei aos líderes sobre a questão de falarem em línguas estranhas e qual a importância que isso tinha no avivamento da Indonésia. A resposta que deram surpreendeu-me imenso. “No espaço de dois anos e meio, cerca de 200.000 pessoas converteram-se na nossa ilha. Experimentamos milhares de curas feitas por Deus (muitas delas sem alguém pedir por elas), muitos milagres de fé aconteceram. Mas, não tivemos conhecimento de nenhum caso de alguém falar em línguas estranhas. Mesmo que haja, nunca alguém ousou manifestar que possuía esse dom”.

Como isto vai decepcionar os fanáticos e aqueles que andam enganados acerca de Deus! Como os defensores de línguas estranhas vão ficar? Temos cerca de 200.000 pessoas convertidas, mais de 30.000 curas divinas confirmadas e comprovadas e nem um único caso de línguas estranhas! Na verdade, até pode existir algum caso de línguas, mas que nunca manifestou possuir o dom. Como todos aqueles que neste avivamento receberam dons de Deus, ninguém se gloria dos dons que recebeu. Eles usam o que têm na presença de Deus – se tiverem!  Podemos confirmar aquilo que Paulo disse ao Coríntios na sua 1ª carta. Comprovamos que aqui, também, o dom das línguas não tem qualquer significado real, isto se tiver qualquer significado sequer! Qualquer pessoa que tente injetar este dom no avivamento, vindo de fora – e isso ocorreu várias vezes com pessoas falsificadas oriundas do Ocidente – sairá da Indonésia com o selo de falso na testa, com um atestado de falsidade e quem colocará esse selo será Jesus e não qualquer homem. Os líderes locais estão avisados por Deus para nunca permitirem qualquer pregação de nenhum líder de denominação Pentecostal.

 

XX. FOGO NA ILHA DE ROTE

 

Enquanto permaneci na Ilha de Timor, chegou-nos a notícia que cerca de 30 templos locais haviam sido queimados e destruídos na Ilha de Rote. Isso foi no verão de 1969. Qual foi a causa? A resposta mais conclusiva foi que o avivamento na Ilha de Timor se estendeu para a Ilha de Rote. Esse avivamento levou muitos milhares de nativos a converterem-se e, consequentemente, destruíram (eles próprios o fizeram) logo de imediato todos os templos pagãos existentes na ilha. Eram templos cheios de amuletos, ídolos e instrumentos de feitiçaria. Os habitantes locais não desejavam ter mais nada em comum com a sua velha vida. Mas, esta não havia sido a primeira vez que isso aconteceu, pois a Luz de Deus estava queimando a ilha.

 

Um lugar de Sacrifícios

 

Na costa ocidental da Ilha de Rote existe uma formação de rochas imponente que entra pelo mar. Durante séculos os habitantes locais usaram aquele lugar para fazerem os sacrifícios aos seus deuses de pedra e de pau, deuses da natureza e muitos mais. Existem muitos mistérios  á volta destas formações rochosas.

No século 18, a ilha foi habitada por 19 reis diferentes, os quais andavam sempre em guerra uns com os outros. Quando, finalmente, um dos reis derrotou outros 16, o seu nome, Tolamanu, foi dado ao lugar de sacrifícios. Os dois reis que sobraram, Foembura e Ndiihua, decidiram enveredar por um plano desesperado. Sabendo que as forças holandesas tinham o quartel-general em Batávia (conhecida hoje como Jacarta) e com a esperança de conseguirem alguma ajuda da parte deles, prepararam-se para viajar os 3.000 km que os separavam de Batávia. Levaram com eles provisões de milho torrado com açúcar e partiram com a intenção de complementarem as suas necessidades alimentares com peixes e as bananas que iam apanhando no caminho. As bananas achariam em terra, nas ilhas pelas quais iriam passar e, os peixes, no mar. Também fizeram planos para arranjar a água que iriam beber nessas ilhas por onde passariam. A aventura começou em 1729.

Devido às correntes marítimas traiçoeiras que foram encontrando pelo caminho e às mudanças constantes dos ventos, a viagem acabou por durar seis meses. Cada um dos seus barquinhos levava um símbolo com o nome de 'Sangga ndolu', o qual significa “Procuramos paz e poderes”. Tinham a esperança, de certa forma, de que as autoridades Holandesas lhes dessem poderes de feitiçaria que pudessem ajudá-los a derrotar Tolamanu.  Mas, ao mesmo tempo, conservavam uma outra esperança de terminarem com as guerras tribais que havia entre eles, na sua ilha.

Quando chegaram a Batávia, depararam-se com um problema inesperado: o povo de lá falava numa língua estranha! Eles não sabiam que havia outros idiomas. Será que a sua viagem havia sido em vão? A viagem não foi em vão porque Deus, na Sua grande misericórdia e sabedoria, preparara para eles algo diferente. Deus mesmo preparou caminho para eles. Enquanto estiveram em Batávia, cruzaram com uma mulher da Ilha de Rote, que reconhecendo as roupas que eles trajavam, dirigiu-se a eles para lhes falar. Os seus rostos iluminaram-se de alegria ao ouvirem o seu idioma ser falado.

Mas, como é que aquela interprete que acharam foi para tão longe da ilha onde nasceu? Quando vivia ainda em Rote, encontrou um marinheiro que se apaixonou por ela e logo se casou com ela, levando-a para o seu barco. E eis aqui aquela mulher a servir de mediadora para os dois reis. Foram apresentados ao governador Holandês e ficaram muito desapontados quando descobriram que as autoridades coloniais não possuíam aqueles poderes de magia e de feitiçaria que eles tanto desejavam. Contudo, o governador agiu com sabedoria e, após haver conversado com o missionário holandês que estava na ilha, entregou os reis aos cuidados dele.

Foi através daquele ato que os reis acharam a paz que não esperavam achar: ao invés da paz de guerra, acharam a paz de espírito e fizeram a paz com Cristo. Foram convertidos e batizados e ganharam novos nomes, isto é, Mesaque e Zacarias. Quando visitei a Ilha de Rote, fiquei muito alegre ao achar descendentes daqueles reis. O pastor Gideão, cuja história já relatei em páginas anteriores, é, na verdade, um descendente direto do rei Zacarias.

A alegria que os dois reis experimentaram na sua nova fé era tão evidente que decidiram voltar para Rote, deixando como presente de agradecimento alguns dos seus servos em Batávia. Levavam com eles o missionário através de quem acharam Cristo e ele aproveitou a viagem para aprender o dialeto da Ilha de Rote. Chegaram a Rote em 1732, após uma ausência de 3 anos.

 

O Fogo Sacrificial

 

Pela 1ª vez aquela Fortaleza de Rote sofreu um ataque espiritual. Os reis que voltaram construíram uma Igreja e uma escola Cristã na ilha e chamaram-na de Ti. Não demorou muito tempo até que a sua obra encontrasse a oposição de Tolamanu. Apercebendo-se do fato da sua influência na ilha estar em declínio acentuado, ele arquitetou um plano diabólico. Organizou uma grande festa e convidou os dois reis Cristãos e o missionário. Para não levantar quaisquer suspeitas, também convidou o governador de K., o qual foi acompanhado do seu secretário. O clímax da noite deu-se quando os seus convidados foram subjugados e amarrados com cordas. Foram colocados num círculo sobre folhas secas e sacrificados aos deuses nesta infame montanha rochosa de Tolamanu. Este havia de ser o primeiro fogo de sacrifícios na Ilha de Rote, o qual tinha como lenha a fé Cristã. Aconteceu tudo ainda em 1732, no mesmo ano que os reis haviam chegado de Batávia.

Mas, se Tolamanu pensou que com aquilo destruiria a fé Cristã na ilha, estava completamente enganado. Em Ti, a escola e a Igreja continuaram a obra de Deus, enveredando com persistência no ensino da mensagem de Cristo pela ilha. Aquele fogo de Deus mal havia começado. O sangue daqueles mártires trouxe muitos frutos à ilha. A escola foi um instrumento precioso no treinamento de professores Cristãos e, conforme os anos iam passando, novas escolas foram surgindo nas ilhas vizinhas e muitas pessoas foram ouvindo a mensagem do Evangelho. Rote tornara-se, assim, o centro de uma obra missionária relevante.

 

Nos Lugares de Caça de Tubarões

 

Hoje, passaram mais de 200 anos sobre aquela data. Uma vez mais, Rote tornou-se o centro espiritual para as ilhas da Indonésia. Tanto Pak Elias como o pastor Gideão, cujos testemunhos já ouvimos, são nascidos em Rote. Deus tem abençoado os seus ministérios duma maneira fabulosa desde que o avivamento começou em 1964. Na verdade, todos os crentes que iniciaram o avivamento, continuam manifestando uma coragem e uma audácia incomparáveis no tocante à sua fé. O seguinte exemplo é muito relevante.

Duas correntes marítimas, uma vinda da Austrália e a outra do ocidente, chocam-se no mar entre a Ilha de Timor e a Ilha de Rote. As ondas do mar, muitas vezes, erguem-se muito alto sem aviso prévio e muitas embarcações pequenas ficam debaixo delas quando estão efetuando a viagem entre Rote e Timor. Eu próprio tive oportunidade de passar por esses perigos algumas vezes e pude comprová-los. Mesmo que tenha ficado apenas molhado com alguns pingos de água, muitos pagaram aquela viagem com vômitos e indisposição. Eu estou habituado e tornei-me imune a esses elementos porque servi na Força Aérea durante muitos anos. Mas, durante a viagem que fizemos, pude verificar como as pequenas embarcações eram levadas até a parte de baixo ficar toda fora de água. O governador B. contou-me que muitas embarcações se perdem naquele mar todos os anos. É um pedaço de mar muito turbulento e perigoso. A catástrofe que irei descrever agora ocorreu numa destas viagens. O pai do pastor Gideão estava a bordo da embarcação que virou. Gideão contou-me o que aconteceu.

Um "Prau" (uma embarcação típica) estava tentando atravessar de uma ilha para a outra quando virou, pouco antes de conseguir chegar à Ilha de Rote. Havia 30 pessoas a bordo. Aquelas águas estão empestadas de tubarões. Entre a tripulação havia dois pastores e muitos cristãos. O pai do pastor Gideão estava preparado, pois Deus já lhe havia avisado que iria chamá-lo. Três das pessoas, cheias de fé, ergueram as suas Bíblias para o céu e clamaram ao Senhor: “Senhor, tu disseste que irias estar conosco quando as águas nos quisessem afogar. Se for da tua vontade, pedimos que nos salves”. Com aquele gesto de fé, os três moços tentaram alcançar a Ilha de Rote nadando. No entanto, devido a corrente forte, foram levados para longe de Rote e para o lado de Semau. Como aquele acidente ocorreu à noite, eles não conseguiam ver terra. Durante 12 horas continuaram lutando pelas suas vidas nas ondas e, usando o tempo também para orarem em voz alta. Incrivelmente, nem um único tubarão chegou perto deles. Deus fechou a boca dos Tubarões como fechara a boca dos leões que queriam comer Daniel. Contudo nenhum deles ficou exausto naquele mar bravo e turbulento.

No dia seguinte deram à costa em Semau, mas, apesar do grande tormento que passaram, alugaram um barco e foram para o local do acidente para ajudarem as pessoas que naufragaram com eles. O pai do pastor Gideão havia gritado para que trouxessem outro barco assim que alcançassem terra. Mas, quando chegaram lá, não havia ninguém para resgatar. As outras 27 pessoas morreram afogadas. Aquele acidente trágico ocorreu em 1966. Mas, aconteceu um milagre dentro daquela turbulência toda. Aquelas Bíblias que ergueram como o símbolo da sua salvação, estavam ainda com eles quando alcançaram terra. A água não as estragou e nem tinham uma marca de água nelas.

 

Numa Vila Pequena

 

Estive em Rote na companhia de dois pastores nativos, o Pastor Micah, o homem que pastoreou a igreja local em tempos anteriores e o Pastor Gideão. A igreja de Micah tinha 30 membros, mas muitos deles eram viciados em vinho de palma, a bebida que falamos no início deste capítulo. Este tipo de vinho é obtido de açúcar de palmeira e, na verdade, existem muitas destas palmeiras plantadas à volta da vila. Após o Pastor Gideão ter tomado as rédeas da congregação, um avivamento poderoso varreu toda a vila e atualmente todos os habitantes desta vila são membros da igreja. São cerca de 300 membros, incluindo as crianças. Na igreja há seis cultos por semana. Às segundas, os obreiros reúnem-se para orarem e para falarem sobre o seu trabalho com todos os que comparecerem. Cerca de 23 pessoas vêm a esta reunião fielmente. Às terças existe um culto especialmente direcionado para os jovens que são cerca de 60 e, às quartas, as mulheres reúnem-se para orarem, lerem a Bíblia juntas e terem um tempo alargado de comunhão juntamente com Deus. Às quintas, todos os adultos da vila reúnem-se para um estudo Bíblico. Finalmente, aos domingos todas as pessoas vêm aos dois cultos. Houve, também, um estudo Bíblico de formação que durou três meses em B. com o objetivo de treinar 18 jovens evangelistas que se voluntariaram e isso apenas na Igreja do Pastor Gideão. Sabemos que na Europa, por exemplo, as entidades missionárias apelam muito para haver mais candidatos e mais recrutas. Aqui em Timor os candidatos fazem fila para serem admitidos, pelo simples fato de não existir espaço suficiente para tantas pessoas que desejam trabalhar para Deus. Encontrei, uma vez, uma jovem professora na Ilha de Rote. Ela há mais de um ano que implorava a Deus para entrar numa Escola Bíblica de treinamento para servir no campo missionário. Essa é a diferença que faz um avivamento na vida das pessoas e numa comunidade.

Algo que aconteceu na vila merece ser mencionado. Há alguns anos atrás William Nagenda do Uganda, visitou a Indonésia. Ele falou sobre o tema “Andar na Luz” aos crentes locais. O que ele queria dizer com “Andar na Luz”? Durante o avivamento em África, os cristãos confessavam todos os seus pecados abertamente e publicamente. O testemunho pessoal de William Nagenda é uma boa ilustração para esse fato. É bom quando quem prega vive pessoalmente aquilo que ensina. Antes da sua conversão, ela era o chefe de departamento dos impostos e aproveitava muitas das ocasiões para roubar. Mas, assim que se converteu, foi-se entregar à polícia e confessou os seus crimes. Quando foi a julgamento no tribunal, o juíz não sabia o que fazer, pois não tinha lei para quando um homem era o seu próprio acusador. Com isso mandou libertar a William Nagenda. Aquela confissão de pecado era uma ação muito radical contra ele próprio (humanamente falando, porque na verdade era a favor dele). Contudo, muitos outros cristãos começaram a seguir o exemplo e colocaram as suas vidas em ordem.

Aquela história causou um grande impacto nos seus ouvintes indonésios. Desde então, foram-se formando muitos grupos que iam trazendo os seus pecados todos para a luz. Na vila onde eu estava, muitos cristãos vinham confessar seus próprios pecados abertamente uns aos outros e uns com os outros. Também oravam uns pelos outros, para que os seus pecados fossem perdoados e as suas vidas aplanadas a partir de então. Daquele jeito, a igreja podia controlar os excessos e as faltas entre os crentes. Mas, uma coisa seguramente não está acontecendo no avivamento de Rote: os erros e os pecados dos outros não são divulgados e nem comentados entre as pessoas que deles tem conhecimento.

 

Um Memorial da Oração

 

As portas para o Evangelho em Rote têm permanecido literalmente abertas, na verdade, escancaradas. Desde que o avivamento chegou à ilha que o progresso da mensagem tem sido fenomenal. Por toda a ilha, onde quer que alguém vá, existe uma atmosfera espiritual muito estranha de temor e reverência a Deus. Quando visitei pela primeira vez os escritórios do governador da ilha, parecia a coisa mais natural para ele passarmos  um tempo de oração em vez de apenas conversarmos. O mesmo aconteceu na casa do prefeito de B. e na casa do prefeito de T. os quais são cristãos, cristãos fiéis ao Senhor. Onde, no mundo ocidental, conseguiremos ver algo semelhante acontecendo? Até houve oportunidade de passarmos um tempo de oração no departamento de controle de passaportes na ilha! Parece que, quando entramos aqui, entramos num mundo diferente. O que vou passar a relatar foi o que me convenceu dessa realidade definitivamente.

Aluguei o único jipe que havia na ilha. Um dia fui visitar o local do novo aeroporto. Ali descobri que os crentes não apenas têm comunhão e oração uns com os outros dentro do aeroporto, mas também dentro da própria pista. Eu nem conseguia acreditar no que estava vendo com os meus próprios olhos! Muito menos acreditaremos no que aconteceu ali poucos dias antes. Rote, na verdade, é uma das ilhas mais difíceis de alcançarmos se viermos do exterior. Não tem qualquer ligação com as outras ilhas, nem de barco, nem de avião e muito menos de carro. A freqüente perda de barcos que viajam para a ilha já foi mencionada aqui. Por essa razão, o governo enviou um homem com muita capacidade para organizar a construção de um aeroporto local.

Tudo o que aconteceu após a sua chegada à ilha foi simplesmente único e fantástico. A pista do aeroporto foi iniciada no dia 7 de Julho de 1969 e, três semanas depois, todo o aeroporto estava concluído. Como é que aquela obra foi feita tão rapidamente? A resposta está, obviamente, nos habitantes da ilha. Sem qualquer salário e sem qualquer compensação, todos os habitantes locais juntaram esforços e trabalharam de sol a sol para completarem aquele pequeno milagre. Somente na primeira semana, 3.500 habitantes (tanto homens como mulheres) voluntariaram-se para trabalhar naquele projeto. Na 2ª semana, mais 5.000 voluntários chegaram para ajudar. Na 3ª semana chegaram mais 3.000 pessoas. Dormiam ao relento durante a noite, comiam o arroz que traziam de suas próprias casas. A primeira coisa a fazer foi cortarem as árvores para planarem o terreno. Como não possuíam serras e nem machados, usavam os seus facões para o efeito. Seguidamente, cavavam a terra para arrancarem as raízes das árvores que cortavam, usando ferramentas típicas feitas de madeira dura, pois também não havia enxadas na ilha. As pedras eram quebradas em pedaços pequenos usando outras pedras mais duras e espalharam-nas pela pista que tinha uma largura de 110 m por 3 km de comprimento. A pista foi coberta de seixos e de brita com 20 cm de altura. Finalmente, toda aquela camada de pedrinhas foi coberta com um gênero de cimento branco extraído dos corais. Os nativos não usavam caminhões para trazerem o extrato de corais, mas usavam apenas baldes e outras vasilhas que encontravam, colocando-as em um pau que, por sua vez, colocavam era posto nos ombros uns dos outros para os levarem para a pista e colocarem em cima das pedrinhas e da brita. Eles andavam descalços em cima dos corais para extraírem o “cimento” deles. A única coisa que ficava faltando era a chuva, pois, depois de estendido aquele “cimento” de coral sobre as pedras na pista, a chuva sedimentava e endurecia a pista. As pedrinhas ficavam cimentadas umas às outras e conseguiu-se uma pista.

A rotina diária era a seguinte: cada manhã, antes do dia começar, havia um tempo para comunhão entre as pessoas. À noite, havia culto para todas as pessoas em cima da própria pista. O evangelho era pregado ali mesmo. Era freqüente ter mais de 1.000 pessoas em cada culto. Mesmo dormindo ao relento, verificaram que não houve um único caso de doença durante aquele tempo. Quando as pessoas chegaram a casa, diziam: “Ninguém adoeceu porque todos os dias nós orávamos, entregando cada pessoa aos cuidados de Deus”. Durante as três semanas de construção daquela obra , mais de 10.000 pessoas ouviram o evangelho e muitos deles pela primeira vez. A obra da pregação estava a cargo de quatro evangelistas, um dos quais era o Pastor Gideão. Mesmo havendo mais 40 missionários que ajudavam na obra de Deus, não haviam pessoas suficientes para entrevistarem e aconselharem todas as que buscavam ajuda espiritual para confessarem todos os pecados juntamente com aqueles que podiam orar com eles. Antes de haver aviões, o edifício do aeroporto serviu para aconselhamento e a pista serviu para os cultos. No campo missionário, não existe história semelhante. É verdade que muitas pistas para aviões foram construídas nos campos missionários deste mundo, mas, esta pista em R. não é apenas uma pista.  Na verdade, é uma pista construída sobre fundamentos e sobre alicerces muito sólidos. Nem na Europa ou nos Estados Unidos com toda a tecnologia, maquinaria e engenharia teriam conseguido terminar obra semelhante em apenas três semanas. Aquela obra tinha outro Engenheiro por trás dela, Aquele que arquitetou o mundo. Ele próprio direcionava tudo. Falta apenas dizer que não havia um único arquiteto ou engenheiro ali presente para dirigir as operações. Tudo se fez através da oração e com as pessoas a serem direcionadas por Deus. Todas as pessoas que visitam o local não cessam de ficar abismados com aquele “Milagre das Três Semanas”. Conforme eu ia andando no meu jipe sobre aquela pista, pensei em como seria maravilhoso poder estar ali presente na cerimônia de inauguração. Gostaria muito de festejar com eles este esforço da oração e da orientação divina. Gostaria de estar presente quando o 1º avião pousasse na pista.

É de realçar um fato: desde o primeiro dia que a construção começou, os crentes não cessaram de implorar a Deus para que aquele aeroporto não fosse a porta de entrada dos malefícios e dos vícios mentais do mundo moderno ocidental. Pediam a Deus incessantemente que não fosse uma pista de turismo, o qual iria trazer os pecados ocidentais para a ilha. É uma coisa incrível como os nativos temem as influências ocidentais sobre a sua vida. Apesar da benção óbvia sobre a obra da aprovação do Senhor sobre ela, aqueles crentes imploravam que Deus os livrasse dos pecados e das superficialidades ocidentais.

 

O Mágico-Mor

 

Já falei aqui sobre o Pastor Gideão e a sua conversão. Mas, após ter conversado novamente com ele depois de um intervalo de 16 meses, permitam-me preencher aqui algumas coisas que ficaram por dizer. O título acima pode induzir-nos em erro. Mas, vamos ver o que ele significa.

É uma experiência, por si só, podermos ter comunhão com este irmão simples. Contudo, não tenciono colocá-lo num pedestal, pois tudo o que ele tem, recebeu-o do Senhor.

O número de congregações que ele pastoreia agora, subiu de 30 para 52. Ele vai a pé de congregação em congregação, de vila em vila e de cidade em cidade. Mas, mesmo que tivesse um carro, não conseguiria tirar proveito dele, pois simplesmente não existem estradas na ilha para os carros poderem circular. E, mesmo que com moto fosse fácil circular na Ilha de Rote, não existem motos para comprar na ilha. E, mesmo que houvesse uma, ninguém teria dinheiro suficiente para comprá-la. O Pastor Gideão recusou a idéia de ter salário e quando a Igreja lhe ofereceu ajuda financeira, ele disse: “Não, eu quero praticar e saborear as palavras de Mateus 6:33 e quero permanecer dependente apenas do Senhor”. Ele continua praticando este princípio de vida ainda hoje. No entanto, o Senhor tem sido generoso com ele. Na verdade, ele recebe mais do que todos os seus colegas de profissão que usufruem de um salário. Todas as suas necessidades são providenciadas pelo Senhor. Na verdade, costuma ser ele a dar aos seus colegas muito do que lhes falta.

No tocante a salários, ouvi falar de um pastor no meio da selva que recebe seis dólares por mês. Outros recebem entre nove e doze dólares mensais. O salário mais alto que vi foi um de 21 dólares. Estes salários deverão chocar as pessoas no Ocidente, mesmo que admitamos que as vidas destes irmãos são muito simples, muito menos complicadas que as nossas. Como exemplo pode dizer-se que não têm qualquer despesa com a eletricidade.

Esses luxos simplesmente não existem nesta zona onde vivem. Para eles, até pão e batatas seria um luxo, pois o arroz é a base da sua alimentação diária. Os seus sapatos também são muito baratos: eles usam a própria sola, andam descalços! Um pastor que esperou por mim em Sumatra, andou a pé cerca de 180 km sob o sol e o calor tropical apenas para ir esperar-me! No final do percurso, ele já não conseguia andar, pois os pés dele incharam e tornou-se dolorosa a caminhada. A primeira coisa que fiz quando o vi, foi comprar-lhe um par de sapatos! Alguns dos meus amigos que ouviram esta história, resolveram juntar uma soma de dinheiro de vez em quando para acrescentar ao seu ‘salário assustador’. Mas, sabemos que na eternidade eles irão receber muito mais que qualquer um de nós.

O Pastor Gideão é um daqueles homens que diríamos que não existe! Ele é confrontado diariamente com poderes satânicos de magia de todos os tipos. Por essa razão decidiu pegar o touro de frente, pelos chifres. A sua primeira missão foi confrontar um sacerdote num santuário idólatra. Aquele santuário estava repleto de muitos tabus para todos os habitantes da ilha. Dentro das grutas do santuário havia muitos feiticeiros, muitos que liam cartas e outras coisas mais. Praticavam as suas feitiçarias de noite e de dia. Em muitos casos, a questão das cartas é uma doença geral naquela área. No início deste século, uma das cavernas era usada por um anão praticante de artes satânicas. Ele era muito conhecido e temido. Era um ‘espertalhão’ também e morreu aos 30 anos de idade. Depois da sua morte, começou a ser venerado como um deus dos que praticavam a terrível arte das cartas. Colocaram o seu corpo num caixão dentro duma  gruta. Essa gruta e o caixão tornaram- envoltos em todo o tipo de mistério, misticismo e tabus. Sempre que alguém entrasse na caverna, teria obrigatoriamente de colocar uma moeda dentro do caixão como oferta. Naturalmente que, conforme o tempo foi passando, as moedas encheram o caixão e o povo supersticioso não caia na tentação de tirar uma única moeda de lá! Quando o Pastor Gideão chegou ao local, pegou no caixão, levantou com as suas mãos em nome de Jesus e lanço-o no chão. Ficou em pedaços. Lançou, também, todas as moedas dentro do mar por baixo das grutas. Os nativos ficaram abismados com tal audácia e ficaram esperando que alguma coisa lhe acontecesse de  seguida, ou que viesse a morrer. Ele havia quebrado o tabu mais sagrado da ilha. Mas, quando viram que nada lhe acontecia, ficaram a achar que o tabu era ele! Ganharam um temor ao pastor e ele passou a ser muito temido.

Este servo muito ativo do Senhor, contudo, não se sentiu satisfeito com aquela pequena vitória. Entrou na casa dum sacerdote, o qual tinha muitos amuletos e instrumentos de feitiçaria. Tinha coletes de metal, espadas, lanças de magia e outras coisas mais. Quando Gideão entrou, viu que a esposa do sacerdote estava enferma. O feiticeiro falou com Gideão dizendo-lhe: “Não estou conseguindo curar a minha esposa através dos meus poderes. Se você a conseguir curar, eu deixarei de ser feiticeiro, queimarei os meus amuletos de feitiços e me entregarei ao seu Deus”. O Pastor Gideão respondeu-lhe: “O senhor não pode negociar com Deus. Ele não negocia consigo. Primeiro, você vai queimar tudo aquilo que tem e só depois disso iremos orar e quem sabe Deus responderá à nossa oração”. O feiticeiro pediu um tempo para pensar. Mas, no dia seguinte já tinha decidido o que fazer. Decidiu destruir tudo o que possuía de feitiçaria. Assim que concluiu aquela tarefa, o Pastor Gideão orou juntamente com ele  pela esposa e o Senhor foi misericordioso curando-a. Quando as pessoas nas redondezas ouviram falar do que acontecera, de como o Pastor Gideão recusara negociar com o feiticeiro, veneraram-no ainda mais.

Uma das maiores barreiras do ocultismo na área era um poderoso feiticeiro que toda a gente temia. Os poderes que possuía capacitavam-no a matar pessoas instantaneamente. Sacerdotes feiticeiros como este alegam que enviam uma raposa voadora para cima de alguém e a pessoa morre pouco tempo depois. O sacerdote tinha construído uma casa para a sua esposa ao lado da sua. Ele odiava o Pastor Gideão e tudo o que ele representava. Mas, já a sua esposa estava receptiva à mensagem. Gideão visitou-a. Mas, algo muito misterioso aconteceu naquele momento. O sacerdote entrou em trance na casa do lado e o seu espírito apareceu dentro da casa onde Gideão e a mulher estavam conversando. Ele foi visto por eles enquanto conversavam sobre Cristo. Quando viram aquele espírito, a esposa começou a tossir e a cuspir sangue, enrolando os olhos para dentro como se estivesse enlouquecendo. Naquele mesmo instante, Gideão sentiu umas pontadas dolorosas nas suas costas, as quais continuaram a perturbá-lo na noite seguinte. Por fim, ele viu-se na obrigação de se dirigir ao espírito em nome de Jesus e as suas dores desapareceram no dia seguinte. O pastor resolveu visitar o feiticeiro uma vez mais. Para além de todos os instrumentos e amuletos de feitiçaria que possuía, também possuía uma caixa de açúcar que ele alegava mataria quem se atrevesse a tocar nela ou a tirá-la de onde estava. Gideão mandou que acendessem uma fogueira e pegou na caixa e levou-a para fora, destruindo-a. Ele contou-me que, tanto ele como os crentes que estavam com ele, viram gotas de sangue caírem da caixa enquanto a transportava para o fogo. Toda a gente conhecia os poderes daquele feiticeiro. Era muito famoso. Todos, também, esperavam que Gideão morresse a qualquer momento. Mas, como nada aconteceu (novamente), a fama do pastor espalhou-se pela ilha. Começou a ser conhecido como sendo uma pessoa que tinha maiores poderes que qualquer dos feiticeiros. Por essa razão, mal o pastor entrava nas casas, as pessoas traziam de imediato todos os objetos de feitiçaria que possuíam e pediam-lhe para destruí-los.

E assim, ele começou a ser conhecido como o Mágico-Mor, o maior dos mágicos e o seu nome começou a ser temido por toda a ilha. Todos os sacerdotes e feiticeiros temiam-no muito também. E foi dessa maneira que este humilde servo de Cristo conseguiu sobrepor-se às barreiras e aos poderes do mal na ilha. Assim que os amuletos de feitiçaria eram destruídos, as pessoas ficavam receptivas ao evangelho e a semente germinava de seguida dentro deles. Na verdade, o avivamento só progride quando isso acontece, quando os instrumentos de feitiçaria são queimados juntamente com outros pecados. Deixem-me dizer novamente que achei bastante significativo o que pastor Gideão disse: “Os amuletos e todas as peças de feitiçaria não são apenas destruídas e queimadas, mas uma oração de renúncia necessita ser feita sobre cada uma delas antes que os poderes delas sejam quebrados e anulados para sempre. Só então os olhos das pessoas se abrem para entenderem o evangelho”. No Ocidente, os teólogos não estão a par desta absoluta e incontornável necessidade de renúncia pública e aberta deste fenômeno da feitiçaria e da falsidade. Qualquer falsidade religiosa precisa ser renunciada diante de Jesus. Os ocidentais acham esta comida indigesta e desnecessária. O seu intelecto não consegue digerir estas coisas. Existem certas coisas que simplesmente não encaixam na maneira de pensar Ocidental e confirmamos, muitas vezes, que as coisas do Reino de Deus operam de forma viva, de maneira avivada, quando cumprimos as exigências básicas de entrada nele. Deus opera através de regras contrariamente distintas e não está de acordo com os racionalistas do Ocidente.

Mas, uma coisa é certa nestes conflitos contra o mal: Jesus é sempre vitorioso e é capaz de anular qualquer poder do mal, de feitiçaria e de ocultismo na Ilha de Rote. Jesus pode ainda tornar-se dominante aqui. Os poderes que dominavam a Ilha de Rote podem ser pontualmente todos anulados e queimados. Esta ilha pode tornar-se a Ilha de Jesus. Gideão tornou-se no instrumento que Deus usou para esse efeito, para alcançar esse objetivo ainda este século. Nenhum cristão que queira ter sucesso espiritual pode fazer seja o que for em seu próprio nome ou por sua própria autoria. A única autoridade que vence é a d’Aquele que esmagou a cabeça da serpente com a Cruz do Calvário.

 

Os Grupos de Evangelização

 

Os cristãos da Ilha de Rote têm os mesmos métodos de evangelização que existem em toda a Ilha de Timor. Em 1969, havia três grupos operando na ilha, o maior dos quais era composto por 15 membros e era liderado pelo irmão Obed. Este grupo, contudo, operava em tempo parcial, pois o seu líder ainda é funcionário do governo. Uma vez, quando este grupo saiu para evangelizar na área onde os pagãos haviam destruído os seus templos e os objetos de feitiçaria, terminando o seu trabalho e desejando voltar para casa, os nativos imploraram-lhes para não  irem embora ainda. A fome da Palavra de Deus era intensa e ajoelharam-se aos pés dos membros do grupo dizendo: “Por favor, não vão embora ainda! Queremos ouvir mais sobre Jesus!” (Zac.8:23) . É quase impossível imaginarmos uma cena assim. Contrastando esta cena com o Ocidente, vemos como as igrejas ocidentais usam música de fundo e tudo mais para lhes roubarem os dízimos e para manterem os crentes dentro das igrejas, dançam e pulam para ludibriarem jovens e "hipnotizarem-nos" nas suas reuniões. Mas, eis aqui os nativos indonésios ao suplicarem em desespero "incompreensível", para ouvirem um pouco mais da Palavra de Deus! Porque o Juízo de Deus começará pela casa de Deus, as igrejas ocidentais deveriam examinar os seus dilemas e os seus corações agora para ver se irão passar no escrutínio da luz de Deus.

O líder do segundo grupo é Samuel, o irmão de Gideão. Mesmo sem nunca ter freqüentado uma escola teológica, este irmão está equipado e preparado pelo Senhor e têm uma enorme autoridade espiritual. Os seus dons são similares aos dos crentes da Ilha de Timor. Ele olha para um pessoa e diz-lhe na sua cara quais são os seus pecados ocultos, todos aqueles que impedem Deus de operar. Todos os pecados de feitiçaria, os amuletos, entre outras coisas, são expostos através dos seus dons proféticos. O seu ministério já trouxe muitos pagãos para o lado de dentro do Reino de Deus.

O outro grupo é liderado por Naaman. Ele tem um testemunho muito comovente para nos contar. Foi líder do Partido Comunista na Indonésia e, após o fracasso do golpe de estado dos Comunistas, foi preso e colocado na lista de execução. Ficou esperando a morte e a solidão do desespero levou-o a entregar-se a Cristo. Começou a orar muito dentro da prisão e o seu coração descansou quando achou a verdade. Chegou o dia de ser fuzilado. Todos os nomes que estavam acima do nome dele foram chamados. Esperou, sabendo que lhe restavam apenas algumas horas de vida. Mas, houve um atraso e, quando chegou a noite, ainda se encontrava na cela vivo. Repentinamente, do escuro veio uma voz que lhe disse: “Levanta-te”. Ele levantou-se pensando que o chamavam para ser morto. Pensou: “Chegou a minha hora”. Mas aquela voz tornou a falar-lhe e disse: “Sai da prisão para a liberdade”. Foi só então que notou que todos os guardas estavam profundamente adormecidos. Saiu da prisão sem qualquer problema. É uma repetição daquilo que aconteceu com Pedro em Atos 12.

Não sabendo o que fazer depois de se achar em liberdade, Naaman fugiu para a floresta e escondeu-se por lá. O seu cabelo cresceu muito e passou dos ombros. Comia frutas da floresta, mas, enfraqueceu rapidamente. Por fim, levado pela fome, foi parar em uma vila remota. Assim que os habitantes o viram, reconheceram-no de imediato. Quiseram levá-lo para o posto de polícia mais próximo, mas, como havia acabado de ser mordido por uma serpente venenosa, não conseguia caminhar. O seu pé inchara muito e, por essa razão, foi entregue ao prefeito da vila até que as autoridades locais fossem informadas do seu paradeiro. Mas, o Senhor falou-lhe e disse-lhe: “Nada temas. Enviarei alguém de manhã para te ajudar”. No dia seguinte chegou um policial crente, o qual era sargento. Reconhecendo que ambos eram crentes, o sargento disse-lhe: “Amanhã serás interrogado. Quando te fizerem certas perguntas, responderás como te vou dizer. Se o fizeres, ninguém te fará mal. Se não responderes como te falo, serás morto”. Obedecendo ao seu irmão em Cristo, Naaman saiu em liberdade. Mas, ainda nem havia esquecido aquela provação e já andava na rua pregando o evangelho. Isso comprova que a sua conversão não havia sido motivada apenas pelo temor da morte, mas antes que se havia entregue a Cristo verdadeiramente pelo amor que nasceu dentro dele naqueles momentos de solidão. Trabalhou durante um tempo na Ilha de Timor e o Senhor informou-lhe que deveria formar um grupo e sair pregando em Rote. O Pastor Gideão descreveu-me como Deus abençoava o seu ministério. Jesus saia pessoalmente com ele para evangelizar. Muitos sinais confirmavam o seu ministério, também. E a Palavra saída da sua boca, trazia muitas pessoas à convicção de pecado e ao arrependimento imediato.

E foi assim que a Ilha de Rote experimentou a presença de Jesus também. A salvação chegou a esta ilha e está varrendo toda a Indonésia dos seus ídolos e feitiçarias.

 

XXI. O ESTADO ESPIRITUAL DA INDONÉSIA

 

Entre 1964 e 1970, houve três grupos distintos que acabaram sendo tocados pelo avivamento. Eles são: os muçulmanos, os cristãos nominais e os animistas pagãos.

Quando o avivamento começou em 1964, o primeiro grupo a ser alcançado foi o dos muçulmanos no Sul de Sumatra, muito particularmente entre a tribo dos fabricantes de venenos da qual já falamos. Cerca de 1.500 muçulmanos converteram-se na área, incluindo um grande número de sacerdotes.

O avivamento também se espalhou para todos os muçulmanos do Leste de Java, Sumbawa e Sul de Celebes. Mas, foi de forma mais modesta do que aquela que aconteceu em Sumatra. Para além da conversão dos muçulmanos nestas áreas específicas atingidas pelo fogo de Deus, houve muitas conversões similares às do apóstolo Paulo às portas de Damasco.

Mas, se falarmos em números de conversões, a maior quantidade foi entre os crentes nominais das igrejas mortas e ortodoxas. Antes do avivamento ter chegado à área, os cristãos eram conhecidos por permanecerem ainda presos às tradições e aos ritos pagãos das áreas onde se encontravam inseridos. Todo o crente que não destrua os seus amuletos, os seus pecados ou sonhos na hora da sua conversão, seguramente que voltará a recorrer a eles na hora da provação. O derramamento espiritual que vem acontecendo nas ilhas de Rote e de Timor alcançou muitas pessoas nos assentos de liderança do País e nos governos, tanto locais como nacionais. O mesmo pode-se afirmar do avivamento que houve no Leste de Java.

O terceiro grupo a ser atingido pelo fogo de Deus, foi um grupo para o qual temos uma grande dificuldade de catalogar ou colocar dentro de um  grupo que seja uniforme ou padronizado. Na verdade, é difícil reconhecermos as religiões locais como religiões, pois através dos decretos governamentais apenas existem as religiões do Islã, Hinduísmo, Catolicismo e Protestantismo. Fora destas religiões não existe mais nenhuma que seja reconhecida oficialmente pelas entidades ou decretos governamentais. Este terceiro grupo pode, por isso, ser dividido em dois. É do conhecimento geral que muitos muçulmanos buscaram uma bandeira cristã para se refugiarem devido à perseguição que caiu sobre todos os que tinham aspirações ou concepções comunistas. No entanto, este grupo inclui muitos animistas, muitos dos quais são membros da Igreja Católica devido à campanha de batismos que aquela instituição arquitetou e colocou em prática. Conforme já havia mencionado no capítulo anterior, a tribo Karo-Batak está incluída nesta onda de batismos em massa que a Igreja Católica colocou em prática, aproveitando o decreto governamental que todas as pessoas deveriam ter uma religião. Pude reunir mais material desde a minha última visita à Indonésia, o qual ajudará a ter uma imagem mais correta de toda a situação local. Tenho diante de mim alguns relatórios de um missionário alemão, juntamente com alguns outros relatórios mais breves e mais curtos de outros cristãos que trabalharam em Sumatra e os quais seguiram de perto esta onda de batismos encetada pela Igreja Católica desde o seu início.

Sempre que vemos uma enorme fila de gente esperando a sua vez para serem batizados, dependerá muito do ministro que os batiza e se eles se irão converter ainda ou não. Podem aproveitar a concentração de pessoas para lhes apresentarem o Deus vivo em simultâneo com os batismos que se tornaram uma exigência governamental em dado momento da vida da Indonésia. Em muitos campos missionários hoje, o estado espiritual de todas as pessoas é em todos os aspectos similar ao estado das igrejas ocidentais. Dentro delas não existe um verdadeiro conhecimento do Deus vivo e existe uma enorme variedade de misturas entre carne e espírito. Como acontece aqui na Indonésia, estas pessoas têm poucas possibilidades de se encontrarem face a face com Cristo e com a sua salvação entrando pela porta do batismo. Mas, onde os líderes das igrejas são realmente pessoas convertidas e fiéis a Cristo e fiéis à maneira de ensinar a guardar tudo o que Cristo ensinou, células de crentes genuínos nascem aproveitando a onda de avivamento real que se vem espalhando pela Ásia. A onda de batismos também pode ser aproveitada para a pregação do evangelho verdadeiro. Os avivamentos que vão acontecendo um pouco por toda a Indonésia, são frutos dos esforços das pessoas em limparem-se diante de Deus, depois das visitas dos grupos de evangelização. Por exemplo, os estudantes cristãos em Bandung formaram um grupo e partiram para pregar entre a tribo Karo-Batak. Eles são os responsáveis por inúmeras conversões genuínas que ocorreram entre aquela tribo, que é conhecida pelos milhares de batismos em massa que ocorreram entre eles. As suas conversões devem-se às orações intensas dos estudantes e à sua fidelidade ao evangelho. O Senhor também se revelou em muitos distritos do País, onde muitos missionários viventes estiveram trabalhando arduamente. Ninguém pode pensar que um avivamento não é um trabalho árduo e abnegado. Mas, as conversões entre aquela tribo fazem a minoria dos que passaram a chamar-se cristãos, pois a maioria deles são pessoas que foram batizados em massa sem se haverem convertido sequer. A maioria dos cristãos dali  ficaram do lado de fora da graça que Deus manifestou para com todo o povo da Indonésia. Só alguns estão aproveitando essa graça. Cremos, no entanto, que será muito fácil para Deus converter toda a tribo a Ele. Oremos para que isso aconteça rapidamente e que a Sua luz também passe a brilhar intensamente entre as pessoas como os da tribo Karo-Batak.

 

XXII. A GRANDE OPORTUNIDADE DA ASIA

 

É hora de terminarmos. É pena, mas precisamos fechar estes relatórios que viemos dando. Se Deus quiser, haverá ainda outras edições deste livro e poderemos vir a acrescentar algo mais, ou não. O avivamento continua em crescimento. Cada dia que passa, recebemos novas noticias vindas de lá sobre algo maravilhoso que aconteceu. Apesar dos perigos que este avivamento corre de morrer cedo, a graça de Deus vai progredindo a firme passo.

Todos os avivamentos são ameaçados por pecados que tentam de tudo para afogarem o trabalho vivo de Deus numa onda de descrédito ou de pecado que desagrada Deus. Só assim os avivamentos morrem. Na Indonésia, o que mais ameaça os crentes, é precisamente aquilo que é extremamente vital para eles devido ao analfabetismo na área e à falta de pessoas formadas que tenham apenas os interesses do Senhor em mente. Existem pessoas formadas sem terem os interesses de Deus em mente e existem pessoas que têm os interesses de Deus, mas que não são formadas. O maior perigo para este avivamento é aquilo que o sustenta, isto é, a enorme onda de visões e de revelações, vozes e aparições reais de anjos e de Deus. Estes crentes precisam destas coisas para que a obra progrida. Mas, é este gênero de coisas que desvirtuaram o Ocidente Cristão. Precisamos entender todas estas coisa à luz da verdade do evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo e basear tudo o que acreditamos solidamente na Palavra de Deus juntamente com a manifestação do Senhor Jesus em cada um de nós de forma pessoal e individual. A Palavra de Deus e Jesus precisam tornar-se reais para todos nós. Essa Palavra de Deus é a base de tudo. Até agora, todas as manifestações e revelações que vêm acontecendo na Indonésia são biblicamente fundamentadas e são verdadeiramente vindas do nosso Senhor Jesus. O mesmo já não se pode afirmar das muitas coisas “idênticas” que se vêm espalhando pelo mundo como praga. Todos os milagres que ocorreram na Indonésia têm características e selagens divinas. Mas, se um dia desejarem que um avivamento morra, coloquem a esperança em milagres e manifestações! Nenhum milagre real tem como finalidade a cura de alguém, mas antes a revelação final de Jesus e a salvação dos pecados das pessoas em geral. Juntamente com o pecado que pode entrar subtilmente num ambiente são e bonito, existe a colocação de esperança em que milagres aconteçam sem que eles sejam dirigidos, inspirados e direcionados por Deus pessoalmente, os quais acontecem a seu devido tempo e com as pessoas certas. Ele é que é Deus e não o milagre ou a revelação. No entanto, até este momento temos razões de sobra para darmos graças a Deus por tudo aquilo que vem acontecendo e imploramos a Ele que guarde esta obra, que a mantenha pura porque foi Ele quem a começou.

A benção dum avivamento firma-se precisamente nisto: ele é totalmente e solidamente dependente da Palavra de Deus. O derramamento do Espírito é uma maravilhosa manifestação de Jesus e uma manifestação de grande parte da glória d’Ele e do Espírito Santo do nosso Deus. Este avivamento na Indonésia é um moderno “Atos do Espírito Santo” em versão do século 20. As correntes de água viva e a benção espiritual que os nossos irmãos e irmãs vêm experimentando dão uma luz sobre aquilo que realmente é e dever ser o Reino de Deus entre todos nós. Revela-nos todo o Seu poder, a Sua capacidade e isso através duma porta que Deus abriu na Ásia hoje.