FALANDO EM LÍNGUAS?

 

_________________________________________

 

 

Kurt E. Koch, Th. D.

 

_________________________________________

 

 

CONTEÚDO

 

         I.        Seu ambiente espiritual e intelectual

       II.        Seu Desenvolvimento desde 1900 até a presente data

     III.        Casos e Histórias: Seus efeitos nas pessoas

       IV.        A Versão Bíblica das Línguas: quando são dom do Espírito? O Que a Bíblia diz

         V.        Seu Antídoto: Como os Cristãos devem Proceder

 

Introdução

 

Elias, o profeta, tinha total autoridade sobre o pervertido Rei Acab e sobre a sua péssima esposa Jezabel, a qual era pior que ele. Também lhe havia sido dado poder para se sobrepor aos 450 profetas de Baal que estavam sob o comando da rainha. O segredo do seu poder e de toda a sua autoridade provinha da continuada presença de Deus, de forma real, em sua vida. “Deus diante de quem estou!” Equipado dessa maneira, podia colocar-se diante do rei com total autoridade.

Escrever um artigo desta natureza exige de qualquer um encontrar-se, igualmente, na presença de Deus e conseguir viver dela continuamente. A atmosfera deve ser o Espírito Santo. Claro que não obtemos essa atmosfera via esforço próprio, mas, podemos orar por ela. Contudo, os acontecimentos que me levaram a escrever um artigo como este, usando as palavras que aqui seguem, encaixam-se dentro deste perfil da presença de Deus, sendo guiado pelo Espírito. Foi em Whitsun em 1965 quando tive esta inferência interior para escrever sobre este assunto. Havia discursado em uma igreja Anglicana perto de Londres sobre a realidade do Espírito Santo em nossas vidas e, pela noite, em uma Igreja Batista em Richmond sobre o texto 1Cor.12:7-11.

Paulo menciona nove dons espirituais nesta passagem: sabedoria, conhecimento, fé, dom da cura e de milagres, o dom da profecia e de discernimento de espíritos, o dom das línguas e a interpretação de línguas. Ele prossegue, clamando às pessoas, para o dom acima de todos, o do amor, em 1Cor.13 e em Rom.5:5.

Naquele domingo, após os cultos onde discursei, passei uma noite atribulada. Uma oração por Whitsun e pela presença do Espírito Santo cruzou a minha mente. Era minha suplica e desejo que o 'eu' fosse quebrado e que todos os espíritos malignos responsáveis pela confusão na igreja saíssem do nosso meio. Era uma oração em forma de hino, ao qual a melodia lhe foi acrescentada. A melodia será publicada em meu próximo livro que está sendo preparado em alemão, o qual se intitula, "Jesus, nome sobre todos os nomes".

Mas, nem tudo o que isso significou para mim ou que ocorreu em Whitsun, Londres, foi dito aqui. Após o culto na igreja em Richmond, houve a ceia do Senhor. Desejando muito participar dela, sentei-me na fila da frente. Mas, um dos diáconos da igreja sussurrou-me ao ouvido: "Está ali uma senhora que deseja muito falar consigo". Eu não desejava perder a ceia do Senhor e perguntei-lhe: "Pode ser para depois da ceia?" Ele respondeu: "Ela está muito agitada e nervosa". Deixei que ele me levasse à senhora e conversei com ela nos aposentos interiores da igreja. A história que ela contou era simplesmente fora do comum e irei repassá-la aqui sem mencionar os nomes dos intervenientes.

Exemplo 1: A senhora havia vivido em África vinte anos. Entre os conhecidos e amigos dela haviam pessoas com habilidades de médiuns extra-sensoriais e, numa certa noite social, um médium bem conhecido disse-lhe que ela iria ser confrontada com muitos azares mais adiante e que estava sendo alvo dos poderes de um feiticeiro poderoso. Pouco tempo depois disso, a senhora ficou ainda mais preocupada quando um quiromante lhe comunicou que havia coisas de feitiçaria e de magia enterradas ou escondidas em seu jardim e que ela corria grande perigo.

Em África, com a sua história ancestral, tais coisas são muito comuns. A senhora, amedrontada e intimidada com estas 'profecias', procurou ajuda. O quiromante ofereceu-se para procurar as porções de magia e de feitiçaria e, enquanto cavava, encontrou uma garrafa com uma rolha na qual se encontravam vários fetiches e objectos de magia. Foram destruídos e o quiromante deu à senhora uma forte contra-porção de magia em forma de pó negro que ela deveria espalhar pelo jardim pessoalmente. Contudo, quando se preparava para fazê-lo e estando ainda com o pó em suas mãos, uma grande serpente venenosa entrou em seu jardim. Nunca haviam visto uma serpente daquele tipo em todos os anos que ali viveram. Ela chamou os filhos, os quais trouxeram uma arma e a mataram.

Na opinião do quiromante, o perigo havia sido desmantelado. E, assim, o sentimento de medo que se havia apoderado dela, deixou de existir. Contudo, algumas perturbações e alguns distúrbios surgiram como consequência. A senhora tornou-se muito depressiva. Isso não é nenhuma surpresa, já que todas as pessoas que se envolvem com médiuns e feitiçarias acabam sempre pagando um pesado preço por suas idiotices.

E eis, agora, a parte mais incrível da história. A senhora voltou para Inglaterra para buscar uma cura para a sua depressão. Em seu país evangélico, foi aconselhada por uma missionária a pedir ajuda a um curandeiro espírita. A ignorância dessa missionária é assustadora. Em outras palavras, a senhora deveria consultar Belzebu, o príncipe dos demónios, para expulsar seus demónios! Esse foi o conselho de uma missionária!

Estas foram as circunstâncias sob as quais a senhora veio ao culto em Richmond. Era o primeiro culto que ela frequentava desde a sua chegada de África. Havia chegado pouco tempo antes do evento.

Não foi fácil revelar-lhe a verdade sobre Jesus, ultrapassando este emaranhado de pecados de feitiçaria. Mas, ela estava preparada e prontificada. Deve ter passado por muitos temores, mas, conseguiu a sua libertação total recebendo toda a mensagem de Jesus, a qual não apenas nos garante todo o perdão, mas, a completa libertação de qualquer tipo de temores. Em Lucas 10:19, Jesus deu-nos esta promessa: “Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões e toda a força do inimigo e nada vos fará dano algum”. O evangelho tomou posse da senhora logo de imediato de forma poderosa. Ao invés dos medos e receios com origem nas raízes do oculto se apoderarem dela, ela encontrou paz, sossego e segurança no conforto de Jesus. Assim, o aniversário da Igreja em Whitsun, tornou-se o dia do novo nascimento desta senhora, a qual estava cativa e presa nos poderes do mal. Agora, estava liberta.

Mas, houve uma dupla bênção para mim em Whitsun, Londres. O Espírito de Deus moveu todo o meu coração e os meus olhos haviam sido abertos através da experiência desta senhora perturbada. É assim que Jesus opera, silenciosamente por trás do cenário. Vemos isso acontecer em Horebe. O Senhor não se encontrava no vento forte, não se achava na tempestade e nem no terramoto, mas, falou através de uma voz doce e mansa. Hoje, precisamos recordar esta Sua maneira de expressar-se, este Seu jeito peculiar. É necessário que assim façamos. Deus não nos fala em êxtase e muito menos através do barulho da histeria generalizada das ditas experiências sobrenaturais. A perda de controle emocional e a perda de raciocínio não é obra do Espírito Santo. Lembremo-nos que auto-controlo é um dos frutos do Espírito. O nosso Deus é um Deus de ordem. O Espírito é um espírito de poder, amor e disciplina. Esta será a ideia principal de tudo aquilo que se segue no conteúdo deste artigo.

Já foi dito que este artigo e sua publicação necessita sair sob a presença de Deus. Jesus deve acompanhar pessoalmente tudo que fazemos e escrevemos. Noutras palavras, o Espírito de disciplina precisa acompanhar o poder pelo qual oramos e imploramos. O Espírito Santo não pode, de maneira nenhuma, ser entristecido por nada quando Sua manifestação é real. A autoridade significa disciplina e poder em conjunto e em uníssono. Somente através desses meios o Espírito consegue total domínio sobre nós.

Existem coisas estranhas, actualmente, sobre o carácter do amor. Por exemplo, como pode um teólogo apadrinhar o amor de Deus quando recusa a verdadeira essência da redenção de Jesus? Atitudes morais e comportamentos religiosos que recusem ou neguem a vida e a essência da obra na Cruz não estão revestidas de amor no verdadeiro sentido do Novo Testamento. Amor não é ficarmos calados, aceitando tudo, quando as pessoas se afastam das essências da Palavra de Deus. Actualmente, em Inglaterra, existe um certo 'culto' que incentiva a brandura contra ou a favor de tudo. Esta atitude de não desejar magoar ninguém por causa da verdade é simplesmente ridícula e ultrajante. É ridículo 'aceitar' as ideias religiosas que facilmente se espalham por todo lado hoje em dia. A verdade é que este 'culto' chegou ao seu ponto mais ridículo, o de aceitarem pregar de forma a que não se ofenda qualquer pessoa, seja ela espírita, faladora de línguas, Jesuíta ou modernista. É ensinado, hoje, que não devemos ser controversos ou oposicionistas. Isso não deixa de ser um culto ridículo à 'brandura'. Onde, nas Escrituras, encontramos incentivo a este tipo de brandura? Seria bom que todos aqueles que cedem aos outros e aos seus pontos de vista, entregando a verdade ao desprezo com tanta facilidade, lessem as sete cartas do início do livro do Apocalipse. O Senhor ressuscitado reprova e repreende severamente a igreja em Pérgamo da seguinte forma: "Mas, algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria e se prostituíssem", Apoc.2:14. E o Senhor também repreende severamente a Igreja de Tiatira: "Tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria", Apoc.2:20. Por época da existência destas igrejas, se houvesse alguém que se insurgisse contra a prática delas, haveria de ser chamado um intolerante com falta de amor. Contudo, Jesus nunca se inibiu a favor da verdade.

Estamos, deveras, fortemente empenhados em cumprir o mandamento nas Escrituras, o qual nos diz assim: "Testem os espíritos e provem-nos para ver se vêm de Deus", 1 João 4:1. Este teste deve ser feito em amor, é verdade, mas, nunca deve favorecer a mentira em nenhum aspecto. Nem tudo aquilo que a falsa Teologia moderna tabela de amor é, realmente, amor. Nem tudo pode ser considerado como o amor de Cristo. Por isso, devemos estar na presença do Deus que tudo investiga e analisa profunda e minuciosamente. Devemos colocar nessa luz cada coisa que se intitula de dom do Espírito hoje em dia. Devemos ver tudo à luz inequívoca das Escrituras.       

 

I. SEU AMBIENTE ESPIRITUAL E INTELECTUAL

 

As mais de 90 palestras que fiz nas igrejas, Seminários, Universidades e outras salas em Inglaterra deram-me uma certa visão e entendimento do clima e da estrutura intelectual daquele país.

Além de algumas correntes de pensamento menores e mais insignificantes, ficam claras cinco correntes de pensamento para o observador mais interessado. Os eventos no mundo intelectual são sempre acompanhados por outros factores. Por exemplo, a Reforma não pode ser vista isolada da deterioração que ia ocorrendo na Igreja Católica até aquela época. O materialismo do século 19 nunca teria reagido contra a Igreja e contra os clérigos se a ortodoxia não se tivesse divorciado da vida real do dia-a-dia. Do mesmo modo, o recente movimento das línguas em Inglaterra será melhor entendido quando as condições que o provocaram forem melhor identificados. Os cinco movimentos que identifico são:

1. A TEOLOGIA MODERNA. Certa vez, quando me encontrava no meio de alguns Cristãos crentes, perguntei pelo Bispo Robinson, o autor de 'Honest with God (Honesto com Deus)'. Seguiu-se um silêncio estranho à minha pergunta. As pessoas, frequentemente, sentem-se envergonhadas dele e questionam-se como é que um oásis que produziu tantos homens de Deus como John Knox, Wesley, Spurgeon and Hudson Taylor, pode produzir homens como o Bispo Robinson e como é que ele ainda consegue manter seu elevado cargo na igreja sendo que é autor de muitas heresias. Contudo, na convenção de ministros e respondendo à minha pergunta, um anglicano respondeu 'Made in Germany'. Foi a minha vez de sentir-me meio envergonhado, pois, sabemos que origem da Teologia de Robisnson é alemã.

Para melhor ilustrar os resultados desastrosos de tal teologia moderna e de suas criticas destrutivas contra a Bíblia, citarei um pequeno exemplo. Estive alojado em casa de uma família inglesa. A jovem mulher contou-me como se havia convertido. Umas semanas após a sua conversão, perguntou a um ministro Presbeteriano se poderia tornar-se membro de sua igreja. Como nunca havia pertencido a qualquer igreja, ela agora desejava um aconchego Cristão. Sendo uma jovem Cristã, nutria a ideia de que todos os pastores eram homens de Deus. No escritório do pastor, ela começou por contar despercebidamente que estava lendo o livro de Apocalipse. O ministro foi apanhado de surpresa e disse alterado: "Como é que você pode ler um livro desses? O autor desse livro deve ter sido um louco!" Ele começou a explicar para a jovem crente que não se podia assumir que toda a Bíblia era igualmente inspirada. Como exemplo disse que os Cantares de Salomão eram mais pornografia que qualquer outra coisa. Na verdade, foi um grandioso milagre o facto de a mulher ainda se encontrar convertida e fiel depois de haver bebido do veneno teológico desse pastor Presbeteriano modernista.

2. HUMANISMO. Esta corrente intelectual torna-se mais evidente nas universidades inglesas. Contudo, a corrente actual tem pouco a haver com a corrente humanista do século 16, a qual era mais tolerante. Um exemplo para clarificar-nos melhor:

John Stott tornou-se conhecido como capelão da Rainha. É homem crente que mantém viva a chama do evangelho dentro do seu coração. Mesmo cuidando de sua paróquia enorme, ele ainda usa muito do seu tempo para alcançar os estudantes. Dois anos atrás, fez uma campanha missionária em Oxford. Juntamente com outros anglicanos, protagonizou 31 reuniões em vários estabelecimentos de ensino. O que aconteceu? Os humanistas começaram a fazer contra-campanhas em oposição. Ao lado dos posters de John Stott, colocavam as suas próprias, ridicularizando-as. Por exemplo, diziam: "Vá assistir às mensagens de Stott para cometer suicídio intelectual". Também organizavam alvoroçadores para interromperem ou perturbarem as reuniões.  

Esta é a nova agressividade do humanismo actual. Tal actividade anti-cristã é um sinal típico dos tempos em que vivemos. Em conjunto com a passividade dos movimentos ecuménicos, vive-se a agressividade do antagonismo anti-cristão. Contudo, não devemos temer tais situações, pois, são provas claras do início ou dos preparativos para a última batalha.

3. O NOVO MATERIALISMO. Em Blackpool, o mais que conhecido local de prazer no norte de Inglaterra, uma revista cristã chegou às minhas mãos. Continha um artigo de um Bispo Anglicano, o qual se opunha contra a tendência moderna de luxo e de luxúria dos altos níveis de vida. O Bispo em questão escrevia assim: “No passado, as pessoas contentavam-se com um casaco de um rato almiscarado, mas, hoje já querem que seja de martas. Uns poucos anos atrás, o automóvel era um Ford ou um Morris, mas, hoje só pode ser um Jaguar ou um Rolls Royce". Esta busca continuada de altos rendimentos e crescimento da prosperidade aparente não está resultando em sacrifícios e dádivas para a propagação do Reino de Deus. Eu vi pessoalmente que os evangelistas independentes ingleses são pobremente suportados quando são suportados. O espírito sacrificial dos Cristãos em Inglaterra pode ser descrito como horrendamente precário. E pior se torna quando as próprias igrejas seguram os fundos em seus próprios cofres e não os distribuem pelos que realmente os poderiam aproveitar. O exemplo que se segue seria impensável ou mesmo inqualificável para os Cristãos suíços ou alemães.

Um evangelista havia sido convidado para pregar em Newcastle. O homem depende inteiramente do apoio daqueles para quem ministra. Antes da campanha começar, ele colocou a questão diante do comité. Acordaram em oferecer £100 para os dez dias que passaria em labor no meio deles. Na verdade, o evangelista não apenas discursava durante as noites, mas, também em colégios e escolas durante o dia. Após a campanha haver terminado, contabilizou-se cerca de £500 em ofertas e um dos membros do comité deu £10 ao pobre irmão. O evangelista esperou durante meses pelo restante do dinheiro que lhe haviam prometido. Quando nada chegava, escreveu-lhes uma carta envergonhadamente dizendo que havia tido gastos de £90 só em transportes, comida e para a despesa da pessoa que liderava os cânticos. Em resposta, enviaram-lhe mais £10, acrescentando uma carta critica contra ele. Assim sendo, o pobre evangelista ainda teve de colocar £70 do seu próprio dinheiro para cobrir as despesas que teve na campanha daquela igreja. Poderia citar muitos mais exemplos parecidos com este.

4. ESPIRITISMO. A era mais sombria e mais escura paira sobre Inglaterra no tocante a fenómenos de fachada do espiritismo. Inglaterra e Escócia têm actualmente mais de cem templos de espiritismo. Uma revista fala em cerca de três milhões de membros. Existem, também, cerca de 30 médiuns cujos rendimentos superam as £3,000 mensais. Até os médiuns menores conseguem rendimentos muito superiores aos ministros alemães ou ingleses. A grande maioria desses médiuns são mulheres. Nos seus encontros, tentam contactar com os mortos e passam a maior do tempo de suas reuniões de ocultismo em transe. Isto são factos, os quais me vêm sendo relatados por um homem que antes havia sido médium em uma igreja em Londres.

Muita gente é levada ao engano pela semelhança de seus cultos com os cultos cristãos. Hinos são cantados e algumas passagens da Bíblia chegam a ser lidas. No entanto, negam a vida prática de Jesus.

O real perigo da propagação destas práticas enganadoras é a ignorância que predomina nos cristãos ingleses. Serve como exemplo o caso da senhora de Richmond que mencionei no exemplo 1. Em Glasgow, existe uma igreja de espiritismo a menos de duzentos metros de uma igreja evangélica. É um edifício imponente, muito semelhante a um templo Córrego. Perguntei a estudantes de escolas bíblicas o que me poderiam dizer sobre aquela igreja espírita e seus ensinamentos. Disseram que nada tinham a dizer contra eles. Um deles afirmou: "Nós, estudantes ingleses, não nos preocupamos com essas coisas. Aceitamos a coexistência".

5. O MOVIMENTO DAS LÍNGUAS. A quinta corrente é uma de enorme confusão, a qual é a corrente dos movimentos das línguas estranhas. A palavra caos não chega para descrever o que se passa!

Mas, vamos olhar primeiro para o lado positivo de tudo isto. Os membros dos movimentos das línguas estão claramente contra a teologia moderna dos últimos tempos; rejeitam tudo que seja humanista ou espírita no verdadeiro sentido da palavra. Num primeiro olhar, isso pareceria uma coisa boa e simpática da parte deles. Poderíamos acrescentar que as pessoas são muito prestativas no tocante a ofertas e a dízimos. São generosos a dar. Aparentemente, não se entregaram ao deus do materialismo da Inglaterra actual. É claro que existem excepções. E, em terceiro lugar, uma grande quantidade de crentes fiéis entregaram-se de coração a estes movimentos. Muitos entregaram-se de alma e coração ao movimento por desejarem experimentar os dons do Espírito de uma forma mais expansiva. Enquanto nos quatro exemplos antes mencionados não haja qualquer ligação entre eles e a fé Cristã, este quinto movimento ainda se encontra, de certa maneira, ligado ao corpo de Cristo. Mas, a única parte positiva de tudo isto é o facto de haver crentes sinceros no meio deles. Na verdade, esses crentes verdadeiros estão no lugar errado, pois, pertencem do lado de fora do movimento das línguas. Deveriam ser achados fora dele.

Aqui tivemos uma breve exposição daquilo que eu penso serem as principais correntes de pensamento na actualidade. Que caos nos confronta nestes tempos que devem ser os finais!

 

II. O Desenvolvimento do movimento das línguas desde 1900 até a presente data

 

Este século já experimentou um movimento de línguas na Califórnia no ano 1900. Que haja começado precisamente na Califórnia não é mero acaso. Los Angeles, o epicentro deste movimento, sempre foi uma fortaleza de movimentos de espiritismo. Para além de centenas de pequenos grupos e igrejas de espiritismo, existem, também, cerca de 40 igrejas poderosas com as suas usuais cerimónias e actividades médiuns. O movimento das línguas espalhou-se pelo continente europeu através da Suécia e por duas 'profetizas' escandinavas, as quais viajaram pela Europa introduzindo as suas doutrinas de falar em línguas estranhas. Os seus centros na Alemanha eram em Hamburgo, Grossalmerode e Kassel. As conferências ou reuniões destas profetisas, na verdade, eram mais parecidos com distúrbios sociais do que reuniões do povo de Deus. Logo, o povo de Deus acautelou-se e precaveu-se contra elas desde o início. Ainda existem irmãos vivos que foram testemunhas oculares dos enormes estragos desse movimento pela Europa. Para mencionar somente dois em particular, temos o irmão Schöpwinkel de 84 anos de idade e o irmão Ising, os quais encontram-se actualmente escrevendo em conjunto contra o movimento Pentecostal.

Em 1959, Los Angeles e a California foram, novamente, o palco de mais um movimento do género. Ambos os movimentos tinham as mesmas características, mas, havia uma grande diferença: o último movimento era menos desordeiro e menos fanático. Com um pouco de meditação, podemos concluir que o diabo aprendeu melhor a sua lição. Ele viu que as pessoas se haviam apercebido dos seus truques e esquemas. Na primeira ocasião, ele usara tropeços grandes e, na segunda, ele veio em pezinhos de lã!

Em 1961, quando estava pregando na Califórnia, uma e outra vez cruzei, em meu caminho, com gente falando em línguas durante as sessões de aconselhamento. Uns exemplos:

Ex.2: A filha de um missionário contou-me com grande preocupação como ela estava sendo literalmente perseguida por uma moça amiga, a qual insistia com ela noite e dia que deveria possuir o dom das línguas. Se não o tivesse, nunca estaria cheia do Espírito e nem estaria experimentando toda a Sua plenitude. Perguntei-lhe se ela já havia entregue sua vida totalmente a Cristo. Ela respondeu afirmativamente. Concluiu que tinha a plena certeza que Jesus a havia perdoado de todos os seus pecados anteriores e que já seguia Jesus há alguns anos com bons frutos. Então, assegurei-a na fé e aconselhei-a a quebrar os laços de amizade com a dita moça caso ela insistisse em perturbá-la com a mesma coisa.

Ex.3: O Rev. Blackstone da Primeira Igreja Presbiteriana de Hollywood ligou-me um dia, pedindo ajuda. O falar em línguas havia irrompido em sua Igreja e um grupo de cerca de 23 pessoas estava a ponto de causar divisão na igreja. Disse-lhe que eu iria pessoalmente à próxima reunião de oração daquele movimento de línguas. Combinamos que, assim que alguém começasse a falar em línguas, nós oraríamos mais ou menos da seguinte forma: "Senhor, se estas línguas vêm de Ti, abençoa o irmão ou irmã. Mas, caso não venham de Ti, pára esse falatório e não permitas mais nenhuma língua diante da tua presença". Pedimos, também, a protecção de Jesus. Nesta atitude, fomos à reunião de oração e havia mais ou menos umas vinte pessoas reunidas.

O grupo sabia, obviamente, que ambos éramos ministros do evangelho porque eram membros da Igreja do Rev. Blackstone. As boas vindas foram estranhas. Um jovem levantou-se e confrontou-nos perguntando: "Quando é que os senhores receberam o baptismo do Espírito Santo?". Ele, de seguida, deu início à reunião através duma oração curta, após a qual deu liberdade para mais orações. Uma mulher começou, então, a falar em língua estrangeira sem qualquer hesitação ou falta de fluência. Não foi dada qualquer interpretação. O Rev. Blackstone e eu começamos a orar silenciosamente, tal e qual havíamos combinado previamente. Sabem o que aconteceu? Não houve mais ninguém a falar em línguas durante toda aquela reunião, embora fosse comum todos eles falarem em línguas estranhas com a excepção de um arquitecto que também era membro do grupo. Eu e o irmão Blackstone vimos aquilo como uma resposta às nossas orações.

Coube-me fazer mais uma série de conferências pela Califórnia no ano seguinte. Entretanto, o movimento havia-se espalhado por todo o estado. Era comum ouvirmos pessoas falar em línguas em todas as denominações, tanto nas Luteranas como nas Anglicanas, nos Metodistas e nos Congregacionalistas. Era o mesmo problema por todo lado. Vezes sem conta, os ministros perdiam as rédeas e o controlo das coisas. Alguns eram a favor e outros contra, enquanto alguns não sabiam o que pensar de tudo aquilo. Ninguém conseguia ter plena certeza se aquele movimento era realmente do Espírito ou não.

Em 1963 fui uma terceira vez à Costa do Pacífico. Nesta fase, o movimento das línguas já se havia espalhado pela Costa Oriental dos Estados Unidos. Era comum que todos quantos falassem em línguas ou lhe fossem favoráveis, falassem de avivamento. Outros opunham-se fortemente ao movimento e muitos nem sequer hesitavam em banir as línguas de suas igrejas e de restaurar a ordem e a paz.

Por altura da minha quarta visita aos Estados Unidos, em 1964, o movimento das línguas já se havia tornado um problema social. O governo apontou uma comissão para investigar o movimento. A comissão consistia de um psiquiatra, um ministro Luterano e um obreiro, os quais deveriam explorar tudo e investigar a fundo todo o carácter do movimento e estar atentos aos seus desenvolvimentos. Aquelas perturbações e confusões próprias do movimento devem ter sido muito excepcionais para se chegar ao ponto do próprio governo sentir a necessidade de criar uma comissão para o efeito.

Em 1965, o movimento das línguas já se havia espalhado para todos os continentes e países. Faladores em línguas falavam de um avivamento mundial. Podemos ler tais coisas em revistas da altura como a 'Voice' publicada pelos 'Full Gospel Business Men (Homens de Negócios Gospel-Completo)' na sua edição de Março de 1965. Meu director inglês e eu podíamos comprovar quão profundamente este movimento das línguas fez apodrecer toda a estrutura de muitas igrejas sãs em diversos países. Antes de havermos começado a nossa excursão, determinamos que não falaríamos nada sobre falar em línguas para não causarmos quaisquer problemas e conseguirmos ver a real extensão dele. Contudo, foi-nos completamente impossível evitar o problema. Em cada canto por onde íamos, as pessoas ou pediam a nossa opinião sobre o movimento das línguas ou tínhamos grandes dificuldades no aconselhamento se não falássemos nele. Queriam livrar-se do movimento e queriam saber como podiam e se podiam. Dois exemplos que ilustram isto que disse:

Ex.4: Um certo estudante numa escola contou-me a sua história. Havia sido convidado por seus amigos a participar numa conferência em uma Igreja Pentecostal na Irlanda. A mensagem da conferência tinha sempre o mesmo tema e a mesma perspectiva: somente aqueles que falassem em línguas eram cheios do Espírito de Deus. O estudante em causa orava intensamente por esse dom. Alguns dias mais tarde, um dos oradores das conferências impuseram-lhes as mãos e oraram por ele. Experimentou uma sensação estranha de calor pelo corpo e começou a falar em línguas. Ele não tinha a mínima noção do que estava falando, mas, sentia as suas emoções sendo mexidas e remexidas. Como terminou tudo isto? Após algumas semanas, o estudante em causa não sentia qualquer desejo de ler a sua Bíblia ou de orar e a sua segurança sobre a salvação em Cristo havia desvanecido. Acabou confessando que havia perdido tudo que tinha recebido de Deus com o dito dom das línguas. Toda a graça que havia experimentado anteriormente parecia algo distante e longe dele, algo impossível de tornar a alcançar. Não conseguia mais ter certeza nenhuma sobre o perdão de seus pecados e a sua segurança só retornou quando abandonou e denunciou aquele movimento, saindo dele. Logo de seguida, recebeu a bênção do perdão novamente e começou a ser um crente seguro e saudável.

Ex.5: Enquanto escrevia este texto, dois ministros Anglicanos vieram contar-me algumas coisas sobre uma conferência de ministros, a qual havia sido convocada por Mervin Stockwood, um Bispo de Southwark. Cerca de 400 ministros anglicanos participaram durante uma semana, incluindo o Bispo Robinson de Woolwich, o autor de 'Honest to God'. Perto do final da conferência, todos os ministros experimentaram uma leve sensação. Um dos ministros, subitamente, começou a falar em línguas e um outro 'interpretou-as'. A interpretação consistia de alguns versículos bíblicos juntamente com uma mensagem que haveria grandes dificuldades para a Igreja mais adiante. Durante a pausa que se seguiu, alguns homens formaram uma pequena multidão. Um dos ministros de quem eu havia ouvido a história disse-me: "Por que razão é necessário falarmos em línguas para ouvirmos uns versículos da Bíblia? Não era possível lermos esses versículos na conferência sem as línguas?" O outro ministro ficou com a impressão que aquele que havia falado línguas não causou uma boa impressão por estar a fumar no intervalo. Dizia que o vício de fumar e Deus não se poderiam misturar.

 

III. Casos e Histórias: Seus efeitos nas pessoas

 

Não é fácil colocar todas as formas de línguas sob um denominador comum. Hoje, o falar em línguas quebra todas as barreiras, denominações, raças e culturas.

Encontramos grupos de pessoas que falam línguas tanto em igrejas Cristãs como em igrejas que não são cristãs. Descobrimos que este fenómeno não está restrito aos círculos do Cristianismo.

Falar em línguas existe na América do Sul, em África, Índia ou Austrália. Não ficou limitada a um povo ou a uma cultura. Seja entre branco ou negro, indígena ou europeu, encontramos o fenómeno.

Também não se restringe ao um grau de intelectualidade ou de inteligência, pois, tantos os intelectuais quanto os analfabetos praticam-no. Um analfabeto no Peru ou em Ceilão fala em 'línguas' tanto quanto um médico ou teólogo europeu em sua formação universitária.

Iremos, contudo, tentar empreender a difícil tarefa de agrupar sob títulos as muitas formas que os diferentes movimentos de línguas tomaram.

1. Em primeiro lugar, agruparemos aqueles exemplos que podemos, de certa maneira, catalogar como positivos. As coisas boas primeiro! Os seguintes casos foram conseguidos entre pessoas chegadas a mim, amigos e conhecidos.

Ex.6: Uma Cristã que vive uma viva separada do mal em todo sossego tem sido capaz de adorar Deus em uma língua que, para nós, é língua estranha ou estrangeira há cerca de 20 ou 30 anos. Ela não o faz em público e nem ora em línguas em qualquer reunião de oração ou culto. Não entende a língua em que fala e ora, mas, experimenta uma alegria interior sempre que adora Deus através dela. Está convencida que é um dom de Deus. O pastor da igreja onde ela é membro testemunha que a senhora em questão é muito consistente e não é dada a qualquer tipo de extremismo ou alvoroço. Ela tem um espírito muito sensível e suave como cristã.

Ex.7: Na Suíça, conheci uma Cristã sólida que, tal como no ex.6, não pertence a nenhuma igreja Pentecostal. Ela é grande ajuda incansável para todos quantos trabalham no Reino de Deus. Uma vez, conversando com ela pessoalmente, confidenciou-me que há 28 anos adora Deus numa língua estranha. Ninguém mais sabe disso a não ser eu e ela. Nem o marido sabe. Ela só veio confidenciar-me esse facto porque ouviu da boca de alguns crentes Pentecostais que eu havia dito que falar em línguas não estava de acordo com as Escrituras.

Ex.8: Noutro país, cheguei a conhecer um grupo de mulheres que exercem trabalho social, as quais falam e oram em línguas só entre elas. Isto é, usam o dom quando se encontram reunidas. Um conhecido homem de Deus, uma vez, presenciou quando falavam nessas línguas e a sua opinião foi-lhes favorável, não encontrando nada de alarmante ou de estranho no meio delas. As suas obras sociais são uma bênção para todos e vê-se como Deus abençoa e acompanha tudo que fazem. Pergunto-me: "Pode isto estar errado?"

Ex.9: Um outro exemplo de outro país. Fui a uma reunião de oração. Não tinha noção de que havia gente ali que falava em línguas estranhas. De repente, uma senhora muito simples levantou-se e começou a falar em uma língua com vocábulos sonoros correctos, muita rica em sons que se conjugavam. Mais parecia grego ancestral fluente. Quando terminou, ela orou: "Senhor, dá a interpretação". Ela, então, esperou uns breves momentos e orou uma segunda vez sobre a marcha triunfante do evangelho no mundo inteiro até a segunda vinda de Cristo. Não fiquei com a mais ligeira impressão de que aquelas línguas tivessem origem na histeria ou em demónios. Contudo, uma pergunta assaltou-me: "Por que razão tanta cerimónia? Por que não falou logo no idioma que todos nós entendemos? Por que falar em outro idioma primeiro?"

A parte mais agradável destes exemplos foi ver como eles se empenhavam em ser santos, lutando pela sua santificação pessoal e pela sua entrega total ao Senhor. Outro bom sinal é o reconhecimento saudável dos dons do Espírito, o seu desejo sincero de seguirem Jesus em seu exemplo e não as próprias ideias ou emoções, vendo isso demonstrado na totalidade das suas vidas práticas. O tempo dirá se estes dons são realmente de Deus.

Desde então, chegou ao meu conhecimento que existem casos isolados de falar em línguas na SMD (Student Mission - Missão de estudantes) e, também, na 'Marburg Fellowship'. Contudo, devo realçar que os seus líderes não aprovam essa prática.

Estes quatro casos que podemos considerar bons são claramente e inteiramente contrariados pelos milhares de maus exemplos em todo mundo. E, ainda assim, um só dom real hoje em dia seria algo significativo porque demonstra que Deus ainda opera através de dons menos importantes em sua forma bíblica e original. Essa será a principal mensagem que podemos obter quando existe um caso real deste dom. Contudo, muitos teólogos protestantes no mundo onde se fala inglês não consideram o falar de línguas como uma possibilidade. Eu, por minha vez, considero que existem raras pessoas que falam em línguas em seu formato bíblico e que não nos devemos opor a elas.

Mas, precisamos usar o termo 'bíblico' com muito cuidado. Quem, realmente, é capaz de conhecer o coração do homem? Temos a percepção clara que até homens de Deus no verdadeiro sentido da palavra tiveram certas coisas duvidáveis em suas vidas. Lutero, por exemplo, falava de forma rude e cortante; Zinzendorf, Jakob Spener e Wesley tiveram casamentos difíceis. Os Puritanos e os Arminianos são difíceis de reconciliar em certos aspectos. O General Booth do Exército de Salvação tinha uma visão diferente sobre a graça do que aquela que tinha Spurgeon. E reconhecemos que todos estes foram homens usados por Deus. E pergunto: "Por que razão Deus não usaria alguém com o dom de línguas vindo do Espírito, ainda que esse dom seja mais sugestivo de natureza? E por que razão não usaria alguém sem o dom de línguas?" E também podemos ter como verdade que nenhum dom demoníaco seria usado pelo Espírito Santo. Devo acrescentar aqui que eu não tenho inteira certeza que qualquer destes quatro casos acima mencionados são realmente obra do Espírito Santo. Bem mais adiante iremos analisar melhor este problema.

2. Ocorrências do segundo grupo (grupo do engano) são muito mais fáceis de ser achados. Este grupo existe via o treinamento do subconsciente também. Os casos que se seguem são exemplos que de imediato catalogamos, sem margem de dúvida, como casos de certos poderes psíquicos e enganosos.

Ex.10: Após haver terminado uma viagem de conferências nos Estados Unidos, um ministro alemão voltou para casa com aquilo que ele considerava uma pérola: falava em línguas. Era alarmante. Desde então, muitas pessoas que começaram a acreditar que o dom dele era genuíno, reuniram-se à volta dele. Mas, houve mais informação que me chegou às mãos acerca deste homem. O ministro alemão perguntou a um missionário: "O senhor fala em línguas?" Ao que ele respondeu que não. "Então, falta-lhe uma coisa importante em sua fé! Tem algo de errado consigo". Logo ali nos apercebemos que não se trata de um caso de simplicidade e de línguas em sua forma bíblica e que se trata de um caso de extremismo.

Ex.11: Uma mulher pertencia ao movimento Pentecostal. Ela era a líder das moças. Falava em línguas e queria a todo custo que todas as moças falassem e fizessem sons em línguas também. Ela explicava incansavelmente às pupilas que a seguiam que poderiam obter o dom das línguas via a repetição de certas frases e sons. Fazia esses sons e as moças deveriam aprender repetindo-os com ela. Segundo ela, eram frases. Nesse dito treinamento, falava em línguas bem alto, enquanto as moças repetiam em côro tudo que dizia. Umas semanas depois desse treinamento, algumas moças já falavam em línguas!

Ex.12: Na Escócia, conheci um Universitário graduado com Ph.D de uma certa universidade. Originalmente, havia sido um Cristão zeloso e uma grande bênção para os seus amigos. Ao haver começado a estudar a hipnose (hipnotismo) e yoga, começou a entrar nos assuntos de sugestão e de auto-sugestão. Fez experiências, no decurso das quais, colocava-se a ele próprio em transe total ou em semi-transe. Nessas condições, ele fundou a movimento das línguas. Toda a sua vida sofreu, de imediato, profundas mudanças. O seu poder de testemunhar desapareceu. Contudo, começou a falar de modo semelhante ao do movimento Pentecostal e das línguas acerca do baptismo do Espírito Santo, sobre a dita segunda bênção e o dom das línguas. Para todos os seus amigos anteriores, foi um acontecimento deveras triste e chocante.

Ex.13: Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente, no Japão, um dos casos mais clarividentes nesta área. Já citei este exemplo em meu livro "Jesus em todos os Continentes". Mencionarei aqui de passagem. Em uma conferências sobe missões em Karuizawa, fiz oito discursos. Um dia antes das conferências começarem, um ministro Luterano dos Estados Unidos apresentou-se com as seguintes palavras: "Eu sou um ministro cheio do Espírito". Não tivemos possibilidade de considerar o seu estranho depoimento totalmente fora de contexto porque, logo de seguida, ele acrescentou: "O Senhor Jesus deu-me a ordem de vir discursar nesta conferência". Carroll respondeu: "Se isso é realmente a vontade de Jesus, Ele terá de dar esse mandamento a mim também. Ele terá de dizê-me também. De outro modo, você não poderá discursar aqui". No dia seguinte, um grande numero de seus amigos seguidores vieram insistir com o mesmo pedido. Contudo, Carroll manteve a sua posição. E essa foi uma boa decisão porque, senão, toda a assembleia de 500 ministros dessa conferência ter-se-ia desintegrado. Como terminou esta história?

Este ministro 'cheio do Espírito' iniciou as suas próprias contra-conferências para as quais começou a convidar pessoas. Cerca de 40 ministros foram assistir, alguns dos quais por mera curiosidade. Alguns deles voltaram chocados e expressaram-se em linguagem tão dura que não reproduzirei aqui. Na conferência, aquele ministro americano cantou e falou em línguas por um longo período, sem que houvesse quem interpretasse. Um dos ministros presente teve a ousadia de confrontá-lo e perguntar-lhe como alguém podia receber o dom que ele tinha. A resposta foi típica e revelou claramente que tipo de 'dom' o dito ministro possuía. Ele disse: "Você deve pensar em uma oração curta, como por exemplo 'Senhor ajuda-me', repetindo essa oração cinco a oitocentas vezes. Logo de seguida, a sua língua e estado de consciência irão acostumar-se ao som e, seguramente, logo falará em línguas".

Nem sequer necessitamos de discutir se este dom era bíblico ou não, tão aberrante era a coisa. O Espírito Santo não necessita de exercícios repetitivos para treinar o subconsciente das pessoas. Tais exemplos ou incidentes são deveras coisas trágicas e vergonhosas. Vemos aqui um fenómeno psíquico ao nível da subconsciências das pessoas. Tal como uma pedra na água causa uma sucessão de ondinhas que se seguem, estes movimentos são seguidos por todos continentes e espalham-se de país em país. Neste sentido, o movimento de línguas é uma epidemia e não um dom. A sua disposição básica, a sua formação e arquitectura são as mesmas em todos os homens, sejam de que raça ou nação for. Na, verdade, não importa muito qual a sua crença: este fenómeno dá-se em todos quantos são contaminados pela epidemia de forma similar. Todas as convicções de verdade pessoais ficam renegadas para segundo plano e os fenómenos psíquicos do subconsciente começam a formar uma certa unidade entre iguais que ultrapassam as diferenças religiosas. Um exemplo disto é o que se segue:

Ex.14: Foi-me comunicado que Jesuítas, Luteranos, pessoas sem igreja, teólogos modernos, Anglicanos das mais altas esferas e mórmones reúnem-se periodicamente para falarem em línguas. Estão convencidos que essa é uma forma ecumenicíssima de agir. Isto soa, contudo, a fanatismo. Sei da existência de um grupo similar em Londres. Que tempos vivemos hoje! Todas as barreiras religiosas e outras foram quebradas e ultrapassadas por esta epidemia das línguas! Será que as pessoas assumem que, aquilo que a Palavra de Deus não conseguiu alcançar, esta pandemia psíquica conseguiu? Não nos deixemos enganar! Durante anos venho-me apercebendo em minhas viagens missionárias que todos os movimentos que representam um desvio ou uma afronta à verdadeira mensagem de redenção do pecado através de Cristo estão crescendo gradualmente com tendências para se unirem. Existem duas correntes claras de desvio do evangelho: a Teologia Moderna e estes grupos extremistas de carácter fanático. Os Cristãos de idioma Inglês têm uma expressão curiosa sobre isto. Eles chamam as duas tendências de 'Jesus-minus Christians' (Cristãos com menos Jesus) e 'Jesus-plus Christians' (Critãos que acrescentam a Jesus). Eis o significado. O primeiro grupo crê que Jesus tem tido muito destaque e eles não suportam a Sua autoridade absoluta e a sua divindade. O outro grupo diz que Jesus é pequenino demais e precisam colocar a pessoa do Espírito Santo acima d'Ele. Nós encontramos a resposta Bíblica para ambas as interpretações nos últimos versículos da Bíblia.

3. O terceiro grupo de incidentes abrirá os olhos de todos aqueles que ainda não estão convencidos. São alguns exemplos de falar em línguas de origem demoníaca.

Ex.15: Uma mulher havia-se convertido na Nova Zelândia. Nos anos iniciais de sua conversão, havia sido uma fiel seguidora de Jesus e sempre viveu uma vida equilibrada. Contudo, um dia entrou numa onda de fanatismo. Um evangelista dessa linha havia-a convencido que, se ela não falasse em línguas, não teria recebido o baptismo do Espírito Santo. O senhora foi enganada e recebeu uma 'unção' através da imposição das mãos. Foi desde então que começou a falar em línguas. O pior de tudo é que começou a desviar muitos crentes de seu caminho, levando-os a experiências similares às suas. Ela olhava frontalmente para os crentes e dizia algo assim: "Eu consigo ver em seus olhos que você nunca recebeu o baptismo do Espírito Santo. Eu consigo ajudá-lo a receber". Logo de seguida aplicava as suas mãos sobre a pessoa para receberem o Espírito Santo. Também usava a imposição de mãos para converter pessoas e para as curar de doenças. Isso significava que as pessoas não precisavam reconhecer, confessar e abandonar seus pecados para se converterem, conforme a Bíblia diz, entregando toda sua existência a Jesus com fé para serem salvos. Do ponto de vista dela, a única coisa a fazer era que as suas mãos de profetiza fossem impostas sobre a pessoa e assim se convertesse.

Ex.16: Em San Diego, Califórnia, uma certa mulher chegou para aconselhamento. Disse-me que havia tido uma péssima experiência durante uma campanha missionária empreendida por um membro de um grupo de línguas. Ela foi a uma dessas conferências, na qual o orador falava na necessidade do dom das línguas. No final da conferência, ela deixou que lhe impusessem as mãos para que recebesse o baptismo do Espírito Santo e o dom de falar em línguas. Naquele preciso momento ela caiu no chão inconsciente. Quando recuperou os seus sentidos, ainda se encontrava deitada no chão e a sua boca ainda estava a abrir e a fechar descontroladamente sem que qualquer palavra saísse dela. A senhora ficou abalada e com muito medo. À sua volta estavam vários seguidores ou cooperadores do evangelista que lhe diziam: "Ó irmã, você falou maravilhosamente em línguas! Agora você recebeu o Espírito Santo". Mas, esta vitima destas doutrinas falsas ficou curada da experiência: nunca mais frequentou tais reuniões ou conferências. Quando ela veio ao aconselhamento ainda sofria muitos efeitos graves da experiência desde chamado 'baptismo do Espírito'.

Ex.17: Eu tive conhecimento, no Japão, de um dos exemplos mais terríveis. Isto já foi citado no meu livro 'Jesus em todos Continentes'. Obtive esta informação de Joe Carroll e de vários missionários alemães que trabalham no Japão. Dezoito missionários ingleses e alemães prepararam-se para ir a uma conferência em Toyama. Ali quiseram entregar-se à oração e ao jejum para receberem a dita nova bênção. Depois de alguns dias, houve línguas dentro do grupo. Todos os 18 ficaram atordoados com a ocorrência que chamavam de 'segunda bênção'. Após a conferência, voltaram para suas respectivas congregações. Eles contaram às suas congregações japonesas que a prova do baptismo com o Espírito Santo era que falassem em línguas. Os japoneses são de uma nação de inteligentes e perguntaram: "Bem, o que é que está certo afinal? Aquilo que nos disseram anteriormente ou isto que nos estão a dizer agora?". Tal confusão foi criada que as suas 18 congregações foram completamente arruinadas e destruídas. Quinze destes missionários faladores de línguas foram obrigados a voltar para seus empregos seculares. Três deles denunciaram esta 'bênção' de Toyama e conseguiram permanecer no Japão. Eu conheci pessoalmente um desses três, o qual confirmou toda história.

Ex.18: Apareceu-me um outro caso de aconselhamento tão sério quanto este. Para não colocar alguém em risco, não irei mencionar em que país isto se passou e, infelizmente, ainda se passa. Uma moça estava muito perturbada e aproximou-se de mim para aconselhamento. Ela é estudante em uma escola Bíblica (Seminário). Uma professora de lá é seguidora do movimento das línguas. Ela fala em línguas e atraiu alguns estudantes após si. Ainda pior, a professora tem tendências lésbicas. Comete vários pecados com algumas das suas estudantes. A moça em questão também havia sido seduzida por ela.

E agora, alguns exemplos de Inglaterra. É muito claro que este movimento das línguas tem maior força em Inglaterra que na Suíça ou na Alemanha. Não conheço nenhuma igreja em Inglaterra onde o movimento das línguas não haja causado alguns estragos ou preocupações. Contudo, nenhum ministro levanta a sua voz contra o movimento, preferindo esperar para ver o que acontece. Acrescentando a isso, aqueles que falam em línguas afirmam, enganosamente, que todos aqueles que falarem contra o falar em línguas blasfema contra o Espírito Santo. Isso amedronta a maioria dos cristãos sérios.

Ex.19: Em Leicester, um certo jovem relatou-me a história que se segue. Ele e seu amigo já eram crentes há alguns anos quando foram convidados para um grupo de línguas. A atmosfera da reunião apoderou-se deles e, depois, oravam pela 'segunda bênção' do baptismo do Espírito Santo. Após intensa oração, parecia que algo se havia apoderado deles. Sentiram uma grande excitação interior. Durante algumas semanas viviam das experiências interiores, mas, com o passar do tempo, as ondas de sensações começaram a desvanecer. Eles admitiram que haviam perdido completamente o desejo de lerem suas Bíblias e de orarem. Também haviam perdido a certeza do perdão de Deus. O moço examinou toda a sua experiência à luz das Escrituras e chegou à conclusão que aquilo que experimentava não vinha de Deus. Arrependeu-se e denunciou o facto. Logo de seguida, sua paz com Deus voltou e Jesus devolveu-lhe sua segurança na paz da salvação verdadeira. O seu amigo continuou no movimento das línguas, acabando por ser destruído espiritualmente. Actualmente, nem quer ouvir falar de ser Cristão, pois, abandonou tudo.

Ex.20: Um exemplo ainda mais alarmante foi-me relatado depois de haver discursado em conferências organizadas num seminário Inglês. Quando entramos no seminário, eu e meu colega notamos que havia umas revistas espalhadas de um certo evangelista que consideramos fanático. Perguntei ao director se concordava com os ensinos daquele evangelista. Confidenciou-me que concordava. Não havia mencionado nada sobre o movimento das línguas nos meus discursos. Contudo, não era possível contornar ou evitar o problema, ainda que houvéssemos decidido por essa linha de discurso. Apercebemo-nos, durante as discussões de assuntos, que nem todos os professores eram da mesma opinião que o director. E, também, muitos dos estudantes eram secretamente contra estas coisas. Ouvimos falar de alguns estudantes que entraram na forma negativa deste movimento das línguas, algo que deveria fazer o director repensar tudo. Um deles disse que já não precisava mais de ler a Bíblia porque Deus iria aparecer-lhe e falar-lhe pessoalmente. Seis outros estudantes que, inicialmente, buscaram esta 'segunda bênção' mostravam tolerância e aceitação sempre que notavam que algo estranho se estava passando.

Ex.21: Ouvi coisas similares num seminário Escocês, muito embora esse seminário não incorra em riscos tão sérios, já que o director não apoia os novos movimentos radicais. Ele desencoraja-os e expõe-nos. Uma estudante de lá queria o baptismo do Espírito Santo. Deixou que um certo pregador de uma igreja Pentecostal lhe impusesse as mãos. Como a esperada bênção não veio, a moça foi mais cinco vezes para que lhe impusessem as mãos em oração. Ela, então, experimentou uma coisa estranha que classificou como a dita 'segunda bênção'. Qual o resultado? Hoje, a moça encontra-se tão desviada que recusa orar e ler a Bíblia fielmente. Ela não experimenta mais aquela alegria de ser crente.

Ex.22: A filha de um médico foi influenciada por uns amigos que falavam em línguas. Começou a orar para que ela, também, conseguisse obter o dom de falar em línguas. Durante semanas seguidas, ela implorava por aquilo que considerava ser a prova do baptismo do Espírito Santo. Tentou suicidar-se porque sua oração não havia obtido resposta.

Ex.23: Um obreiro recebeu uma soma de £300 da mão de um empresário Escocês. Foi-lhe pedido que fizesse chegar a oferta a um certo evangelista Inglês. Mas, o homem não fez isso e ficou com o dinheiro para ele. Apropriou-se indevidamente da oferta. Quando o homem de negócios pediu o recibo, ficou a saber de tudo. Tanto o dador como o evangelista Inglês a quem a oferta se destinava são realmente servos do Reino e não o levaram a tribunal por opção. Na verdade, o pregador que se apoderou do dinheiro indevidamente era um pregador da dita 'segunda bênção', o qual suporta o movimento das línguas. Por ser um bom orador, conseguiu entrar nos púlpitos de muitas igrejas em Londres e no resto da Grã Bretanha.

Um pequeno comentário deverá ser acrescentado a este último caso. É verdade que o provérbio diz que uma andorinha não faz a primavera. Existem pessoas desonestas em todas as profissões. Não podemos condenar todo o movimento pelo acto de um homem. Já afirmei que existem pessoas generosas no movimento Pentecostal, os quais respeito. Mas, é uma coisa grave pregar o Baptismo do Espírito Santo e roubar um irmão de algo que lhe havia sido dado. Os seus amigos, certamente, dirão: "Mas, ele deve ter-se arrependido e pedido perdão". Eu objectarei que seria deveras um arrependimento estranho, já que o arrependimento segundo as Escrituras exige que o dinheiro seja devolvido e que seja pedido perdão à pessoa lesada tanto quanto a Deus. Só assim este infeliz acto poderia ser esquecido e perdoado.

A questão que agora se coloca é: com esta divisão em três grupos do movimento das línguas (Bíblico, humano e demoníaco) será fácil para alguém descobrir e praticar a forma saudável de acordo com as Escrituras? Será viável uma solução para este movimento tendo tantas manifestações e imitações demoníacas e carnais no meio? Dom bíblico - demoníaco - e carnal. Seria uma distinção lógica. Mas, esta distinção deve estar longe de ser totalmente correcta e certa. Caso o falar em línguas seja fruto do treinamento do subconsciente da pessoa que fala - veja-se os exemplos do segundo grupo - e caso isso seja tido diante das pessoas como o dom do Espírito, não será isso uma forma de blasfémia contra o Espírito e, assim, algo igualmente demoníaco? E será que os casos que classificamos aqui como bíblicos possam ter a influência de algum espírito estranho? Ainda temos muito para investigar nesta área e qualquer que seja a verdade, será sempre contestada de uma maneira ou de outra.

Além do mais, existe ainda uma objecção válida, a qual já ouvi tantas vezes que me sinto cansado de ouvi-la: "O senhor só fala do lado negativo do movimento das línguas. Onde estão os exemplos positivos quando escreve?" Usualmente, esse membros dos movimentos das línguas que fazem essa pergunta também acrescentam à sua objecção: "Tudo o que o senhor diz é verdade. De facto, existem muitas formas falsas de línguas que se manifestam em nosso meio, mas, tenho a certeza que o meu dom vem do Espírito!" Contudo, se insistirmos na genuína conversão dos ditos irmãos que se entregaram de alma e coração ao movimento das línguas, descobrimos várias ideias neles e várias crenças que nem de perto estão de acordo com as Escrituras em sua essência. Existe, neles, uma atitude de intolerância e de confronto, a qual só concorda com quem os apoia. Não são submissos e sua ideia de fé é errónea e estranha. Tudo isso não prova que seu dom seja genuíno, antes pelo contrário: revela coisas que não são próprias de vidas cheias do Espírito ao qual chamamos santo. Eu quero responder aos que me confrontam quando relato os casos negativos: "Onde estão os bons exemplos em vosso meio?" É bastante claro que tentei analisar toda a questão de forma objectiva aqui neste pequeno texto e citei alguns exemplos que se podem considerar genuínos devido ao fruto que as pessoas demonstram. Nenhum dom pode constituir prova do Baptismo do Espírito - apenas o fruto real pode. Talvez os exemplos que mencionei como bons sejam realmente autênticos e genuínos. Confesso, como investigador destes fenómenos, que contrastando com estes poucos exemplos 'bons', existem milhares de cenas e de casos chocantes que poderiam fazer tropeçar qualquer pessoa honesta em seu coração, pois, são casos dúbios e de duvidosa origem e de maus frutos. Acrescentando a isto, tal atmosfera 'espiritual' cobre todo o movimento das línguas, o qual manifesta-se mau de forma prática a quem tem olhos ou vontade para ver. Dois evangelistas ingleses disseram-me uma vez: "É tão evidente o espírito errado destas pessoas que eles nem precisam falar. Basta olhar para eles que logo detectamos algo estranho em todo o seu comportamento. Dá para detectar que tipo de espírito reina entre eles".

Não é estranho que todos aqueles que buscam este dom das línguas e este tipo de baptismo percam a vontade de ler e estudar a Palavra de Deus e que negligenciem seus deveres em relação a Jesus? Não é estranho que percam totalmente a visão e a consciência da verdadeira e única utilidade deste dom que tanto desejam? Um exemplo para demonstrar o que quero dizer:

Ex.24: Foi uma grande alegria conhecer Peter Marrow, em Brighton. Ele é ministro Anglicano e é conhecido como estando a pastorear uma igreja tida como 'viva'. Na Alemanha, Peter Marrow também é tido como um irmão respeitável. Quando eu fiz várias palestras em sua igreja, contaram-me a seguinte história. Muitos crentes haviam ouvido falar demais sobre a dita 'segunda bênção' e entregaram-se à oração para recebê-la. Após haverem estado em 'oração' durante várias semanas, algo estranho apoderou-se deles. Eles tiveram esse 'algo estranho' como uma coisa negativa e não muito boa. Consequentemente, falaram com o seu ministro e afirmaram que aquilo não era coisa boa para eles e que não desejavam ser achados como participantes de tal fenómeno estranho. Estas pessoas cheiraram o erro e os caminhos escorregadios dos movimentos das línguas e mantiveram-se afastados deles devido ao seu profundo conhecimento das Escrituras e da obediência a Cristo.

Agora, aproximamo-nos cada vez mais da realidade de tudo que está por detrás desses movimentos se o compararmos com fenómenos similares que acontecem em outras religiões. Com investigador, afirmo que falar em línguas não está restrito, de maneira nenhuma, ao círculo Cristão. Vai muito além dos Cristãos.

Durante uma visita à província do Transvaal, na África do Sul, tive contacto e relatos de vários Bantus possessos de demónios que falavam em línguas, alguns deles melhor ainda que os cristãos desses movimentos. Torna-se claro que estes Bantus não estão, de maneira nenhuma, ligados ao Cristianismo - nem culturalmente. Em alguns de meus outros livros, já mencionei muitas dessas coisas quando, paralelamente, falava dos Cristãos Zulus.

Numa viagem missionária pela Ásia e Japão, presenciei e ouvi falar com alguma frequência de Budistas e Xintoístas falando em línguas estranhas quando em transe. Um sacerdote Xintoísta relatou-me a história da sua vida e mencionou a mesma experiência. Nas Filipinas eu vi pessoalmente um homem possesso falar em línguas estranhas.

Não precisamos ir a países estrangeiros para ver estas coisas acontecerem. Médiuns espíritas em transe falam regularmente em línguas estranhas em qualquer parte do mundo. O famoso médium Mirabelli do Brasil fala 25 idiomas em transe, os quais ele desconhece pessoalmente. Meu último exemplo nesta área chega-nos desde Londres e tenho permissão para publicá-lo aqui.

Ex.25: Durante o meu primeiro discurso em Down Lodge Hall, Londres, conheci o Sr. Millen. Este homem deu-me apoio quando estava sendo atacado durante o decurso do meu depoimento. Anos antes, ele havia sido um médium de sucesso em uma igreja espírita. Possuía poderes de cura que se manifestavam quando em semi-transe. Muitas pessoas chegaram a ser ajudadas por ele. Ele também se havia especializado no que se chamava de "excursão da alma". Conseguia que sua alma saísse de seu corpo totalmente ou parcialmente. Viajava a grandes distâncias, longe de seu corpo. Ele, naquele estado, desvendava coisas distante de seu corpo que, depois, confirmavam-se ser verdade. Mas, eis aqui um depoimento: quando em transe, ele falava em línguas estranhas.

A esposa do Sr. Millen's havia sido convertida em uma missão. Formou um grupo de oração, o qual intercedeu por ele durante anos seguidos. Deus acabou sendo-lhe misericordioso, O Sr. Millen foi completamente liberto de todos aqueles poderes e ele é, hoje, uma testemunha viva do poder de Cristo e de sua regeneração total. Já não fala em línguas.

Através deste breve olhar pelas religiões e espiritismo em algumas partes do mundo, fica claro que falar em línguas não é fenómeno que esteja restrito aos círculos Cristãos. Não se trata somente de um dom do Espírito Santo. É verdade que nenhum médium ou curandeiro consegue obter ou possuir o dom do Espírito. Mas, descobrimos que por toda parte do mundo que o falar em línguas estranhas está ligado a grupos altamente envolvidos em concursos emotivos, emocionais e sensacionalistas. Sua espiritualidade é, no mínimo, questionável. Na verdade, tanto faz que tais estados de emoção e de falta de sobriedade sejam provocados por cânticos e danças, ou por causa de álcool, droga e auto-sugestão. Conclusão: devemos abster-nos de tais coisas e devemos ser extremamente cautelosos e protegidos quando achados no meio deles.

O facto de que o movimento das línguas é maioritariamente um movimento de natureza médium, pode ser apoiado pela seguinte observação. Todos os países com grandes associações ao espiritismo ou coisas do género são os mais afectados pelos movimentos recentes das línguas. É apenas uma observação que não prova nada. Esses países experimentam um crescimento rápido no falar de línguas. Até mesmo a origem destes movimentos em Los Angeles atesta para este facto. Vemos os mesmos fenómenos em crescendo em países como o Brasil, Japão, Filipinas e Inglaterra. O exemplo que darei a seguir revela isto mais claramente.

Ex.26: Em Londres, conheci um certo missionário de nome Aldrich. O seu campo missionário era a Guiné Britânica. A sua congregação era constituída maioritariamente por colonos europeus e ex-imigrantes hindus e muçulmanos. Após haver laborado lá por alguns anos, uma pessoa que falava em línguas, chegando lá, trouxe os seus novos conhecimentos doutrinários para o seu campo missionário. A igreja de Aldrich foi seriamente infectada pela doutrina e o seu processo evolutivo natural começou a tomar forma. Os Hindus e os muçulmanos aceitaram facilmente o falar de línguas devido ao conhecimento que tinham de seus antecedentes religiosos no Hinduísmo e na religião muçulmana. Mas, os europeus rejeitaram prontamente o movimento das línguas. A igreja dividiu-se e acabou sendo toda destruída. Logo aqui, vemos como as pessoas que tinham conhecimento de poderes diabólicos e espíritas aceitaram mais facilmente o fenómeno.

Observei que todas as pessoas que tenham tendências ou inclinações para poderes estranhos ou espíritas respondem muito facilmente e positivamente aos movimentos Pentecostais radicais, mais do que qualquer outro tipo de pessoas. Cerca de 8 a l0 % das pessoas no mundo ocidental são pro-médium ou pro-poderes estranhos e espíritas. No mundo Oriental, essa percentagem chega a 90 % ou mais. Essas são as estatísticas.

Através de aconselhamento, os seguintes factos chegaram à minha atenção pessoal. Poderes latentes de poderes médiuns ou espíritas podem ser causados pelo envolvimento de pais ou avós que cometeram pecados de feitiçaria ou pecados de ocultismo de qualquer género. *(Nota do Tradutor: Existem pecados nesta área que são visitados até a 3ª ou 4ª geração, de acordo com a Bíblia). Brincar com adivinhação, lançar sortes, praticar magias ou espiritismo desenvolve capacidades ou inclinações para poderes médiuns e espíritas, pois, acabam por ser a herança dos descendentes de tais praticantes. Temos de levar em conta certos factores de hereditariedade. Mesmo não se apercebendo desse facto, a realidade comprovada no terreno e na verdade das Escrituras é que os descendentes directos herdam a capacidade e a inclinação desse tipo de pecados automaticamente. É a sua herança. Essa herança não é pecado para quem não os cometeu, mas, é um fardo que precisa ser curado e extinto via confissão e rejeição diante do altar de Jesus. É preciso haver um novo compromisso e casamento com Jesus, negando o anterior por ascendência. Algumas pessoas tornam-se médiuns por haverem sido sujeitos a magias e a certos feitiços quando jovens. Outras, contudo, tornam-se capazes desses poderes ou propensos para capacidades médiuns via os seus próprios pecados de envolvimento no ocultismo e na feitiçaria. Ex.12 é um caso claro deste calibre. O homem em questão tornara-se médium devido ao seu envolvimento pessoal com experiências em transes e acabou aceitando o movimento das línguas com enorme à-vontade. Algumas das pessoas que têm capacidades de médiuns e que são devidamente e plenamente convertidas, são completamente libertas desses poderes e dessas consequências hereditárias, enquanto outros levam consigo esses mesmos poderes para a sua vida Cristã e precisam ser tratados. Isso não é apenas possível, mas, é comprovado no terreno. Queria apenas realçar, aqui e como investigador, que é deveras interessante observar que existe uma maior propensão e apetência para os dons linguísticos nas pessoas com capacidades espíritas ou médiuns. É uma observação interessante.

Este curso de coisas é fatal. É sinónimo de fatalidade. A pessoa que tem capacidades latentes ou tendências para fenómenos médiuns, leva-os para a sua vida cristã. Mais adiante, descobre que é capaz de falar em línguas e acaba acreditando tratar-se de um dom do Espírito Santo. Na verdade, nenhuma capacidade desse tipo e nenhuma tendência do género será alguma vez usada pelo Espírito de Deus. Essa é a realidade. Isso torna-se claro na história da moça de Filipos que apregoava Cristo através do seu espírito de adivinhação, sobre a qual lemos em Actos 16:16-18. Logo, deveríamos analisar caso a caso todos aqueles que mencionamos logo no início, os quais disse serem bons exemplos. Seria interessante conseguirmos verificar se seus dons são realmente do Espírito Santo ou se, por acaso, as pessoas em questão têm alguma hereditariedade ou tendência para tais capacidades do subconsciente, pois, as duas coisas são possíveis de acontecer.

Levando tudo isto em conta, todas estas questões, dúvidas e perguntas, podemos, ainda assim, afirmar categoricamente que 95% dos casos de línguas dentro desses movimentos não têm origem no Espírito Santo. Devemos sujeitar-nos à autoridade plena das Escrituras.

 

IV. A Versão Bíblica das Línguas quando são dom do Espírito: O Que a Bíblia tem a dizer sobre línguas

 

Desejo esclarecer logo aqui, na fase inicial deste capítulo, que não sou nenhum modernista que aceita criticar a Bíblia. Eu sou um seguidor da Palavra de Deus e creio em tudo que vem escrito no Novo Testamento acerca dos dons do Espírito.

Havendo reconhecido isto, isto é, a fé na Palavra das Escrituras sem acrescentar ou tirar delas, também professo que pertenço, pela graça de Deus, ao communio sanctorum, ao corpo de Jesus Cristo. Esta Igreja de Cristo será extraída de todas as denominações. Se um Católico nascer de novo ou se um irmão Pentecostal viver de acordo com as Escrituras, eles serão, seguramente, mais chegados a mim que as pessoas da minha própria denominação Luterana que não seja um verdadeiro discípulo de Cristo. Esta persuasão não é apenas uma profissão ecuménica de fé, pois, não estou de acordo com o dito Movimento Ecuménico que professa o que não pratica ou experimenta. Meu lugar é na igreja de Cristo. O que sei é que os filhos de Cristo são uma união, independentemente de onde possam ser achados. Isto não significa que ignoro as barreiras de doutrina e das denominações, as quais foram surgindo no decurso da história da Igreja. Por exemplo, eu nunca me uniria a qualquer movimento Pentecostal ou qualquer outro grupo similar. Contudo, respeito qualquer irmão que se preze discípulo de Cristo no verdadeiro sentido da palavra. Ouvi, uma vez, um teólogo na Alemanha dizer o seguinte: "Nas seitas, normalmente, a vida é melhor que o ensino. Na igreja, normalmente, o ensino é melhor que a vida". Claro está que esta comparação não tem verdade absoluta em todos os casos que conhecemos. Um sectário é alguém separado do Corpo de Cristo. Um Luterano é sectário se não houver nascido de novo. Um sectário, isto é, um membro de uma seita, nunca será sectário caso seja um discípulo de Cristo verdadeiro e nascido de novo. Todo aquele que pertence à verdade, seguramente, entenderá aquilo que quero dizer.

 

1. Passagens Bíblicas sobre o dom das Línguas

 

Agora já podemos entrar na discussão Bíblica sobre o verdadeiro dom das línguas. É mencionado cinco vezes na Bíblia:

a) Em Marcos 16:17,18 são mencionados cinco dons, incluindo o dom de falar em outros idiomas, como um dos sinais ou possíveis efeitos naturais da fé;

b) Em Jerusalém no Pentecostes (Actos 2) ouvimos falar nesse dom novamente. Através do poder do Espírito Santo vindo sobre eles, os apóstolos foram capacitados de se expressarem sobre as grandezas de Deus em outros idiomas compreensíveis para as pessoas ali presentes em Jerusalém por época da festa de Pentecostes. Muitos Teólogos falam deste milagre como sendo o dom das línguas ou linguagem de anjos incompreensível para os humanos. Mas, na verdade, não importa muito se distinguimos entre o dom de falar em idiomas humanos sem os haver aprendido ou se estamos lidando com outro tipo de dom. Olhando bem para os vários textos, podemos facilmente comprovar que se trata de dois fenómenos com uma mesma origem. São fenómenos relacionados ou que têm algo em comum. Contudo, só existe distinção nos efeitos práticos e isso iremos ver de seguida.

c) A terceira ocasião onde vemos o fenómeno das línguas mencionado é em Cesaréia, na casa de Cornélio (Actos 10). Aqui O Espírito Santo foi derramado sobre os gentios pela primeira vez.

d) A quarta vez que isto ocorreu foi em Éfeso, (Actos 19). Nenhum dos discípulos de Apolo haviam ouvido falar da existência do Espírito Santo até por época da visita de Paulo. Quando os apóstolos lhes impuseram as mãos, receberam o Espírito e começaram a falar em línguas novas.

e) A evidência mais forte e o argumento melhor a favor do dom das línguas é encontrado na carta de Paulo aos Coríntios, capítulos 12 a 14.

Quando olhamos para o verdadeiro valor ou significado do dom Bíblico das línguas no primeiro século, encontramos duas respostas essenciais. Em primeiro lugar, o sinal era dado como uma prova ou sinal para descrentes. Jesus mesmo afirmou isso em Marcos 16:17 e Paulo também disse o mesmo em 1 Cor.14:22. Os Judeus da época eram trazidos à fé através de sinais. Por essa razão, Jesus diz em Mat.12:39: "Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas". E Paulo escreve em 1 Cor.1:22 o seguinte: "Os Judeus pedem um sinal...". O dom das línguas, em conjunto com outros dons, seriam um sinal para os judeus, ainda que os dons não tenham aí a sua função principal. Para além disso, as cidades de Cesaréia, Jerusalém, Éfeso e Corinto tinham enormes populações hebraicas.

A segunda razão para o dom das línguas foi a inauguração da Igreja Cristã. A primeira vez que vemos o dom foi precisamente no dia do início de uma nova era: o nascimento da igreja. Poderíamos comparar tal evento como um casamento. Sabemos que todos os noivos recebem muitos presentes por época da cerimónia. De maneira similar, o Espírito Santo derramou e distribuiu dons sobre os que lhe eram ou seriam fiéis numa abundância nunca dantes vista. Foi um dia memorável para todos os que se chamavam discípulos.

A diferença entre o milagre dos idiomas em Actos 2 e o dom de línguas do qual Paulo fala em 1 Cor.14, é que os discípulos em Actos 2 não necessitavam de interpretes. As pessoas de cerca de 15 países entendiam os discípulos em seus próprios idiomas. O Espírito Santo capacitou os discípulos para falarem em idiomas que desconheciam, sendo Galileus e Hebreus. E Deus dava-lhes a falar nos idiomas que Deus necessitava que falassem e se expressassem sobre o que Deus estava fazendo, (Actos 2:4). Contudo, em 1 Cor.14, esta habilidade já não existia porque vemos claramente que era exigido que houvesse interprete para o dom das línguas. Já aqui começamos a notar que havia uma certa degradação e mau uso do dom das línguas.

 

2. Regras para a Igreja no tocante ao dom das línguas

 

Estudando atentamente a passagem em I Cor. 14, o falar em línguas já havia começado a causar problemas a Paulo e aos que se mantinham fiéis. Já causava desordem e perturbações várias. Já havia pessoas que proibiam ou inibiam as pessoas de falarem em línguas. E, também, vemos os esforços de Paulo para endireitar o caminho e resolver o problema. Vamos ver como tentou resolvê-lo. Ao mesmo tempo, iremos comprovar de como o actual movimento das línguas se afastou das regras básicas que encontramos delineadas nas Escrituras.

a) I Cor. 14:18 – O apóstolo afirma que o dom das línguas é um dos dons do Espírito de Deus;

b) I Cor. 14:39 – Ele manda que o dom não seja proibido;

c) I Cor. 14:19 – Paulo distingue entre falar em línguas em privado, durante períodos de oração pessoal e falar em línguas em público e em reuniões. Ele diz: "Eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência do que dez mil palavras em língua desconhecida".

d) I Cor 14:34 – As mulheres não podiam falar em público em línguas. Elas estavam isentas de fazê-lo. Isto, com toda a certeza, não é cumprido nos movimentos de hoje e, se for, haverá grande polémica.

e) I Cor 14:27 – Somente duas ou três pessoas devem falar em línguas em cada reunião ou cada ocasião. Nenhum movimento de línguas cumpre este mandamento do Apóstolo. Chegam a falar em línguas dez ou vinte pessoas sem que alguém coloque ordem nas reuniões do género.

f) I Cor 14:27 – Este versículo também diz que as orações devem seguir umas às outras e não ser em simultâneo. Nos movimentos actuais existe mais confusão e barulho em suas reuniões que ordem, paz e sossego, já que muitos as falam em simultâneo.

g) I Cor 14:28 – Se não houver um interprete fiável ou fidedigno, a pessoa que fala em línguas deve calar-se por vontade própria. Será que é isto que acontece nos movimentos de hoje? Seguramente, não acontece em lado nenhum!

h) I Cor 14:33 – O nosso Deus é um Deus de ordem e não de desordem.

i) I Cor 14:40 – Paulo apela à ordem e à decência de todos os cultos por vários motivos.

j) I Cor 14:1,39 – Paulo afirma duas vezes que o dom da profecia é deveras superior ao dom das línguas. Na verdade, o dom das línguas é considerado por Paulo o menor de todos os dons e o menos útil para o nosso próximo. Contudo, comprovamos e verificamos facilmente que o dom das línguas tornou-se o mais importante e de maior destaque nas reuniões Pentecostais actuais. Isto não pode ser aceitável.

Se formos ver estas regras atentamente, verificamos que os movimentos Pentecostais não apenas ignoram regras básicas, mas, refutam-nas com conivências dos seus próprios líderes. A maior parte de suas reuniões não tem princípios de conduta que estejam minimamente de acordo com as Escrituras. Na verdade, nenhuma manifestação é controlada ou vigiada. Nas reuniões, as mulheres faladoras de línguas predominam e na maioria dos casos falam-nas em simultâneo e sem interprete.

 

3. O declínio do dom das línguas

 

Aqui, estamos passando por terrenos bastante perigosos e escorregadios. A maioria das batalhas a favor ou contra os movimentos das línguas é travado nesta zona do terreno. Na Alemanha e na Suíça existe uma menor argumentação nesta área do que aquela que existe em outros países. É na América do Sul e nos países de expressão inglesa que esta discussão é mais acesa.

Olhando de modo rápido, existem três correntes de pensamento. O movimento das línguas crê que os dons das línguas não decresceu e antes cresceu poderosamente. Eles estão na razão neste ponto. Mas, a pergunta que se coloca é: "Que tipo de línguas se falam hoje em dia?" A segunda ideia corrente é mantida por teólogos protestantes nos Estados Unidos e em Inglaterra, os quais dizem que o dom das línguas cessou a sua existência e utilidade deixaram de existir completamente depois do segundo século. Mas, existe uma terceira opinião, a qual não descarta de todo a possibilidade de ainda haverem línguas à maneira das Escrituras. Assim, a questão é mantida em aberto para os últimos. Mesmo assim, aqueles que mantêm esta corrente de opinião encontram-se fortemente posicionados contra a forma dos movimentos actuais e contra os próprios movimentos. Veremos a resposta correcta assim que formos ver mais aprofundadamente o que a Bíblia tem a dizer sobre o assunto.

a) Devemos levar em consideração as características e os sinais dos dons das línguas. Vemos que a Bíblia faz clara separação entre épocas e épocas no tocante às revelações de Deus aos homens. Por exemplo, a época quando os filhos de Israel sobreviveram às pragas contra o Egipto e passaram o Mar Vermelho pode ser considerada como uma era e uma forma de revelação com a qual Deus brindou o mundo. Enquanto o povo de Israel estava no deserto, não se vê mais milagres do género, pois, já não eram necessários. O maná constituiu outra era na caminhada pelo deserto. Mas, assim que os Israelitas alcançaram a terra prometida, deixou de ser dado por haver-se tornado supérfluo e obsoleto. Do mesmo modo, os milagres de Elias e de Eliseu constituíram outra época. Seus milagres eram outra forma ou outra etapa da manifestação de Deus aos homens. A carta aos Hebreus fala da sombra das coisas que estavam por vir. Pode ser verdade que este dom das línguas estivesse confinado a uma era ou a uma certa etapa na história da igreja. Não apenas concluímos essa possibilidade pela história escrita da Igreja, mas, também através do Novo Testamento. Sabemos, no contexto das Escrituras, que a importância deste dom diminuiu.

b) Qualquer um que leia atentamente as passagens em Actos que falam sobre línguas quando o Espírito desceu sobre as pessoas, verá que em todos os casos as pessoas falaram em línguas. Se formos analisar a carta de Coríntios, verificamos que as pessoas não mais falavam todas em línguas. Em I Cor. 12:30, temos a questão retórica de Paulo: "Falam todos línguas?" Na verdade, ele queria dizer: "Não falam todos em línguas". Podemos ver que se fala nas línguas no livro de Actos durante um período de mais ou menos vinte anos desde a primeira vez que o Espírito havia sido derramado. Podemos, contudo, verificar que existe um género de 'abandono' gradual deste dom, pois, não o vemos mencionado em lado nenhum depois de Coríntios. Não o vemos mencionado no Novo Testamento nenhuma outra vez.

c) Existe um terceiro argumento que suporta esta ideia de declínio gradual do dom. Dizemos que o dom dos idiomas chegou com o derramar do Espírito durante Pentecostes, no dia do nascimento da Igreja Primitiva. Este dom permitiu a edificação da igreja nesta fase. Podemos comprovar isso mesmo através daquilo que Paulo diz em I Coríntios 14:26 a 28 onde, uma vez mais, a edificação da igreja é levada em conta exclusivamente. Se não houver interprete, não resultará qualquer tipo de edificação para a igreja. Então, os que falassem línguas deveriam permanecer em total silêncio, a menos que tivessem como edificar os crentes com algo que entendessem. Todo aquele que tem algum conhecimento da história do Cristianismo sabe que o dom das línguas foi morrendo gradualmente. Em seu lugar surgiu a Palavra do Novo Testamento escrita e traduzida para vários idiomas.

 

4. Será que o dom das línguas cessou depois da Igreja Primitiva?

 

Eis aqui uma afirmação questionável hoje, a qual é mantida por alguns teólogos Ingleses. Estou aqui a transcrever comentários de Teologia e não o meu ponto de vista. Escolho, apenas, um problema para comentar a partir desses comentários. Estes teólogos argumentam, a partir de I Cor.13, isto é, tendo esse trecho das Escrituras como ponto de partida para os seus argumentos. Baseiam-se, principalmente, nos versículos 8 a 13. Fazem distinção entre as seguintes etapas:

a) Profecias, línguas e conhecimento irão cessar (v. 8)

b) Fé, esperança e amor permanecerão (v.13)

c) O amor é eterno (v.13)

Com estes argumentos, os teólogos ingleses delinearam o seguinte esquema: quando Jesus voltar, a fé será transformada em visão ao vivo, a esperança em realização, mas, o amor permanecerá. Quando Paulo diz, “Agora permanecem a fé, a esperança e o amor", segundo estes teólogos, Paulo quer dizer que os outros três dons desapareceriam. Quando, perguntam eles, desapareceram? Quando desapareceram de cena os três dons mencionados, deixando apenas a fé e a esperança e o amor? O seu argumento principal é que, com a canonização da escritura do Novo Testamento, esses dons tornaram-se obsoletos e supérfluos por haverem sido substituídos pela Palavra escrita. O término da canonização final do Novo Testamento foi fixado durante os dois sínodos em Jamnia e Joppa (201 d.C). Assim, existe, para eles, este argumento: os primeiros três dons existiram até cerca do ano 200. Fé e esperança permanecerão até a segunda vinda de Cristo; o amor que existe desde sempre, permanecerá para toda a eternidade. Esta é a sua lógica de pensamento.

Eu pessoalmente, não me atreveria a dramatizar assim tanto este capítulo 13 de I Coríntios, como se fosse uma fórmula matemática. Estou convencido que as Escrituras foram encerradas e nunca mais algo lhes será acrescentado. Mas, pergunto, quantas vezes Deus manifestou-se pessoalmente aos Seus filhos depois que as Escrituras foram seladas? Também sou da corrente de opinião que uma parte dos dons de línguas conheceram o seu fim depois que as Escrituras foram seladas, transcritas e traduzidas. Mas, pergunto, por que razão Deus ainda dá o dom para momentos de adoração pessoal? Contudo, eu não aceito a opinião que o dom de línguas haja cessado e saído completamente de cena. Uma passagem que suporta esta minha afirmação encontra-se em Marcos 16:17. Aqui, Jesus não limita as manifestações dos dons de línguas a uma era. Se abolíssemos um dos dons mencionados em Marcos 16, poderíamos argumentar: "Então, quais outros dons caíram em desuso também?" Marcos menciona cinco de muitos dons que conhecemos. Contudo, em minha vasta experiência, consigo afirmar que já vi ou experimentei todos os outros quatro dons dos quais Marcos fala e que todos os que presenciei eram realmente dons de Deus e, os que não eram, eram fáceis de detectar. É somente em relação ao dom das línguas que mantenho certas reservas e dúvidas por não conseguir ter prova suficiente de que aqueles que poderia considerar como vindos de Deus sejam realmente divinamente inspirados. Esses dons deixam muito a desejar porque acontecem coisas em conjunto com eles que, na maioria dos casos, não estão de acordo com as Escrituras. Como já havia referido, creio mesmo que os exemplos 6 a 9 possam ser genuinamente vindos do Espírito. Mas, não tenho suficiente capacidade para conseguir apresentar prova irrefutável e incontestável a esse respeito. Não consigo apresentar um exemplo que não deixe dúvidas. Até mesmo os exemplos 6 a 9 que citei deixam-me certas dúvidas. Por isso, eu sou de opinião que devo deixar em aberto a possibilidade de Deus fornecer um dom de adoração para os crentes humildes e cheios do Espírito (ainda que não a todos) e que, para tal, possam ser usadas línguas estranhas.

Eu não estou só nesta corrente de opinião. Vejo que existem vários teólogos que defendem esta possibilidade de haver línguas estranhas como dom ainda hoje. Richard Trench, um dos teólogos mais claros e mais esclarecidos do último século, escreveu: "Se o dom das línguas ainda existe hoje, se sobreviveu entre nós, é fácil comprovar que não existe mais na mesma intensidade e nem mesmo com a mesma frequência que existia nos tempos da Igreja Primitiva".

Num escrito do Dr. Torrey, com o título 'Será o movimento actual das línguas um movimento de Deus?', lemos o seguinte: "Nós não negamos a possibilidade de Deus ainda dar o dom das línguas a uma pessoa que Ele ache capaz de administrá-lo e usá-lo devidamente e que tenha sua vida e vivência total em ordem com Deus. Deus, certamente, dará esse dom a tal pessoa. Seguramente poderá dar. Mas, como se vê hoje, os defensores das línguas abusam e usam mal esse dom que afirmam vir de Deus, tal e qual na Igreja Primitiva se usava mal esse dom que, sabemos, realmente vinha de Deus. Deus, em Sua sabedoria e amor, pode considerar necessário, sob certas circunstâncias e condições, retirar, suspender ou inibir-se de dá-lo ainda que seja apenas por um período de tempo. E não temos qualquer argumento ou razão a favor do actual movimento das línguas, pois, temos a certeza que este movimento não vem de Deus devido às suas características".

Estes dois homens viveram a cem anos e a cinquenta anos atrás, respectivamente. A sua visão sobre o movimento das línguas encaixa-se, ainda, no perfil de hoje com exactidão. Contudo, nenhum dos dois fechou as portas à possibilidade da manifestação do dom, mesmo rejeitando completamente o movimento das línguas. Estas posições coincidem com a minha. Sou da mesma linha de opinião.

 

V. O que observamos nesses movimentos que nos afirmam que estamos lidando com uma heresia muito perigosa?

 

Temos muito material em mãos que poderíamos usar para responder a esta questão. Agora, contudo, só podemos relatar coisas de forma breve, pois, é essa a intenção deste livrinho. É claro que nem tudo que iremos relatar agora é aplicável de forma extensiva a todo o movimento das línguas. Os grupos suíços e alemães são um pouco mais sóbrios que os grupos de Inglaterra e América do Sul.

1) O seu uso e aplicação de versículos da Bíblia e de frases é péssimo. Por exemplo, dizem: "Aquele que não fala em línguas não tem o Espírito!" A isto Paulo responde em I Cor. 12:13: "Pois todos nós fomos baptizados em um Espírito, formando um corpo (...) e todos temos bebido de um Espírito". No mesmo capítulo ele diz: (v. 29, 30), "Nem todos falam línguas".

Outras afirmações enganosas e descabidas: "Todas as doenças são causadas por pecado. Todas as doenças podem ser curadas pela fé". Onde, na Bíblia, temos prova destas afirmações? Jesus disse de um homem que nasceu cego: (João 9), "Nem ele pecou nem seus pais; mas, foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus". Jesus não curou todas as pessoas no tanque que remexia.

2) Um segundo engano fatal é a afirmação que nascer de novo não basta ao crente e que todos necessitam uma segunda bênção e de um segundo baptismo do Espírito. Uma vez mais, as Escrituras respondem que a novo nascimento só acontece através do Espírito Santo. Lemos I Cor. 12:3: "Ninguém pode dizer que Jesus é o SENHOR, senão pelo Espírito Santo". Embora possamos questionar o que realmente significa para muitos crentes ter Jesus como Senhor, podemos, no entanto, afirmar que é blasfémia dizer que a obra inicial do Espírito Santo não é válida ou que não basta para alguém poder salvar-se desde que seja real e não seja fictícia.

3) Outra coisa que marca negativamente todos os movimentos das línguas, é a maneira como dão ênfase anormal a certos pontos de vista que lhes convém e negligenciam ou ignoram outros importantes. Eles colocam a pessoa do Espírito Santo acima do próprio Deus e, para eles, o Espírito não vem revelar Jesus e sim dons. Os termos que usam e dos quais abusam, tais como a segunda bênção, evangelho completo, falar em línguas, baptismo do Espírito, chuvas serôdias, etc, revela que o movimento se ocupa com aquilo que consideram extraordinário e milagroso e a experiência emotiva é colocada acima da Palavra Escrita de Deus e a sua proclamação fiel, exclusiva e fidedigna.

4) Mais uma observação que eles fazem espontaneamente é a de que os crentes 'baptizados no Espírito' ou baptizados na sua percepção desse baptismo fala em línguas e que se tornam crentes de primeira linha, de superior escalão e de maior categoria apenas porque as falam. Se um endemoninhado falar em línguas estranhas despercebidamente pode, facilmente, ser tido como um crente de superior categoria - algo que é fácil de acontecer.

5) O efeito mais catastrófico, contudo, é a maneira como separam crentes e dividem igrejas. Sem qualquer exagero de minha parte, todos os ministros e ministérios, igrejas e evangelistas lamentam muito a divisão deste século que este movimento causou entre os Crentes. O que levou décadas a ser construído e, quem sabe, séculos, é destruído através desta pandemia de fanatismo. O Espírito Santo não separa e antes une a partir do coração, extermina e pune todo tipo de pecado, instiga a consciência como nunca antes, quebra todo o sintoma de orgulho - até o mais pequeno - revela Jesus e enaltece a obra da Cruz. O espírito une as pessoas ao redor da Cruz e aos pés de Jesus e não os espalha e nem causa divisões.

6) É um grande erro associar o movimento das línguas ao avivamento. Não é um avivamento genuíno. Em todos os avivamentos clássicos e reais as pessoas são e eram quebrantadas sob intensa convicção de pecado. Os verdadeiros movimentos de avivamento são movimentos de arrependimento e de santidade diante de Deus e em Sua presença continuada. Nos avivamentos genuínos, as pessoas descobrem seu caminho para Cristo.

Os movimentos das línguas são dados a fazer prosélitos e a 'converter' crentes ao seu novo estilo. A sua maior especialidade é roubar ovelhas. Eles têm como objectivo e finalidade converter os que já são crentes para uma nova e 'segunda bênção'. A isto, podemos acrescentar que fazem questão que cada recém-convertido fale em línguas novas.

7) O novo movimento das línguas impulsiona emoções, activa a emoção e substitui as verdadeiras operações do Espírito Santo por ritmos, barulho e uma infinidade de coisas como danças e músicas de fundo. Em alguns países, as pessoas até dançam em cima de cadeiras e ficam completamente descontroladas, agindo como loucos aos olhos dos pecadores de fora que deveriam encontrar razão para entrarem e não para se afastarem de Cristo. Nestas circunstâncias, as pessoas presentes encontram-se à mercê de qualquer tipo de experiência que não vem de Deus, mesmo sabendo que existe um leão que ronda para ver quem possa tragar.

8) O movimento das línguas chega a tornar-se um movimento extático comparável aos movimentos de hipnose e de espiritismo. É uma forma de transe e de hipnose na qual todos os seus adeptos entram. Como prova disto, irei citar um exemplo chegado de Inglaterra, o qual foi comprovado no terreno.

Ex.27: Um certo pregador tinha por hábito orar em línguas antes de dar a sua mensagem. Ele fez isso com tanta frequência que se tornou incapaz de parar de falar nessa língua estranha. Ele precisa andar com uma toalha para colocar na boca para conseguir parar o fluir da língua estranha. Ele não controla o espírito que o move e sabemos que "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas", (ICor.14:32). Que tipo de poder é este que não permite a um pregador controlar as suas próprias orações? Os espíritos dos profetas não são sujeitos a eles próprios?

9) O movimento das línguas tem uma natureza médium e uma tendência para poderes estranhos. Vemos isso de muitas maneiras - até pelas ditas correntes que fazem dando as mãos ou colocando-as sobre as pessoas mais próximas como se o poder de Deus fosse depender disso para manifestar-se. Para quem não sabe, as correntes são a fórmula e a prática corrente dos movimentos de espiritismo e de ocultismo. Eles usam correntes similares. Muitas vezes, quando os cultos são transmitidos via rádio ou televisão, as pessoas são levadas e induzidas a colocarem as suas mãos sobre os aparelhos e sobre as pessoas na sala para que a dita corrente não seja quebrada e seja continuada. Será que um Deus todo poderoso necessita de uma corrente estranha para manifestar-se, buscando essa teoria em movimentos que conhecemos como movimentos de ocultismo? Na verdade, são coisas que têm a mesma natureza que as que se praticam em meios espíritas, como levantar copos e outras práticas. Os exemplos 12, 16 e 26 são claramente desta natureza. Onde, nas Escrituras, lemos que Hindus, Muçulmanos ou qualquer outra pessoa deve colocar as mãos sobre crentes ou outras pessoas indiscriminadamente para que possam receber o Espírito? "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro", (ITim.5:22).

10) O movimento das línguas é uma epidemia que nasceu para inquietar a humanidade que ainda pode salvar-se. O fruto principal desse movimento é as pessoas de fora blasfemarem do Caminho. A prova de que se trata de uma epidemia é que tanto crentes, como feiticeiros, líderes religiosos e tribais e outro género de pessoas conseguem falar em línguas em seu meio e dentro das suas reuniões e cultos. O movimento das línguas é, em sua maioria, uma expressão de delírio e descontrolo - um terreno muito propício para que se manifestem poderes ocultos e indesejáveis a uma culto saudável e sóbrio, de Deus, cheio de quietude (I Tim.4, 1). Não é a quietude um fruto do Espírito?

 

VI. O antídoto para o movimento das línguas: o que os Filhos de Deus devem fazer

 

Havendo reconhecido e delineado os perigos dos movimentos das línguas, a pergunta que se segue é inevitável: "Existe alguma maneira de impedir a sua progressão?" Não! Não existe! As heresias de Maomé nunca foram paradas. Ninguém conseguiu parar os Mórmones de construírem seus luxuosos templos. E ninguém impedirá estes pregadores de se aproveitarem de suas audiências e de lhes extorquirem bens e emoções até que Jesus venha pela segunda vez e coloque ordem nas coisas para sempre. Somente a ultima colheita dará fim a esta epidemia.

Mas, significa isto que devemos ficar parados e deixar as coisas acontecerem enquanto esses movimentos crescem como ervas daninhas? Não, de maneira nenhuma! Se nos calarmos, iremos ser cúmplices do erro, tal e qual aqueles que contribuem com dinheiro e shows para a sua propagação. Não podemos carregar culpas. Peço uma segunda vez: leiam as sete cartas às sete Igrejas no início de Apocalipse. Devemos ousar advertir e contrapor a todas as ideologias que se levantam contra o verdadeiro conhecimento de Cristo em nós, seja a teologia moderna e sua morte ou qualquer outra heresia que pareça mais viva, a qual fede a morte.

Será que a nossa tarefa fica completa e assegurada com este aviso? Não e não! De maneira nenhuma! O facto de os movimentos terem crescido tão rapidamente mostra quanta culpa os verdadeiros crentes têm no cartório. O Espírito Santo não conseguiu manifestar todo o Seu poder e toda a Sua beleza em nossas vidas para contrapor ao erro. Precisamo-nos arrepender de nossa falta de poder e de consagração.

A verdadeira resposta que podemos dar a estes movimentos é a nossa total e real consagração a Jesus, de maneira que o verdadeiro Espírito de Deus possa manifestar-se como Ele realmente é e como funcionam os verdadeiros dons do Espírito. Ao erro devemos contrapor com a virtude e com a vida real - não somente com argumentos.

Podemos nós, por nós mesmos, obter este tipo de vida abundante que anule e desgrace (destrone) estes erros e heresias? Só Deus poderá ajudar-nos para consegui-lo. Por essa razão, Ele enviou Seu filho de maneira única, para que o verdadeiro Espírito pudesse ser derramado sobre nós, os que cremos na Palavra escrita do Senhor e a usamos de forma correcta.

Como é que esta salvação é-nos revelada? Através da Sua graça. Quem experimenta este tipo de graça real? Eu creio que a água assenta e descansa nos lugares mais baixos e mais profundos. Deus cuida dos quebrantados, dos humildes e dos que Lhe são fiéis todo tempo - e não apenas durante os cultos e quando têm corda. Devemos ser entregues e totalmente sujeitos ao Senhor e ao mais humilde. Não podemos esperar que nos seja dado mais do Espírito do que aquilo que somos realmente entregues a Jesus. Deus deve receber tudo quanto somos se quisermos tê-Lo todo. Devemos pertencer-Lhe integralmente e totalmente - somente a Ele. Nosso corpo, nossa alma e espírito devem pertencer-lhe totalmente. Nosso tempo deve ser todo d'Ele, nossas forças, nossas posses, nosso dinheiro e tudo mais que posamos ter ou considerar nosso, seja um simples direito ou uma grande possessão. Somos mandados a manter crucificada toda a rudeza, inaptidão, moleza e obstinação. Vamos olhar para nós e para o ensino próprio sempre que olharmos para Seus mandamentos. Nós somos os alvos dos mandamentos da graça. Vamos aplicar em nós aquilo que queremos ver aplicado nos outros.

 

Pós-escrito:

 

O Haiti é uma ex-colónia Francesa. O francês é falado lá. Cerca de um ano atrás recebi um convite para discursar numa conferência internacional em Port-au-Prince. Estavam presentes missionários e pastores de muitas partes do mundo. Foi-me pedido para fazer cinco palestras ou exposições acerca dos dons do Espírito Santo e das suas possíveis ou respectivas imitações Satânicas.

Na minha primeira mensagem, escolhi o texto em Lucas 9:2 e falei sobre os três aspectos da autoridade dos discípulos de Jesus. Os ouvintes ficaram felizes com a mensagem, mas, fiquei surpreso e desapontado com a reunião de oração que se seguiu.

Durante o tempo de oração, alguns dos pastores pularam sobre a plataforma. Mais tarde, veio ao meu conhecimento que pertenciam a uma Igreja que se chamava "A Igreja dos Pulos". Os ouvintes corriam e pulavam, batendo palmas, gritando mais e mais alto. Fiquei bastante perplexo e confuso. No final da dita reunião, algumas moças e algumas senhoras começaram a sentir-se fracas e sem forças e, logo de seguida, começaram a falar em línguas estranhas. Ninguém interpretou as línguas.

Mas, o que mais me surpreendeu, foi um pastor americano que também começou a falar em línguas. No final, ele disse: "Senhor, dá a interpretação". Logo a seguir, ele próprio começou a interpretar o que havia falado: "Eu sou o Deus vivo: Em breve voltarei. Estejam prontos".

Os organizadores do evento e eu sentimos calafrios pela nossa espinha! A segunda e a terceira conferência foi ainda pior que aquela. Então, o meu amigo disse-me: "Eu não consigo ficar aqui. Está aqui presente uma atmosfera demoníaca e estranha e o Espírito de Deus não está aqui". Com isto, abandonou o local.

Eu tentei ficar até ao final da reunião porque era o orador convidado. Mas, também fiquei exausto. Durante toda a reunião, eu implorava pela protecção do Senhor. Quanto a mim, posso afirmar que não era a forma bíblica de se falar em línguas já que era uma manifestação satânica de línguas.

Existe uma enorme confusão no meio dos crentes acerca desta questão das línguas. É por essa razão que senti a urgência de tratar este assunto aqui de forma abreviada e curta.

 

Dr. Kurt Koch

Alemanha