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 9 de ABRIL

MANHÃ

"Seguia-o numerosa multidão de povo, e também mulheres que batiam rui peito e o lamentavam.', Luc.23.27

No meio da turbulenta agitação, que açulava todos os ânimos atrás do Redentor a caminho da condenação, apareceram algumas almas graciosas, cuja angústia procurava se desafogou entre choros e lamentações – era a música apropriada para acompanhar aquela marcha pesada de emoção, saturada de sentimentos contraditórios. Quando minha alma em imaginação chega a ver o Salvador levando sua cruz para o Calvário, esta também se faz a parte daquelas mulheres piedosas e chora mesmo com elas; pois, há certamente uma razão comum para nos angustiarmos em conjunto – razão essa que se aprofunda muito para ale daquilo que aquelas mulheres imaginavam a chorar. Elas lamentavam-se pela inocência estar a ser vituperada e maltratada, a bondade estar a ser perseguida injustamente, o amor sangrando, a mansidão caminhando para a morte; porém meu coração tem um motivo mais profundo e mais amargo para se vir a lamentar. Meus pecados foram o chicote que dilacerou aquelas costas benditas e coroaram com espinhos aquela fronte que sangrou: Meus pecados clamaram também em conjunto, "Crucifica-o! Crucifica-o!" e lançaram a cruz sobre suas costas. O acto de ser levado para morrer é dor para uma eternidade se lamentar, mas o acto de ser eu o principal culpado de toda aquela cena, é infinitamente mais do que uma pobre de lágrima pode expressar por Ele.

Não é difícil imaginar por que razão aquelas mulheres se compadeceram e choraram assim. Mas elas não podiam ter motivos maiores para se compadecerem e chorar do que os do seu coração. A viúva de Naim viu seu filho restaurado à vida – eu porém fui pessoalmente retirado dos mortos e trazido a uma novidade de vida sem fim. A sogra de Pedro foi curada da febre – mas eu fui curado da praga do pecado infernal. Madalena viu sete demónios serem expulsos do seu corpo – porém toda uma legião foi expulsa de mim. Maria e Marta foram brindadas com as visitas de Cristo – mas Ele mora em mim. Sua mãe formou seu corpo – porém Ele é formado em mim em toda a esperança e glória. Em nada sendo ou permanecendo devedor àquelas santas mulheres, permitam-me apenas não vir a ser-lhes devedor em gratidão e tristeza.

"Amor e tristeza dividiu meu coração, Com minhas lágrimas seus pés lavo, permanente no coração morando, Chorem por Ele que morreu para me salvar."

NOITE

 “E a tua mansidão me engrandeceu” Sal.18:35

Estas palavras também poderiam ser traduzidas assim: “Tua bondade me engrandeceu”. David atribuiu toda a sua grandeza, não à sua bondade, mas à de Deus. “À Tua providencia” seria outra possível tradução. E a Providencia não é nada mais que bondade em acção. Bondade é o botão de onde nasce a flor da providência, ou então a semente e a providência a sega. Alguns traduzem “tua ajuda”, a qual é apenas outra palavra para providência. A providencia é tudo de quanto dependem os santos, ajudando-os na obra do Senhor. Também podemos traduzir “Tua humildade me engrandeceu”. “Tua clemência” talvez seja mais útil ainda para uma leitura mais compreensiva deste texto, combinando tudo o que significa real humildade. É Deus a fazer-se pequeno diante de nós por amor que faz com que Ele seja ainda mais elevado acima de todos. Nós somos tão pequenos que, caso Deus não revelasse sua grandeza através de Sua condescendência, seríamos prontamente esmagados por ela. Mas Deus que se coloca de pé para ver o universo por inteiro, que se baixa para poder ver o que fazem os anjos, baixa mais ainda Seus olhos para os pobres de espírito e contritos de coração e torna-os grandiosos. Existem outras traduções que dizem por exemplo “Tua disciplina – aquela correcção de Pai – me engrandeceu”. Outras ainda “Tuas palavras me engrandeceram”. Em todo caso, a ideia é sempre a mesma. David atribui a Deus toda a sua grandeza à bondade de seu Pai nos Céus que condescendeu até ele. Que este sentimento ache poiso e eco em nossos corações esta noite, enquanto lançamos nossas coroas aos pés de Jesus clamando também “Tua mansidão me engrandeceu”! Quão gentis (cheias de toda a mansidão) foram todas as Suas correcções para connosco. Quão gentis Suas tolerâncias, Seus ensinos! Quão gentilmente nos foram traçadas Suas linhas! Medite neste tema, crente. Que a gratidão encha todo o seu coração. Que sua humildade se torne mais real e que seu amor aumente mesmo antes de adormecer hoje à noite.

 

José Mateus
zemateus@msn.com