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NOVEMBRO 7

MANHÃ

 “Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim”. Isaias 49:16

Não existem duvidas que a magnitude deste versículo se encontra na pequena palavra “Eis que”. É apenas uma segura afirmação contra aquela lamentação do versículo anterior: “Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu Senhor se esqueceu de mim”. Quão admirada parece estar a Mente Divina de Deus sobre esta afirmação sem qualquer nexo! O que poderá ser mais absurdo do que afirmações deste género da parte do povo de Deus? Esta benevolente confirmação do amor de Deus deveria-nos fazer envergonhar desde logo! Ele, o Criador do mundo clama: “Mas como é que me poderia esquecer de ti se te tenho gravado nas palmas das minhas mãos? Como podes duvidar sequer que por um minuto que seja ainda, Me esteja a esquecer de ti quando existe um memorial sobre Minha carne recaído? Ó incredulidade, que prodígio de estranheza me saíste! Nem se sabe qual das duas coisas nos será de maior relevância prodigiosa: a fidelidade de Deus ou a nossa incredulidade. Ele mantendo a sua promessa mil vezes diante de nossos olhos, logo duvidamos na última delas se for preciso! Na tribulação que se segue, logo duvidamos feito tolos! Mas sabe que Ele nunca falhará uma única vez consigo? Ele nunca falha! Ele nunca será uma fonte sem água, uma fonte seca! Nunca será sol a descender, um meteorito decadente, um vapor ilusório e em desaparecimento contínuo. Mas mesmo assim, a nossa ansiedade leva-nos a estar continuamente em estado de dúvida, vexando-nos sempre que pode com suspeitas descabidas, perturbados de medos como se Deus fosse o único a ter como ser infiel! Que vergonha, que hipocrisia! Será Deus uma miragem num deserto, ou seremos nós o deserto? Deus afirma “Eis que!” para nos mostrar algo com alguma relevância e muita veemência mesmo! Eis aqui, temos tema para nos surpreender de facto com toda a força da incredulidade! Ó céus, admirem-se, ó Terra, derretam-se de vergonha! A incredulidade é mera rebeldia. Como podemos rejeitar uma presença tão real a menos que seja porque queremos? Que os Céus e toda a terra se admirem com esta imponente adversidade pecaminosa que será sempre a duvida do homem. Ele diz aos limpos “Eis que vos tenho gravado na palma das minhas mãos!” Ele não diz que tem o seu nome gravado nas palmas das suas mãos trespassadas! Não a sua imagem para que se lembre de si de vez em quando! Ele diz isso sim, que tem a si gravado naquelas palmas santas e fiéis eternamente! Repare apenas na magnitude destas palavras! Eu tenho-te a ti gravado, a tua pessoa, a tua causa, as tuas circunstâncias, os teus pecados, as tuas tentações, as tuas fraquezas, os teus desejos puros, todas as tuas obras! Tenho tudo gravado diante de mim, até a quantidade dos cabelos que caem de ti e nada valem para ti. Tudo o que é teu, tenho posto diante de Mim! Todo o teu ser, toda a tua existência, tudo aquilo que te diz respeito, tenho diante de Mim! Porque temes mais ainda? Irás persistir no dizer que Deus te abandonou? Ele tem tudo gravado sobre ti nas palmas das suas mãos!

NOITE

 E ser-me-eis testemunhas”. Actos 1:8

Para se saber como se deve ser Sua testemunha, devemos apenas ver como viveu Cristo cá na Terra, o testemunho que Ele próprio deu. Ele sempre testemunhou: no poço de Samaria, no templo em Jerusalém, no lago de Genesaré, no sopé da montanha. Ele testificou do Seu poder noite e dia; as suas orações verbais eram tão audíveis quanto era a Sua obra e vocação a elas. Ele testemunhou sob todas as circunstâncias; quando os Escribas e Fariseus não O podiam calar; quando estava diante de Pilatos a olhar para a morte. Ele deu um testemunho tão claro, tão distinto que ninguém se enganava a respeito daquilo que queria mesmo dizer. Crente, torne a sua vida um testemunho clarividente – que seja claro como aqueles ribeiros onde se vêm todas as pedrinhas sob água, não como aqueles riachos sujos e de águas barrentas onde apenas se vê a superfície e nada mais. Seja transparente e claro, para que todo o amor de Deus resplandeça a qualquer ser que se aproxime de si. Não necessitará dizer “eu sou verdadeiro”; basta ser verdadeiro mesmo e Deus faz tudo o resto logo. Não se glorie da sua integridade, mas seja íntegro apenas e incondicionalmente. Assim, seu testemunho será tal que qualquer homem o verá desde logo, mesmo à distância. Nunca, mas nunca mesmo, pelo medo de sair manchado, seja restrito no falar seja a quem for: aos agressivos e aos meigos, aos sábios e aos leigos, aos médicos e aos pacientes, às enfermeiras e às moças da limpeza por igual. Se seus lábios foram acesos com uma brasa dos Céus como foram os de Isaías, que eles falem daquilo que neles estão e que seja o próprio Deus a testificar de seu direito – nunca você mesmo. “Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retenhas a tua mão”, Ecl. 11:6. Não ceda às ameaças das nuvens quando se propuser semear, nem consulte os ventos e mares a ver se haverá bonança; a seu tempo semeie tudo o que pode. Pelo seu salvador conseguirá aguentar-se sob qualquer tribulação, debaixo de qualquer temor, sob qualquer ameaça; nunca retroceda, pois a victória estará sempre assegurada. Antes, regozije-se naquela honra única de conseguir usufruir dum testemunho real. O seu Senhor está consigo sempre, desde que se mantenha limpo e não o deixe ficar mal diante de qualquer homem. Assim, em todos os seus sofrimentos e perdas, em todas as perseguições injustas e calamitosas, nisso tudo ache motivo de maior vigor, de maior preponderância, de maior vitalidade, de mais poder de cima. Estude a fundo aquele exemplo que veio dos Céus para salvar e faça sempre o mesmo em qualquer circunstância – esteja cheio do mesmo Espírito. Recorde sempre as palavras do seu Mestre, pois por elas verá que necessita de muita precaução no uso das palavras que edificam, que explicam bem e claramente, que necessita de muita humildade real, muita graça, caso queira que seu testemunho resplandeça de verdade para glória do seu Deus.

 

José Mateus
zemateus@msn.com