CLIQUE AQUI OBRA COMPLETA MEDITAÇÕES DE CHARLES SPURGEON

OUTUBRO 9

MANHÃ

“Poderoso para vos guardar de tropeçar”, Judas 24

Em certo sentido o caminho para o céu é fácil e seguro, mas noutros sentidos muito difícil e perigoso. Está repleto de dificuldades. Um passo em falso, (e como será fácil dá-lo quando a graça está ausente!) e lá caímos nós! Como o caminho é escorregadio para muitos de nós! Quantas vezes clamamos com o Salmista que diz “Quanto a mim, os meus pés quase resvalaram; pouco faltou para que os meus passos escorregassem”, Sal.73:2. Se fossemos fortes, montanhistas de pés seguros, isto não teria tanta importância assim. Mas em nós mesmos somos fracos. Nas melhores vias caímos, se nos caminhos de maior sossego tropeçamos. Estes joelhos débeis que possuímos mal suportam os nossos passos mais pequenos! Uma palha assusta-nos, uma setinha nos pode ferir e desencorajar. Somos como criancinhas que tremem ao dar nossos primeiros passos na fé, tendo nosso Pai celestial nos segurando pela mão. Ó, se somos guardados de cair, como devemos estar agradecidos àquela Torre Forte de onde somos vigiados no dia a dia. Veja como somos facilmente movimentados em prol do pecado e facilmente desafiamos qualquer perigo, como será sempre forte a nossa tendência para nos desmotivarmos. Estas reflexões nos ajudarão deveras para entoarmos cânticos como, “Glória àquele que nos tem como guardar de tropeçar!”. Temos muitos e variados inimigos que nos querem submeter a eles. A estrada é dura e, pior ainda, os nossos inimigos ponderam os nossos caminhos para nos emboscarem, sempre correndo sobre nós quando menos os esperamos e laborando para nos deixar sem nada e arremessando-nos no precipício mais próximo. Apenas alguém omnipotente tem como desmascarar e nos proteger de inimigos invisíveis, os quais buscam nossa destruição. É esse o braço que se propõe a nosso favor. Ele é a nossa defesa. Aquele que prometeu é fiel e poderoso para nos guardar de tropeçar, para que, mesmo sob pressão da nossa própria incapacidade, possamos ter nossa firme fé em total segurança e podemos vibrar em cântico alegre e confiante,

 “Que suba toda a terra contra mim,

Todo poder está comigo,

Pois Jesus é tudo e está comigo”

 NOITE

“Contudo ele não lhe respondeu palavra”, Mat.15:23

Os que buscam de forma genuína, mas ainda não obtiveram a bênção, podem recarregar suas forças a partir desta história diante de nós. O Salvador não derramou toda a bênção logo de início, mesmo que a mulher haja sido persistente e tivesse grande fé. Ele tinha intenção de a conceder, mas esperou pelo momento certo apenas. “Ele não respondeu palavra”. A oração desta senhora não era boa? Talvez sem paralelo no momento! Então, será que não era um caso de necessidade? Era de extrema necessidade! Não sentia sua necessidade o quanto devia? Ela sentia muito mais do que devia! Ela não era séria na busca? Ela era dona da intensidade! Não tinha fé? Ela tinha tanta que até Jesus exclamou e lhe disse: “Ó mulher, grande é a tua fé!” Veja-se então, mesmo que seja verdade que a verdadeira fé traz paz, mesmo assim neste caso não se poderá dizer que a traz instantaneamente. Podem existir motivos para a prática da prova à fé, mais do que para a recompensa da fé. A fé genuína pode existir dentro da alma como uma semente escondida, mas como tal pode não ter ainda germinado e explodido em alegria e paz. Um silêncio doloroso da parte do Salvador será sempre a prova séria sobre a alma que busca, mas mais pesada ainda é a aflição duma resposta dura como esta quando conseguimos finalmente Sua atenção: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”. Muitos dos que esperam em Deus acham logo ali alívio imediato, mas este caso não era desse género. Muitos, como o carcereiro, num ápice saem das trevas e entram na luz, mas existem outras plantas de crescimento lento. Um sentir de pesos sob convicção de pecado pode ser dado a quem busca, em vez dum sentir de perdão. Num caso destes, terá necessidade de paciência para se suster ante o golpe severo. Ó pobre coração, mesmo que Cristo esmague e pise em si, ou mesmo o mate, confie n’Ele. Mesmo que lhe responda asperamente, creia no amor que encomendou tais palavras. Nunca desista, rogo-lhe, de procurar e de confiar em seu Mestre, apenas porque ainda não obteve a consciente alegria de haver recebido tudo quanto deseja. Atire-se sobre Ele e perseverantemente dependa d’Ele, mesmo não podendo ter esperança em alegria.

 

José Mateus
zemateus@msn.com