Dando luz em Morse

Na primeira que fui posto na prisão, todos os prisioneiros eram mantidos isolados numa cela a 10 metros debaixo da terra. Por alguns anos, ficamos sem ver o sol, a lua, as estrelas, a neve, a chuva, ou as árvores.

Éramos constantemente espancados. Era muito ruim. Um dia, eu disse a Jesus: “Tu disseste que Deus dá o sol e a chuva para os bons e para os maus. Agora ouve, Jesus, se eu sou bom, então Tu tens de me dar o sol e a chuva. Se sou mau, da mesma forma tens de me dar o que é bom e o que é ruim. Mas, eu não tenho nem sol nem chuva—então, o que sou, bom ou mau?”

Ele respondeu: “Você não é nem bom nem mau. Você é algo totalmente diferente. Você é um filho de Deus. O filho de Deus não espera nem sol nem chuva. Ele é quem dá o sol. Você é a luz do mundo. Você não é o que recebe a luz. Você é o que dá a luz. Você pertence a Cristo, ao Seu Corpo. Portanto, em vez de reclamar sobre o que não recebe, por que você não dá? Há tantas almas ao seu redor.

Eu falei: “É muito difícil dar. Estou só aqui nesta cela. Como posso levar alguém à Salvação estando sozinho numa cela? Ele me respondeu que me havia dado um cérebro, uma mente: “Você pode pensar.” Esta é a resposta que Ele sempre dá quando Lhe fazemos esse tipo de pergunta.

Então, acabamos descobrindo uma maneira de trazer homens a Cristo—o código Morse. Um prisioneiro aprendia do outro. Dando batidinhas nas paredes, passávamos a mais linda de todas mensagem: o Filho de Deus veio ao mundo para sofrer pelos nossos pecados.

Como em qualquer prisão, havia assassinos, ladrões e delatores. Havia também prisioneiros políticos e pessoas inocentes. De vez em quando, prisioneiros eram trazidos para a cela vizinha e tínhamos a possibilidade de pregar o evangelho para eles em código Morse. Estávamos sempre esperando uma oportunidade. Você não precisa ficar esperando que Deus lhe diga o que fazer; você pode fazer as coisas acontecerem. Você é o que tem a luz para dar. Esqueça o seu próprio sofrimento e alivie o sofrimento dos outros.

Após oito anos, fomos todos colocados em celas colectivas com capacidade para 100 prisioneiros. Certo dia, os guardas abriram a cela e enfiaram mais um prisioneiro. Suas primeiras palavras foram sobre Deus.

Fiquei contente por ter um irmão comigo na mesma cela, e perguntei-lhe a quanto tempo ele era cristão. Ele respondeu: “Aleluia! Faz oito anos.” Então, perguntei como tinha acontecido. Ele disse que estava sozinho numa cela quando ouviu alguém batendo o código Morse. “Eu era um descrente”, disse ele, “e alguém me contou a história de Cristo.” Perguntei em que cela ele estava, e ele respondeu: “Na cela número onze.” Então o abracei porque eu sabia quem estava na cela número doze.

Quando você é um irmão ou irmã sofredor, não adianta murmurar ou reclamar sobre o quanto as coisas estão ruins. À sua volta sempre outros que também sofre, alguns muito mais do que você.

Você tem o Espírito Santo, a quem a Bíblia chama de Consolador. Apenas lembre-se de que você tem o Consolador em seu coração, e saia por aí consolando os outros. O consolo entrará no seu próprio coração e você poderá sorrir.

Um professor universitário se desentendeu com os comunistas e foi jogado na prisão. Veio parar em nossa cela. Ele era descrente e zombava dos cristãos. Na mesma cela estava um pobre camponês que não tinha freqüentado a escola, mas que amava muito a Jesus. Ele falou de Jesus para o professor. O professor fez pouco caso dele: “O que você sabe de Jesus?”

“Moço, eu ando com Ele. Eu falo com Ele.

“Vejam só—que mentiroso! Anda com Jesus, fala com Jesus! Mas, Jesus viveu há 2000 anos na Palestina. Se tivesse aqui um globo para eu lhe mostrar... Você nem sabe onde fica a Palestina. Como que você anda e fala com Jesus?”

“Mas, moço, eu vejo Jesus.”

O pobre camponês não sabia como explicar que não era somente uma visão física, mas uma visão espiritual.

“Diga-me”, continuou o professor, “como é Ele pra você? Ele parece irado? Ele parece irritado? Ele parece aborrecido? Ele parece entediado? Ele fica alegre quando vê você? Você pode ver felicidade em Seu rosto? Ele sorri para você?”

O camponês respondeu: “O senhor acertou—Jesus sorri para mim.”

“Quem viu Jesus sorrir para você? Mostre-me como Jesus sorri.”

Aquele foi o momento mais lindo da minha vida. Imagine na sua frente o esqueleto de um homem, círculos escuros em volta dos seus olhos, sem tomar banho no seu uniforme de prisioneiro. De repente, o rosto dele começou a brilhar e um lindo sorriso apareceu no seu rosto. Eu nunca tinha visto um sorriso como aquele. Havia tanto anseio pela alma. Tanto amor. Tanta compaixão. Todo o esplendor do céu estava naquele sorriso.

O professor baixou a cabeça e disse: “Moço, você viu Jesus.”

Você é um portador da luz. Por que você não dá a luz?