O AMIGO QUE DEVEMOS TEMER

 Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer.Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, digo, a esse temei. Lucas 12:4,5  

Aqui o Senhor Jesus fala para pessoas específicas. Ele diz “amigos meus”. Lemos em outro lugar: “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”, João 15:14,15. Que daria você para ser amigo da pessoa mais importante do universo, da mais poderosa personagem que existe? Mas é tão fácil ser Seu amigo: basta ouvir o que Ele diz – tão só e apenas. Jesus considera seus amigos aqueles que tomam para si as muitas palavras d’Ele. “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando; chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”. Lemos também que Moisés era amigo de Deus, “E falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo”, Exôdo 33:11. Mas depois de sermos amigos, tudo se torna diferente. Que pensaria você ser amigavelmente relacionada com uma pessoa muito poderosa, muito carinhosa? Vê, é a estes que Jesus fala, porque eles aproximam-se d’Ele cheios de ideias estranhas e penosas, cheios de carências as quais Ele nunca irá suprir, porque têm origem no pecado do homem e do diabo no homem. Depois de sermos Seus amigos, achamos que nada nos faltará – nada daquilo que achamos que devemos ter – enquanto que o nosso Amigo acha que devemos deixar é de ter ideias. Aquilo que o nosso agora Amigo tem para nós é de total novidade – nada é antigo. Será a estes amigos que Jesus diz peremptoriamente: “Temei!” Sabemos que mesmo Moisés, sendo amigo de Deus, por vezes recuou porque estava a pensar longe demais, andar rápido demais com aquilo que pensava de Deus. Sobre este amigo de Deus, Moisés, lemos que “Então se acendeu contra Moisés a ira do Senhor”, e “Ora, sucedeu no caminho, numa estalagem, que o Senhor o encontrou, e quis matá-lo”, Exôdo 4:14,24. Eis aqui algo que parece ser um dilema estranho. É que este Amigo, poderoso e carinhoso, quer as coisas d’Ele à maneira d’Ele. Por isso lemos que “Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer. Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, digo, a esse temei”. Nós não podemos por na Sua arca aquilo que muito bem nos apetece. A Sua arca somos nós, o Seu templo onde habita. Temos de lá por o testemunho que Ele nos der: “E porás na arca o testemunho, que Eu te darei”, Exôdo 25:16. Não podemos pedir que Ele venha conviver connosco numa casa suja! A palavra Santuário vem da palavra “santo, puro”. Lemos: “E me farão um santuário, para que eu habite no meio deles”, Exôdo 25:8. Ele só vai habitar se houver santuário onde habitar – nós também deveríamos recusarmo-nos a viver a menos que seja nesse Santuário. Ali é nosso lugar se quisermos ter tal amigo. Nesse santuário apenas pode perceber qual o fim dos ímpios da sua família, dos seus amigos cá do mundo, pois aquele que entra lá, dirá: “até que entrei no santuário de Deus; então percebi o fim deles”. “Assim no santuário te contemplo, para ver o teu poder e a tua glória”. É apenas entrando nesse santuário que se vê o Rei. “Viu-se, ó Deus, a tua entrada, a entrada do meu Deus, meu Rei, no santuário”. Lemos que “os limpos de coração verão Deus”, Mat 5:8. Também dali Ele nos envia socorro: “Envie-te socorro do seu santuário, e te sustenha de Sião”, Salmos 73:17;63:2;68:24;20:2.

 LADRÃO E SALTEADOR

 Você gosta de ser visto como ladrão, sendo ou não sendo? Que acha que é ser ladrão? Ladrão rouba o quê? E salteador o que faz? Vamos ver se você não é um. Se não for passa no teste – se for tem a possibilidade de se arranjar hoje, enquanto é dia, pois o dia do juízo está de chegada. Ladrão é pessoa que só pensa nele. Você pensa em quem, a maior parte do dia? Quando pensa em seus filhos, sua esposa, pensa neles porque lhe dizem algo, não é? Se não significassem nada para si não estaria pensando neles, deixariam de ser gente. Bom, quer dizer que mesmo quando pensa nos outros, pensa em si só. Ladrão também é assim – só dá quando pode furtar ou encobrir dando, pois não gosta de ser visto como sendo mau, quanto mais gatuno! Ladrão é pessoa que só vê e só fala nos erros dos outros – se falasse nos seus iria preso num ápice. Já se encontrou ou apanhou a si mesma a dizer “eu sou fingida, má, rebelde ou faladora”? Se não, então gasta o seu tempo em ver aquilo que os outros fazem. Quer dizer com isto que você pode até estar a roubar a alegria de outros seres, metendo-se e infiltrando-se em suas vidas e erros. Mas como ladrão está catalogado como quem rouba notas e recheios de casas, nunca ninguém pensou que roubar e assaltar o recheio do coração de seu filho, marido ou mulher – ou colega de trabalho, por que não? Ou está apenas pensando em si, naqueles que acha que são importantes apenas porque são gente por lhe pertencerem apenas? Ou no seu inimigo amigo e vizinho, naquele perante quem você é sempre sorrisos, mas assim que deixa de estar perto de si, passa a ser muito mau. Rouba a verdade das pessoas, isto é, diz uma coisa passando-se outra em seu coração! Porquê? Porque não quer parecer mau pensando que o outro é que é. Mas se o outro é mau, porque busca você o seu favor? É assim importante para si estar de bem com aqueles que acha que não prestam? Porquê, por eles?

Quando faz asneiras e não restitui a verdade dos factos, retribuindo desculpas a quem elas pertencem, está a fazer o quê, de facto, retendo aquilo que aos outros pertence por direito? Ladrão nunca pensa ir pedir desculpa a ninguém. Você faz? Se não o faz e nunca assaltou nenhum banco, então podemos dizer que é igual a ladrão, ou não? Quando foi a ultima vez que roubou a alegria de alguém com suas asneiras, com suas manhas e crises de identidade? Quantas vezes ao dia rouba o bem-estar daqueles que você diz que ama? E daqueles que não ama? Ou você se acha o Zorro, roubando de quem não gosta? Desculpe, mas ainda não lhe perguntei o seu nome: Você não se chama Salteador Mor, aquele que diz que nunca roubou nada? Porque existem pessoas tristes por sua causa então? Porque lhe fizeram mal? Então você deve achar que é o Zorro. Vejamos: não se acha ladrão, pois não? Não mente pois não? Mas rouba alegria aos outros? Se não é Zorro, diga-me, que é a pessoa com quem estou falando mesmo? Se não quiser me responder, não o faça, encubra então à vontade.

José Mateus
zemateus@msn.com