A RELAÇÃO ENTRE LIMPEZA E CURA PELO INTERIOR

“Santifica-os na verdade, a Tua Palavra é a verdade”, João 17:17.

Antes de discutir aqui muito resumidamente o que muitos chamariam de cura interior, queria afirmar algo sobre a leitura da Palavra de Deus. Jesus pediu que fossemos santificados pela Palavra porque essa Palavra é a verdade. Não teremos como ser tratados pela Palavra de Deus se não gozarmos tempo com ela, se não desfrutarmos tempo quanto baste para que aconteça aquilo que Jesus afirmou que aconteceria. Sem passarmos tempo com Deus, crescer é uma utopia e uma ilusão. E sem colocarmos em prática tudo que aprendemos de Deus do jeito que aprendemos d’Ele, anulará futuras revelações da parte de Deus e em muitos casos para sempre.

Essa vida interior sempre que existe é uma realidade que é uma companhia que opera e faz um trabalho específico dentro de nós e ao qual não temos acesso directo. Só podemos desfrutar dele. Nossa obra e dever será apenas cumprir e andar perto de Deus para que essa companhia que cria e recria dentro de nós tenha como e porque ser uma realidade e assim tenha como fazer a obra que só Ele faz. Por dentro não terá a contribuição humana e pessoal directa que haverá por fora. “Senhor, tu hás de estabelecer para nós a paz; pois tu fizeste para nós todas as nossas obras em nós. Ó Senhor Deus nosso, por ti nos lembramos do Teu nome”, Is.26:12,13.

Por outro lado e com excepção das providências de Deus, a obra exterior é quase exclusiva de quem se salva e não de quem salva. Já não será assim com aquilo que acontece dentro de nós. Mas porque não é assim dentro de nós, isso nunca quer significar que não dependamos totalmente do que pode acontecer dentro de nós para vivermos em conformidade com aquilo que Deus fará, fez ou faz pelo lado de dentro. Estar consciente do que se passa do lado de dentro de tal forma que sejamos tentados a remediar ou contribuir para essa obra é tão absurdo quanto esperar que Deus obedeça em nosso lugar na obra exterior - mesmo que toda a obra do lado de fora se processe através de Seu poder e sob Sua bênção. O segredo será fazer por fora, excluir nossa vida das práticas de todo tipo de pecado e esperar de Deus que, por dentro, todo tipo de pecado seja excluído também, isto é, se fizermos a nossa parte Deus exterminará todo desejo de pecar por dentro de nós também. Cuidemos de nosso hábitos que Deus cuidará de nossa raiz pelo lado de dentro, isto é, se realmente O tivermos em nós. Temos uma responsabilidade exterior e Deus tem-na em nosso interior como consequência ou como antecipação à obediência. E nós devemos depender tanto da obediência quanto daquela obra que se faz pelo lado de dentro de nós, tão fundo que nenhum humano pode chegar lá por si sem atrapalhar, mas da qual terá plena consciência e total dependência. O pecador terá apenas de aprender a entregar coisa a coisa minuciosamente; aprender a não mais mexer naquilo que já entregou; aprender a receber aquilo que em sua mente normal seria um mandamento (agora recebe como e porque fazer e não impõe criar dentro de si sendo que é criação e não mais criador); aprender a fazer porque se torna ou se pode tornar algo natural dentro de si e não mais uma coisa contra natureza e contra aquilo que habitualmente iria fazer com o jeito que usaria quando ainda se entregava ao pecado. No entanto, a morte do pecado é consolidada andando perto de Deus e abandonando sua prática previamente e, em alguns casos, posteriormente – quanto a isso não há regras, pois, abandonar o pecado assim que se tome consciência dele é o que tem de ser feito e uns tomam consciência dele antes, enquanto que outros tomam depois. E para quem não o consegue abandonar ou acha que não consegue, a questão será achar logo os meios para o poder fazer, procurar de Deus como e porque abandonar logo ali aquilo que destruirá sua mente ou sua vida ou seu lar e sua eternidade para sempre.

Muitos círculos evangélicos e outros que se acham evangélicos têm por pratica estas questões de cura interior, mas em muitos deles não é Deus quem opera tais coisas mesmo quando por lá usam o nome de Deus. Nesses círculos (como na igreja Universal e nos G12) assemelham-se em tudo àquilo que seria verdade, em parte, ou então acrescentam-lhes coisas sem anular aquilo que é verdade ou poderia tornar-se uma realidade ou ajuda preciosa caso essa situação pudesse ser ou fosse acariciada e apadrinhada pelo próprio Deus em pessoa. Nesses mesmos círculos começam a incutir que cura interior é cura de mágoas (algo que os psicólogos que afirmam que descendemos dos macacos também praticam e afirmam) quando na verdade, a verdadeira cura que Cristo começa e termina é a cura do pecado e suas consequências futuras; e o pecado não nos tira de ter prazer e da mágoa futura; não magoa quando o praticamos ou caímos nele e só nos magoa com suas consequências futuras. O que muita gente quer conseguir é anular a consequência do pecado sem ter de abandonar o próprio pecado em si e isso já vem acontecendo um pouco por todas as igrejas evangélicas actuais. O que Cristo faz e opera dentro de nós, tem como consequência uma paz que não é igual à que o mundo dá essencialmente devido àquela ausência de pecado porque Cristo é o "Cordeiro que tira o pecado do mundo". Ensinam que devem confessar e reconhecer culpas com o pleno e exclusivo intuito de serem curados por dentro, quando Cristo afirma e reduz a confissão ao cumprimento duma justiça que a Lei de Deus pede sem descontos ou sem seleccionar pessoas e sem escolher entre elas para cumprirem e a cura deve-se ao milagre de Sua presença em nós como consequência dessa justiça haver sido cumprida ou estar em vias de o ser. Todos terão de devolver o que roubaram e pedir perdão de cada pecado que se lembrarem por uma questão de justiça e não apenas de cura. Também aprendem a consolidar ganâncias porque têm por doutrina que afirma que que pobreza é consequência de afastamento de Deus (e afirmam isso porque querem ser ricos e não porque seja verdade) e em seu meio quem disser “prata e ouro não tenho” conforme Pedro disse Act.3:6, não poderá considerar-se filho de Deus em plenas funções de bênção.

O trabalho do filho de Deus terá de ser minucioso e preciso na entrega das coisas – uma a uma e nunca de forma geral – sem se envolver em como Deus o libertará e estando atento à condições para que a libertação que Deus imporá sobre si se dê e também ao jeito de o fazer e de o tornar realmente real. Esse jeito virá de Deus também, tanto quanto o poder da simplicidade que nos capacita a empreender sem mais demoras. O poder de o conseguir será tão simples e tão real que muitas vezes nem nos daremos conta de que estamos sendo puros e santos. A obra interior está entregue ao Salvador tanto quanto a obra exterior é da responsabilidade do pecador que se quer salvo de si mesmo e não apenas salvo de outras coisas. O crente não deve entregar apenas aquilo que lhe magoa, mas aquilo que aprecia e gosta. Deus renovará até aquelas coisas que não precisa deixar de fazer, quanto removerá o desejo (em muitos casos a Seu tempo que pode ser já) de fazer as que estão erradas. Bastará apenas que cada pecador se torne honesto ao ponto de reconhecer que é ladrão quando rouba, que é mentiroso quando mente e assim começar a ser honesto até para consigo mesmo. É que os ladrões ainda se acham filhos de Deus e os que mentem afirmam que caíram em tentação e estão renovados. Deus promete que um dia “Ao tolo nunca mais se chamará nobre e do avarento nunca mais se dirá que é generoso”, Is.32:5 e “então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que o não serve”, Mal 3:18. Actualmente tornou-se difícil ver essa diferença.

Devemos assumir que, se abandonarmos todo tipo de prática de qualquer coisa que Deus considere pecado (e não aquilo que o homem possa considerar pecados), Deus se encarregará de limpar por dentro e excluir os desejos de nosso interior e coração também, caso confessemos e abandonemos o pecado em especificidade, isto é, um a um e pelo nome. Isto nunca vai acontecer se deixarmos nossos actos e pensamentos irem de volta para o lugar de onde Cristo os quer retirar para sempre. A falta de ocupação nas coisas de Deus trará também como consequência o desejar daquilo que está errado ou fará a tentação bater à porta com mais força. Foi por essa razão que Deus disse a Caim que, “Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? E se não procederes bem (se não obedeceres e fizeres o que te compete), o pecado jaz à porta e sobre ti será o seu desejo”, Gen.4:7. O crente tem de saber que parar de roubar é bom, mas isso ainda não é dar, isso ainda não será “proceder bem”; que parar de mentir ou não mentir ainda não é “proceder bem” falando a verdade, pois parar de mentir e começar a falar a verdade nunca será a mesma coisa; que orar e saber orar ainda não é o mesmo que receber respostas concretas na oração; que ler a Bíblia e saber interpretá-la ainda não será ser obediente a Deus – nem de perto!

Ninguém pode prometer liberdade de sexo quando sua boca se entrega à má-língua. As pessoas devem saber que todos pecados separam de Deus que nos capacita e que nos pode libertar de todo tipo de pecado. Dentro dum pecado existe um universo de outros pecados e tentações às quais nem sempre resistimos da maneira certa. Muitas vezes, um pecado não é consequência directa doutro pecado, mas pode ser consequência directa dum afastamento de Deus porque pecámos conscientemente ou inconscientemente numa outra área que em nada se relaciona com o tipo de tentações que nos possam vir a atormentar dali em diante. O pecado também pode ser uma cadeia de consequências, tentações em cadeia, um acontecimento porque nos encontramos afastados do Deus vivo por uma outra razão. Os homossexuais são como são (ou acham que são como são) porque estão longe de Deus devido a seus pecados relacionados com suas perversões tanto quanto devido aos outros pecados que não estão relacionados com suas práticas. Ámen.

José Mateus
zemateus@msn.com