DEFININDO UM FANÁTICO
Existem
muitas formas de fanatismo. Mas existem apenas algumas razões porque os
fanáticos nascem e florescem. Com certeza que poderíamos acrescentar
muito ao que vou escrever aqui, mas, a minha idéia e desejo, é apenas
abrir nossas mentes para a raiz do problema do fanatismo.
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O fanático é alguém que não tirou do seu coração aqueles
pecados que recusa praticar.
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Ele é uma pessoa que resiste às verdades das quais toma
conhecimento diariamente, sendo obrigado pelo seu fanatismo a
saber da verdade a que se opõe interiormente.
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Fanático ou é uma pessoa que não conhece a verdade; ou
que deturpou a verdade; ou que não encarou a verdade; ou que não
enxergou a verdade toda e, se enxergou a verdade, não se transformou
e resiste persistindo em ser como é, recriminando e insistindo com
os outros para serem e fazerem aquilo que ele próprio não consegue
ou não deseja ser ou fazer pessoalmente. Em resumo, é uma pessoa que
não se transformou.
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O fanático é alguém que se convence a si mesmo quando ou
enquanto tenta convencer os outros. Na verdade, é um perdido que usa
a verdade (ou a mentira) para se encobrir e para ter como achar-se
salvo. No dia que não mais se achar salvo, poderá salvar-se – se
ainda for a tempo.
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Fanatismo é uma recusa em arranjar-se com Deus e com as
pessoas, é uma cobertura sobre aqueles pecados que nunca foram
expostos na luz. Fanático resiste e luta contra Deus e contra aquela
luz que ilumina a sua consciência. Por essa razão, insiste muito em
mostrar ser aquilo que não é.
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O fanático é uma pessoa muito superficial, mas parece
ser sério e sábio. É por isso que, aqueles que são mesmo sérios e
sábios, ganham o estigma de serem fanáticos. Mas, o modo de expormos
os fanáticos nunca será deixarmos de ser sérios e sábios, tal como o
modo de expormos os que “praticam” falsos milagres não é evitarmos
os milagres. Evitemos somente a falsa sabedoria e o milagre falso ou
satânico, mesmo sendo feito ou praticado em nome de Deus. Os falsos
milagres só serão expostos quando os reais forem praticados. Então,
a diferença e a distinção será realçada e não anulada. Os falsos
lutam mais contra a verdade, do que contra a mentira – mesmo quando
recriminam a mentira.
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O fanático é uma pessoa muito inconstante e parece ser
firme e inflexível em suas convicções. Por isso é que as pessoas que
são verdadeiramente firmes são vistas como fanáticas. Do mesmo modo
que existem semelhanças entre um teimoso e uma pessoa firme, também
haverá uma pequena confusão entre o firme e o fanático. O fanático
parece irredutível, porque tem medo de pensar que está errado, o
firme foi convencido. A diferença é que a pessoa firme tem
fundamentos reais – o fanático tem apenas aparências muito
enganadoras.
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O fanático só não engana a quem é corajoso e perspicaz,
porque fanático parece ser poderoso também. Muitos seguem os
fanáticos por medo.
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O fanático produz erro porque se firma e se afirma em
erro. Seu chão e sua base são falsos, até mesmo quando suas palavras
não são.
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Na verdade, se existem fanáticos a favor do que entendem
ser a verdade, existirão fanáticos contra a Verdade. O fanatismo é
um tipo de coração e não um tipo de teoria – não depende da verdade
ou da mentira para se afirmar, mas depende integralmente do tipo de
coração que tem. O fanático subsistirá apenas daquilo que ele é
dentro de si; também através daquilo em que pegar na primeira
oportunidade, desde que ache o que mais lhe convém, para melhor
colorir a sua aparência. Se pegar na verdade e não se transformar,
será um fanático na mesma. Ele nem mudou ouvindo a verdade – apenas
mudou de caravana ao “aceitar” a verdade! É a mesma pessoa usando
outras idéias para continuar viajando.
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Um fanático pode marchar a favor da verdade,
quanto poderá inverter os papéis indo contra a verdade que ouviu
e recusou reconhecer como tal. Se “aceitar” a verdade ou, se
recusá-la, seu único objetivo é não ser transformado – faça o
que fizer, seja aceitando a verdade ou a mentira! Existem pessoas
que oram a Deus
para evitarem ser transformados e quanto maior for a pressão
para serem transformados, mais o fanatismo se agiganta e se destaca.
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O fanático só leva em conta aquilo que ele quer, seja
uma verdade, uma mentira, meia mentira, ilusão ou só uma meia
ilusão.
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Se um fanático estiver “a favor” da verdade, se tem a
teoria da verdade bem delineada e estudada, seu fanatismo mostra que
resiste a uma transformação real. Ele não quer deixar que as
palavras do Senhor voltem a Ele trazendo fruto aprazível.
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O mundo é fanático do prazer e do ignorar Deus,
aproveitam-se da ignorância do fanatismo religioso para acharem
razões mais convincentes para poderem viver em maior libertinagem e
prazer. Esquecem que, os que se entregam a prazeres, são em tudo
iguais aos fanáticos religiosos – só que usam outras idéias, outros
meios e outras teorias. Por dentro, em sua essência, os fanáticos da
bebida, do sexo e das festas são iguais aos fanáticos religiosos!
Não vejo nenhuma diferença entre eles. Os fanáticos do pecado seriam
iguais aos religiosos se fossem religiosos. Fanático é pessoa que
não mudou quando mudou de idéias, de ambiente, de egoísmo ou de
circunstâncias. É como político corrupto que mudou de partido e de
idéias – por dentro, permaneceu igual.
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Um fanático esconde seus pecados até de si mesmo. Porque
sua arte é esconder, disfarçar e encobrir, usa aquilo que fala, ouve
e aprende para se mascarar e para fazer o que melhor sabe fazer,
isto é, encobrir. Até quando bebe, tenta encobrir que bebeu porque
seu instinto, sua única defesa, sua especialidade é encobrir. Ele,
quando fala e recrimina um pecado, tenta encobrir os seus próprios
pecados através daquilo que aparenta falando – ou acha que aparenta.
Por isso, quem julga o pecado, será julgado porque os tem (não
necessariamente porque os julgou). Se não os tivesse, não seria
julgado. Julgar o pecado não é crime – ter pecado e ser pecador é
que é. Se julgar fosse crime, Deus seria o maior criminoso.
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Um fanático, tanto pode achar que os outros têm os
pecados que ele vê, como pode achar que está a ser julgado quando
alguém lhe aponta um pecado usando a verdade em amor para o tentar
salvar desse mesmo pecado. O fanático vê nos outros aquilo que ele é
e não aquilo que os outros vêem e apontam nele, só que, não consegue
aceitar que os outros são um espelho onde se vê a ele próprio.
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Fanáticos apenas ouvem aquilo que lhes convém, falam o
que lhes interessa – mesmo quando não entendem nada do que dizem.
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Por causa da ignorância do mundo e por causa do seu
gosto pela vida longe de Deus, ninguém se apercebe que o maior
fanático sobre a terra será todo aquele que diz que vive perto de
Deus.
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Os fanáticos do mundo e do pecado dizem que, quem vive
bem aconchegado a Deus, de verdade (de forma real), esse é o
fanático.
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Um fanático engana-se a si mesmo para enganar os outros,
mas também engana e convence os outros com o intuito de se enganar e
de se convencer a si mesmo. “Enganando e sendo enganados”, afirmou
Paulo acerca deles.
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Em resumo, um fanático é uma pessoa que não vive aquilo
que prega e impõe. Só impõe porque precisa da convicção que não tem.
E, se alguém vier a pensar do mesmo modo, será um conforto para ele
– uma convicção mais.
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Ninguém assim, nesse estado lastimoso, se considera
fanático. Quando se considerar fanático, achará o caminho para se
salvar de seu pecado também – ou de seus pecados todos, se aplicar a
mesma fórmula aos outros pecados que existem nele também. Mas,
depois de achar e ver o caminho, só se salvará após retratar-se
diante das pessoas que anteriormente tentou assediar, enganar ou
perverter para o seu lado. Seu testemunho tem de ser público,
conhecido, direcionado a quem enganou, específico e, se possível,
detalhado. Deus apenas exigirá que o detalhe e exponha dentro das
suas possibilidades, isto é, apenas dentro das suas capacidades de
se expressar e de se confessar perante pessoas. O medo, no entanto,
não servirá de desculpa para nunca se retratar. O medo nem é a mesma
coisa que a falta de vocabulário. Quando enganava as pessoas, tinha
medo de gente? Porque irá ter medo na hora de se retratar? Todos
aqueles que tiveram o jeito de enganar e de se enganarem, terão o
jeito de se retratar também.
José Mateus
zemateus@msn.com