LAVAR QUEM NASCEU

"Filho do homem, faz conhecer seus actos abomináveis; (3) e diz: Assim diz o Senhor Deus: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos Cananeus. Teu pai era Amorreu, e a tua mãe Hetéia. (4) E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água, para te limpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas; (5) ninguém se apiedou de ti para te fazer alguma destas coisas, compadecido de ti; porém foste lançada fora no campo, pelo nojo de ti, no dia em que nasceste". Ez.16:2-5

O Senhor Jesus fala-nos dum novo nascimento, João 3. Aproximando-nos de Deus, algo acontece em nós que nunca podemos evitar ou adiantar em textura, pois se olharmos para Ele, logo ali a nossa vida anterior terá seus dias pormenorizadamente contados – caso esse encontro seja de facto real e verídico. Assim, nascemos. E, quando nascemos, ainda viemos com aquele umbigo que nos liga ao mundo, que nos assimila e liga a quem está a viver sem levar em linha de conta a existência do seu Deus, os Seus jeitos, a Sua Lei, coisas que não honram nem respeitam nem pela sua vida, nem reconhecem em si por causa do seu andar perverso. Estamos ligados aos amigos antigos, os quais deviam era ouvir de nós como queremos mudar e ser transformados para que a ira de Deus nunca recaia sobre nós, nem seja obrigada a cair sobre eles, eventualmente. Nunca se sabe se algum deles não teme e também resolva fugir daquela ira vindoura como nós fizemos

Afastando-nos dos meios de vida própria que o mundo tem nas trevas, explicando sem rodeios aos nossos amigos que a nossa vida anterior terminou, tendo a paz de Deus ainda assim visível em nós por nos havermos desligado definitiva e oportunamente de tudo quando o mundo nos oferecia para nos ter como prender nele, estamos oferecendo uma oportunidade real de salvação a quem era nosso amigo para vir a sê-lo nos moldes desta nova vida também. Você gostaria de ver seus amigos no inferno? Porque anda nos seus caminhos com eles então para que eles não tenham um exemplo prático de como e de porque devemos nos salvar logo sem mais demoras e sem mais evasivas tolas de perda de tempo, adiando algo que poderá nunca mais tornar a cruzar com os seus caminhos? Cortando o umbigo com o qual nascemos, prevenimos que ele apodreça em nós e também oferecemos uma porta aberta a quem se ressente com o facto de nos havermos desligado deles e do seu mundo. Por essa razão vemos Deus reclamando e protestando assim: “E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo”. Um umbigo é um meio de alimentação. Por isso vemos os crentes se alimentando do mundo ainda.

Mas, porque razão o crente que gostaria de se ver livre do seu mundo anterior em definitivo, procede de forma inglória, sem convicção, sem vitória precisa e achando que nunca conseguirá cortar o que ainda o liga ao seu mundo anterior? Sabemos que cortar algo de nós, dói. Mas, se esta dor é uma que nos cura tanto a nós como a todos aqueles de quem nos desligamos por nos estabelecermos como exemplo a seguir, deveríamos era ter maior motivação para nos desligarmos em definitivo desse mundo que colhe as almas num molhe atraente para os poder lançar no fogo do inferno para sempre, como um lenhador faz com a lenha que amarra num feixe. Que cada crente saiba que, se perder a sua vida para Deus cortando seu umbigo, seus amigos, familiares e até mesmo inimigos, terão tudo para ser ganhos ganhando as suas vidas dum outro jeito mais definitivo e eterno, o qual até Deus estimulará e se agradará também.

Mas, porque muita gente ama o mundo dentro das igrejas que se dizem puras e detentoras da verdade, logo têm um umbigo comprido que os liga ao mundo, o qual ainda aprendem a alongar cada vez mais, preferencialmente, descobrindo novas maneiras de não desagradar ao mundo nem de deixar que esse umbigo venha a apodrecer para assim se verem definitivamente impedidos de se alimentarem na pocilga deste mundo. E para os amigos que desonram o seu Criador sem hesitar, sem pestanejar sequer diante daquela ira vindoura da qual não sabemos nem o dia nem a hora que há-de chegar até nós, nunca se abrirão as portas da salvação para eles, a menos que Deus intervenha de um outro jeito.

Há crentes que nunca se lavaram também, depois de nascerem, isto é, nunca consumaram uma singular confissão de um único pecado, pois quem os ensina, ensina-os a dizer: “Senhor perdoa-me todos os meus pecados, entra no meu coração, Amem!”. Se tal coisa é limpar alguém que acabou de nascer, então a lua seria o sol também! Por essa razão, reclama Deus que “E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste, não foste lavada com água, para te limpar”! Lemos que aqueles que venceram e são bem-aventurados são “aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas”, Apoc.22:14. Quantos dos seus muitos pecados confessou um a um, meu caro crente? Como entrará no Céu sem haver comido dessa árvore aqui na terra ainda? Como pensa chegar a esta árvore da Vida antes de morrer? Como chegará a essa árvore sem se limpar pormenorizadamente? Porque, para entrar nas portas da Cidade Celestial, terá de ter comido da árvore da Vida aqui na Terra e para comer dela terá de se limpar convenientemente primeiro. Uma coisa segue a outra.

Mas, logo encontramos aqueles que se limparam como deviam, mas talvez não de tudo o que deviam, porque têm receio de ir restituir aquilo que roubaram ao patrão e têm medo de perder os seus empregos, a sua honra ou a sua liberdade. Mas, de que vale manter tudo isso se perder a sua vida? Teve vergonha quando cometeu todos esses actos abomináveis? Porque terá vergonha agora de fazer a coisa certa então, isto é, a restituição daquilo que roubou?

Uma certa senhora trabalhava num hospital Sul-africano de onde roubava muita coisa, desde pratos, copos, talheres e outras coisas mais. Era frequente a mãe dessa senhora ir esperá-la na cerca para receber das mãos dela sacos inteiros de coisas roubadas. Era assim que milhares de coisas desapareciam desse hospital, sendo contabilizados prejuízos mensais que excediam os milhares de dólares. Esta moça converteu-se durante uma campanha de evangelização, onde o pregador falava de roubos. Ela foi duramente atingida em seu coração e foi tentar resolver sua vida com Jesus nesse mesmo dia. Foi acompanhada e confessou todos seus pecados um a um antes de se entregar em definitivo a Deus. O pregador ouviu toda a sua confissão, pois foi feita nos moldes de Tiago 5:16. Dias mais tarde, sempre que comia à sua mesa em pratos roubados, a sua consciência acusava-a logo ali. Andou com aquilo uns dois ou três meses ainda, pois sabia que só havia uma coisa a fazer. Foi falar com alguém que neste caso não lhe deu desconto em nada. Haja mais pregadores assim, os quais não curam as feridas dizendo “Paz, paz quando não há paz”, Jer.8:11, mas antes incitam as pessoas a fazer a coisa certa e sempre da maneira certa também.

O pregador olhou para aquela mulher e pouco mais falou, dizendo que ela sabia muito bem o que tinha de fazer. Ela decidiu-se logo ali ir devolver tudo quanto ainda possuía e pedir perdão ao director daquele hospital pessoalmente. Uma nuvem de perda de emprego e de prisão começaram a pairar sobre ela como o preço único a pagar. Pensou um pouco mais e decidiu que seria melhor ir viver presa do que viver de consciência manchada e sem paz de espírito e ainda assim ir parar no inferno depois disso. Levou sacos de coisas e pediu ao pregador para a acompanhar, ao que este acedeu. Pediu para falar com o director e sentando-se diante dele, pediu por sua vez para orar e clamou a Deus numa oração simples e curta para Ele estar com ela naqueles momentos que se seguiriam. Começou logo a confessar todas as suas más acções dentro do hospital, fazendo-o nos pormenores mais sórdidos de que se recordava. O Director estava atónito e estupefacto, mesmo sabendo que havia muitos roubos, os quais nunca conseguiram nem impedir nem desvendar. No final da sua confissão, ela ergueu-se para devolver os sacos de coisas que roubara. Após um longo silêncio, aquele Director, tentando arranjar palavras para sair da humilhação de ter de decidir sobre o que fazer com ela, falou e perguntou-lhe se ela sabia o que estava fazendo, pois poderia ir presa por muitos anos, (as leis na África do Sul são severas contra o roubo). Ela respondeu que sabia e que estaria na disposição de ir presa, sendo que tal preço significaria a sua paz de espírito. O Director estava humilhado, talvez mais do que ela. Depois daquele choque, pensou no que deveria fazer com ela e tentou dizer que sabia muito bem que havia imensos roubos por ali, mas que era a primeira vez que traziam algo em vez de levar. Era uma situação nova para ele. Foi assim, conversando e contando suas mágoas sobre os roubos, que tentou sair-se bem daquela situação.

Por fim, a moça saiu dali sem sequer perder o seu emprego, sem ir presa por causa da bênção de Deus que a acompanhou e seu gesto foi mesmo apreciado por seu superior hierárquico. Todos dentro do hospital ouviram falar do que se passou dentro daquele escritório confessional, pois aquela noticia espalhou-se muito rapidamente. Mas, em vez de tal acto haver constituído motivo de chacota contra aquela ovelha que entrou pela porta estreita e não saltou o muro para entrar no seu aprisco de paz sem fim à vista, nos dias seguintes coisas maravilhosas começaram a acontecer. Em frente à porta do escritório do Director, pilhas de coisas começaram a aparecer, tendo ali sido colocados por todos os outros empregados que também se dedicavam ao roubo. Foi desse jeito que os roubos terminaram naquele hospital, de forma tão simples que parece uma fábula. Esta história verídica deixou muitos milhares de pessoas a pensar no verdadeiro sentido e resultado duma confissão realmente Bíblica. Meses mais tarde, o Director mandou chamar a senhora para promovê-la a chefe do departamento de pessoal, afirmando perante ela e todos que não havia pessoa em quem ele mais podia confiar que ela. Foi assim, também, que esta senhora ganhou sua vida perdendo-a.

Crente, quando se irá limpar daquilo que o mancha? Olhe que não estamos falando aqui do mundo. Que Deus não lhe venha dizer: “(4) E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água, para te limpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas; (5) ninguém se apiedou de ti para te fazer alguma destas coisas, compadecido de ti; porém foste lançada fora no campo, pelo nojo de ti, no dia em que nasceste”, Ez.16:2-5. Amem.

José Mateus
zemateus@msn.com