TUDO AQUILO QUE DEUS JUNTA

“Quem encontra uma esposa acha uma coisa boa; e alcança o favor do Senhor”, Prov.18:22 

É sempre bom saber que o que Deus quer juntar nem sempre se acha junto e isso acontece por vários motivos. Também é bom saber que aquilo que Deus ainda quer juntar nem sempre já se acha consagrado a ponto de ser unido. Também é certo que muitos já são consagrados e nem mesmo assim se juntaram ou por medo ou porque entretanto se desmotivaram no tempo onde Deus os estaria a consagrar a Ele para que, depois duma união, cada um formasse a metade da consagração que Deus pretendia. Ignoram que se “alcança o favor do Senhor” quando se acha um bem de Sua mão e não Seu desfavor. O facto de haverem esperado muito deve embelezar a sua bênção ainda mais, pois os tesouros difíceis de achar são sempre os mais queridos, mesmo quando nem são tão valiosos quanto os outros em sua aparência.

Mas, se isso é verdade, também será verdade que, se esse suposto bem não vem da mão de Deus, Ele se oporá e será desfavorável a tal bem (mesmo que o homem o ache como bem) e todo homem acabará achando que faz a coisa certa sendo que faz tudo de seu jeito estribando-se confiantemente em seu próprio entendimento que tem destas coisas. Vemos junto, muitas vezes também, aquilo que Deus nunca junta apenas porque cada homem tem seus medos ou ideias buscando apenas aquilo que lhe é apetecível acima daquilo que Deus dá, porque o homem tem medo de ser levado por Deus a dar o passo seguinte de Seu jeito e o que lhe é apetecível lhe dá segurança.

Quando alguém não confia em Deus, confia em si próprio. Por muito insegura que tal pessoa pareça, por muito que diga que é insegura e desconfiada, sempre teremos forma de nos aperceber o quanto confia em si mesma e apenas em si mesma e nos que lhe dão apoio nesse erro fatal para qualquer ser humano perdido em seus próprios caminhos. Vamos analisar um pouco daquilo que nos pode acontecer, então.

O homem tem sempre sua ideia do que deve e tem de fazer. Deus também tem a Sua. Muitas vezes a ideia do homem e a de Deus coincidem, mas os jeitos e o tempo e temperamento de ambos na execução diferem e são opostos. Por exemplo, eu posso ter meu olho inflamado e tanto eu como Deus estamos de acordo querendo que se cure. No entanto, eu posso desejar alivia-lo esfregando quando Deus acha que não esfregando meu olho seja a única forma de o curar depois. Tendo o mesmo objectivo em mente, podemos ter ideias opostas de como atingir o mesmo alvo. Se o homem sair um pouco das regras daquilo que é seu conceito, tem tendência a sentir-se inseguro, perdido e, consequentemente, descrente. Num caso destes, se sair da ideia e do conceito de Deus, sente-se seguro em total perdição e sendo inseguro sente-se bem na insegurança porque nenhum dos caminhos de Deus são iguais aos do homem. Qualquer inseguro se sente em paz apenas na insegurança de seus próprios caminhos, pois é lá que se sente em casa. Aquilo que ele é e acha, todo o caminho que lhe é familiar sendo seu, dão-lhe um esconderijo enganador, o qual tem como seguro. O homem nunca vive da realidade das coisas, mas sobrevive à custa das irrealidades a que melhor se apega por motivos que apenas ele poderia explicar a ele mesmo. Sabemos qual a razão porque Jesus disse que “todo aquele que perde (….) por amor a Mim (…) acha…”. Todo homem terá necessariamente de vir a perder para poder achar, pois tem de perder a perdição que ama, a perdição de seus próprios caminhos nos quais confia.

As pessoas também podem perder sem ser por amor a Ele e aí não podem achar e se desmotivam ficando a achar que Deus mente caso sejam honestos. Se forem crentes desonestos e fingidos continuarão dizendo e afirmando que Deus fala a verdade, mesmo sendo verdade tudo que Ele possa falar. Muitos afirmam que Deus cumpre apenas porque nem querem imaginar chegar ao ponto de vir a perder. Daí nos chegam todas as consequências do medo de vir a perder, incluindo algumas formas de profecia falsa, pois os homens não acham que perdem quando deixam para trás se não o fizerem por amor a Ele, se não morrerem para eles mesmos e para o que mundo é e diz, tal como Cristo morreu, Rom.6:10. Mas, se acharem que perdem, acharão toda a profecia verdadeira como sendo falsa caso elas existam num meio ambiente assim. Todo e cada homem que perde sem que seja por causa dele mesmo, sente-se perdido e injuriado. E muitos, em vez de confiarem e prosseguirem preferencialmente com Deus e por Deus, ficam dormindo em seus desesperos e lamentações fingidas e incoerentes com toda a verdade que Deus falou e afirmou ser segura para sempre. E o pior é que fazem isso orando, como se alguém pudesse orar contra Deus e Sua vontade e ainda assim receber d'Ele através d'Ele. E porque perdem deixando (ou acham que perdem), sem querer ou desejar saber que ganham a Cristo - e só a Ele incondicionalmente e verdadeiramente por amor a Ele também - sentem o mesmo vazio quando abandonam tudo e dizem que é por Deus devido ao que aprenderam e memorizaram em seus tempos de fingimento dentro das igrejas. O homem pode mesmo chegar a um ponto de entregar seu próprio corpo sem ser por amor, 1 Cor.13:1,2 - algo que por amor nunca faria porque esse amor perde a si mesmo eternamente - perde até de vista! Mas, na verdade, são capazes de abandonar tudo apenas por amor a eles mesmos e não por Deus conforme afirmam devido ao coração enganador e fingido que se recusa mudar. Dum ou de outro jeito sentirão o mesmo vazio de sempre e nunca se expressarão em vida corrente e fluente do mesmo jeito e com a mesma simplicidade que se espera de alguém que abandona seus barquinhos para seguir Jesus para onde quer que Ele nos vá levando do jeito d'Ele. A verdade é que cada homem pode-se vir a congratular e a sentir-se bem consigo mesmo abandonando tudo sempre que não seja por amor a Deus, seja isso a nível de seus motivos ou de seu jeito de fazer as coisas e de seu carácter. E sentir-se seguro na sua falência e na ausência de vida real e verdadeiramente única, será a maior das fatalidades que um ser humano pode vir a experimentar. E ai dos pastores que asseguram quem está errado de espírito sem ser através de sua mudança e conversão real! Com certeza que pagarão por suas vidas porque não disseram ao ímpio que irá morrer para assim salvarem sua vida.

Qualquer homem que se está perdendo sente-se sempre seguro desde que possa manter ou a sua motivação ou o seu jeito, ou ambos. O sentimento de segurança para os inseguros seria fazer algo para eles mesmos do jeito de Deus, ou algo de Deus do jeito deles - precisam de alguma referência à sua própria vida e modo antigo para que possam persistir e se motivar. Foi por essa razão que Jesus autorizou temporariamente que Pedro pegasse numa espada num momento de crise e com a qual nem estava autorizado a ferir alguém mas fortalecia sua confiança, Luc.22:36-38; Mat.26:51,52. Um errado apenas confia enquanto persiste no erro do jeito certo, ou enquanto se acha fazendo a coisa certa da maneira errada. Desde que mantenham alguma coisa da vida antiga, sentir-se-ão crentes firmes quando Deus os trata e vê como pagãos à deriva que mudaram de ideias e de religião. A verdade sem Deus é uma religião - apenas mais uma. E existindo centenas de verdades, poderão existir centenas de religiões.

O homem longe de Deus é um perdedor por natureza. Só que perdedor tem sempre nele mesmo aquela presunção e esperança falsa de que irá vencer ou ganhar eventualmente, a qual o encoraja e cega no caminho que sabe em seu íntimo irá terminar em mal caso se torne honesto e capaz de assumir corajosamente que é perdedor e necessita achar Deus. Qualquer pessoa que pretenda persistir em ser inseguro nunca assumirá que será assim e que para isso precisa mudar e modificar seu próprio coração e não o dos outros pelos quais se sente confrontado e ameaçado. Tal pessoa ganha sua esperança criticando e se opondo. A esperança deste mundo, aquilo que têm como esperança, é uma presunção que desafia todo bom senso espiritual, pois assume que esperança é pensar que talvez dê tudo certo se fizer como pensa. Mas, se tal pessoa conseguir manter uma comunhão certíssima com Deus, mesmo tendo ainda umas ideias erradas, nunca darão certo as ideias, se salvando delas também e deverá alegrar-se perdendo e haver perdido assim que perder e nunca antes. Se a comunhão com Deus estiver errada ou for falsa, unilateral e humana apenas, suas ideias do mundo que absorve tanto poderão dar certo como não, mas em cada caso o fim será muito amargo. Sabemos que tudo aquilo que Deus não começa, acaba sempre mal e sabemos que aquilo que começa sem ser por Deus, acaba sempre desapontando quem o começou. Todo fim de qualquer caminhada termina sempre mal se seu início não tiver sido originado na mente de Deus. O mesmo fim se espera de algo originado na mente de Deus feito pelo jeito humano que busca se congratular para se sentir confiante. Essa mesma caminhada terminará ainda pior caso a pessoa se use do nome de Deus para fazer a sua coisa (ou a coisa de Deus) à sua maneira.   

Todo homem sabe, desconfia, que o que não vem de Deus terminará sempre mal – mesmo que leve muito tempo para terminar – e mesmo assim assume que tem de fazer as coisas à sua maneira. Muitas vezes acaba trocando as coisas e as suas estações, pois sempre que é Deus que lhe traz algo em seu caminho como uma bênção para ele somente, acaba pensando que é arriscado ouvir Deus e de mudar antes ou depois de obedecer. Os medos de errar fazem-nos tropeçar em dois sentidos: por um lado saímos do caminho, daquele que Deus nos traçou, porque tememos perder algo se não o fizermos; por outro lado, assumimos nós as rédeas de nosso destino em nossas mãos, segurando em tudo aquilo que sentimos quando afastados de Deus e erramos em nosso caminho. “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho”, Is.53:6. Não vemos alguém desviado andando pelos caminhos de outra pessoa, a não ser que os assimile como seus próprios caminhos também.

A ovelha ouve o pastor. Nós achamos, no entanto, que é o pastor quem tem de ouvir a ovelha e seu sentir. Por essa razão temos pessoas que vêm assumir que tudo quanto o homem sente porque quer sentir assim (porque foi programado pelo “curso deste mundo” para se sentir assim, em jeito de novela romântica), tem direitos incondicionais diante do trono de Deus. Na verdade, nada impede qualquer pessoa de se sentir bem depois de ouvir Deus apenas. Se sentir antes, deve tentar ouvir qual a supra opinião de Deus logo ali, antes que erre de vez em seu caminho – ou antes que torne uma coisa certa na coisa errada e egoísta. Todos devem-se casar apenas quando é Deus quem une e nada mais. E todos se devem unir porque são santos nessa união. Tem de haver dois santos para existir uma união perfeita. É que as pessoas podem tentar entrar numa união que vem de Deus sem serem da qualidade de Deus, isto é, pensando que não necessitam ser por dentro algo que faça funcionar o que Deus quer tornar uma prática exterior livre, incondicional e funcional. Se essa união é mesmo o desejo de Deus, cada indivíduo em seu canto e usando seu tempo, deve sempre tornar-se incondicionalmente santo diante de Deus para a poder tornar realmente do agrado de Deus também. A eleição nunca foi sinónimo de salvação ou de bênção para ninguém, mas antes de obediência incondicional. Por isso lemos Paulo dizendo, "nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor", Ef.1:4. Se alguém sabe qual a vontade de Deus e não se prepara para poder entrar nela com o novo coração que tem, com a vida que Deus quer dar (só a que Ele quer dar), pode incorrer em maior condenação que qualquer que não haja sido eleito. “Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pelo que estarei sempre pronto para vos lembrar estas coisas, ainda que as saibais e estejais confirmados na verdade que já está convosco”, 2Ped.1:10-12.   

O homem, devido ao medo que tem de errar contra sua própria vida não satisfazendo seu desejo ou o desejo de Deus através do seu jeito, pode entrar por caminhos que lhe parecem certos mas cujo fim será a morte, tanto a morte espiritual como eterna. Para quem não quer errar, o único conselho será simplesmente este: nunca se ouçam a vós próprios em vossos temores caso vossa vida tenha sido eleita e refeita por Deus - façam o oposto daquilo que sentem quando não vem de Deus; e caso vossa vida esteja acertada com Deus em todos os pormenores de confissão de todos pecados; e caso, também, toda a abstenção de toda a aparência do mal que se aproxima de cada um de nós tão facilmente seja coisa real, Jud.1:23. E se uma pessoa que está de bem com Deus não se pode ouvir a ele mesmo, imagine-se o que acontecerá a um tolo que nem a ele mesmo consegue discernir.

O homem pode perder porque deseja acertar e, empurrado pelos medos e temores que o atormentam, pode ser levado a desviar-se do Caminho que lhe interessa seguir. O medo de não casar, de ficar solteiro, de permanecer naquilo que o mundo chama de solidão serão sempre coisas que nos levam a descrer, a torcer verdades e nossos caminhos e a desonrar nosso Deus através das opções futuras que tomamos. Por isso lemos aqui que, “Quem encontra uma esposa acha uma coisa boa; e alcança o favor do Senhor”, Prov.18:22. O medo torna o homem teimoso e obstinado, torna o homem numa criatura falsa até para ele próprio. Que se cuidem todos quantos querem fazer a vontade de Deus: que não venham a fazer a deles próprios só porque querem casar, ou então porque Deus os quer casar. Tentemos achar de Deus algo difícil de se achar neste mundo, a esposa e o esposo que Deus nos quer dar sabendo que Tiago disse que "Não tens porque não pedes". Ámen.

 

 

José Mateus
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