A PRESUNÇÃO, INIMIGO DE DEUS

 

“Não te glories do dia de amanhã; porque não sabes o que produzirá o dia”, Prov.27:1

Os problemas na vida nunca serão sinónimo de Deus não estar connosco. O bem-estar muitas vezes quer dizer que Deus nos deixou e o mal, por vezes, vem ter connosco precisamente porque Deus está connosco. Se lermos com atenção algumas partes das Escrituras poderemos deduzir isso mesmo, sem muito esforço até. Para não mencionar o conhecido Salmo 73, podemos ver, por exemplo, que Deus diz que é insensato quem se gloria de que tudo lhe vai bem quando nada tem para apresentar a Deus, Luc.12:16-20; e também lemos que, “Perece o justo e não há quem se importe com isso; os homens compassivos são arrebatados e não há ninguém que entenda. Pois o justo é arrebatado da calamidade”, Is.57:1. Se o justo é arrebatado da calamidade pela morte dele, o bem-estar do injusto que fica, garante-lhe um quinhão da ira de Deus. Aqueles a quem nada acontece ficam para a calamidade. Porque Deus o quer julgar permite-lhe a vaidade de vida que termina como um sopro. Em termos humanos, quem morre é pessoa carente de bênção; mas em termos reais, nos quais a Bíblia nos coloca pode significar precisamente o oposto disso. Lemos que “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos”, Sal 116:15. Existem tentações que nos assolam porque estamos perto de Deus, tal como existem outro tipo de tentações porque nos afastamos de Deus. O mesmo se pode afirmar das bênçãos e da falta delas também, como da ausência de tentações quando caímos ou quando nos levantamos porque usamos a sabedoria e não aquilo que sentimos. A ausência de tentação pode significar duas coisas: ou Deus não as permite devido à nossa fragilidade momentânea (mesmo que o diabo deseje terminar o trabalho que começou); ou então a pessoa está caída e o diabo quer que ela se sinta bem e descansada quando assim.

Existe uma relação muito especial entre o mal, o pecado e a presunção - uma forte aliança onde a presunção diz sempre que o mal é bom e que o mel é amargo e onde o mal, em troca e em recompensa, diz que a presunção é fé, usando mesmo o nome de Deus em vão para melhor alcançar seus fins. Mas lemos: “Aparte-se da iniquidade todo aquele que profere o nome do Senhor”, 2Tim 2:19. Caso os malignos não entendessem como funcionam as suas próprias maquinações, logo teriam de se abster de se motivarem sobre os dias de amanhã quando dizem que “amanhã faremos isto ou aquilo”. Mas eles entendem-se muito bem e por essa razão fazem planos sem os quais acham que não viverão. “Eia agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e ganharemos. No entanto, não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um pouco e logo se desvanece. Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo. Mas agora vos jactais das vossas presunções; toda jactância tal como esta é maligna”, Tiago 4:13-16. Ninguém poderá presumir do dia de amanhã, nem para bem e nem para mal. Existem pessoas que deliram por aquilo que ainda nem aconteceu, como existem os profetas do mal que não foi Deus quem pronunciou.

Caso o pecado nunca tivesse como dizer que Deus está consigo sem Ele estar, de onde lhe restariam as forças para continuar a persistir em seus esquemas auto-destrutivos? Ou então, se cresse em Deus de forma real, qual a saída psicológica que acharia para a sua vida de ilusão, vida macabra e assassina? De onde lhe viria a esperança para poder continuar na senda do mal sem uma finalidade prometedora “à vista” e sob o olho da ilusão? Todo pecador tem necessariamente de crer que Deus está com ele, de forma irreal, ou então dizer que Deus não existe. Crer que Deus não existe, é mais uma conveniência que uma crença. E quem prefere crer que Deus existe, arranja um jeito de Ele ser um Deus à sua maneira, de seu jeito. Os "ateus" ou dizem que Deus não existe ou arranjam um Deus seu, conforme as características que n'Ele desejam. Um Deus assim só existirá na cabeça das pessoas. Estes homens e mulheres arranjarão sempre maneira de dizer que uma discoteca do mal é o paraíso e que o paraíso é o inferno. Se assim não fosse, de onde retirariam as forças e a motivação para persistirem em sua vida pecaminosa ainda? Se reconhecessem que são suicidas macabros – como são de facto – mesmo que nunca estivessem a fim de ver Deus em Sua bondade infinita, no mínimo tornar-se-iam inertes, inoperantes e desmotivados encalhados em algum padrão de vida, em alguma forma de pensar - seja ela baseada na Bíblia ou não. Logo, terão de se enganar a si mesmos caso queiram continuar a viver apenas com aquela finalidade expressa de persistirem vivendo em seus fardos que desejam achar leves. Mas, Deus diz apenas: “Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus!”, Is.57:21. A partir deste ponto de vista e até se dizer que Deus não existe, vai apenas um passo ou dois, para os tais tolos que para proveito próprio assim pensam convenientemente. E como Deus não faz as suas vontades, passa a não existir para eles. Na verdade, aquele Deus que imaginariam nunca existiu e o Deus real nunca esteve dentro deles também. Por essas duas razões afirmam que Deus nem existe. “Diz o néscio no seu coração: Não há Deus. Corromperam-se e cometeram abominável iniquidade; não há quem faça o bem (se não se tivessem corrompido iriam dizer outra coisa, pois veriam Deus, Mat.5:8). Deus olha lá dos céus para os filhos dos homens, para ver se há algum que tenha entendimento, que busque a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um. Acaso não têm conhecimento os que praticam a iniquidade?” Sal. 53:1-4. Claro que têm conhecimento das coisas! Mas bastará limparem-se para obterem o conhecer Deus, o vê-Lo de forma real - vê-Lo mesmo e não apenas imaginá-Lo como real.

Existe, porém, um outro tipo de presunçoso actualmente, abominável e execrável, o qual Deus cuspirá para fora da Sua boca santa em breve. Espero que você não seja um deles. Estes são todos aqueles que acreditam em Deus sim, porque nunca o querem negar com a finalidade de que sua esperança em meia-luz se mantenha ilusoriamente pela “fé” em promessas que Deus fez, mas não a eles pessoalmente. Jejuam e oram insistentemente, com lágrimas e choro, sem que consigam comover Deus como se comovem e se perturbam a eles mesmos. Depois dizem que aquilo que sentem é Deus, como um Hindu diria que um rato é seu avô numa nova vida. “Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó os seus pecados. Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos; como se fossem um povo que praticasse a justiça e não tivesse abandonado a ordenança do seu Deus; pedem-me juízos rectos, têm prazer em se chegar a Deus! Por que temos nós jejuado, dizem eles e tu não atentas para isso? Porque temos afligido as nossas almas e tu não o sabes?” Is.58:1-3.

Estes puxam pelo pecado e toda a coisa vil como se de algo santo se tratasse, ou como se não fosse algo tão nefasto assim e a quem Deus responde, “Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de falsidade e o pecado como com tirantes de carros! E dizem: Apresse-se Deus, avie a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o propósito do Santo de Israel, para que o conheçamos. Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal; que põem as trevas por luz e a luz por trevas, o amargo por doce e o doce por amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e astutos em seu próprio conceito! Ai dos que são poderosos para beber vinho e valentes para misturar bebida forte; dos que justificam o ímpio por peitas e ao inocente lhe tiram o seu direito! Pelo que, como a língua de fogo consome o restolho e a palha se desfaz na chama assim a raiz deles será como podridão e a sua flor se esvaecerá como pó; porque rejeitaram a lei do Senhor dos exércitos e desprezaram a palavra do santo de Israel”, Is.5:18-24. Também, “Porquanto dizes: Rico sou e estou enriquecido, de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado e miserável e pobre e cego e nu; Assim, porque és morno e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca”, Apoc.3:16-17.

Você já viu algum assassino dizer que é assassino? Eles não matam afirmando que fazem em nome de Deus ou em nome de alguma coisa que entendem ser uma necessidade? Já viu mentiroso afirmar que é mentiroso? Não é verdade que mentiroso prefere afirmar que os outros são os que mentem? Qualquer forma de arrogância e de mentira conforta um homem afastado de Deus. E será nesses caminhos que o homem aprende a não reconhecer seus pecados para se sentir em segurança. Mas, andar na luz que nos perdoa para vivermos com Deus, necessitamos reconhecer de forma clara e inequívoca Só assim Deus nos perdoa. E isso é um arrombo no barco da fé falsa e da presunção.

É de primordial importância estas pessoas chegarem a saber que estão separadas de Deus. Mas preferem, escolhem entender que não podem estar separadas de deus e, consequentemente, não acharão que podem estar bem próximos de Deus porque a incredulidade só crê na coisa errada e na mentira. A incredulidade não é a capacidade de descrer, mas sim a capacidade de não crer na verdade e de acreditar facilmente e de forma natural na mentira. Depois, afirma que se as coisas não se processassem do jeito que pensa e acha, Deus nem seria um Deus de justiça! Por isso Lhe chamam de injusto, não porque não seja justo e puro, mas porque as pessoas se consideram defraudadas naquilo que esperariam dum Deus de suas cabeças. “Tendes enfadado ao Senhor com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o havemos enfadado? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor e desses é que ele se agrada; ou onde está o Deus da justiça?” Mal 2:17.

Mas, chegando a saber que estão separadas de Deus (porque estão de facto), logo seu anseio de vir a salvar-se renasce do estrume do mal em si, levando e incitando a buscar Quem pode salvar quando crêem que estão perdidos: o Salvador do mundo, Jesus Cristo em pessoa. Tais pessoas raramente descansam até encontrá-Lo mesmo, pois muitos outros crêem que encontraram sem haver achado o Messias de carne e osso, de Espírito Vivente e Vivificante, real e que não deixará qualquer margem para dúvidas de que existe de facto a quem O acha realmente. Mas será para evitarem ser salvos de facto que se entregam às fábulas formalizadas e adaptadas às de palavras de verdade, 2Tim.4:4. Nunca nos podemos esquecer que Deus afirmou dos enganados e dos que presumem que "Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos; como se fossem um povo que praticasse a justiça e não tivesse abandonado a ordenança do seu Deus; pedem-me juízos rectos, têm prazer em se chegar a Deus!” Is.58:1-3. Os que presumem serão como um povo que pratica a justiça, mas não serão o povo que a pratica de forma natural e espontânea - quase inconsciente e simples.

A presunção não autoriza, nunca permite a salvação de quem está em vias de condenação dentro da igreja. Ou acabamos com as igrejas, ou acabamos com aquilo que são, renovando-as de verdade a partir do lado de dentro. Os olhos da igreja estão virados para o exterior, quando deveriam estar virados para o interior também. Há então que saber, estar devidamente categorizado para o saber, se de facto Deus está em nosso meio ou não. Por essa razão diz Paulo aos Romanos, “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que realmente o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é d'Ele”, Rom.8:9. Amem.

José Mateus
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