TEUS CAMINHOS – PODEMOS SEGUI-LOS?

“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte”, Prov.14:12; 16:25

Existem muitíssimos caminhos, muitas variações dos quais podemos seguir ou não, muitos deles carregando uma Bíblia debaixo do braço ou não e uma congregação como estandarte ou não. Mas o que determina a validade desses caminhos será se a bênção de Deus é evidente, clara e inequívoca e nunca o ardor do desejo, a intensidade da crença, o volume da fé – mas antes se Deus anda nesse caminho connosco. Não será supondo que se consegue algo de Deus. E, supondo, muitos assumem em nome de Deus e acabam achando-se certos no equívoco. Deus e realidade serão sempre sinónimos. Por essa razão, quando insinuamos sem certeza, quando falamos sem segurança, quando vivemos sem vida, quando experimentamos pela ilusão ou por Satanás, quando falamos para agradar e não para afirmar sobre o que é real, quando omitimos para agradar, quando mentimos usando palavras de verdade, tais caminhos serão dos que necessariamente nos parecerão como sendo certos.

É sempre verdade que, quando nossos caminhos são certos não parecerão estar certos apenas, pois, se parece, pode estar errado em algum pormenor. Se ando com Deus, se Deus convive comigo de facto, porque tenho de forçar uma presença sobre mim, em mim ou por mim, porque tenho que me convencer ainda que Ele está comigo? Caminho certo nunca parece: é um caminho o qual é por si, fala por si e convence mesmo a longo prazo. Se minha paz vem de Deus, se minha calma deve-se a uma consciência realmente lavada e não a um convencer-me de que está limpa pela tal fé que se prega por aí, será um caminho que nem parece, mas antes é. Um dia perguntaram a um actor porque razão as pessoas choravam com um filme e iam dormir nos bancos da igreja. Ele respondeu assim: “eu faço a mentira ser verdade, enquanto vocês vivem a verdade como se fosse mentira”. Se a presença de Deus é real, se Ele anda comigo mais próximo do que meu próprio ser, se minha fé deixou de ser fingida e forçada, se meus milagres passam a ser coisas do meu dia a dia, eles nunca parecerão, porque serão claramente evidentes e vincados. Tudo o que está certo nunca parece – é simplesmente certo.

Os humanos andam apenas quando as coisas lhes parecem certas. Eles criam um certo mundo de desconfiança ao redor deles próprios que defendem a qualquer custo, que amam porque se sentem seguros quando dão passos dentro da sua cultura, no seu meio ambiente, no local conhecido e de sempre. Mas vindo Deus ser real dentro do homem, fora e em sua vida, dentro de seu lar e trabalho (deixando de ser Deus dentro da igreja apenas), constitui-se algo a que o homem nunca estará habituado, pois o homem gosta de ser crente quando isso beneficia e abençoa seus próprios fins – tão só.

Caso eu siga Deus, sei cantar sem música; sei ver quem é Invisível; sinto-me bem quando estou perto de Quem é poderoso e não privilegiado com minha presença; torno-me agradecido quando meu inimigo recebe da mão de Deus, pois isso significa que Deus o transformou; sinto-me feliz, também, quando meu amigo não acha o que busca de Deus, sabendo que é Deus quem distribui quando as coisas Lhe agradam e contribuem para o bem. Seguindo Deus e nunca o pecado, permite-me viver num palácio de felicidade mesmo ainda sem estar na casa do Pai lá no Céu; seguindo Deus permite erguer-me quando penso e calculo que irei cair; permite-me cair quando acho presunçosamente que me manteria em pé sozinho; seguindo Deus dá-me de comer dum tesouro invisível ao qual ninguém terá acesso por mim, traz-me alegria que ninguém sabe de onde vem, a não ser que sejam homens e mulheres experientes nos caminhos de Quem já criou todo mundo em seis dias. Eu temo quando os homens acham que estão certos, quando falam demais para se convencerem; eles temem demais quando não fazem como eu que ando no invisível, praticam demais quando temem o inferno – algo ali deixou de ser natural, pois assim agem os hipócritas. Quem se esforça para respirar? Um enfermo ou alguém que está de perfeita saúde? “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”, 1Cor.2:14. Não existe pessoa justa que não tenha horror em ser fingido, nem existe fingido que ache ou aceite que é fingido. As coisas de Deus estarão certas (e nunca parecerão estar certas) a um homem de Deus experiente e real, a uma criança que conhece Jesus tal qual Ele é, a um anjo que voa entre as chamas do Altíssimo – mas nunca a homem natural. Ao homem natural, todas as coisas de Deus parecerão sempre estar certas – apenas.

Por estas razões, é muito errado ir buscar conselhos a quem passa por homem de Deus por causa do diploma que conseguiu através de estudos exaustivos, mas que deixa sua carnalidade oculta, despercebida e solta no meio de tanto conhecimento. Nenhum homem achará natural cantar-se sem música, regozijarmo-nos sem as coisas que existem no mundo, alegrarmo-nos naturalmente por nossos inimigos (sem forçar essa alegria), de nos alegrarmos com a tristeza de nossos simpatizantes quando é Deus que os está contrariando, de estarmos a ver o Invisível. Se dissermos que vemos Deus sem o estar a ver, com toda a certeza que o mundo acreditará em nós, pois eles só crêem quando não é verdade.

O mundo evangélico será sempre o principal responsável pelas coisas que parecem ser. É lá que se dança em transe e se afirma “Deus está connosco”; é lá que se profetiza sem Deus haver enviado. Mas será porque não existem profecias que se profetiza falsamente? Eu acho que é precisamente o oposto: porque existe profecia verdadeira entre aqueles que se aquecem em Deus de facto, acharemos quem queira fazer o mesmo a mando da incredulidade. Que Deus esteja connosco de facto. Amem.

 

José Mateus
zemateus@msn.com