POR QUE RAZÃO A LEI (O LEGALISMO) NÃO SALVA?

“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá”, Gál.3:10-12

Deixem-me contar uma história. Havia um mundo dos tontos. Nesse mundo dos tontos, acabaram reconhecendo que não conseguiam fazer nada de jeito cambaleando e torcendo seu caminhar. Bebiam desde nascença, pois era crença que deveriam beber bebidas fortes e fermentadas e que, sem elas, passariam mal e não sobreviveriam. Na verdade, também começaram a crer que ninguém conseguiria parar de beber bebida forte porque o seu sistema biológico pedia bebida. Eles só tinham de beber para serem normais. Era nisso que criam. A crença já estava tão enraizada que nem era questionada por ninguém e era naturalmente assumida. Se alguém se atrevesse a questionar essa sua verdade seria imediatamente considerado louco ou algo parecido, pois ninguém conseguia imaginar sequer uma vida sem bebida. Era esse o mundo dos tontos. Mas, era muito difícil o povo ter uma vida normal. Cambaleavam, fediam, viam as coisas andando à roda, etc. Quando queriam construir suas casas, sentiam dificuldades e os tijolos ficavam tortos e suas casas acabavam caindo em cima deles; quando desejavam ser rápidos ou desviarem-se do perigo, ou não reagiam ou o seu corpo tardava em reagir em tempo útil. Era um mundo muito estranho para quem andava direito. Mas, veio um rei que tentou mudar as coisas. Esse rei mandou fazer uma pesquisa para que se investigasse tudo o que impedia as pessoas de fazerem bem as coisas. Então, veio a lista de seus males: cambaleavam; viam as coisas andando à roda; brigavam por tudo e por nada, incluindo pela bebida; não cooperavam uns com os outros; seus organismos demoravam a reagir aos comandos do cérebro; etc. Havia uma lista enorme de coisas que começaram a considerar impedimentos a uma boa conduta. Então, o rei fez leis que deveriam ser cumpridas e quem não as cumprisse seria morto. Saíram muitas leis para ajudarem as pessoas a serem normais. Exemplos de leis que saíram: as pessoas deveriam andar direitas sem andar aos ziguezagues na rua; não deviam brigar uns com os outros; deviam pensar antes de falarem ou fazerem alguma coisa; etc. Na verdade, todas as leis visavam mudar o comportamento prático dos tontos. Mas, as leis não resolviam o problema de fundo – tentavam apenas resolver as consequências práticas do viver alcoolizado.

Na era seguinte veio outro rei mais benevolente que realmente entendeu qual a razão principal dos problemas das pessoas. Ele explicou que as pessoas deveriam mudar por dentro se quisessem andar sem ser aos tombos nas ruas, que deveriam deixar a bebida e ganhar uma nova vida, etc. Arranjou maneira de mudar a pessoa a partir do lado de dentro, começando a operar na crença enraizada em todos os tontos, crença que, na realidade, era uma descrença na verdade: que era a bebida e o apetite das pessoas por ela que as faziam andar tontas e a fazerem tudo mal. Foi difícil para esse rei convencer o seu povo a pararem de tentar mudar através das leis e do remediar das consequências da bebida e da forma de vida desse mundo dos tontos. As pessoas poderiam adquirir uma vida nova ao invés de somente um comportamento novo. Ele conseguiu mudar a muitos que serviram de exemplos, mas, acabou sendo morto devido ao que pregava. Contudo, esse rei ressuscitou e prometeu voltar para eliminar a bebida e tudo que a fermentasse ou estivesse directamente ou indirectamente relacionada com o modo de vida do mundo dos tontos. Prometeu que não haveria mais lágrimas no seu mundo novo porque não haveria o que fomentasse o mal e a intriga; etc. Entretanto, as pessoas deveriam contentar-se com um coração novo e uma vida nova dentro do mundo dos tontos enquanto ele viajava para preparar outro mundo para quem houvesse mudado de verdade. Eles deveriam manifestar o poder de uma vida nova. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”, 1Ped.2:9. “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo”, Fil.2:15.

Vamos substituir algumas palavras nesta história. A bebida é o pecado, o segundo rei é Jesus e o primeiro rei, a lei.

  1. O legalismo não funciona porque é outra maneira de tentar conseguir as coisas. Deus não coopera com essa forma de ‘cura’ precisamente porque é um modo alternativo a Ele.
  2. Por outro lado, as pessoas não podem pensar ou acreditar que a graça não lhes dá outro comportamento ou outra forma prática de vida somente porque não é a lei. A graça muda mais que o comportamento exterior da pessoa, pois, muda a pessoa integralmente a partir do lado de dentro. “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido (…) Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”, Mat.5:18,20.
  3. É um engano alguém pensar que deve conter a ira em vez de mudar o coração; acreditar que pode ser humilde sem se humilhar; vencer sem tornar-se vencedor; etc. Amem.

JOSÉ MATEUS
zemateus@msn.com