OS PROBLEMAS PESSOAIS DEVIDO À ESCRAVATURA
“O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado”, Is.61:1-3
1) Todos nós ganhamos um tipo de coração ao longo da vida. A vida manipula o feitio do coração, formando-o - e o coração tenta manipular a vida para servir-lhe. O coração escondido que surge dentro da pessoa será o principal responsável por todos os tipos de comportamento que possam surgir. O coração é a cede daquilo que somos. Para além disso, as lembranças e todas as outras coisas acabam por influenciar parte da nossa conduta. Mas, de forma geral, o nosso comportamento normal é, principalmente, fruto do coração que temos. O comportamento não se deve às circunstâncias e antes ao coração. Se o homem age mal é porque tem um coração mau e se age bem será por ter um coração diferente.
2) Imaginemos dois escravos que acabaram sendo libertos. Sabemos que os escravos eram marcados, usavam brincos de ferro para serem identificados, dormiam presos em grilhões e eram acorrentados e chicoteados. As correntes, os chicotes, as orelhas cortadas e marcadas deixavam marcas e cicatrizes para sempre muito difíceis de apagar. Ao serem libertos irão enfrentar vários tipos de problemas. Eles sempre sonharam com a liberdade antes de serem libertos, mas, não levam em conta que a liberdade também tem seus desafios - ainda que diferentes. Vamos analisar alguns deles.
A OVELHA BURRA
Um escravo, sendo liberto, vem com todas as marcas do seu sofrimento. Um buraco na orelha que o faz lembrar a escravidão e onde antes havia um brinco; cicatrizes nas pernas onde as correntes feriam noite e dia que o podem retirar da realidade do dia de hoje; rugas e pele queimada do sol e do frio que ainda o fazem entristecer-se com recordações tristes e enchê-lo de dó dele próprio; a sua aparência desfeita pela severidade de haver dormido, vivido, comido e conversado com um mestre severo: o pecado.
Mas, a liberdade chegou e os brincos, correntes e pesos sumiram para sempre – o Libertador é realmente fiel. E, assim, o ex-escravo entra na Vida ainda marcado pela vida anterior, cicatrizado ou cicatrizando; olhando-se num espelho reflecte ainda a vida antiga a qual já não existe mais para ele (existindo para outros ainda) – a qual traz-lhe memórias de tortura e até mágoas. Mas, que escravos serão estes, tão tolos assim? Porque será que, em vez de se lembrarem do passado, não lhes sobe à cabeça que estão livres dos seus pecados agora e isso para sempre, se é que estão? Ao invés de as memórias lhes trazerem alegria, entristecem-se assim tanto? As cicatrizes servem para nos fazer lembrar o nosso estado actual e nunca aquilo porque passamos! Crente: deixe de ser tolo! As cicatrizes e buracos nas narinas e orelhas mostram que foi liberto, que já não é o escravo que costumava ser! Ou preferia ver ali um anel e umas correntes em seus tornozelos ainda? "E libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça (…) Mas agora, libertos do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação e por fim a vida eterna", Rom.6:18,22. E por fim a Vida eterna... agora, já. “Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve; porque estas palavras são fiéis e verdadeiras”, Apoc.21:4,5.
É por essa razão que apenas ao terceiro dia Deus tem como nos sarar: quando a ovelha esquece o perigo por onde passou, Os.6:2. Como Deus usa métodos estranhos para ela poder esquecer os locais e perigos por onde andou! Um bom Pastor parte a patinha da ovelha para ela ter uma dor actual com a qual se entreter, isso para poder esquecer a outra antiga. Será que ainda levamos Deus a mal quando nos fere para não mais voltarmos ao local das nossas muitas lembranças de desvios? É sabido que todas as ovelhas carregam dentro de si a tendência de voltarem morbidamente ao local onde passaram por apuros, perigos e ameaças! Lembram-se da morte, daquilo porque passaram e esquecem-se da Vida. (É que as ovelhas sempre voltam ao local onde estiveram em perigo. Então, os pastores quebram uma pata delas para esquecerem o que passaram durante o tempo que a patinha delas sara e para não mais voltarem para lá. Elas ficam ocupadas com uma nova dor que não mata e que salva). Crente, não vê, não entende que as suas cicatrizes já não trazem correntes nelas, que o buraco no nariz, na orelha já não tem nenhum anel e só ficaram as marcas? De que se vai lembrar olhando as suas marcas? A Vida ou a Morte? As tristezas passadas ou as alegrias actuais?
"Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra", Os. 6:3. Que cheguemos ao dia que, sempre que nos lembramos do pecado, seja porque vivemos agora e não mais porque o tivemos em nós, despedaçando nosso ser. Agora que já se foi, não deixe que venha despedaçar seu interior de novo e sem razão. Só você poderá mudar o curso dos pensamentos do seu íntimo. Amem.
JOSÉ MATEUS
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