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O JEJUM

 

C_SUJA: Eu oro muito e Deus nem me responde. Tens alguma explicação para isso?

C_LIMPA: E que fizeste já?

C_SUJA: Orei, jejuei, pedi oração aos outros irmãos e até chorei na Igreja enquanto estava pedindo oração a eles. Todos se comoveram, menos Deus. Mas, havia lá uns mentirosos que diziam: “Deus vai te abençoar, meu irmão!” Até agora Deus não abençoou, não aconteceu nada! Não sei onde é que eles ouviram que Deus ia abençoar-me. Estou muito magoado com tudo isto.

C_LIMPA: É muito estranho isso. Por vezes, quando vou orar, ainda nem comecei a falar e Deus já me respondeu. Parece que Ele lê em mim aquilo que vou falar. Antes mesmo de pedir, quando vou orar, recebo a resposta. (Is. 65:24).

C_SUJA: A mim só me falta gritar! Mas, nem grito, pois sei que nem serei ouvido e também sei que Deus não deve ser surdo para eu ter de gritar. Ele deve estar decidindo quando ouvir e quando não ouvir, pois surdo não deve ser. Só gritamos para os surdos, não é? Pelo menos, é o que penso! E se gritar dentro da igreja já ninguém se vai comover comigo – vão achar que enlouqueci. Ah irmão, estou em desespero! Que mais posso fazer?

C_LIMPA: Que tal te limpares com Deus, fazeres uma faxina completa dentro da tua vida, da tua alma? Fazes tudo menos o principal! É assim que tua fé termina, pois a Bíblia diz que, se não estivermos limpos, a nossa fé naufraga. Lá diz assim, escuta bem: “... mantendo uma boa consciência, a qual, alguns havendo rejeitado, naufragaram na fé”, 1Tim. 1:19”. E, por isso, nós gritamos com quem está longe de nós ou com quem não nos ouve. E existem aqueles que gritam com quem os irrita também. Se achas que deves gritar por Deus podes ter um destes problemas – ou então achas que os tens e a tua vivência e comportamento adaptam-se àquilo que achas ser verdade.

C_SUJA: Mas, eu nem estou irritado com Deus. Deus me livre! Tenho respeito a Deus! Procuro sempre comportar-me bem e ser educado. Mas, nem assim Deus me ouve. Diz-me irmão, isto é normal?

C_LIMPA: Porque me chamas irmão? Aprendeste com aqueles que te mentem?

C_SUJA: Porque cremos em Deus e somos filhos do mesmo Pai…

C_LIMPA: Entendo. Mas, nem sei se somos irmãos. Não é que eu não queira ser teu irmão, mas, não existe irmandade entre sujo e limpo e eu gosto muito de ser verdadeiro e saber que chamo irmão a quem é meu irmão de verdade. E, também, não acho que seja normal Deus não nos ouvir. Normal não é mesmo! E também por essa razão penso que não somos irmãos.

C_SUJA: É, pode ser que tudo o que me dizes seja verdade. Eu acho-me diferente de ti, sim. Muito diferente! E os irmãos costumam ser iguais ou no mínimo parecidos uns com os outros.

C_LIMPA: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” Amos3: 3. Mas, também não sei se somos muito diferentes. Só sei que Deus me ouve assim que falo e sei que é porque estou limpo e tranqüilo em meu coração. E, também, nem te poderia chamar irmão sem mentir para mim mesmo. Acho muito feio mentirmos.

C_SUJA: Mas, porque razão somos diferentes se falamos do mesmo Deus e das mesmas coisas?

C_LIMPA: Bem... eu acho que é porque estamos em lados diferentes em relação à verdade: tu estás olhando para ela do lado de lá para cá e eu daqui para aí.

C_SUJA: E é estranho que nem me senti agredido quando me disseste que não te sentes como sendo meu irmão. Vi que estavas mesmo desejando que fossemos irmãos e que te estavas expressando através da verdade. Sinto que és verdadeiro. Agora entendo porque meus amigos se ofendem quando falas, ou quando olhas para eles. Nem estão sendo justos para contigo, afinal. Eles não entendem uma honestidade dessas, que é verdadeira sempre. Agora entendo as razões porque nunca te entendem: é porque nem falam a mesma linguagem.

C_LIMPA: Nem sei o que te dizer sobre isso, mas, a verdade só magoa quem a entende mal; ou a quem quer que ela diga aquilo que desejaria ouvir; ou ainda, a quem quer viver mentindo para ele mesmo para agradar às pessoas. E amar a verdade é uma das condições para ouvirmos Deus falando e respondendo a todas as nossas orações. E verdade forçada ainda não é verdade no intimo, também.

C_SUJA: E porque razão a verdade forçada ainda não é verdade? Eu não entendo qual a razão. A verdade forçada é mentira ou é meia verdade?

C_LIMPA: Bem, nem existem meias verdades, só quando se usa a verdade para mentir duma forma ainda melhor. E a verdade forçada leva-nos a criar um hábito de querermos adivinhar.

C_SUJA: Como assim? Leva-nos a criar hábitos de adivinhar? Não entendi.

C_LIMPA: Quando forçamos a nossa verdade para ela levar a melhor e ficar vincada, é porque, em circunstâncias normais, mentiríamos para nós mesmos – ou por nós mesmos, por causa de nós, tendo os nossos motivos para defender e proteger. Quando forçamos a nossa vontade, seremos tentados a adivinhar a resposta que Deus daria porque Ele não a dá. Mas, Ele só não dá a resposta porque não existe verdade em nós, ou então porque nem consideramos “não” como resposta. Isso também pode acontecer. Temos de saber que a resposta chegará assim que a verdade no intimo estiver presente também, quando formos nós mesmos. E, quando aquelas coisas que imitam terminarem, criam-se as circunstâncias para Deus ser real para nós também – ou em nós, se quisermos que assim seja. Deus nem quer concorrência e imitações que concorrem com Ele pelo nosso coração – só quer ocorrência.

C_SUJA: Até que nem é difícil de entender.

C_LIMPA: Não, não é difícil de entender.

C_SUJA: Porque, às vezes penso assim: os demônios pediram a Jesus para entrarem nos porcos e Ele atendeu ao seu pedido, não foi? Eles entraram nos porcos. Podemos afirmar que Ele atendeu à sua oração e eram demônios! É por isso que, às vezes, sinto-me pior que demônio! Porque é que Deus me faz sentir pior que demônio? Não posso continuar mentindo para mim mesmo, dizendo que Deus responde às orações que fazemos! Preciso desabafar e encarar os fatos! Consegues entender-me? Ou estou a ser crítico demais?

C_LIMPA: Consigo sim. Mas, só não posso aceitar que fiques achando que é culpa de Deus e que Ele nem te queira escutar orando. Estou certo que tudo isso acontece apenas porque te recusas limpar em pormenor e detalhadamente. Quando lavamos roupa, lavamos peça por peça. Devemos lavar pecado por pecado também. E Jesus falou daqueles que lavam as suas vestes no Seu sangue.

C_SUJA: E porque razão o jejum não funciona comigo? Tu jejuas? Deves jejuar muito, para Deus te ouvir assim que oras! Mas, se Deus te ouve assim que oras porque razão jejuarias, não é? Não entendo mais nada! É tudo muito confuso para mim.

C_LIMPA: A confusão é uma daquelas coisas que causam vazamentos da fé. Mas, tudo é conseqüência da sujeira que está em nós. Porque, assim que nos limparmos, Jesus começa a esclarecer para nós aquilo que a confusão tentou confundir e atormentar, ou tornar turbulento e incompreensível. Por essa razão é que Jesus se esforça para curar e esclarecer tudo aquilo que o prejuízo tirou de nós – ou que colocou em nós.

C_SUJA: Às vezes pondero se que devo abandonar tudo que fala de Deus. Mas, aquilo que quero abandonar não me abandona a mim! Persegue-me!

C_LIMPA: Nem deves ficar enfurecido se a misericórdia de Deus te perseguir, pois quem sabe ainda decides limpar-te e achar justa e precisa a Sua ajuda, aquela ajuda para seres transformado porque te limpas. É a misericórdia que nos tira a paz e, por essa razão, Deus determinou que “o ímpio não terá paz”. Do mesmo jeito que Ele disse “Haja luz”, Ele disse “O ímpio nunca terá paz”, Isaías 57:21. E, também em ralação ao ímpio não ter paz, Ele “viu que era bom” que assim fosse. É um decreto eterno.

C_SUJA: E quanto ao jejum: tu jejuas muito?

C_LIMPA: Só quando o Espírito de Deus me guia para fazê-lo.

C_SUJA: Como assim? Deus guia para orarmos e jejuarmos?

C_LIMPA: Sim, claro! Senão, de que modo oraríamos pelas coisas que são a vontade de Deus? Só seremos ouvidos se orarmos conforme a vontade de Deus.

C_SUJA: Isto está cada vez mais confuso para eu entender!

C_LIMPA: Jesus foi levado pelo Espírito para jejuar quarenta dias e quarenta noites no deserto, não foi? E Deus também pergunta àqueles que jejuavam: “Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os Meus átrios?”, Is. 1:12. Se Deus requer, nós jejuamos, se Deus nos guia também. E também lemos que o “Espírito geme dentro de nós” como se fossemos nós, intercedendo por nós, isto é, através de nós. Ele, dentro de nós, ajuda na intercessão que devemos fazer e do jeito que devemos ser ouvidos e até parece que somos nós orando. E, na verdade, somos nós orando.

C_SUJA: Então é Deus quem nos guia para jejuarmos?

C_LIMPA: Se não for uma coisa vinda de Deus, nem saberemos qual é o jejum que Deus aceita – nem qual a oração que irá ouvir. É que, se oramos conforme a nossa vontade, Deus pode-nos perguntar assim, também: “Seria esse o jejum que Eu escolhi? Chamarias tu a isso jejum e dia aceitável ao Senhor?” Is. 58:5. O melhor seria fazer jejum de pecado, não nos alimentarmos do pecado. Por isso Ele diz: “Acaso não é este o jejum que escolhi? Que soltes as ligaduras do pecado e que desfaças as ataduras do teu jugo?” Is.58:6. Esse é que seria um bom jejum!

C_SUJA: Então não podemos jejuar quando queremos?

C_LIMPA: Podemos, mas, só se o Espírito nos guiar para isso e querermos quando Ele quer. Podemos desejar sempre que Ele deseje. Ele também opera em nós o querer e o fazer.

C_SUJA: Como é que Ele faz isso? E como é que Ele nos guia?

C_LIMPA: Temos de saber que Ele é um ajudador, que nos ajuda a podermos fazer aquilo que temos de fazer da maneira certa e, também, na hora mais certa. Nós fazemos, nós jejuamos, nós oramos ajudados por Ele em nós. Os apressados dificilmente serão guiados pelo Espírito de Deus. E, os que se atrasam, também correm o risco de serem excluídos. A única maneira de nunca nos atrasarmos e de nunca nos adiantarmos à vontade de Deus, será sermos guiados por Ele. “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”, Rom.8:14. Se não somos guiados por Ele, pelo que lemos aqui, nem somos filhos de Deus – nem mesmo quando nos consideramos como tal!

C_SUJA: Entendi. Bem me parecia que era só sacrifício mesmo, sempre que jejuava parecia que estava a fazer a coisa errada ou que não iria dar certo (nem com jejum) e tudo aquilo não me levaria a lugar nenhum.

C_LIMPA: É verdade. Jejum nem pode servir de moeda de troca quando nos aproximamos de Deus. Pode servir como um tempo durante o qual Deus nos vai transformando enquanto buscamos uma coisa d’Ele, preparando-nos para recebermos aquilo que pedimos e muito mais do que pedimos ainda. O jejum é um meio de nos transformar porque entramos na esfera e no domínio de Deus. O jejum não obriga Deus a ouvir-nos, mas, antes muda-nos para O podermos ouvir. Mas, para além da obediência e de aprendermos a obediência, o jejum não serve para mais nada. 

C_SUJA: Eu pensava que, quem jejuava, era muito santo e sacrificado.

C_LIMPA: Quem jejua pode tornar-se santo, sim. Mas, pode estar jejuando para evitar ser santo também, para continuar sendo pecador, tentando usar o sacrifício para não fazer a coisa certa. Quem jejua tem de entrar pela porta da oração e nunca saltar o muro, precisa ser inspirado e guiado por Deus. Mas, precisa orar como se não fosse assim. Se saltar pelo muro Jesus pode chegar e dizer: “Amigo, como entraste aqui, sem teres roupa nupcial?” E em vez de nos atender, manda alguém lançar-nos fora também. (Mat. 22:12).

 

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